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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

APRESENTAÇÃO DO SENHOR - Simeão veio ao templo e, conduzido pelo Espírito, tomou o menino nos braços



APRESENTAÇÃO DO SENHOR
02 DE FEVEREIRO
FESTA


«Simeão veio ao templo e, conduzido pelo Espírito, tomou o menino nos braços. Se procuraste bem Jesus, então também tu virás ao templo»


"Simeão veio ao templo, conduzido pelo Espírito". E tu, se procuraste bem Jesus, por toda a parte, quer dizer, se - como a Esposa do Cântico dos Cânticos (Ct 3,1-3) – o procuraste escondido no teu repouso, quer lendo, quer meditando, se também o procuraste na cidade, interrogando os teus irmãos, falando dele, partilhando acerca dele, se o procuraste nas ruas e nas praças aproveitando as palavras e os exemplos dos outros, se o procuraste junto das sentinelas, isto é, escutando os que atingiram a perfeição, então também tu virás ao templo, “conduzido pelo Espírito”. Certamente que esse é o melhor lugar para o encontro entre o Verbo e a alma: procuramo-lo por toda a parte, encontramo-lo no templo… “Encontrei aquele que a minha alma ama” (Ct 3,4). Procura, pois, por toda a parte, procura em tudo, procura junto de todos, passa e ultrapassa tudo para finalmente entrares na tenda, na morada de Deus, e então encontrá-lo-ás.

“Simeão veio ao templo, conduzido pelo Espírito”. Portanto, quando os seus pais levaram o Menino Jesus, também ele o recebeu nas suas mãos: eis o amor que prova pelo consentimento, que se prende pelo abraço, que saboreia pelo afeto. Oh, irmãos, que aqui se cale a língua. Aqui nada é mais desejável do que o silêncio: são os segredos do Esposo e da Esposa, o estrangeiro não poderia tomar parte neles. “O meu segredo é meu, o meu segredo é meu!” (Is 24,16). Onde está, para ti, o teu segredo, Esposa que foste a única a experimentar qual é a doçura que se saboreia quando, num beijo espiritual, o espírito criado e o Espírito incriado vão ao encontro um do outro e se unem um ao outro, a tal ponto que são dois em um, melhor, diria eu, um só, justificante e justificado, santificado e santificante, divinizante e divinizado?

Pudéssemos nós merecer dizer também o que se segue : "Agarrei-te e não mais te largarei" (Ct 3,4). Isso, S. Simeão mereceu-o, ele que disse : "Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz". Quis que o deixassem partir, liberto dos laços da carne, para apertar mais intimamente com o abraço do seu coração Jesus Cristo nosso Senhor, a quem pertence a glória e a honra pelos séculos sem fim.


S. Aelred de Rievaulx, Monge cisterciense
In Ypapanti Domini, pp. 51-52
(Sermões inéditos)

FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR - Oferecei vosso Filho, ó Virgem Santa, apresentai ao Senhor o bendito fruto de vosso seio



APRESENTAÇÃO DO SENHOR
02 DE FEVEREIRO
FESTA


«Oferecei vosso Filho, ó Virgem Santa, apresentai ao Senhor o bendito fruto de vosso seio. Oferecei a Hóstia Santa e Agradável a Deus, pela reconciliação de todos nós»


“Oferecei vosso Filho, ó Virgem Santa, apresentai ao Senhor o bendito fruto de vosso seio. Oferecei a Hóstia Santa e Agradável a Deus, pela reconciliação de todos nós. Certamente aceitará Deus Pai a nova oblação, a preciosíssima vítima de quem Ele próprio disse: ‘Eis o meu dileto Filho em quem pus minhas complacências’.

Também eu, Senhor, voluntariamente vos oferecerei meu sacrifício, já que voluntariamente vos oferecestes, não por necessidade vossa mas para minha salvação. Só duas pobres coisas tenho, ó Senhor: meu corpo e minha alma. Quem me dera vo-los oferecer dignamente, em sacrifício de louvor!

Melhor, muito melhor para mim oferecer-me a Vós do que ser abandonado a mim mesmo. Se ficar só, agita-se minha alma. Mas assim que me ofereço a Vós com plena submissão, exulta em Vós meu espírito. Não quereis, ó Senhor, minha morte; e não vos ofereceria eu, de bom grado, minha vida? É, de fato, minha vida, hóstia que aplaca vossa ira, hóstia que vos agrada, hóstia viva”.


