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domingo, 4 de abril de 2010

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR – A lei de um amor misericordioso



DOMINGO DE PÁSCOA
RESSURREIÇÃO DO SENHOR

At 10,34a.37-43
Sl 117
Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,7b.-8a
Jo 20,1-9 ou, à tarde, Lc 24,13-35


«A lei de um amor misericordioso»

O cristão não tem outra Lei senão Cristo. Sua “Lei” é a vida nova que lhe foi conferida em Cristo. A nossa Lei não está escrita em livros, e sim nas profundezas do nosso coração; não pela mão de seres humanos, mas pelo dedo de Deus. O nosso dever agora não é apenas obedecer, e sim viver. Não temos de nos salvar, somos salvos por Cristo. Devemos viver para Deus em Cristo, não só como quem procura a salvação, mas como quem está salvo.

Agora, com a ressurreição de Cristo, o poder da Páscoa irrompeu sobre nós. Agora, encontramos em nós uma força que não é nossa e que nos é dada livremente sempre que dela necessitamos, elevando-nos acima da Lei, dando-nos uma nova Lei que se acha escondida em Cristo: a lei do Seu amor misericordioso por nós.



Thomas Merton, OCSO
Seasons of Celebration, p.147, 1965
No Brasil: Tempo e Liturgia, p.150, Ed.Vozes,1968

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Quaresma, um "Banquete cristão"



QUARESMA 2010


«Quaresma, um banquete cristão»


“Até os momentos mais sombrios da Liturgia são cheios de alegria, e a Quarta-feira de Cinzas, início do jejum quaresmal, é um dia de felicidade, um banquete cristão. Não pode ser de outro modo, uma vez que faz parte do grande ciclo Pascal.

O Mistério Pascal é, acima de tudo, o mistério da vida no qual a Igreja, ao celebrar a morte e a ressurreição de Cristo, penetra no Reino de Vida que Ele implantou, de uma vez por todas, por meio de sua vitória definitiva sobre o pecado e a morte. Devemos lembrar-nos do sentido original da Quaresma, ver sacrum, a “fonte sagrada” da Igreja na qual os catecúmenos eram preparados para o batismo, e os penitentes públicos purificados, pela penitência, para a restauração da sua vida sacramental em comunhão com o resto da Igreja. Portanto, a Quaresma, é mais tempo de cura do que de punição”.


Thomas Merton, OCSO
Tempo e Liturgia, p.116
Ed.Vozes, Petrópolis

sábado, 16 de janeiro de 2010

Oração - Somos mais verdadeiramente livres no livre encontro de nossos corações com Deus



«Oração é liberdade no livre encontro de nossos corações com Deus»

“A oração é a mais verdadeira garantia da liberdade pessoal. Somos mais verdadeiramente livres no livre encontro de nossos corações com Deus em Sua palavra e ao recebermos o Seu Espírito, que é o Espírito de verdade e liberdade. A Verdade que nos liberta não é uma mera questão de informação sobre Deus, mas a presença em nós, por amor e graça, de uma pessoa divina que nos leva a participar da vida pessoal íntima de Deus como Seus Filhos (e Filhas) adotivos.

Esta é a base de toda oração, e toda oração deve estar voltada para este mistério da adoção na qual o Espírito em nós reconhece o Pai. O clamor do Espírito em nós, o clamor do reconhecimento de que somos Filhos (e Filhas) no Filho, é o cerne da nossa oração e o maior motivo de oração. Portanto, recolhimento não é exclusão de coisas materiais, e sim atenção ao Espírito no mais íntimo do nosso coração.

A vida contemplativa não deve ser encarada como uma prerrogativa exclusiva dos que residem entre paredes monásticas. Todos podem procurar e encontrar essa consciência e despertar íntimos que são dons de amor e um toque vivificante de poder criador e redentor, do poder que ergueu Cristo de entre os mortos e que nos limpa das obras de morte para servirmos ao Deus vivo.

