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quinta-feira, 8 de abril de 2010

OITAVA DA PÁSCOA - QUARTA-FEIRA – Emaús: Fica conosco, Senhor, porque só Vós sois o caminho



QUARTA -FEIRA NA OITAVA DA PÁSCOA

At 3, 1-10
Sl 104
Lc 24,13-35


«Fica conosco, Senhor, porque só Vós sois o caminho»

Depois da sua ressurreição, o Senhor Jesus encontrou no caminho dois dos seus discípulos que falavam entre si do que tinha acontecido e disse-lhes: “De que faláveis no caminho que vos torna tão tristes?”

Esta passagem do Evangelho dá-nos uma grande lição, se a soubermos entender. Jesus aparece, mostra-se aos olhos dos discípulos e não é reconhecido. O Mestre acompanha-os pelo caminho, Ele próprio é o Caminho; mas eles ainda não estão no verdadeiro Caminho. Quando Jesus os encontra, eles tinham perdido o Caminho. Enquanto estava com eles, antes da sua paixão, Jesus tinha-lhes predito tudo: os sofrimentos, a morte, a ressurreição ao terceiro dia. Tinha-lhes anunciado tudo; mas a sua morte tinha-lhes feito perder a memória.

”Esperávamos, diziam, que Ele libertasse Israel.” Como é, ó discípulos, esperáveis e agora já não esperais? Mas Cristo está vivo e a vossa esperança está morta! Sim, Cristo está vivo. Mas o Cristo vivo encontrou mortos os corações dos seus discípulos. Aparece aos seus olhos e eles não o percebem; mostra-se e permanece-lhes escondido. Se não se mostrasse, como é que os discípulos poderiam ouvir a sua pergunta e responder-lhe?

Caminha com eles e parece segui-los mas é Ele quem os conduz. Vêem-no mas não o reconhecem, “porque os seus olhos, diz o texto, estavam impedidos de O reconhecer”. A ausência do Senhor não é uma ausência. Crê somente e Aquele que não vês estará contigo.

Irmãos, quando é que o Senhor se deu a conhecer? Na fração do pão. Estamos assim certos disto mesmo: quando rompemos o pão, reconhecemos o Senhor. Se ele só quis ser reconhecido nessa altura, foi por causa de nós, nós que não o veríamos em sua carne, mas que no entanto comeríamos a sua carne. Então, tu que acreditas nele, quem quer que sejas, tu, que não é em vão que te chamas cristão, que não entras na igreja por acaso, que escutas a palavra de Deus com temor e esperança, para ti, a fração do pão será uma consolação. A ausência do Senhor não é uma verdadeira ausência. Tem fé, e ele está contigo, ainda que não o vejas.

Quando o Senhor começou a falar com eles, os discípulos ainda não tinham fé. Eles ainda não acreditavam na sua ressurreição; nem esperavam sequer que ele pudesse ressuscitar. Tinham perdido a fé; tinham perdido a esperança. Eram mortos que caminhavam com um vivo; caminhavam, mortos, com a vida. A vida caminhava com eles, mas em seus corações, a vida ainda não tinha sido renovada.

E tu, desejas a vida? Imita os discípulos, e reconhecerás o Senhor. Eles ofereceram a hospitalidade; o Senhor parecia decidido a continuar o seu caminho, mas eles retiveram-no. Tu também, retém o estrangeiro se queres reconhecer o teu Salvador. Aprende onde procurar o Senhor, onde possuí-lo, onde reconhecê-lo: partilhando o pão com Ele.


Santo Agostinho, Bispo e Doutor
Sermão 235

sábado, 3 de abril de 2010

TRÍDUO PASCAL – SÁBADO SANTO – VIGÍLIA PASCAL – A noite que nos liberta do sono da morte



SÁBADO SANTO - VIGÍLIA PASCAL

Gn 1,1 – 2,2/Sl 103
Gn 22,1-18/Sl 15
Ex 14,15 – 15,1
Is 54,5-14/Sl 29
Is 55,1-11
Br 3,9-15.32-4,4/Sl 18
Ez 36,16-17a.18-28/Sl 41
Rm 6,3-11/Sl 117
Lc 24,1-12


«A noite que nos liberta do sono da morte»


Vigiemos, irmãos, porque até esta noite Cristo permaneceu no seu túmulo. Foi durante esta noite que se deu a ressurreição da carne. Sobre a cruz, ela foi alvo de irrisão; hoje, os céus e a terra a adoram. Esta noite faz já parte do nosso domingo. Era mesmo preciso que Cristo ressuscitasse durante a noite, uma vez que a Sua ressurreição iluminou as nossas trevas. Tal como a nossa fé, fortificada pela ressurreição de Cristo, afasta todo o sono, assim esta noite, iluminada pelas nossas velas, se enche de claridade. Ela faz-nos esperar, com a Igreja espalhada por toda a terra, que não havemos de ser surpreendidos a meio da noite (Mc 13, 33).