São Bernardo de Claraval
In Purificazione B.V. Mariae, 3, 2-3
Sermoni per le feste della Madonna, Ed. Paoline, Roma, 1970

APRESENTAÇÃO DO SENHOR - A apresentação de Jesus no Templo recorda o reconhecimento que se deve ao Criador por toda a vida humana



APRESENTAÇÃO DO SENHOR
02 DE FEVEREIRO
FESTA

«Um ancião homem de Deus, Simeão, toma Jesus nos braços e indica n’Ele a salvação que chegou para Israel e para todos os povos: a Luz das nações»

Hoje, Festa da Candelária, recordamos a apresentação de Jesus no Templo. Maria e José, quarenta dias depois do nascimento de Jesus, foram a Jerusalém para O oferecer ao Senhor, segundo a prescrição da lei mosaica. É um episódio que se enquadra na perspectiva da especial consagração do povo de Israel a Deus. Ele, porém, tem também um significado mais amplo: recorda, com efeito, o reconhecimento que se deve ao Criador por toda a vida humana.

A vida é um grande dom de Deus, que se deve acolher sempre com ação de graças. Se no domingo passado eu me mostrava preocupado pelo vazio de valores, que ameaça a nossa convivência, hoje quereria recordar com vigor um destes valores fundamentais, que absolutamente devem ser recuperados, se não se quiser precipitar no abismo: refiro-me ao valor sagrado da vida, de cada vida humana, desde o seu desabrochar no seio materno até ao seu declínio natural.

Digo-o recordando que hoje na Itália se celebra o Dia pela Vida, ocasião propícia para afirmar com vigor que da vida, própria e dos outros, não se pode dispor à vontade: ela pertence ao Autor da vida. O amor inspira a cultura da vida, e o egoísmo, a cultura da morte. Escolhei a vida — diz o Senhor — para viverdes vós e as gerações futuras! (cf. Dt. 30, 19).

No Templo de Jerusalém, segundo a narração evangélica, um ancião homem de Deus, Simeão, toma Jesus nos braços e indica n’Ele a salvação que chegou para Israel e para todos os povos: a Luz das nações (cf. Lc. 2, 30-31).

As palavras do santo ancião dão voz ao anélito que percorre a história da humanidade. Exprimem a expectativa de Deus, aquele desejo universal, talvez inconsciente mas incancelável, de que Ele venha ao nosso encontro para nos tornar partícipes da Sua vida. Simeão encarna a imagem da humanidade que tende a acolher o raio de luz, que faz novas todas as coisas, o germe de vida que transforma cada velhice em perene juventude.

Neste contexto, adquire um significado singular o Dia da Vida consagrada, que hoje celebramos pela primeira vez. Já há tempo a Festa da apresentação de Jesus no Templo reunia nas Comunidades diocesanas os membros dos Institutos de Vida consagrada e das Sociedades de Vida apostólica, para manifestarem diante do povo de Deus a alegria do empenho, sem reservas, pelo Senhor e pelo seu Reino. Eu quis que esta experiência se estendesse à Igreja inteira, para dar graças a Deus pelo grande dom da vida consagrada e promover, cada vez mais, o seu conhecimento e a sua estima. E de estímulo serviu também o Sínodo dos Bispos sobre a Vida consagrada, celebrado recentemente, cujos resultados confluíram na Exortação Apostólica pós-sinodal «Vita consecrata».

Enquanto vos convido a rezar, caríssimos, por estes nossos irmãos e irmãs que oferecem o seu testemunho de Cristo pobre, casto e obediente, dirijo-me com o pensamento em particular a quantos corroboraram o seu serviço à Igreja com o sacrifício da vida.


Papa João Paulo II
Angelus, 02 de Fevereiro de 1997

FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR - Impossível deixar de olhar-te, Senhor



APRESENTAÇÃO DO SENHOR
02 DE FEVEREIRO
FESTA


«Impossível deixar de olhar-te, Senhor»


“Não o permitas, Senhor Deus meu, não permitas, Amado meu, que meus olhos estejam em outro lugar distinto de minha cabeça, e que eu não esteja continuamente unido a Ti, meu Amado. Te seguirei com todas as minhas forças por onde quer que vás ou voltes, e quando não puder alcançar-te me contentarei com cair rendido a ti. Tenho muito gravada esta frase: pela vida do Senhor e por minha vida, que não te deixarei, e que terei meus olhos sempre em ti. Teu escravo está sempre disposto a obedecer o que ordene o meu Senhor, mas me resulta intolerável que afastes teus olhos de mim ou que eu os tire de ti. Volta teus olhos para mim e os meus para ti, porque eu jamais poderei olhar a ti se Tu não te fixas antes em mim. Tu, que és o mais formoso, sereno e doce de todos, o Unigênito de Deus Pai, que vives e reinas com esse mesmo Pai e o Espírito Santo e és Deus por todos os séculos dos séculos. Amém”.


John of Ford, Abade Cisterciense
Sermón 48 sobre el Cantar de los Cantares, vol. II, p. 226
Biblioteca Cisterciense – Burgos 2003

FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR - Pela humildade ao coração do Amor



APRESENTAÇÃO DO SENHOR
02 DE FEVEREIRO
FESTA


«Pela humildade ao coração do Amor»


“Como este ser inefável não pode ser visto senão de uma maneira inefável, o que queira vê-lo purifique seu coração. Porque o que dorme não pode alcançá-lo através de nenhuma semelhança corporal, nem o que vela, por nenhuma forma sensível; nenhuma busca da razão pode vê-lo nem alcançá-lo mas somente um coração puro que ama humildemente.

