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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

SÃO BERNARDO - Espalhar o perfume da compaixão nos pés de Cristo



20 de agosto

Solenidade no Calendário Litúrgico Cisterciense

«Espalhar o perfume da compaixão nos pés de Cristo»

“Já vos falei dos dois perfumes espirituais: o da contrição, que se estende a todos os pecados — é simbolizado pelo perfume que a pecadora espalhou nos pés de Jesus: «toda a casa ficou cheia desse cheiro»; há também o da devoção que consolida todas as mercês de Deus. Mas há um perfume que ultrapassa de longe estes dois; chamar-lhe-ei o perfume da compaixão.

Compõe-se, com efeito, dos tormentos da pobreza, das angústias em que vivem os oprimidos, das inquietudes da tristeza, das faltas dos pecadores, em resumo, de toda a dor dos homens, mesmo dos nossos inimigos. Estes ingredientes parecem indignos e, contudo, o perfume em que entram é superior a todos os outros. É um bálsamo que cura: «Felizes os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia» (Mt 5,7).

Assim, um grande número de misérias reunidas sob um olhar compassivo são as essências preciosas. Feliz a alma que cuidou de aprovisionar estes aromas, de neles espalhar o óleo da compaixão e de os pôr a ferver no fogo da caridade! Quem é, no vosso entender, «o homem feliz que tem piedade e empresta os seus bens» (Sl 111,5), inclinado à compaixão, pronto a socorrer o seu próximo, mais contente com dar do que com receber? Quem é esse homem que perdoa facilmente, resiste à cólera, não permite a vingança, e em todas as coisas olha como suas as desgraças dos outros? Quem quer que seja essa alma impregnada do orvalho da compaixão, de coração transbordante de piedade, que se dá inteira a todos, que não é, ela mesma, senão um vaso rachado onde nada é invejosamente guardado, essa alma, tão morta para si mesma que vive unicamente para os outros, tem a felicidade de possuir esse terceiro perfume que é o melhor. As suas mãos destilam um bálsamo infinitamente precioso (cf. Ct 5,5), que não se esgotará na adversidade e que os lumes da perseguição não conseguirão secar. É que Deus lembrar-se-á sempre dos seus sacrifícios”.

São Bernardo de Claraval, Abade e Doutor
Sermones sobre el Cantar de los Cantares, 12
Obras completas, BAC, Madrid, 1987

segunda-feira, 15 de junho de 2009

CORPUS CHRISTI – Mártir por amor à Eucaristia



Solenidade
11 de junho

Uma história sobre o verdadeiro valor e zelo que devemos ter pela Eucaristia

“Alguns meses antes de sua morte, o Bispo Fulton J. Sheen foi entrevistado pela rede nacional de televisão: ‘Bispo Sheen, o senhor inspirou milhares de pessoas em todo o mundo. Quem inspirou o senhor? Foi acaso um Papa?’. O Bispo Sheen respondeu que sua maior inspiração não foi um Papa, um Cardeal ou outro Bispo, e nem sequer um sacerdote ou monja. Foi uma menina chinesa de onze anos de idade.

Explicou que quando os comunistas se apoderaram da China, houve uma perseguição a religiosos e sacerdotes. Um desses sacerdotes contou-lhe o que havia acontecido em sua paróquia. Disse que o prenderam e o encarceraram em sua própria casa paroquial, em frente à Igreja. E que de sua janela, o sacerdote observou aterrado como os comunistas invadiram a Igreja e dirigiram-se ao altar. Cheios de ódio profanaram o sacrário, pegaram o cibório e atiraram-no ao chão, espalhando as Hóstias Consagradas. Como eram tempos de perseguição, o sacerdote havia tomado a precaução de saber exatamente quantas Hóstias havia no cibório: trinta e duas.

Depois do feito, os comunistas se retiraram, deixando um guarda para vigiá-lo e não permitir que celebrasse as Missas. Quando saíram da Igreja talvez não tivessem se dado conta ou não prestaram atenção a uma pequena menina que rezava na penumbra do fundo da Igreja. A pequena viu tudo o que havia sucedido e depois foi para sua casa. Mas naquela noite ela voltou e, evitando o guarda que vigiava a casa paroquial onde estava recluso o sacerdote, entrou na Igreja vazia, cheia de destroços e, o mais importante, com as Hóstias Consagradas espalhadas pelo chão.