Em tantos países que esta festa, tão solene para todos, reúne em nome de Cristo, o sol já se pôs - mas o dia ainda não acabou; as luzes do céu deram lugar às luzes da terra. Aquele que nos deu a glória do Seu Nome (Sl 28, 2) iluminou também esta noite. Aquele a quem dizemos "Tu iluminas as minhas trevas" (Sl 18, 29) derrama a Sua claridade nos nossos corações. E, assim como os nossos olhos deslumbrados contemplam as velas acesas, assim o nosso espírito iluminado nos faz ver nesta noite.


Santo Agostinho, Bispo e Doutor
2ª Homilia para a Noite Santa

quinta-feira, 1 de abril de 2010

TRÍDUO PASCAL - QUINTA-FEIRA SANTA – Sacrifício da Paixão, Sacrifício da Missa



QUINTA-FEIRA SANTA

Ex 12,1-8.11-14
Sl 115
1Cor 11,23-26
Jo 13,1-15


«Sacrifício da Paixão, Sacrifício da Missa»

Recordamos hoje piedosamente a véspera da Paixão do Senhor. Recordamos o dia sagrado em que ele quis tomar uma refeição com seus discípulos e, em sua bondade, aceitou padecer tudo o que fora escrito e predito em relação a seus sofrimentos e sua morte, a fim de nos libertar. Devemos, pois, celebrar dignamente tão grandes mistérios de modo que, por nossa participação voluntária a sua Paixão, mereçamos ter parte em sua ressurreição.

Com efeito, todos os ritos sagrados do Antigo Testamento atingiram sua plena realização em Cristo, quando entregou a seus discípulos o pão que é seu corpo e o vinho que é seu sangue. Assim fez para que eles os oferecessem nos mistérios sagrados, quando os deu em alimento a todos os fiéis para o perdão de suas faltas.

Essa Paixão, ele sofreu em seu corpo, por nosso amor, para nos livrar da morte eterna e nos preparar o caminho do reino celeste. Mostrou-nos assim que queria sofrê-la cotidianamente todas as vezes que celebrássemos esse mesmo mistério do sacrifício do santo altar, a fim de nos conduzir junto com ele para a vida eterna.

Eis porque ele diz a seus discípulos: Tomai, isto é o meu corpo, e este é o cálice do meu sangue, que será derramado para muitos, em remissão dos pecados (cf. Mt 26, 26-28). Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, fazei-o em memória de mim (1Cor 11, 24.26).

Por conseguinte, Cristo está presente sobre a mesa; Cristo foi condenado à morte e sacrificado; Cristo é recebido em seu corpo e em seu sangue. Ele que, neste dia, deu o pão e o cálice aos discípulos, consagre-os também hoje. Não, na verdade, não é um homem que pode consagrar o corpo e o sangue de Cristo postos à mesa, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. As palavras são pronunciadas pela boca do sacerdote; o corpo e o sangue são consagrados pelo poder e a graça de Deus.

Guardemos puros em todas as coisas nosso espírito e nosso pensamento, pois temos um sacrifício puro e santo. Por esse motivo devemos igualmente nos dedicar a santificar nossas almas. Então, celebraremos com simplicidade os mistérios, prestando atenção a essas recomendações, e nos aproximaremos da mesa de Cristo com as disposições convenientes, tomando parte eternamente na vida de Cristo, ele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.


Santo Agostinho
Sermo Mai 143, 1-3
Patrologiæ Latinæ Supplementum 2, 1238-1239

domingo, 28 de março de 2010

DOMINGO DE RAMOS – Cristo é o caminho para a luz, a verdade para a vida



DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR
28 DE MARÇO


Cristo é o caminho para a luz a verdade para a vida

Diz o Senhor: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12). Estas breves palavras contêm um preceito e uma promessa. Façamos o que o Senhor mandou, para esperarmos sem receio receber o que prometeu, e não nos vir ele a dizer no dia do Juízo: "Fizeste o que mandei para esperares agora alcançar o que prometi?" Responder-te-á: "Disse que me seguistes". Pediste um conselho de vida. De que vida, senão daquela sobre a qual foi dito: Em vós está a fonte da vida? (Sl 35,10).

