sexta-feira, 10 de abril de 2009

Tríduo Pascal - Sexta-feira Santa - Eis o teu Rei, ó cristão!



“Eis o teu Rei (Zc 9,9), acerca do qual Jeremias nos fala nos seguintes termos: Ninguém há semelhante a Vós, Senhor! Vós sois grande! Grande e poderoso é o Vosso nome. Quem Vos não temerá, Rei dos povos?” (Jr 10,6-7).

“Deste Rei diz-nos o Apocalipse: ‘Sobre o seu manto e sobre a sua coxa, um nome está escrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores’ (Ap 19,16). O seu manto são as faixas; a sua coxa é a carne. Em Nazaré, onde tomou carne, foi coroado como que com um diadema; em Belém, foi envolvido em faixas como que de púrpura real. Tais foram as primeiras insígnias da sua realeza. E foi contra estas insígnias que se encarniçaram os seus inimigos, para assinalar a vontade que tinham de lhe retirar a realeza; no decurso da Paixão, despojaram-no das suas vestes, a sua carne foi trespassada com pregos. Ou melhor, foi nessa altura que lhe foi dado o complemento das suas insígnias reais: já tinha a coroa e a púrpura, recebeu o cetro quando, ‘carregando às costas a cruz, saiu para o lugar chamado Crânio’ (Jo 19,17). Então, nas palavras de Isaías, teve ‘a soberania sobre os seus ombros’ (9,5); e diz a Carta aos Hebreus: ‘Vemos, porém, coroado de honra e glória aquele Jesus que por um pouco tempo foi feito inferior aos anjos, em virtude de ter padecido a morte’ (Hb 2,9).



Eis, pois, o teu rei, que vem a ti, para te dar a felicidade. Vem na mansidão, para se fazer amar, e não no poder, para se fazer temer. Vem sentado num burrinho. As virtudes próprias dos reis são a justiça e a bondade. Assim, o teu Rei é justo: ‘Retribuirá a cada um conforme o seu procedimento’ (Mt 16,27). É manso; é ‘o teu Redentor’ (Is 54,5). E também é pobre; como diz o Apóstolo Paulo, ‘despojou-se a si mesmo, tomando a condição de servo’ (Fl 2,7).

No paraíso terrestre, Adão recusou-se a servir o Senhor; então, o Senhor tomou a forma de escravo, fez-se servo do escravo, a fim de que o escravo já não corasse por servir o Senhor. Fez-se igual aos homens; ‘tornando-se semelhante aos homens’ (Fl 2,7). É pobre, Ele que ‘não tem onde reclinar a cabeça’ (Mt 8,20), até ao momento em que, ‘inclinando a cabeça’ na cruz, ‘entregou o espírito’ (Jo, 19,30)”.

Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua, Doutor da Igreja

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