Ali, se ajoelhou na parte de trás e permaneceu rezando e adorando durante uma hora. Um ato de amor para reparar um ato de ódio. Depois de sua hora santa, levantou-se e caminhou silenciosamente em direção ao presbitério. Lá se ajoelhou e, abaixando a cabeça até o solo, com sua língua tomou uma das Sagradas Espécies, recebendo a Jesus na Sagrada Comunhão. Naquela época ainda não estavam vigentes as atuais normas sobre a comunhão e não era permitido aos leigos tocar a Hóstia com suas mãos.

A pequena menina continuou voltando escondida a cada noite, fazendo sua hora santa e aproximando-se depois do presbitério para receber ao Corpo de Cristo, seu amado Jesus Eucarístico em sua língua. Na trigésima segunda noite, depois de haver consumido a última Hóstia, tropeçou provocando acidentalmente um ruído que despertou o guarda. A pequena tentou fugir mas o guarda correu atrás dela, agarrou-a e golpeou-a até matá-la com a culatra de seu rifle.

Esse ato de martírio heróico foi presenciado pelo sacerdote que, profundamente abatido e aterrorizado, viu tudo da janela de seu quarto convertido em cela de prisão, e de onde não podia fazer nada.

O Bispo Sheen contou ao entrevistador que quando escutou este relato, sofreu um impacto muito grande e ficou de tal forma impressionado, que se sentiu inspirado a prometer a Deus que faria uma hora santa de adoração diante de Jesus Sacramentado todos os dias, pelo resto de sua vida. Se aquela pequenina menina pôde dar testemunho com sua vida da real e bela Presença de Jesus no Santíssimo Sacramento, então o Bispo via-se obrigado ao mesmo. Seu único desejo desde então, seria atrair o mundo ao Coração Ardente de Jesus no Santíssimo Sacramento.

A pequena ensinou ao Bispo o verdadeiro valor e zelo que se deve ter pela Eucaristia; como a fé pode sobrepor-se a todo medo e como o verdadeiro amor a Jesus na Eucaristia deve transcender a própria vida.

O que se esconde na Hóstia Sagrada é a glória de Seu amor. Todo o criado é um reflexo da realidade suprema que é Jesus Cristo. O sol no céu é apenas um símbolo do Filho de Deus no Santíssimo Sacramento e por isso muitos ostensórios têm a representação dos raios de sol. Assim como o sol é a fonte natural de toda energia, o Santíssimo Sacramento é a fonte sobrenatural de toda graça e amor. O Santíssimo Sacramento é Jesus, a Luz do mundo!”.

Padre Martin Lucía
Artigo "Let the Son Shine"
Cit.por religionenlibertad

CORPUS CHRISTI – Muito amor à Eucaristia





Senhor, fazei nosso coração semelhante ao vosso!


terça-feira, 9 de junho de 2009

ANO SACERDOTAL – Ano para mostrar amor da Igreja aos sacerdotes (II)



Entrevista com o Cardeal Claudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero

Cardeal: Ano para mostrar amor da Igreja aos sacerdotes (II)


Continuação da entrevista


CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 5 de junho de 2009 (ZENIT.org)- No próximo dia 19 de junho, o Papa Bento XVI inaugurará na Basílica de São Pedro o Ano Sacerdotal, com o tema: “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote”. Durante este ano, Bento XVI proclamará São João Maria Vianney como “padroeiro de todos os sacerdotes do mundo”. Também será publicado o “Diretório para os confessores e diretores espirituais”, assim como uma recopilação de textos do Papa sobre temas essenciais da vida e da missão sacerdotal na época atual. Zenit conversou com o Cardeal brasileiro Claudio Hummes, O.F.M., Prefeito da Congregação do Clero e Bispo emérito de São Paulo, que apresenta este Ano como “propositivo” e como uma oportunidade para que os sacerdotes recordem que “a Igreja os ama, que se preocupa com eles”. A primeira parte desta entrevista foi publicada em 04 de junho.