Este é o Rosto de Deus que ninguém pode ver e, ao mesmo tempo, viver para o mundo. Esta é a beleza que aspira a contemplar todo aquele que deseja amar ao Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua mente e com todas as suas forças. E tão pouco deixa de incitar seu próximo a isso se o ama como a si mesmo”.



Guilherme de Saint-Thierry
Abade do Mosteiro de Saint-Thierry
Carta de Oro, Azul 2003, p.159

APRESENTAÇÃO DO SENHOR - Dai-me, Senhor, uma fé que habilite meu espírito para falar com Deus e com os homens



APRESENTAÇÃO DO SENHOR
02 DE FEVEREIRO
FESTA

«Dai-me, Senhor, uma fé jubilosa que encha de paz e alegre meu espírito, e o habilite para falar com Deus e com os homens, de modo que irradie no colóquio sagrado e profano a interior beatitude de sua afortunada posse»


“Senhor, eu creio; quero crer em Vós. Ó Senhor, fazei que minha fé seja plena, sem reservas, penetre meu pensamento, meu modo de julgar as coisas divinas e as humanas.

Ó Senhor, fazei com que a minha fé seja livre; isto é, tenha o concurso pessoal da minha adesão, aceite as renúncias e os deveres que exige; exprima ela o ápice decisivo da minha personalidade: creio em Vós, Senhor.

Ó Senhor, dai-me uma fé certa; com provas exteriores convenientes e com interior testemunho do Espírito Santo, certa por sua luz tranqüilizante, por sua conclusão pacificante, por sua assimilação serena.

O Senhor, fazei forte minha fé, sem temor das contrariedades, dos problemas que enchem a experiência de nossa vida ávida de luz; não tema os ataques de quem a discute, a impugna, a refuta, a nega; mas se torne cada vez mais firme pelo testemunho interior de vossa verdade.

Dai-me, Senhor, uma fé jubilosa que encha de paz e alegre meu espírito, e o habilite para falar com Deus e com os homens, de modo que irradie no colóquio sagrado e profano a interior beatitude de sua afortunada posse.

Ó Senhor, fazei ativa a minha fé, que dê à caridade as razões de sua expansão moral, para ser verdadeira amizade convosco e seja contínua busca de Vós nas obras, nos sofrimentos, na espera, na revelação final; seja um contínuo testemunho e alimento contínuo da esperança.

Ó Senhor, fazei com que minha fé seja humilde e não presuma fundamentar-se na experiência de meu pensamento e de meu sentimento, mas se renda ao testemunho do Espírito Santo; e outra melhor garantia não tenha que a docilidade à autoridade do Magistério da Santa Igreja. Amém”.


Papa Paulo VI
Ensinamentos V6, pp.994-995
Insegnamenti, 9vols, Poliglota Vaticana, 1963-71

sábado, 16 de janeiro de 2010

Oração - Somos mais verdadeiramente livres no livre encontro de nossos corações com Deus



«Oração é liberdade no livre encontro de nossos corações com Deus»

“A oração é a mais verdadeira garantia da liberdade pessoal. Somos mais verdadeiramente livres no livre encontro de nossos corações com Deus em Sua palavra e ao recebermos o Seu Espírito, que é o Espírito de verdade e liberdade. A Verdade que nos liberta não é uma mera questão de informação sobre Deus, mas a presença em nós, por amor e graça, de uma pessoa divina que nos leva a participar da vida pessoal íntima de Deus como Seus Filhos (e Filhas) adotivos.

Esta é a base de toda oração, e toda oração deve estar voltada para este mistério da adoção na qual o Espírito em nós reconhece o Pai. O clamor do Espírito em nós, o clamor do reconhecimento de que somos Filhos (e Filhas) no Filho, é o cerne da nossa oração e o maior motivo de oração. Portanto, recolhimento não é exclusão de coisas materiais, e sim atenção ao Espírito no mais íntimo do nosso coração.

A vida contemplativa não deve ser encarada como uma prerrogativa exclusiva dos que residem entre paredes monásticas. Todos podem procurar e encontrar essa consciência e despertar íntimos que são dons de amor e um toque vivificante de poder criador e redentor, do poder que ergueu Cristo de entre os mortos e que nos limpa das obras de morte para servirmos ao Deus vivo.

Hoje com certeza é preciso enfatizar que a oração é uma real fonte de liberdade pessoal em meio a um mundo no qual somos dominados por organizações imponentes e instituições rígidas que só procuram nos explorar para obter dinheiro e poder. Longe de ser a causa da alienação, a verdadeira religião em espírito é uma força libertadora que nos ajuda a encontrar-nos em Deus”.


