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domingo, 28 de fevereiro de 2010

A Quaresma e o Silêncio – Chave para o Coração de Deus



QUARESMA 2010

«O verdadeiro silêncio é a chave para o imenso Coração chamejante de Deus»

“O único meio que pode ajudar o homem a encontrar resposta sobre si mesmo e sobre Aquele que o fez à sua imagem é o silêncio, a solidão — numa palavra, o deserto. O homem de hoje precisa destas coisas muito mais do que os eremitas de outrora.

Se quisermos estar preparados para dar testemunho de Cristo nas ruas, praças e mercados, onde nossa presença cristã está em contínua demanda, precisamos de silêncio. Se quisermos estar disponíveis, não só fisicamente, mas sobretudo espiritualmente, pela simpatia, pela amizade, compreensão e doação total da caridade, precisamos de silêncio. Se pretendemos dar aos outros a verdadeira e completa hospitalidade que não se contenta com a oferta de casa e alimento, mas abre também as portas da mente, do coração e do espírito, precisamos de silêncio. O verdadeiro silêncio é o homem em busca de Deus!

O verdadeiro silêncio é uma ponte suspensa que o espírito, enamorado de Deus, constrói sobre a escuridão e os abismos de sua própria mente; sobre as assustadoras ravinas e precipícios da tentação; sobre as gargantas escuras dos medos e terrores que o impedem de chegar a Deus.

O verdadeiro silêncio é a linguagem dos amantes. Somente quem ama compreende toda a sua beleza e alegria. O verdadeiro silêncio é um jardim fechado onde — e somente aí! — o espírito floresce com Deus e para Deus. É uma fonte selada que somente o coração pode desvendar e abrir para saciar sua sede do infinito.

O verdadeiro silêncio é a chave para o imenso Coração chamejante de Deus. É o começo de um "namoro" que só terminará na união final e definitiva com o Amado. Um tal silêncio é santo; é a oração que paira acima de todas as preces e chega à oração final da constante presença de Deus, atingindo as alturas da contemplação, quando o espírito, finalmente em paz total, vive alimentado apenas pela vontade do Ser Supremo que ele ama.

Este silêncio sai para fora em forma de caridade que transborda no serviço do próximo, sem considerar o custo e a dificuldade. Testemunhando Cristo em toda parte, o silêncio, em forma de disponibilidade, se tornará fácil e agradável, porque a alma começa a ver a face do seu Amor em cada pessoa. A hospitalidade será profunda e real porque um coração em silêncio é um coração que ama e um coração que ama é um imenso abrigo aberto para o mundo inteiro.

Um silêncio assim não é prerrogativa exclusiva de mosteiros e conventos. Deveria existir em todas as pessoas que amam a Deus, em cada cristão que se volta para o mistérios da sua redenção, em cada judeu que escuta, dentro de si, as vozes dos antigos profetas, em cada alma, enfim, que se levanta e parte em busca da verdade, em busca de Deus. Porque Deus não está no meio do barulho e da confusão quando estes dois se instalam no próprio coração do homem.

Desertos, silêncio, solidão não são necessariamente lugares, mas sim um estado de espírito e de coração. Como tal podem ser encontrados em pleno bulício das cidades, a qualquer hora ou qualquer dia. Basta que sintamos a tremenda necessidade que deles temos e saiamos a sua procura. Serão, talvez, pequenos desertos, pequenos "poços de silêncio" na imensa vastidão do barulho, mas se estivermos dispostos a descer até eles, hão de trazer-nos uma experiência santificante e alegre como a que sentiram os primeiros ermitães, nos desertos da Tebaida, algo parecido com a solidão infinitamente rica, fecunda e fervilhante de forças criadoras, na qual o próprio Deus se refugia. Porque somente Deus torna santos, alegres e fecundos todos os silêncios e todos os desertos”.



Serva de Deus Catherine de Hueck Doherty
Fundadora de Madonna House
Deserto Vivo:Poustínia, pp.28-30
Ed.Loyola, São Paulo, 1989

sexta-feira, 13 de março de 2009

Deserto,silêncio,solidão



“Deserto, silêncio, solidão. Para um espírito que compreenda a tremenda importância destes três elementos na caminhada espiritual, abrem-se inúmeras perspectivas e oportunidades de todos os lados, até mesmo nos congestionados labirintos e armadilhas que são as ruas das grandes cidades.

Mas, como pode alguém, na prática, ir ao deserto e conseguir a solidão? Parando! Pare! Deixe que a estranha e mortal inquietude do nosso tempo caia dos seus ombros, como um manto empoeirado e gasto – este manto que um dia, talvez, tenha sido considerado belo. A inquietude, o desassossego já foram considerados poeticamente como um tapete mágico e voador em demanda de um apressado amanhã. Hoje ele perdeu sua bela máscara poética e não passa de uma fuga de si mesmo, um desvio da jornada para dentro de si mesmo que todo homem deve empreender para encontrar-se com Deus nas profundezas de seu próprio coração.