– Como o senhor acha que deve ser a formação de um seminarista nos âmbitos pessoal, espiritual, intelectual e litúrgico? Que aspectos acha que não podem faltar?

– Cardeal Hummes: A Igreja fala de quatro dimensões que devem ser cultivadas com os candidatos.

Em primeiro lugar, a dimensão humana, a afetiva – toda questão de sua pessoa –, sua natureza, sua dignidade e uma maturidade afetiva normal. Isso é importante, porque é a base.

Depois está a dimensão espiritual. Hoje nos encontramos diante de uma cultura que já não é nem cristã nem religiosa. Portanto, é ainda mais necessário desenvolver bem a espiritualidade nos candidatos.

Existe também a dimensão intelectual. É necessário estudar filosofia e teologia para que os sacerdotes sejam capazes de falar e de anunciar Jesus Cristo e sua mensagem hoje, de modo que se evidencie toda a riqueza do diálogo entre a fé e a razão humana. Deus é o Logos de tudo e Jesus Cristo é sua explicação.

Depois, obviamente, está a dimensão de apostolado, ou seja, deve-se preparar estes candidatos para ser pastores no mundo de hoje. Neste âmbito pastoral, hoje é muito importante a identidade missionária. Os sacerdotes devem ter não só uma preparação, mas também um estímulo forte para não limitar-se só a receber e oferecer o serviço àqueles que vem para vê-los, mas também para sair em busca das pessoas que não vão à Igreja, sobretudo daqueles batizados que se afastaram porque não foram suficientemente evangelizados, e que têm o direito de sê-lo, porque prometemos levar Jesus Cristo, educar na fé. Isso muitas vezes não se fez ou se fez muito pouco. O sacerdote deve ir em missão e preparar sua comunidade para que vá anunciar Jesus Cristo às pessoas, ao menos àqueles que estão no território de sua paróquia, mas também mais além desta. Hoje, esta dimensão missionária é muito importante. O discípulo se converte em missionário com sua adesão entusiasta, alegre a Cristo, capaz de revestir d’Ele incondicionalmente toda sua vida. Devemos ser como os discípulos: fervorosos, missionários, alegres. Nisto consiste a chave, o segredo.


– Que atividades especiais vão realizar neste ano, tanto para os jovens como para os próprios sacerdotes?

– Cardeal Hummes: Haverá iniciativas no âmbito da Igreja universal, mas o ano do sacerdote deve ser celebrado também a nível local. Ou seja, nas igrejas locais, nas dioceses e nas paróquias, porque os sacerdotes são os ministros do povo e devem incluir as comunidades. As dioceses devem impulsionar iniciativas tanto de aprofundamento como de celebração, para levar aos sacerdotes a mensagem de que a Igreja os ama, respeita, admira e se sente orgulhosa deles.

O Papa abrirá o Ano Sacerdotal em 19 de junho, na Festa do Sagrado Coração de Jesus, porque é a Jornada Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes. Haverá vésperas solenes celebradas na basílica vaticana, estará presente a relíquia do Cura d’Ars. Seu coração estará na Basílica como sinal da importância que o Papa quer dar aos sacerdotes. Esperamos que muitos sacerdotes estejam presentes.

O encerramento acontecerá um ano depois. Ainda está por definir-se a data exata do grande encontro do Papa com os sacerdotes, ao qual estão convidadas todas as dioceses. Haverá outras muitas iniciativas. Estamos pensando também em realizar um congresso teológico internacional nos dias precedentes ao encerramento. Também haverá exercícios espirituais. Esperamos também poder envolver as universidades católicas, para que possam aprofundar no sentido do sacerdócio, na teologia do sacerdócio e em todos os temas que são importantes para os sacerdotes.

– O senhor poderia falar-nos agora dos desafios que um sacerdote enfrenta nesta sociedade tão anti-religiosa? Como crê que pode permanecer fiel a sua vocação?