Por conseguinte, façamos agora o que nos manda, sigamos o Senhor, e quebremos os grilhões que nos impedem de segui-lo. Mas quem é capaz de romper tais amarras se não for ajudado por aquele de quem se disse: "Quebrastes os meus grilhões? (Sl 115,7). E também noutro salmo: ''E o Senhor quem liberta os cativos, o Senhor faz erguer-se o caído (Sl 145,7.8).

Somente os que assim são libertados e erguidos poderão seguir aquela luz que proclama: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas. Realmente o Senhor faz os cegos verem. Os nossos olhos, irmãos, são agora iluminados pelo colírio da fé. Para restituir a vista ao cego de nascença, o Senhor começou por ungir-lhe os olhos com sua saliva misturada com terra. Cegos também nós nascemos de Adão, e precisamos de ser iluminados pelo Senhor. Ele misturou sua saliva com a terra: E a Palavra se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Misturou sua saliva com a terra, como fora predito: A verdade brotou da terra (cf. Sl 84,12). E ele próprio disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6).

A verdade nos saciará quando o virmos face a face, porque também isso nos foi prometido. Pois quem ousaria esperar, se Deus não tivesse prometido ou dado?

Veremos face a face, como diz o Apóstolo: Agora, conheço apenas de modo imperfeito; agora, nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face (1Cor 13,12). E o apóstolo João diz numa de suas cartas: Caríssimos, desde já somo filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é (1Jo 3,2). Eis a grande promessa!

Se o amas, segue-o! "Eu o amo, dizes tu, mas por onde o seguirei?" Se o Senhor te houvesse dito: "Eu sou a verdade e a vida", tu que desejas a verdade e aspiras à vida, certamente procurarias o caminho para alcançá-la e dirias a ti mesmo: "Grande coisa é a verdade, grande coisa é a vida! Ah se fosse possível à minha alma encontrar o caminho para lá chegar!"

Queres conhecer o caminho? Ouve o que o Senhor diz em primeiro lugar: Eu sou o caminho. Antes de dizer aonde deves ir, mostrou por onde deves seguir. Eu sou, diz ele, o caminho. O caminho para onde? A verdade e a vida. Disse primeiro por onde deves seguir e logo depois indicou para onde deves ir. Eu sou o caminho, eu sou a verdade, eu sou a vida. Permanecendo junto do Pai, é verdade e vida; revestindo-se de nossa carne, tornou-se o caminho.

Não te é dito: "Esforça-te por encontrar o caminho, para que possas chegar à verdade e à vida". Decerto não é isso que te dizem. Levanta-te, preguiçoso! O próprio caminho veio ao teu encontro e te despertou do sono em que dormias, se é que chegou a despertar-te; levanta-te e anda!

Talvez tentes andar e não consigas, porque te doem os pés. Por que estão doendo? Não será pela dureza dos caminhos que a avareza te levou a percorrer? Mas o Verbo de Deus curou também os coxos. "Eu tenho os pés sadios, respondes, mas não vejo o caminho". Lembra-te que ele também deu a vista aos cegos.


Santo Agostinho, Bispo
Dos Tratados sobre o Evangelho de São João
Tract. 34,8-9; CCL 36,315-316

domingo, 7 de março de 2010

Quaresma - Purificai-me, ó Senhor




«Pequena é a casa de minha alma, para que possais entrar: aumentai-a! Purificai-me, ó Senhor!»


“Pequena é a casa de minha alma, para que possais entrar: aumentai-a. Toda em ruínas! Reformai-a. Há coisas que ofendem vossos olhos. Bem o sei e o confesso. Mas quem a purificará? A quem clamarei senão a Vós? Purificai-me, ó Senhor, de meus pecados ocultos, e afastai vosso servo dos pecados alheios. Creio, e por isso, falo. Senhor, bem o sei: já não vos confessei meus pecados, Deus meu, e Vós já não perdoastes a impiedade do meu coração? Não disputo convosco que sois a Verdade, nem quero enganar-me: temo que se engane minha iniqüidade. Portanto, não disputo convosco, porque, se considerardes as minhas culpas, Senhor, quem poderá subsistir?

No entanto, deixai-me falar diante de vossa misericórdia, eu, terra e cinza! No entanto, deixai-me falar, porque é à vossa misericórdia que falo e não a um homem que se ri de mim... Voltar-vos-eis e tereis misericórdia de mim”.


