“Felizes os que Nele procuram abrigo” (Sl 2, 12)
“Bem-aventurado seja Aquele que, para me permitir ocultar-me ‘nas fendas do rochedo’ (Cant 2, 14), deixou que lhe perfurassem as mãos, os pés e o lado. Bem-aventurado Aquele que se abriu por completo a mim, a fim de que eu pudesse ‘penetrar no admirável santuário’ (Sl 41, 5) e ‘abrigar-me na sua tenda’ (Sl 26, 5). Este rochedo é um refúgio, doce lugar de repouso para as pombas, e os orifícios escancarados das chagas que tem por todo o corpo oferecem o perdão aos pecadores e concedem a graça aos justos. É morada segura, irmãos, “torre sólida contra o inimigo” (Sl 60, 4). É preciso habitar nessa morada por meio da meditação amante e constante nas chagas de Cristo Nosso Senhor, da busca do Crucificado na fé e no amor, da busca daquele que é abrigo seguro para a nossa alma, abrigo contra a veemência da carne, as trevas deste mundo, os assaltos do demônio. A proteção desse Santuário sobrepõe-se a todas as vantagens deste mundo.
Entra pois neste rochedo, esconde-te, refugia-te no Crucificado. O que é a chaga do lado de Cristo, senão a porta aberta da arca para os que serão preservados do dilúvio? Mas a Arca de Noé era apenas um símbolo; isto é a realidade; já não se trata de salvar a vida mortal, mas de receber a imortalidade.
É, pois, razoável que a pomba de Cristo, a sua amiga formosa (Cant 2, 13-14), cante hoje os louvores do Amado com alegria. Da memória ou da imitação da Paixão, da meditação das suas santas chagas, como das fendas do rochedo, a sua voz dulcíssima ressoa sempre aos ouvidos do Esposo (Cant 2, 14)”.
Entra pois neste rochedo, esconde-te, refugia-te no Crucificado. O que é a chaga do lado de Cristo, senão a porta aberta da arca para os que serão preservados do dilúvio? Mas a Arca de Noé era apenas um símbolo; isto é a realidade; já não se trata de salvar a vida mortal, mas de receber a imortalidade.
É, pois, razoável que a pomba de Cristo, a sua amiga formosa (Cant 2, 13-14), cante hoje os louvores do Amado com alegria. Da memória ou da imitação da Paixão, da meditação das suas santas chagas, como das fendas do rochedo, a sua voz dulcíssima ressoa sempre aos ouvidos do Esposo (Cant 2, 14)”.
Beato Guerric d'Igny, Abade Cisterciense
Sermão IV para os Ramos
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