– Cardeal Hummes: Em primeiro lugar, a Igreja, através de seus seminários e formadores, deve fazer uma seleção muito rigorosa dos candidatos. Depois, é necessário ter uma boa formação, fundamentalmente na dimensão humana, intelectual, espiritual, pastoral e missionária. É fundamental recordar que o sacerdote é discípulo de Jesus Cristo e estar seguro de que tenha tido este encontro pessoal e comunitário intenso com Jesus Cristo, tenha lhe dado sua adesão. Cada missa pode ser um momento muito forte para este encontro. Mas também a leitura da Palavra de Deus.

Como dizia João Paulo II, há muitas oportunidades para testemunhar o encontro com Jesus Cristo. É fundamental ser um missionário capaz de renovar este zelo sacerdotal, de sentir-se alegre e convencido de sua missão e de conscientizar-se de que isso tem um sentido fundamental para a Igreja e para o mundo.

Sempre digo que os sacerdotes não são importantes só pelo aspecto religioso dentro da Igreja. Desempenham também um grandioso trabalho na sociedade, porque promovem os grandes valores humanos, estão muito perto dos pobres com a solidariedade, a atenção pelos direitos humanos. Creio que devemos ajudá-los para que vivam esta vocação com alegria, com muita lucidez e também com coração, para que sejam felizes, dado que se pode ser feliz no sacrifício e no cansaço.

Ser feliz não está em contradição com o sofrimento. Jesus não era infeliz na cruz. Sofria tremendamente, mas estava feliz, porque sabia que o fazia por amor e que isto tinha um sentido fundamental para a salvação do mundo. Era um gesto de fidelidade a seu Pai.

– Que outros santos o senhor acha acha que podem ser modelos para o sacerdote de hoje?

– Cardeal Hummes: Obviamente, o grande ideal é sempre Jesus Cristo, o Bom Pastor. No caso dos apóstolos, sobretudo São Paulo. Celebramos o Ano Paulino. Vê-se que ele era uma figura realmente impressionante e que pode ser sempre uma grande inspiração para os sacerdotes, sobretudo em uma sociedade que já não é cristã. Cruzou as fronteiras de Israel para ser apóstolo dos gentios, dos pagãos. Em um mundo que está se afastando tanto de qualquer manifestação religiosa, seu exemplo é fundamental. São Paulo tinha esta consciência muito forte: Jesus veio para salvar, não para condenar. É a mesma consciência que devemos ter nós diante do mundo de hoje.

Cardeal Dom Cláudio Hummes
Prefeito da Congregação para o Clero
Em entrevista a Zenit

sábado, 9 de maio de 2009

Ano Sacerdotal – Caminhando de encontro ao Ano Sacerdotal



Na Carta aos Sacerdotes na quinta-feira santa de 1986, o Papa João Paulo II escreveu:

“O sacramento da reconciliação e o da Eucaristia estão estreitamente unidos. Sem uma conversão constantemente renovada, junto à acolhida da graça sacramental do perdão, a participação na Eucaristia não logrará sua plena eficácia redentora. Como Cristo, que começou seu ministério com a exortação «arrependei-vos e crede no Evangelho» (Mc 1, 15), o Cura d’Ars começava geralmente a sua atividade diária com o sacramento do perdão. Mas se alegrava conduzindo à Eucaristia os seus penitentes já reconciliados. A Eucaristia ocupava certamente o centro de sua vida espiritual e de seu labor pastoral. Costumava dizer: «Todas as boas obras juntas não podem comparar-se com o Sacrifício da Missa pois são obras dos homens, enquanto que a Santa Missa é Obra de Deus». Nela se faz presente o sacrifício do Calvário para redenção do mundo. Evidentemente, o sacerdote deve unir ao oferecimento da Missa a doação cotidiana de si mesmo. «Portanto, é bom que o sacerdote se ofereça a Deus em sacrifício todas as manhãs». «A comunhão e o santo sacrifício da Missa são os dois atos mais eficazes para conseguir a transformação dos corações».