Thomas Merton, OCSO
The Hidden Ground of Love, Letters, p.159
Ferrar, Straus; Giroux Publishers; New York; 1985

Oração - Os caminhos da oração, purificar cada vez mais o seu amor a Deus



«Os caminhos da oração, purificar cada vez mais o seu amor a Deus»

“Não fique ansioso em relação ao seu progresso nos caminhos da oração, pois você saiu das trilhas batidas e está percorrendo sendas que não podem ser mapeadas nem medidas. Portanto, deixe Deus cuidar do seu grau de santidade e contemplação. Se você mesmo tentar medir o seu próprio progresso, perderá tempo em uma introspecção fútil. Procure apenas uma coisa: purificar cada vez mais o seu amor a Deus, entregar-se cada vez mais perfeitamente à Sua vontade e amá-Lo de maneira cada vez mais exclusiva e completa, mas também de forma mais simples e pacífica e com uma confiança mais total e sem meios termos”.


Thomas Merton, OCSO
What is Contemplation?, pp.64-65
Springfield, Illinois; Templegate Publishers; 1950

Oração - Minha oração é a oração da Igreja



«Quando rezo, a Igreja reza em mim. Minha oração é a oração da Igreja»

“A verdadeira dificuldade em definir a consciência cristã é que esta não é nem coletiva nem individual. É pessoal, e é uma comunhão de santos.

Do ponto de vista da oração, quando digo consciência estou falando da que é mais profunda do que a consciência moral. Quando rezo, não estou mais falando com Deus nem comigo amado por Deus. Quando rezo, a Igreja reza em mim. Minha oração é a oração da Igreja.

Isto não se aplica apenas à liturgia: aplica-se também à oração particular, porque sou membro de Cristo. Para rezar de forma válida e profunda, tem de ser com a consciência de mim como sendo mais do que apenas eu mesmo quando rezo. Em outras palavras, não sou só um indivíduo quando rezo, e não sou apenas um indivíduo com graça quando rezo. Quando rezo, sou, em certo sentido, todo mundo. A mente que reza em mim é mais do que minha própria mente; e os pensamentos que me vêm são mais do que os meus próprios pensamentos porque, quando rezo, esta consciência profunda é um lugar de encontro entre eu e Deus, e do amor comum de todos. É a vontade e o amor comuns da Igreja encontrando-se com a minha vontade e a vontade de Deus na minha consciência quando rezo.”


Thomas Merton, OCSO
Thomas Merton in Alaska, pp. 134-135
New Directions Press; New York; 1988

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

NATAL DE NOSSO SENHOR – Ó Verbo Eterno, Doce Menino de Belém!



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO


«Ó Verbo Eterno, Doce Menino de Belém»

“Ó Doce Menino de Belém, fazei que eu possa aproximar-me, com toda a alma, deste profundo mistério do Natal. Infundi no coração dos homens aquela paz que eles procuram, talvez com tanta dificuldade e que só Vós podeis dar. Ajudai-nos a conhecer-nos melhor e a vivermos fraternalmente como filhos do mesmo Pai. Descobri vossa beleza, vossa santidade, vossa pureza. Despertai em nosso coração o amor e o reconhecimento pela vossa infinita bondade. Uni a todos na caridade, e dai-nos a vossa paz celeste.

Ó Verbo Eterno do Pai, Filho de Deus e de Maria, renovai no misterioso íntimo das almas o prodígio admirável de vosso nascimento! Revesti de imortalidade os filhos de vossa redenção; inflamai-os de caridade, unificai todos no vínculo de vosso Corpo Místico, a fim de que vossa vinda traga a alegria verdadeira, a paz segura, a eficaz fraternidade dos indivíduos e dos povos. Amém, amém!”


Beato Papa João XXIII
Breviário, pp.38, 384

NATAL DE NOSSO SENHOR – Ó Amor, nascestes para mim!



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO


«Ó Amor, nascestes para mim!»

“Ó Amor, sumo e transformado! Ó Visão divina! Ó Inefável! Ó Jesus Cristo, dar-me-eis a conhecer que nascestes por mim! Oh, como é glorioso compreendê-lo! Na verdade, que delícia o ver e compreender que nascestes para mim! A certeza que nos vem da Encarnação é a mesma que nos dá o Natal: nasce pelo mesmo motivo por que se encarnou. Ó admirável, quão admirável são as obras que fizestes para nós!”


Beata Ângela de Foligno
Il Libro della B.Angela III, pp.244-245

NATAL DE NOSSO SENHOR – Ó Senhor, como agradecer o vosso amor?



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«Ó Senhor, como agradecer o vosso amor?»


“Ó Senhor, como louvar, como agradecer o vosso amor? Tanto me amastes que por meu amor vos fizestes no tempo, Vós que fizestes os tempos; e no mundo, tínheis menos idade que muitos de vossos servos, vós que sois mais antigo que o mundo; e vos tornastes homem, Vós que fizestes o homem. Fostes criatura de Mãe criada, e fostes levado pelas mãos formadas por Vós mesmo; e sugastes em um seio que Vós mesmo cumulastes; e chorastes como criança, na manjedoura, Vós que sois o Verbo, sem o qual é muda a eloquência humana”.