Pare! Olhe bem no fundo das motivações que a vida lhe oferece. Elas são tais que possam constituir fundamentos para a santidade? Sim, porque, de fato, todo homem foi criado para ser santo, para amar o Amor que por nós morreu! Só existe uma tragédia na vida: a de não se ser santo! Se as motivações que sua vida lhe oferece não servem de fundamentos para santidade, então é preciso começar tudo de novo, até encontrar outras que sirvam. E isto pode ser feito. Deve ser feito. E nunca é tarde para tentar fazê-lo!


Pare! Levante a Deus as mãos e o coração, pedindo-lhe que a força do seu Espírito possa desfazer e levar embora todas as teias de temores, egoísmos, cobiças e muitos outros fios em que se enreda e se emaranha seu coração. Que as labaredas deste Espírito desçam até você, até todos nós, devastando o que foi mal construído e deixando coragem para reconstruir direito!

E todas estas paradas, nossas idas ao deserto, não necessariamente precisam ser feitas em um lugar retirado, mas podem também ser feitas em pleno barulho e plena atividade da vida diária de cada pessoa, qualquer que seja o seu estado de vida. São paradas que trazem ordem à alma, a ordem de Deus. E esta ordem divina trará consigo a tranqüilidade e a serenidade do mesmo Deus. E com ela virá o silêncio interior”.


Serva de Deus Catherine de Hueck Doherty
Fundadora de Madonna House
Deserto Vivo


segunda-feira, 9 de março de 2009

Quaresma: penitência é ato de amor



“Todas as maiores religiões do mundo conhecem o efeito purificante do jejum e da penitência Desde os tempos de outrora o homem tem entendido sua necessidade desta purificação.

Quaresma é um tempo de fazer limpeza interior. É um tempo de preparação para abrir nossos corações ao Amor, Jesus. Não é fácil segui-Lo. A vereda em que Ele caminha é muito estreita e íngreme e nós preferimos ir de carro numa rodovia... Não temos vontade de ir ao céu à pé, seguindo um Homem descalço... Assim, nós precisamos da Quaresma para treinar nossos músculos espirituais para subir montanhas, pois Ele nos chama a auges desconhecidos e significantes.

Precisamos da Quaresma para lubrificarmos as fechaduras enferrujadas de nossas almas, para que as chaves do amor, da compaixão e do serviço possam abrir facilmente, de novo, as portas de nossos corações. Precisamos da Quaresma para lavar toda a sujeira e renovar esta imagem de Deus que somos nós.

A penitência é um ato de amor. Sem amor não há penitência. Penitência quer dizer ser esbanjador de amor, no sentido do pai, na parábola do filho pródigo... Eu vejo meu irmão sofrendo, logo, faço tudo para aliviá-lo, como samaritano. Levo-o à estalagem do meu coração, ou ao hospital, e faço todo o necessário para cuidar das suas feridas e do seu sofrimento. Então, concluído isso, começo a pensar nos ladrões que reduziram aquele homem ao estado em que o encontrei. E em meu coração ouço a voz do Senhor: ‘Ame os inimigos’. Digo a mim mesmo: ‘Eu nem sei o nome daquelas pessoas. Nem sei de onde vieram nem pra onde vão. O que posso fazer por eles, pela penitência?’.


Ouvimos no noticiário a respeito de um povo refugiado e sofrido. Nós que pertencemos a Cristo podemos espiar os pecados dos que são responsáveis por esta catástrofe. Meu irmão é faminto...Posso comer até me saciar? Meu irmão dorme na lama...Posso dormir numa casa confortável? O Mestre não tinha aonde reclinar a cabeça...Meu irmão sofre dores...Posso recuar aquela dor que me faz parte da vida, que vem das dificuldades de viver em comunidade ou em matrimônio ou na vizinhança, ou no trabalho? Todos nós nos irritamos uns com os outros, às vezes...Posso reagir com raiva ao que me irrita ou, de repente, posso me lembrar daquela mulher que está dando à luz um filho na sujeira de uma favela e posso agüentar, com amor, o que está me irritando.

Há algo misterioso neste mundo que não podemos sondar. Mas quando eu amo o suficiente para oferecer meu corpo pelo outro, mesmo que de modo pequeno, tal como dormir no chão, ou comer só um pouco por um tempo, ou aceitar os desgostos e as mortificações que vem ao meu caminho, então alguma coisa realmente acontece...

Entre as mais misteriosas palavras que o Senhor deixou para nós, cristãos, estão estas: ‘Maiores milagres que Eu realizei, vocês vão realizar’. Esse é o milagre maior: que eu, completamente desconhecido naquela favela, ficando escondido num canto do Canadá, por meio de aceitar mortificações permitidas a mim, por meu diretor espiritual e as que vêm a mim pelas circunstanciais da vida, posso ajudar aquela mulher na favela. Como a tenho ajudado, não sei. Somente o amor sabe...E o Amor é Deus.

Se eu estou pronto para entrar no reino da fé porque amo o Senhor que me deu a fé, então ajudo aquele povo sofrido, onde Cristo sofre neles. Isto é o poder estranho da penitência e mortificação: ‘Carregai os fardos uns dos outros’.

Por outro lado, posso espiar por eles, que têm causado os sofrimentos dos outros. Posso espiar também por meus próprios pecados.

Deus é Misericordioso. Ele não está permitindo a espiação por motivo de temor, mas sim por amor, muito amor”.

Serva de Deus Catherine de Hueck Doherty
Fundadora de Madonna House