Santo Agostinho
Confissões, I, 5,6;6,7

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

QUARTA-FEIRA DE CINZAS – Esta cruz não é de quarenta dias, mas de toda a vida



QUARESMA 2010

4ª FEIRA DE CINZAS


«Esta cruz não é de quarenta dias, mas de toda a vida»


Iniciamos hoje a observância da Quaresma, como acontece todos os anos. É nosso dever dirigir-vos uma solene exortação, a fim de que a palavra de Deus, proferida por nosso ministério pastoral, alimente o coração daqueles que submeterão seus corpos ao jejum. Possa assim o homem interior, reconfortado por tal alimento, praticar a mortificação exterior, suportando-a com mais coragem. Com efeito, estando nós para celebrar a Paixão do Senhor, já tão próxima, convém à nossa devoção que façamos também para nós uma cruz, para nela refrearmos os prazeres.

Desta cruz deve pender continuamente o cristão no decorrer da vida tão cheia de tentações. Efetivamente, este não é um tempo oportuno para arrancarmos os cravos mencionados num Salmo: Penetras minha carne com os cravos de teu temor (Sl 118 [119], 120: Vulg.). A carne são os maus desejos; os cravos, os preceitos da justiça. Por meio deles, o temor do Senhor prega os nossos maus desejos, crucificando-nos como um sacrifício que lhe é agradável.

Por isso, diz também o Apóstolo: Eu vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12, 1). Eis, pois, a cruz na qual não somente o servo de Deus não é confundido, mas também se gloria, dizendo: Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou crucificado para o mundo (Gl 6, 14).

Esta cruz não deve permanecer apenas durante quarenta dias, mas por toda a vida. Moisés, Elias e o próprio Senhor jejuaram também quarenta dias. Eles, que representavam a Lei, os Profetas e o próprio Evangelho, indicam-nos desta maneira que não devemos nos conformar nem nos afeiçoar a este mundo, mas, sim, crucificar o velho homem.

Vive sempre desse modo, ó cristão, aqui no mundo. Se não quiseres afundar no limo da terra, não desças dessa cruz. Ora, se é assim que devemos proceder a vida inteira, quanto mais nestes dias da Quaresma! Cumpre, pois, não restringir a cruz a esses quarenta dias, mas transportá-la por toda a vida.


Santo Agostinho
Sermo 205, 1
Patrologia Latina 38, 1039-1040

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

NATAL DE NOSSO SENHOR – Ó Senhor, como agradecer o vosso amor?



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«Ó Senhor, como agradecer o vosso amor?»


“Ó Senhor, como louvar, como agradecer o vosso amor? Tanto me amastes que por meu amor vos fizestes no tempo, Vós que fizestes os tempos; e no mundo, tínheis menos idade que muitos de vossos servos, vós que sois mais antigo que o mundo; e vos tornastes homem, Vós que fizestes o homem. Fostes criatura de Mãe criada, e fostes levado pelas mãos formadas por Vós mesmo; e sugastes em um seio que Vós mesmo cumulastes; e chorastes como criança, na manjedoura, Vós que sois o Verbo, sem o qual é muda a eloquência humana”.


Santo Agostinho
Sermo 188, 2

domingo, 13 de dezembro de 2009

ADVENTO – 3º DOMINGO – Ó Senhor, conduzi-me à posse de Vossa bem-aventurança



DOMINGO III DO ADVENTO

«Ó Senhor, dai-me pensamentos espirituais e conduzi-me a posse de Vossa bem-aventurança»

“Ó Senhor, não sou luz para mim mesmo: olho posso ser; luz, não. Que vale ter olhos perfeitos e abertos, quando falta a luz? A Vós elevo meu clamor e digo: sereis a luz de minha lâmpada, ó Senhor; com vossa Luz, ó Senhor, iluminareis minhas trevas. De minha parte, sou só trevas. Vós, ao contrário, sois luz que expulsa as trevas e me ilumina. Não de mim me vem a luz: só em Vós tenho luz.

Os sábios e prudentes deste mundo julgam-se luz e são trevas! E porque são trevas e se julgam luz, não podem ser iluminados. Mas os que são trevas, e trevas confessam ser, mantêm-se pequenos e não querem engrandecer-se, são humildes e não soberbos. Conhecem-se a si mesmos, louvam-Vos, ó Senhor, e não se desviam do caminho que conduz à salvação. Louvando-Vos, invocam-Vos e são libertados de seus inimigos.

Senhor, Deus Pai Onipotente, com sinceridade de coração, dirijo-me a Vós, tanto quanto me permite a minha pequenez, dou-vos alegremente vivíssimas e copiosas graças, implorando com toda a alma Vossa extraordinária bondade de acolher benevolamente minhas súplicas: com Vosso poder, expulsai de meus atos e pensamentos o inimigo, aumentai em mim a fé, governai-me a mente, dai-me pensamentos espirituais e conduzi-me a posse de Vossa bem-aventurança”.