Santo Agostinho
Sermo 188, 2

NATAL DE NOSSO SENHOR – Foi para nós que nasceu o Menino, o Deus Eterno!



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«Foi para nós que nasceu o Menino, o Deus de antes de todos os séculos»


«Hoje a Virgem dá à luz o Eterno
e a terra oferece uma gruta ao Inacessível.
Cantam-n'O os anjos e os pastores,
e com a estrela os magos põem-se a caminho,
porque Tu nasceste para nós,
pequeno Menino. Deus eterno!
Deus de antes de todos os séculos!»


São Romano, o Melódio
Kontakion, 10, In diem Nativitatis Christi, Prooemium: SC 110, 50

NATAL DE NOSSO SENHOR – O significado transcendente que o Natal esconde e manifesta




NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«O significado transcendente que o Natal esconde e manifesta»

“O Natal é uma Festa que permanece. Dizemos isto referindo-nos ao influxo que esta celebração litúrgica deve exercer em nossos espíritos, deixando neles uma grata e especial recordação não apenas nas vicissitudes passageiras do tempo, como também nos acontecimentos inseridos no curso de nossa vida, que por circunstâncias especiais deixaram gravada alguma recordação no nosso espírito. O Natal, como uma fonte ainda viva de pensamento e de estímulo pedagógico, moral e religioso, permanece e deve permanecer como o dia que não escurece, mas que difunde sua luz inclusive no tempo posterior à sua data cronológica.

No Natal há que se pensar algumas vezes. Assim o fizeram os pastores que foram as primeiras testemunhas do nascimento de Jesus, ao serem convocados pelo anjo para comprovar o acontecimento. Foram a Belém, encontraram Jesus, com Maria e José e, na volta, "contaram o que lhes havia sido dito acerca do Menino. E quantos os ouviam —observa o Evangelho de São Lucas—, se maravilhavam pelo que lhes diziam os pastores" (Lc 2, 17-18). Assim, podemos dizer, o Evangelho começa a ser noticia, a difundir-se discreta e secretamente, e a contribuir na formação dessa consciência popular messiânica que acolherá, logo, a pregação de João Batista, o Precursor, e depois a do mesmo Cristo.

Mas outra circunstância muito clara nos exorta a pensar novamente no fato do Nascimento, evocado pela festa litúrgica, para descobrir o sentido, o significado transcendente que esconde e manifesta. O Natal tem um conteúdo próprio secreto, que se descobre só a quem o busca. Pensemos na Virgem Maria, no êxtase de sua alma limpíssima, já bem consciente do mistério de sua divina maternidade (cf. Lc 1, 28, ss.) e absorta totalmente na meditação do quanto se sucedia nela e ao seu redor.

Diz o Evangelho de São Lucas também, como conclusão da narração referente à noite do acontecimento natalício: "Maria guardava tudo isto e meditava em seu coração" (2. 19). Esta atitude de recolhimento, de reflexão e de meditação da Virgem nos é narrada também em outra passagem evangélica que é como uma conclusão do relato evangélico sobre os primeiros anos, até os 12, do Menino Jesus: "Sua Mãe —conclui São Lucas—, conservava todas estas coisas em seu coração" (2, 51).

Desta maneira nos é oferecido o primeiro exemplo de vida contemplativa na história evangélica; e o exemplo é encantador e magistral.

Sim, a presença de Cristo no mundo é uma Luz que o ilumina mas não sem o diafragma do mistério; um mistério que reclama de cada um de nós atenção e estudo. A Revelação não é somente um fato sensível e exterior; é uma Revelação encoberta pelo invólucro da parábola (cf. Mt 13, 13). Vê quem quer ver, vê quem olha, vê quem quer penetrar no sentido e nos fins da Revelação. Revelação que em seu conteúdo divino não tem confins e justifica por isso o esforço contemplativo dos fiéis, a quem o Mestre divino dirá: "Ditosos vossos olhos porque vêem e vossos ouvidos porque ouvem" (Mt 13, 16).

Por isso, se queremos que o Natal tenha uma influência positiva e eficaz, não o podemos classificar entre os momentos passageiros de nossa vida espiritual, senão como o que deve permanecer!

O Natal deve permanecer, sobretudo, como um acontecimento determinante de nossa consciência religiosa: o Verbo de Deus se fez homem!, e isto é um acontecimento que deve sustentar nosso modo de pensar e de viver. Ser cristãos não é, pois, coisa secundária, discutível e volúvel; não é uma ideologia subjetiva e adaptável a correntes facultativas da mentalidade histórica ou ambiental. É a Verdade que felizmente transfigura e vivifica, "A Verdade os fará livres" (Jo 8, 32). Sim, o presépio nos põe de joelhos ante o mistério da Encarnação, mistério de humildade infinita, mas mistério de glória infinita para Cristo e de salvação para nós (cf. Fl 2, 1-11).

