domingo, 12 de abril de 2009

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO - Nele estamos todos presentes



“Cristo, primícias da nova criação, depois de ter vencido a morte, ressuscitou e sobe para o Pai como oferenda magnífica e esplendorosa, como as primícias do gênero humano, renovado e incorruptível. Podemos considerá-lo o símbolo do feixe das primícias da colheita que o Senhor Deus exigiu a Israel que oferecesse no Templo (Lv 23,9). O que representa este sinal?

Podemos comparar o gênero humano às espigas de um campo, que nascem da terra, ficam à espera de crescer e, depois de amadurecerem, são apanhadas pela morte. Era por isso que Cristo dizia aos Seus discípulos: «Não dizeis vós que, dentro de quatro meses, chegará o tempo da ceifa? Pois bem, Eu digo-vos: erguei os olhos e vede. Os campos estão brancos para a ceifa. O ceifeiro já recebe o salário e recolhe o fruto para a vida eterna» (Jo 4,35-36). Ora, Cristo nasceu entre nós, nasceu da Virgem Santa como as espigas brotam da terra. Aliás, não hesita em dizer de si próprio que é o grão de trigo: «Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto.» Deste modo, ofereceu-se por nós ao Pai, à maneira de um feixe e como primícias da terra.



Porque a espiga de trigo, como aliás nós próprios, não pode ser considerada isoladamente. Vêmo-la num feixe, constituído por numerosas espigas de uma mesma braçada. Cristo Jesus é único, mas aparece-nos como um feixe, e constitui efetivamente uma espécie de braçada, no sentido em que contém em si todos os crentes, em união espiritual, evidentemente. Se assim não fosse, como poderia São Paulo escrever: «Com Ele nos ressuscitou e nos fez sentar lá nos céus» (Ef 2,6)? Com efeito, uma vez que se fez um de nós, nós formamos com Ele um mesmo corpo (Ef 3, 6). Aliás, é Ele quem dirige estas palavras a Seu Pai: «Que todos sejam um como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti» (Jo 17,21). O Senhor constitui, pois, as primícias de toda humanidade, que está destinada a ser armazenada nos celeiros do céu”.

São Cirilo de Alexandria, Bispo e Doutor da Igreja
Do Comentário sobre o Livro dos Números

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