Santo Agostinho
Sermo 67, 8-10


domingo, 29 de novembro de 2009

ADVENTO – 1º DOMINGO – Erguei-vos, porque aproxima-se a vossa redenção




DOMINGO I DO ADVENTO

«Erguei-vos e levantai a cabeça, porque aproxima-se a vossa redenção»

"Então, todas as árvores da floresta saltarão de alegria diante do Senhor, porque Ele vem para julgar a terra" (Sl 95,12-13). O Senhor veio uma primeira vez e virá de novo. Veio uma primeira vez "sobre as núvens" (Mt 26,64) na sua Igreja. Que núvens o trouxeram? Os apóstolos, os pregadores... Veio uma primeira vez trazido pelos seus pregadores e encheu toda a terra. Não ponhamos resistência à sua primeira vinda se não queremos temer a segunda...

Que deve pois fazer o cristão? Aproveitar este mundo mas não o servir. Em que consiste isso? "Possuir como se não se possuisse". É o que diz S. Paulo: "Irmãos, o tempo é breve... Desde já, aqueles que choram seja como se não chorassem, os que são felizes, como se o não fossem, os que compram, como se nada possuissem, os que tiram proveito deste mundo, como se não se aproveitassem dele. Porque este mundo, tal como o vemos, vai passar. Quereria ver-vos livres de toda a preocupação" (1Co 7,29-32). Quem está livre de toda a preocupação espera com segurança a vinda do seu Senhor. Será que se ama o Senhor quando se receia a sua vinda? Meus irmãos, não nos envergonhamos disso? Amamo-lo e receamos a sua vinda? Amamo-lo verdadeiramente ou amamos mais os nossos pecados? Odiemos então os nossos pecados e amemos Aquele que há-de vir...

"Todas as árvores da foresta rejubilarão à vista do Senhor", porque Ele veio uma primeira vez... Veio uma primeira vez e regressará para julgar a terra; então encontrará cheios de alegria os que tiverem acreditado na sua primeira vinda.


Santo Agostinho
Bispo de Hipona e Doutor da Igreja
Discurso sobre o Salmo 95

ADVENTO – 1º DOMINGO – Meu filho, dá-me o teu coração




DOMINGO I DO ADVENTO

« Examinai pois com atenção a vossa morada interior, abri os olhos e apreciai o vosso capital de amor »

Irmãos, examinai pois com atenção a vossa morada interior, abri os olhos e apreciai o vosso capital de amor, e depois aumentai a soma que tiverdes descoberto em vós. E guardai esse tesouro, a fim de serdes ricos interiormente. Chamam-se caros os bens que têm um preço elevado, e com razão. Mas que coisa há mais cara do que o amor, meus irmãos? Em vossa opinião, que preço tem ele? E como pagá-lo? O preço de uma terra, o preço do trigo, é a prata; o preço de uma pérola é o ouro; mas o preço do amor és tu mesmo. Se queres comprar um campo, uma jóia, um animal, procuras em teu redor os fundos necessários para isso. Mas, se desejas possuir o amor, procura apenas em ti mesmo, pois é a ti mesmo que tens de encontrar.

Que receias ao dar-te? Receias perder-te? Pelo contrário, é recusando-te a dar-te que te perdes. O próprio Amor exprime-se pela boca da Sabedoria e apazigua com uma palavra a desordem que em ti lançava a expressão: "Dá-te a ti mesmo!" Se alguém quisesse vender-te um terreno, dir-te-ia: "Dá-me prata"; ou, se quisesse vender-te outra coisa qualquer: "Dá-me dinheiro". Pois escuta o que diz o Amor, pela boca da Sabedoria: "Meu filho, dá-me o teu coração" (Prov 23, 26). O teu coração sofria quando estava em ti; eras presa de futilidades, ou mesmo de más paixões. Afasta-te delas! Para onde hás-de levá-lo? A quem o hás-de oferecer? "Meu filho, dá-me o teu coração", diz a Sabedoria. Se ele for Meu, já não te perderás.

"Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento" (Mt 22, 37). Quem te criou quer-te todo para Si.


Santo Agostinho
Bispo de Hipona e Doutor da Igreja
Sermo 32 (sobre Salmo 149)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

São Lourenço - O Fogo do teu Amor, Senhor



Festa 10 de agosto

O Fogo do teu Amor, Senhor

“Foi o Fogo do teu Amor, Senhor, que permitiu ao Diácono São Lourenço permanecer fiel”

“O exemplo de São Lourenço encoraja-nos a dar a vida, ilumina a fé, atrai a devoção. Não são as chamas da fogueira, mas as chamas de uma fé viva, que nos consomem. O nosso corpo não foi queimado pela causa de Jesus Cristo, mas a nossa alma é transportada pelos ardores do seu amor, o nosso coração arde de amor por Jesus. Não foi o próprio Salvador que disse, acerca deste fogo sagrado: ‘vim lançar fogo sobre a terra; e que quero Eu senão que ele já se tenha ateado?’ (Lc 12, 49). Cleofas e o companheiro experimentaram os seus efeitos quando diziam: ‘Não estava o nosso coração a arder cá dentro, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?’ (Lc 24, 32).