O Natal deve permanecer, além disso, como escola: o exemplo do presépio não esgota seus ensinamentos em uma lição passageira de ingênua maravilha e de poesia pastoral; o presépio é um espelho da vida concebida segundo o Evangelho, na qual não se apagaram as energias para fazer obras nem os valores da atividade humana, senão que de forma muito melhor são doados energias e valores comprometidos por um esforço total de amor humilde.

Portanto, procuremos recordar o Natal como um ponto de partida, uma linha que quer ser trajetória no caminho de uma autêntica vida cristã”.

Papa Paulo VI
Audiência Geral, 28/12/1977

NATAL DE NOSSO SENHOR – Cristo desceu dos céus, correi para Ele!



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO


«Tu, que maravilhosamente criaste o homem, mais
maravilhosamente ainda restabeleceste a sua dignidade»

Jesus Cristo nasceu, rendei-Lhe glória!
Cristo desceu dos céus, correi para Ele!
Cristo está sobre a terra, exaltai-O!
“Cantai ao Senhor, terra inteira.
Alegria no céu; terra, exulta de alegria!” (Sl 96,1.11).

Do céu, ele vem habitar no meio dos homens;
estremecei de temor e de alegria:
de temor, por causa do pecado;
de alegria, por causa da nossa esperança.

Hoje, as sombras se dissipam
e a luz se eleva sobre o mundo;
como outrora no Egito envolto em trevas,
hoje uma coluna de fogo ilumina Israel.

O povo, que estava sentado nas trevas da ignorância,
contempla hoje essa imensa luz do verdadeiro
conhecimento porque “o mundo antigo desapareceu,
todas as coisas são novas” (2 Cor 5,17).

A letra recua, o espírito triunfa (Rm 7,6);
a prefiguração passa, a verdade aparece (Cl 2,17).

Aquele que nos deu a existência
quer também inundar-nos de felicidade;
essa felicidade que o pecado nos havia feito
perder, a encarnação do Filho nos devolve…

Tal é esta solenidade:
saudamos hoje a vinda de Deus ao meio dos
homens para que possamos, não chegar
mas regressar para junto de Deus;
a fim de que nos despojemos do homem velho
e nos revistamos do Homem novo (Cl 3,9),
a fim de que, mortos em Adão,
vivamos em Cristo (1 Cor 15,22)…

Celebremos pois este dia, cheios de uma alegria divina,
não mundana, mas uma verdadeira alegria celeste.

Que festa, este mistério de Cristo!
Ele é a minha plenitude, o meu novo nascimento.


S. Gregório Nazianzeno
Sermão 38 para a Natividade


NATAL DE NOSSO SENHOR – Ó Divino Jesus, por nós abandonaste o céu!



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«Ó Divino Jesus, por nós abandonaste o céu!»

O VIVEIRO DO MENINO JESUS

Para os pobres exilados da terra,
Nosso Criador criou os pássaros,
Que vão gorjeando sua prece
Tanto nos vales como nas colinas.

As crianças alegres, saltitantes,
Escolhem suas aves preferidas
E as aprisionam dentro das gaiolas,
Que com douradas grades são construídas.

Ó Jesus, irmãozinho nosso,
Por nós abandonaste o lindo céu,
Mas, aqui nesta terra, o Teu viveiro
É o Carmelo, ó divino Infante!

Não é dourada, não, nossa gaiola,
Mas, assim mesmo, nós a amamos muito.
Não podemos mais voar, isto sabemos,
Nos bosques e planícies sob o azul.

Os bosques e arvoredos deste mundo
Não podem mais, Jesus, nos contentar.
Na solidão profunda do convento,
Tão somente a Ti vamos cantar.

Tua linda mãozinha nos atrai,
Menino de carícias encantadas.
Ó divino Jesus, o Teu sorriso
É que sempre cativa as avezinhas!...

Toda alma que for simples e pura
Aqui realiza o seu sonho de amor.
E, mesmo sendo tímida pombinha,
Não mais precisa temer o abutre.

Levado pelas asas da oração,
Vê-se subir o coração ardente,
Como leve e sonora cotovia
Que, cantando, se eleva nos espaços

Aqui dentro se escutam os trinados
Do rouxinol, do alegre pintassilgo
Que, nas gaiolas, ó Jesus Menino,
Vão cantando Teu nome com gorjeios.

As avezinhas cantam sem parar,
Porque sua vida não as preocupa.
Com um grãozinho de alpiste se contentam
E não precisam nunca plantar nada.

Como elas nós também, neste viveiro
De Tua boa mão tudo ganhamos.
E somente uma coisa é necessária:
Sempre Te amar, Menino divinal!

Também nós entoamos Teus louvores,
Unidas aos espíritos celestes.
E sabemos que os anjos, todos eles,
Amam, no céu, as aves do Carmelo.

