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terça-feira, 31 de março de 2009

É preciso ouvir a Voz de Deus



Chiara Lubich, a Fundadora dos Focolares, afirma que não é difícil tentar discernir qual é a vontade de Deus...

É preciso ouvir a Voz de Deus

“É preciso ouvirmos bem dentro de nós uma voz delicada, que muitas vezes sufocamos, e que se torna quase imperceptível. Mas, se a ouvirmos bem: é a voz de Deus. Ela diz-nos que aquele é o momento de ir estudar, ou de ajudar quem tem necessidade, ou de trabalhar, ou de vencer uma tentação, ou de cumprir um dever de cristão ou de cidadão. Convida-nos a dar atenção a alguém que nos fala em nome de Deus, ou a enfrentar com coragem situações difíceis. Temos que a ouvir. Não façamos calar essa Voz, ela é o tesouro mais precioso que possuímos. Sigamo-la!”


“A pena não sabe o que deverá escrever.
O pincel não sabe o que deverá pintar.
Do mesmo modo, quando
Deus se serve de uma criatura
para fazer surgir na Igreja uma sua obra,
ela não sabe aquilo que deve fazer.
É um instrumento.
E os instrumentos de Deus
em geral têm uma característica:
a pequenez, a fragilidade...
'a fim de que nenhuma criatura
se possa vangloriar diante de Deus’.
Enquanto o instrumento se move
nas mãos de Deus, Ele o forma com
mil expedientes dolorosos e alegres.
Assim torna-o sempre mais idôneo
para o trabalho que deve fazer.
Até que, pode dizer com autoridade:
eu nada sou, Deus é tudo”.


Dos escritos de Chiara Lubich


quarta-feira, 25 de março de 2009

O Silêncio



“O silêncio tem uma dupla maneira de se impor a nós: provém da nossa pobreza ou brota de uma plenitude. Frequentemente é necessário que o silêncio nos chegue através do sentimento de nossa pobreza. Isto acontece muito simplesmente quando nos damos conta de que não somos capazes de pronunciar a palavra como se deveria. Jesus se mostrou severo em confronto com as palavras inúteis pronunciadas pelo fiel com leviandade (cf. Mt 12, 36). A palavra foi dada ao homem para dar testemunho da Palavra de Deus, para dar graças, bendizer e adorar a Deus. Ao invés disso, nossas palavras tornaram-se uma das ocasiões mais fáceis para ofender a Deus, para ferir os irmãos e assim, faltar com a caridade, infringir a lei do amor. Uma certa discrição no falar é sinal de que somos conscientes disto e de que desejamos sinceramente não pronunciar outras palavras senão aquelas que chegaram à maturidade em nosso coração. Um tal silêncio provém, antes de tudo, de um vazio em nós, mas de um vazio lucidamente vivido e aceito.

Mas existe um outro silêncio: aquele que brota de uma plenitude que existe em nós. Santo Isaac, o sírio, escrevia: «Esforça-te, antes de tudo, por calar-te. Disto nascerá em nós o que nos conduzirá ao silêncio. Que Deus te conceda, então, de sentir o que nasce do silêncio. Se fazes assim, levantar-se-á em ti uma luz que não sei explicar. Da ascese do silêncio nasce no coração, com o tempo, um prazer que impele o corpo a permanecer pacientemente na paz. E vêm as lágrimas abundantes, primeiro no sofrimento, depois no êxtase. O coração, então, sente o que discerne no profundo da contemplação maravilhosa».


Este silêncio é já oração ou, segundo ainda Santo Isaac, «linguagem dos séculos vindouros». O silêncio testemunha a plenitude da vida de Deus em nós, plenitude que deve renunciar a toda palavra humana para exprimi-la de maneira adequada. Por um certo tempo, somente as palavras da Bíblia conseguem ainda expressá-la um pouco, mas depois chega o momento, no qual somente o silêncio pode dar conta da extraordinária riqueza que nos foi dado descobrir no nosso coração.

É este um silêncio que se impõe com doçura e com força ao mesmo tempo, mas de dentro para fora. A oração torna-se lei de si mesma. Ela faz compreender quando é necessário calar e quando é necessário falar. É puríssimo louvor, e ao mesmo tempo, uma assombrosa irradiação. Um silêncio assim jamais fere alguém. Ele estabelece ao redor do silencioso uma zona de paz e de quietude, na qual Deus pode ser percebido como presente, de maneira irresistível. «Guarda o teu coração na paz», dizia São Serafim de Sarov, «e uma multidão ao teu redor será salva».

Louf, A., La voie cistercienne, 97-98.