quarta-feira, 29 de abril de 2009

FESTA DE SANTA CATARINA DE SENA, Virgem, Mística e Doutora da Igreja – 3ª Parte



Festa 29 de abril

3ª Parte

Santa Catarina viveu na época do grande Cisma que reinou na Igreja do Ocidente. A Igreja passava naquela época por um período difícil. Os cismas dividem-na e repartem o corpo místico de Cristo com anti-papas, que atraem multidões de fiéis enganados por motivos políticos e religiosos. A Sede do Papado de Roma havia sido transferida para Avignon, França. Catarina recebe de Jesus uma missão quase impossível: lutar para que a Sede do Papado volte para Roma. Ela sente-se chamada ao apostolado. Ela, que escolhera permanecer escondida na oração e no silêncio, será de agora em diante a peregrina e nômade de Deus pelas cidades da Itália, convidando todos a renovarem sua fé em Deus e sua adesão à Igreja e ao Papa, o seu “doce Cristo na terra”, como o chamava. Nesta época, dois Papas disputavam o Trono de Pedro, dividindo a Igreja e fazendo sofrer a população católica em todo o mundo.

No ano 1376, quando toda a Itália estava envolvida em graves disputas políticas à volta do Papado, organizaram-se nas cidades de Peruggia, Florença, Pisa e em toda a Toscana, milícias e revoltas contra o poder político do Papa Gregório XI. Florença está descontente com o Papa e por isso faz uma aliança com todos seus inimigos. Catarina tenta, com todos os esforços, que a rebelião seja circunscrita, mas os florentinos, chamados “o grupo dos oito santos” promovem a guerra. O Papa lança a excomunhão contra todos. Diante desta situação, os florentinos recorrem à Catarina de Sena, que é enviada como embaixatriz para Avignon. Fazia setenta anos que o Papado estava em Avignon e não em Roma, e a Cúria sofria influências francesas. Catarina foi enviada com a missão de se encontrar com o Papa Gregório XI para o convencer a regressar a Roma, pois que tal seria fundamental para a unidade da Igreja e pacificação da Itália. Em junho, Catarina é recebida pelo Papa e permanece sua hóspede por três meses. Consegue que seja retirada a excomunhão mas, mudanças no governo de Florença, não levam a sério os resultados de Catarina.


Catarina emprega todos os seus esforços para tentar convencer o Papa a voltar a Roma para retomar a sua posição. O piedoso Pontífice, que se demorava em tomar a última decisão, houve de convencer-se que pela boca dela falava realmente o Senhor e o certificava da Sua vontade. Assim, o Papa Gregório XI deixou definitivamente Avignon a 13 de Setembro de 1376 e entrou em Roma, entre o delírio do povo em festa, a 17 de Janeiro de 1377. Catarina obtém esse grande sucesso e o acompanha e o encoraja para que não volte atrás nesta decisão. Chegando a Sena, Catarina é recebida com muitas honras, mas permanece na mais profunda humildade. Na sua luta por ajudar a Santa Igreja, ela viajou por toda a Itália e diversos países, ditou cartas a Reis, Príncipes, e governantes católicos, Cardeais e Bispos. Continua sua luta a fim de ver Florença em paz definitiva com o Papa e suas esperanças aumentam em 1378, quando Urbano VI é eleito Papa.

Acontecimento inédito para aquele tempo foi o convite que o Papa Urbano VI fez a Catarina, chamando-a no Consistório para falar aos Cardeais que haviam permanecido fiéis a Igreja. As suas palavras foram de uma força extraordinária.


Em meio a tudo isso, deixou obras literárias ditadas e editadas de alto valor histórico, místico e religioso. A sua tão profunda comunhão com o Pai dá origem à sua grande obra: “O Diálogo”, de grande inspiração divina e que, segundo a Santa, são ensinamentos dados a ela pelo próprio Deus. Foi em Sena, no recolhimento de sua cela, que ditou o "Diálogo sobre a Divina Providência" para render a Deus o seu último canto de amor. "O Diálogo", como é comumente chamado, é um livro lido, estudado e respeitado na atualidade, e ainda hoje considerado como um dos maiores testemunhos do misticismo cristão e uma exposição clara de suas idéias teológicas e espiritualidade.

O que mais se admira na vida de Santa Catarina de Sena não é tanto o papel incomum que ela teve na história de seu tempo, mas a maneira singularmente feminina com a qual desenvolveu este papel. Ao Papa, que ela chamava com o nome de “doce Cristo na terra”, reprovava terna mas firmemente pela escassa coragem e convidava-o a abandonar Avignon para voltar a Roma com palavras delicadíssimas como estas: “Eia, virilmente, pai! Eu lhe digo que não precisa temer.” A um jovem condenado à morte, que ela acompanhou até sobre o patíbulo, disse no último instante: “Giuso! Às núpcias, meu doce irmão! Logo estará na vida eterna”.

Era de uma sensibilidade extraordinária, percebendo sentimentos íntimos e tendo uma noção real e imediata das situações que a rodeavam. Quando se sentava à mesa com seus discípulos, prestava atenção para não suscitar os ciúmes de ninguém e não raramente, como faz a mãe com a criança melindrosa, dava um bocado com a sua própria colher a quem se sentia por ela esquecido. Depois, a voz submissa da mulher mudava de tom e se traduzia freqüentemente naquele: “eu quero”, que não admitia hesitações quando se tratava do bem da Igreja ou da concórdia dos cidadãos.

(Continua)


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