Para enxugar o pranto, meu Jesus,
Que Te fazem verter os pecadores,
Tuas aves repetem Teus encantos
e, cantando, Te ganham corações.

Um dia, já bem longe deste mundo,
Após terem ouvido o Teu chamado,
Todas as aves deste Teu viveiro
Baterão suas asas rumo ao céu.

Então, entre as falanges encantadas
De Querubins pequenos, jubilosos,
Ó divino Infante, Teus louvores
Nós cantaremos todas lá no céu.


Santa Teresa do Menino Jesus
Introdução às Poesias – 24 - Poesia 43
Obras Completas de Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face


NATAL DE NOSSO SENHOR – Silenciar para que o Verbo nascido seja pronunciado em nós



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«Silenciar para que o Verbo nascido seja pronunciado em nós»

"«Quando tudo estava envolvido em profundo silêncio, o teu Verbo todo-poderoso desceu.» (Sb 18,14-15) É deste Verbo que se trata hoje... Qual é então o lugar em que Deus vem pronunciar a sua Palavra e gerar o seu Filho? O coração em que tal nascimento deve cumprir-se há de guardar uma grande pureza, viver uma intensa vida interior, um profunda união com Deus. Se não se dispersar com o exterior mas permanecer recolhido, unido a Deus no mais profundo do seu ser, aí Deus escolhe habitar.

Como cooperar para este nascimento, para esta inspiração misteriosa do Verbo? Como
merecer que ele se realize em nós? Temos que nos aplicar a isso através de imagens ou de pensamentos acerca de Deus? Podemos apressar este novo nascimento de Deus em nós? Ou será melhor, pelo contrário, esvaziarmo-nos de qualquer pensamento, de qualquer palavra, de qualquer ação e de qualquer imagem e postarmo-nos diante de Deus no silêncio total para O deixarmos agir em nós?... A própria Palavra respondeu: "Foi no meio do silêncio que uma palavra secreta me foi dirigida." (Jb 4,16)

Recolhe-te pois, se o podes fazer; esquece tudo na tua oração; liberta-te das imagens de que estás cheio. Quanto mais esqueceres o resto, mais és capaz de receber esta Palavra que é para ti tão misteriosa... Evita pois a atividade e os pensamentos que te agitam, porque eles impedem a paz interior. Para que Deus fale o seu Verbo em nós, é preciso que nós mesmos estejamos na paz e no silêncio. Assim, Ele pode fazer-nos ouvir a sua Palavra - Ele próprio se fala em nós.

No Natal festejamos um triplo nascimento. O primeiro e mais sublime nascimento é o do Filho único gerado pelo Pai celeste na essência divina, sendo nisso distinto das pessoas. O segundo nascimento é o que se deu numa mãe que na fecundidade guardou a pureza absoluta da sua castidade virginal. O terceiro é aquele pelo qual Deus, todos os dias, à mesma hora, nasce em verdade, espiritualmente, pela graça e pelo amor, numa alma boa.

Para que seja possível este terceiro nascimento, permitamo-nos apenas a procura simples e pura de Deus, e abdiquemos de qualquer outro desejo que não nos seja próprio, tendo apenas como única vontade a de Lhe pertencermos, de Lhe darmos lugar da maneira mais digna e elevada, em total intimidade com Ele, para que possa realizar a sua obra, para que possa nascer em nós sem o menor obstáculo. Por isso nos diz Santo Agostinho : «Esvazia-te para que possas ficar completo; sai para que possas entrar», e diz ainda noutro texto: «Ó tu, alma nobre, nobre criatura, porque procuras fora de ti o que está em ti próprio, tão inteiro, da maneira mais verdadeira e manifesta? E, pois que participas da natureza divina, porque te hás-de importar com as coisas criadas, que tens tu a ver com elas?» Se o homem preparasse assim um lugar no mais profundo do seu ser, Deus, sem dúvida, seria obrigado a ocupá-lo e completamente; o próprio céu romper-se-ia para o fazer. Deus não pode deixar as coisas vazias; tal seria contrário à sua natureza, à sua justiça.

É por isso que deves calar-te; o Verbo deste nascimento poderá então ser pronunciado em ti e poderás ouvi-lo. Mas fica certo de que, se quiseres falar, Ele calar-se-á. A melhor maneira de servirmos o Verbo é calarmo-nos e escutarmo-Lo. Portanto, se saíres por completo de ti próprio, Deus entrará completo em ti; o quanto de ti próprio tu saíres, será o quanto Ele em ti entrará, nem mais, nem menos.


