quinta-feira, 16 de abril de 2009

OITAVA DA PÁSCOA – Dies Domini – O Dia que o Senhor fez!



“Este é o dia que o Senhor fez. Exultemos e alegremo-nos nele.” Salmo 118, 24

Dies Domini

“Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque eterna é a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
eterna é a sua misericórdia.
A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei de viver
para anunciar as obras do Senhor”.

Salmo 118, 1-2; 16-17


«Este é o dia que o Senhor fez» (Sl 118,24). Lembrai-vos do estado do mundo no princípio: «As trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. Deus disse: 'Faça-se a luz'. E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou dia à luz e às trevas noite» (Gn 1,2s). Este é o dia que o Senhor fez. É o dia de que fala o apóstolo Paulo: «Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor» (Ef 5,8).

Não era Tomé um homem, um dos discípulos, um homem da multidão, por assim dizer? Os seus irmãos disseram-lhe: «Vimos o Senhor». E ele: «Se eu não tocar, se não meter o meu dedo no seu lado, não acreditarei». Os evangelistas trazem-te a novidade, e tu não acreditas? O mundo acreditou e um discípulo não acreditou? Ainda não tinha chegado esse dia que o Senhor fez; as trevas estavam ainda sobre o abismo, nas profundezas do coração humano, que estava nas trevas. Que venha, pois, Este que é o sinal do dia, que Ele venha e que diga com paciência, com doçura, sem cólera, Ele que cura: «Vem! Vem, toca aqui e acredita. Tu declaraste: 'Se não tocar, se não meter o meu dedo, não acreditarei'. Vem, toca, põe o teu dedo e não sejas incrédulo, mas crente. Eu conheço as tuas feridas, guardei para ti a minha cicatriz».


Aproximando a sua mão, o discípulo pode plenamente completar a sua fé. Qual é, com efeito, a plenitude da fé? Não acreditar que Cristo é somente Homem, não acreditar também que Cristo é somente Deus, mas sim acreditar que Ele é Homem e Deus. Assim, o discípulo ao qual o seu Salvador deu a tocar os membros do seu corpo e as suas cicatrizes exclamou: «Meu Senhor e meu Deus». Ele tocou o Homem, reconheceu Deus. Tocou a Carne, voltou-se para a Palavra, porque «a Palavra fez-se carne e habitou entre nós» (Jo 1,14). A Palavra suportou que a sua carne fosse suspensa na cruz; a Palavra suportou que a sua carne fosse colocada no túmulo. A Palavra ressuscitou na sua carne, mostrou-a aos olhos dos seus discípulos, prestou-se a ser tocada pelas suas mãos. Eles tocaram, e eles exclamaram: «Meu Senhor e meu Deus!». Este é o Dia que o Senhor fez!”.

Dos sermões de Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja


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