Foi também graças a este incêndio interior que São Lourenço permaneceu insensível às chamas do martírio; arde em desejo de estar com Jesus, e não sente a tortura. Quanto mais cresce nele o ardor da fé, menos sofre a tortura. A força do braseiro divino que tem aceso no coração acalma as chamas do braseiro ateado pelo carrasco.”

Santo Agostinho
Bispo de Hipona e Doutor da Igreja
Sermo 206

domingo, 24 de maio de 2009

ASCENSÃO DO SENHOR - Ninguém subiu ao céu senão Aquele que veio do céu



Solenidade

"Hoje nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu; suba também, como Ele, nosso coração. Ouçamos o que nos diz o Apóstolo: Se fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à destra de Deus. Ponde vosso coração nas coisas do céu, não nas da terra. Pois, do mesmo modo que ele sofreu, sem por isso afastar-se de nós, assim também nós estamos já com Ele, embora ainda não se tenha realizado em nosso corpo o que nos foi prometido.

Ele foi elevado ao mais alto dos céus; entretanto, continua sofrendo na terra através das fadigas que experimentam os seus membros. Assim o testificou com aquela voz vinda do céu: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’ E também: ‘Tive fome e me destes de comer’. Por que não trabalhamos nós também aquí na terra, de maneira que, pela fé, a esperança e a caridade que nos unem a Ele, descansemos já com Ele nos céus? Ele está ali, mas continua estando conosco; nós, estando aqui, estamos também com Ele. Ele está conosco por sua divindade, por seu poder, por seu amor; nós, embora não possamos realizar isto como Ele pela divindade, podemos pelo amor a Ele.


Ele, quando desceu até nós, não deixou o céu; tampouco nos deixou ao voltar para o céu. Ele mesmo assegura que não deixou o céu enquanto estava conosco, posto que afirma: ‘Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu’. Isto diz em virtude da unidade que existe entre Ele, nossa cabeça, e nós, seu Corpo. E ninguém, exceto Ele, poderia dizer isso, já que nós estamos identificados com Ele, em virtude de que Ele, por nossa causa, fez-se Filho do homem, e nós, por Ele, fomos feitos filhos de Deus.

Neste sentido diz o Apóstolo: ‘Assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, são um só corpo, assim também é Cristo’. Não diz: ‘assim é Cristo’, mas: ‘assim também é Cristo’. Portanto, Cristo é apenas um corpo formado por muitos membros. Desceu, pois, do céu, por sua misericórdia, mas já não subiu sozinho, posto que nós subimos também Nele pela graça. Assim, pois, Cristo desceu sozinho, mas já não ascendeu Ele sozinho; não é que queiramos confundir a divindade da cabeça com a do corpo, mas sim, afirmamos que a unidade de todo o corpo pede que este não seja separado de sua cabeça."


Dos Sermões de Santo Agostinho de Hipona, Bispo
Sermão 98, Sobre a Ascensão do Senhor, 1-2; PLS 2, 494-495

sábado, 23 de maio de 2009

Caminhando para a Ascensão cantando o Aleluia



“Toda a nossa vida presente deve transcorrer no louvor de Deus, porque louvar a Deus será sempre também a alegria eterna de nossa vida futura. Ora, ninguém pode tornar-se apto para a vida futura se, já desde já, não se prepara para ela. Agora louvamos a Deus, mas também rogamos a Deus. O nosso louvor está cheio de alegrias e a nossa oração, de gemidos. Foi-nos prometido algo que ainda não possuímos; porém, por ser feliz quem o prometeu, alegramo-nos na esperança; mas, como ainda não estamos na posse da promessa, gememos na ansiedade. É bom perseverarmos no desejo, até que a promessa se realize; então acabará o gemido e permanecerá somente o louvor.

Agora, pois irmãos, vos exortamos a louvar a Deus. É isto o que todos nós exprimimos mutuamente quando cantamos “Aleluia”. “Louvai o Senhor”, dizemos nós uns aos outros. E assim todos põem em prática aquilo que se exortam. Mas louvai-o com todas as vossas forças, isto é, louvai a Deus não só com a língua e a voz, mas também com a vossa consciência, vossa vida, vossas ações.