Johannes Tauler, O.P. (Juan Tauler)
Místico Dominicano do século XIV
Sermão para a celebração do Natal


NATAL DE NOSSO SENHOR – Hoje nasceu o Verbo Encarnado



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«Hoje nasceu o Verbo Encarnado»

"Este dia é um dia muito feliz para Ti, Senhor, que te alegrou com a gozosa noticia de teu Filho que nasceu da estirpe de David enquanto homem, teu Filho formosíssimo e totalmente igual a Ti, até o ponto de que quem vê a Ele te vê a Ti. Que por esse dia e desde esse dia pereça o dia de meu nascimento e deixe de existir o dia de minha concepção, porque nele nasceu teu Filho e veio ao mundo para que sua formosa figura e sua encantadora presença elimine a deformidade do gênero humano. Por esse dia, Senhor piedoso, e por tua Obra maravilhosa, nasceu para Ti; e por teu Dom misericordioso nasceu para nós, a fim de que ao mirar sua Figura nos reconciliemos contigo e Tu te compadeças de nós".


John of Ford, Abade Cisterciense
Sermones sobre el Cantar de los Cantares, sermón 35, p. 67


NATAL DE NOSSO SENHOR – A própria Criança nos faz perceber Quem é



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«A própria Criança nos faz perceber Quem é»

“Na oração de quietude, o Senhor começa por nos mostrar que nos ouve e que nos concede o Seu Reino, a fim de que possamos verdadeiramente bendizê-Lo e santificar o Seu nome e de que incitemos todos os homens e mulheres a fazer o mesmo. É qualquer coisa de sobrenatural e que não podemos alcançar pelos nossos esforços, por mais que façamos.

Com efeito, aqui, a alma mergulha na paz ou, melhor dito, o Senhor envolve-a nela com a Sua presença, tal como fez com o justo Simeão. Então, todas as potências da alma se apaziguam e ela compreende, com um tipo de compreensão muito diferente daquele que nos vem por meio dos sentidos exteriores, que está muito perto do seu Deus e que, por um pouco, conseguiria chegar a ser, pela união, uma só coisa com Ele. Não que O veja com os olhos do corpo nem com os da alma; o justo Simeão também não viu, exteriormente, mais do que o augusto Pobrezinho e, pelos panos que O envolviam e pelo pequeno número dos que Lhe faziam cortejo, poderia tê-Lo tomado pelo filho de pessoas pobres, mais do que pelo Filho do Pai celeste. Mas a própria Criança o fez perceber Quem era.

Aqui, é da mesma maneira que a alma compreende; ainda assim, apreende-o de forma menos clara, porque ainda não percebe como é que compreende. Sabe apenas que se encontra no Reino ou, pelo menos, perto do Rei que deve dar-lho, e é presa de um tão grande respeito, que não ousa pedir-Lhe nada”.


Santa Teresa de Jesus
Caminho da Perfeição, cap.31-33, p.814


NATAL DE NOSSO SENHOR – O Verbo era Deus... O Verbo fez-se carne!



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«Natividade, segundo a carne, de Nosso Senhor, Deus e Salvador Jesus Cristo»

«O Verbo era Deus...
O Verbo fez-se carne»

Escutai, pastores, o som das trombetas…
O Verbo foi gerado, Deus manifestou-se ao mundo!
E vós, filhas de reis,
entrai na alegria da Mãe de Deus (Sl 44,10).
Povos, digamos: “Bendito sejas,
nosso Deus recém-nascido, glória a ti!”

A Virgem, que não conhece homem (Lc 1,34),
deu ao mundo a alegria,
a tristeza ancestral acabou.
Hoje, o Incriado foi gerado,
aquele que o mundo não pode conter entra no mundo.
Hoje, a alegria manifestou-se aos homens;
hoje o erro foi lançado no abismo.
Povos, digamos: “Bendito sejas,
nosso Deus recém-nascido, glória a ti!”

Pastores, cantai o Mestre que nasceu em Belém…,
aquele que resgata o mundo.
Eis que a maldição de Eva foi anulada,
graças àquele que nasceu da Virgem…
“Batamos palmas em aclamações” (Sl 46,2);
formemos um coro com os anjos.
O Senhor nasceu da Virgem Maria
para “levantar os que tinham caído
e erguer os abatidos” (Sl 144,14),
aqueles que gritam com fé:“Bendito sejas,
nosso Deus recém-nascido, glória a ti!”

O Autor da Lei encarnou sob a Lei (Gl 4,4),
o Filho intemporal nasceu da Virgem,
o Criador do universo está deitado no presépio.
Aquele que o Pai gera eternamente, sem mãe nos céus,
nasceu da Virgem, sem pai sobre a terra.
Povos, digamos: “Bendito sejas,
nosso Deus recém-nascido, glória a ti!”

Na verdade, a alegria acaba de nascer no estábulo.
Hoje os coros angélicos rejubilam;
todas as nações celebram a Virgem imaculada;
o nosso antepassado Adão dança de alegria,
porque hoje nasceu o Salvador.
Povos, digamos: “Bendito sejas,
nosso Deus recém-nascido, glória a ti!”


S. Romano, o Melódio
Hino 13 sobre a Natividade
Fontes Cristãs, 110, Ed. Cerf, Paris