Hoje com certeza é preciso enfatizar que a oração é uma real fonte de liberdade pessoal em meio a um mundo no qual somos dominados por organizações imponentes e instituições rígidas que só procuram nos explorar para obter dinheiro e poder. Longe de ser a causa da alienação, a verdadeira religião em espírito é uma força libertadora que nos ajuda a encontrar-nos em Deus”.


Thomas Merton, OCSO
The Hidden Ground of Love, Letters, p.159
Ferrar, Straus; Giroux Publishers; New York; 1985

Oração - Os caminhos da oração, purificar cada vez mais o seu amor a Deus



«Os caminhos da oração, purificar cada vez mais o seu amor a Deus»

“Não fique ansioso em relação ao seu progresso nos caminhos da oração, pois você saiu das trilhas batidas e está percorrendo sendas que não podem ser mapeadas nem medidas. Portanto, deixe Deus cuidar do seu grau de santidade e contemplação. Se você mesmo tentar medir o seu próprio progresso, perderá tempo em uma introspecção fútil. Procure apenas uma coisa: purificar cada vez mais o seu amor a Deus, entregar-se cada vez mais perfeitamente à Sua vontade e amá-Lo de maneira cada vez mais exclusiva e completa, mas também de forma mais simples e pacífica e com uma confiança mais total e sem meios termos”.


Thomas Merton, OCSO
What is Contemplation?, pp.64-65
Springfield, Illinois; Templegate Publishers; 1950

Oração - Minha oração é a oração da Igreja



«Quando rezo, a Igreja reza em mim. Minha oração é a oração da Igreja»

“A verdadeira dificuldade em definir a consciência cristã é que esta não é nem coletiva nem individual. É pessoal, e é uma comunhão de santos.

Do ponto de vista da oração, quando digo consciência estou falando da que é mais profunda do que a consciência moral. Quando rezo, não estou mais falando com Deus nem comigo amado por Deus. Quando rezo, a Igreja reza em mim. Minha oração é a oração da Igreja.

Isto não se aplica apenas à liturgia: aplica-se também à oração particular, porque sou membro de Cristo. Para rezar de forma válida e profunda, tem de ser com a consciência de mim como sendo mais do que apenas eu mesmo quando rezo. Em outras palavras, não sou só um indivíduo quando rezo, e não sou apenas um indivíduo com graça quando rezo. Quando rezo, sou, em certo sentido, todo mundo. A mente que reza em mim é mais do que minha própria mente; e os pensamentos que me vêm são mais do que os meus próprios pensamentos porque, quando rezo, esta consciência profunda é um lugar de encontro entre eu e Deus, e do amor comum de todos. É a vontade e o amor comuns da Igreja encontrando-se com a minha vontade e a vontade de Deus na minha consciência quando rezo.”


Thomas Merton, OCSO
Thomas Merton in Alaska, pp. 134-135
New Directions Press; New York; 1988

sábado, 3 de janeiro de 2009

Um só Espírito




“A mensagem de esperança que o contemplativo lhe oferece é que, entenda você ou não, Deus o ama, está presente em você, habita em você, o chama, salva-o e lhe oferece um entendimento e uma luz que você jamais encontrou em livros nem ouviu em palestras ou sermões. O contemplativo nada tem a lhe dizer que não seja reafirmar e dizer que, se ousar penetrar no seu próprio silêncio interior e arriscar dividir a solidão encontrada com outros solitários que buscam a Deus por seu intermédio, realmente recuperará a luz e a capacidade de entender o que está além das palavras e além das explicações, porque está próxima demais para ser explicada: é a união íntima, na profundeza de seu próprio coração, do espírito de Deus e do seu próprio eu particular, de forma que você e Ele são, em verdade, um só Espírito.”

Thomas Merton, Carta a Dom Francis Decroix, de 21 de agosto de 1967, publicada em The Hidden Ground of Love.