Na verdade, louvamos a Deus agora que nos encontramos reunidos na igreja. Mas logo ao voltarmos para casa, parece que deixamos de louvar a Deus. Não deixes de viver santamente e louvarás sempre a Deus. Deixas de louvá-lo quando te afastas da justiça e do que lhe agrada. Mas, se nunca te desviares do bom caminho, ainda que tua língua se cale, tua vida clamará; e o ouvido de Deus estará perto do teu coração. Porque assim como nossos ouvidos escutam nossas palavras, assim os ouvidos de Deus escutam nossos pensamentos”.


Santo Agostinho de Hipona,
Sermão 98, Sobre a Ascensão do Senhor, 1-2; PLS 2, 494-495


sábado, 16 de maio de 2009

Quem recebe aquele que eu enviei recebe a mim Jo 13, 20



Jo 13, 20

“Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviei recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou”.

“Porque o que recebe ao que Jesus envia, recebe ao mesmo Jesus que existe em seu enviado. E o que recebe Jesus, recebe ao Pai. Logo, o que recebe ao que Jesus envia recebe o Pai que envia. Também pode entender-se deste outro modo: o que recebe a quem Eu enviarei, se faz digno de receber-me a mim. E o que me recebe, não por intermediação do apóstolo que eu enviarei, mas me recebe quando me dirijo às almas, recebe também o Pai, de tal modo que não só Eu moro nele mas também o Pai”.

Orígenes
In Ioannem tract., 32
Catena Aurea


“Onde Jesus diz: «Meu Pai e Eu somos uma só coisa» ( Jn 10,30), não deixa nenhuma dúvida quanto à distância. E ao aceitar agora estas palavras do Senhor, «Quem me recebe, recebe aquele que me enviou» (Jo 13, 20), ao entender que uma mesma é a natureza do Pai e do Filho, seria lógico que na locução «Se recebe ao que Eu enviar, recebe a mim», se entendesse também que uma mesma é a natureza do Filho e a do apóstolo. E assim, parece que se devia dizer: «Quem recebe ao que Eu enviar, recebe a mim como homem, e o que me recebe como Deus, recebe o Pai me enviou». Mas quando dizia isto não fazia alusão à unidade de natureza, senão que recomendava a sua própria autoridade que reside no enviado. Se, pois, atendes a Cristo em Pedro, verás o Mestre no discípulo; e se olhas ao Filho no Pai, verás o Pai no Unigênito”.


Santo Agostinho de Hipona
In Ioannem tract., 59
Catena Aurea


quinta-feira, 16 de abril de 2009

OITAVA DA PÁSCOA – Dies Domini – O Dia que o Senhor fez!



“Este é o dia que o Senhor fez. Exultemos e alegremo-nos nele.” Salmo 118, 24

Dies Domini

“Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque eterna é a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
eterna é a sua misericórdia.
A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei de viver
para anunciar as obras do Senhor”.

Salmo 118, 1-2; 16-17


«Este é o dia que o Senhor fez» (Sl 118,24). Lembrai-vos do estado do mundo no princípio: «As trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. Deus disse: 'Faça-se a luz'. E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou dia à luz e às trevas noite» (Gn 1,2s). Este é o dia que o Senhor fez. É o dia de que fala o apóstolo Paulo: «Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor» (Ef 5,8).

Não era Tomé um homem, um dos discípulos, um homem da multidão, por assim dizer? Os seus irmãos disseram-lhe: «Vimos o Senhor». E ele: «Se eu não tocar, se não meter o meu dedo no seu lado, não acreditarei». Os evangelistas trazem-te a novidade, e tu não acreditas? O mundo acreditou e um discípulo não acreditou? Ainda não tinha chegado esse dia que o Senhor fez; as trevas estavam ainda sobre o abismo, nas profundezas do coração humano, que estava nas trevas. Que venha, pois, Este que é o sinal do dia, que Ele venha e que diga com paciência, com doçura, sem cólera, Ele que cura: «Vem! Vem, toca aqui e acredita. Tu declaraste: 'Se não tocar, se não meter o meu dedo, não acreditarei'. Vem, toca, põe o teu dedo e não sejas incrédulo, mas crente. Eu conheço as tuas feridas, guardei para ti a minha cicatriz».


Aproximando a sua mão, o discípulo pode plenamente completar a sua fé. Qual é, com efeito, a plenitude da fé? Não acreditar que Cristo é somente Homem, não acreditar também que Cristo é somente Deus, mas sim acreditar que Ele é Homem e Deus. Assim, o discípulo ao qual o seu Salvador deu a tocar os membros do seu corpo e as suas cicatrizes exclamou: «Meu Senhor e meu Deus». Ele tocou o Homem, reconheceu Deus. Tocou a Carne, voltou-se para a Palavra, porque «a Palavra fez-se carne e habitou entre nós» (Jo 1,14). A Palavra suportou que a sua carne fosse suspensa na cruz; a Palavra suportou que a sua carne fosse colocada no túmulo. A Palavra ressuscitou na sua carne, mostrou-a aos olhos dos seus discípulos, prestou-se a ser tocada pelas suas mãos. Eles tocaram, e eles exclamaram: «Meu Senhor e meu Deus!». Este é o Dia que o Senhor fez!”.

Dos sermões de Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja


quinta-feira, 9 de abril de 2009

Tríduo Pascal - Quinta-feira Santa - Oração: Água viva para lavar Teus pés


A humildade de um Bispo

“Possas tu reservar-me, a mim também, ó Jesus, o cuidado de lavar teus pés, que sujaste enquanto caminhavas em mim! Possas tu apresentar-me, para que eu as lave, as manchas de teus pés, que prendi a teus passos por minha conduta! Mas onde encontrarei a água viva com a qual poderia lavar teus pés? Não tenho água, mas tenho lágrimas. Possa eu, lavando teus pés com elas, purificar-me a mim mesmo! Como fazer para que tu possas dizer de mim: 'Muitos pecados lhe são perdoados, porque ele muito amou'. Confesso que minha dívida é mais considerável, mas que muita coisa me foi perdoada, a mim que fui arrancado ao barulho das querelas do fórum e às terríveis responsabilidades da administração pública para ser chamado ao sacerdócio. Temo, pois, ser considerado um ingrato se amo menos, quando muito me foi perdoado.

Digna-te, pois, vir, Senhor Jesus, a este túmulo que sou! Lava-me com tuas próprias lágrimas, porque em meus olhos demasiado secos não encontro lágrimas suficientes para poder lavar minhas faltas. Se chorar por mim, estarei salvo. Se sou digno de tuas lágrimas, estarei livre do mau odor de todas as minhas faltas. Se eu for digno de que chores nem que seja um pouco, tu haverás de chamar-me para fora do túmulo deste corpo, dizendo: 'Vem para fora!'.

Vela, Senhor, sobre teu presente; tem sobre tua custódia o dom que me fizeste apesar de minha resistência! Eu sabia que não era digno de ser chamado ao episcopado, porque eu me tinha entregado totalmente a este mundo. É por tua graça que sou o que sou. E sou, sem a menor dúvida, o mínimo de todos os bispos e o mais pobre em méritos. Mas uma vez que também eu empreendi algum trabalho por tua santa Igreja, encarrega-te dos frutos deste trabalho. Não permitas que se perca, agora que é ele sacerdote, aquele que chamaste ao sacerdócio quando ainda estava perdido. E acima de tudo, permite-nos saber partilhar do fundo do coração a aflição daqueles que pecam. E esta a virtude suprema, pois está escrito: 'Não te rejubilarás sobre os filhos de Judá no dia de sua ruína e não farás grandes discursos no dia de sua tribulação'. Cada vez que se trata do pecado de alguém que caiu, que eu seja o primeiro a compadecer dele! Possa eu, em vez de me derramar em invectivas com orgulho, de preferência gemer e chorar, de tal modo que ao chorar o outro, chore também a mim mesmo, dizendo: Tamar é mais justa do que eu!”.

Santo Agostinho
Sur Ia Pénitence, II, 8, 67-73

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Buscar a Deus



Não rezes a Deus olhando o céu; olha para dentro de ti!

Não busques a Deus longe de ti, mas em ti mesmo!

Não peças a Deus o que te falta; busca-o tu mesmo e Deus buscará contigo porque Ele já te deu como promessa e como meta para que tu próprio o alcances.

Não reproves a Deus por tua desgraça; sofre com Ele e Ele sofrerá contigo. E se há dois em uma mesma dor, se sofre menos.

Não exijas de Deus que te governe com milagres; governa-te tu mesmo com responsável liberdade, amando e servindo, e Deus estará te guiando desde dentro e sem que saibas como.

Não peças a Deus que te responda quando falas com Ele; responde Tu a Ele porque Ele te falou primeiro e se queres seguir ouvindo o que falta, escuta o que Ele já te disse.

Não peças a Deus que te liberte desconhecendo a liberdade que já te deu; anima-te a conhecer e viver tua liberdade e saberás que isso só foi possível porque Deus te quer livre.

Não peças a Deus que te ame enquanto tiveres medo de amar e de saber-te amado. Ama-O, tu, e saberás que se há calor é porque houve fogo, e que se tu podes amar é porque Ele te amou primeiro!

Santo Agostinho