Deste modo, a Missa era para João Maria Vianney a grande alegria e alento em sua vida de sacerdote. Apesar da afluência de penitentes, se preparava com toda diligência e em silêncio durante mais de um quarto de hora. Celebrava com recolhimento, deixando entrever sua atitude de adoração nos momentos da consagração e da comunhão. Com grande realismo, enfatizava: «A causa do relaxamento do sacerdote está em não dedicar suficiente atenção à Missa».


O Cura d’Ars detinha-se particularmente ante a presença real de Cristo na Eucaristia. Ante o tabernáculo passava frequentemente longas horas de adoração, antes de amanhecer ou durante a noite. Em suas homilias costumava apontar o Sacrário dizendo com emoção: «Ele está ali». Por isso, ele, que tão pobremente vivia em sua casa paroquial, não duvidava em gastar quanto fosse necessário para embelezar a Igreja. Logo se pode ver o bom resultado: os fiéis tomaram por costume o ir rezar ante o Santíssimo Sacramento, descobrindo, através da atitude de seu pároco, o grande mistério da fé.

Por Cristo, trata de conformar-se fielmente às exigências radicais que Jesus propõe no Evangelho aos discípulos que envia em missão: oração, pobreza, humildade, renúncia de si mesmo e penitência voluntária. E, como Cristo, sente por seus fiéis um amor que lhe leva a uma entrega pastoral sem limites e ao sacrifício de si mesmo. Raramente um pastor foi até este consciente de suas responsabilidades, devorado pelo desejo de arrancar seus fiéis do pecado ou da tibieza. «Oh Deus meu, concedei-me a conversão de minha paróquia! Aceito sofrer tudo o que quiserdes por toda a minha vida».

Ante tal testemunho, vem à nossa mente o que o Concílio Vaticano II nos diz hoje acerca dos sacerdotes: «Seu ofício sagrado o exercem, sobretudo, no culto ou assembléia eucarística» (Lumen gentium, 28). E, mais recentemente, o Sínodo extraordinário (dezembro de 1985) recordava: «A liturgia deve fomentar o sentido do sagrado e fazê-lo resplandecer. Deve estar imbuída de reverência e da glorificação de Deus. A Eucaristia é a fonte e o cume de toda a vida cristã».


Queridos irmãos sacerdotes, o exemplo do Cura d’Ars nos convida a um sério exame de consciência. Que lugar ocupa a santa Missa em nossa vida cotidiana? A Missa continua sendo como no dia de nossa Ordenação, a qual foi nosso primeiro ato como sacerdotes, o princípio de nosso labor apostólico e de nossa santificação pessoal? Como é nossa oração ante o Santíssimo Sacramento e como a infundimos nos fiéis? Qual é nosso empenho em fazer de nossas igrejas a Casa de Deus para que a presença divina atraia aos homens de hoje, que com tanta freqüência sentem que o mundo está vazio de Deus?

O Cura d’Ars é um modelo de zelo sacerdotal para todos os pastores. O segredo de sua generosidade se encontra sem dúvida alguma em seu amor a Deus, vivido sem limites, em resposta constante ao amor manifestado em Cristo crucificado. Nisto se fundamenta seu desejo de fazer todas as coisas para salvar as almas resgatadas por Cristo a tão grande preço e encaminhá-las até o amor de Deus. Recordemos uma daquelas suas frases lapidares cujo segredo ele bem conhecia: «O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus». Em seus sermões e catequeses se referia sempre a este amor: «Oh, Deus meu, prefiro morrer amando-vos que viver um só instante sem amar-vos. Eu vos amo, meu divino Salvador, porque fostes crucificado por mim, porque me tendes crucificado para Vós»”.

Amados irmãos sacerdotes, alimentados pelo Concílio Vaticano II, que felizmente situou a consagração do sacerdote no marco de sua missão pastoral, busquemos o dinamismo de nosso zelo pastoral com São João Maria Vianney, no Coração de Jesus, em seu amor pelas almas. Se não acudirmos à mesma fonte, nosso ministério correrá o risco de dar muito poucos frutos.”


Santo Padre Papa João Paulo II
Carta aos Sacerdotes na quinta-feira santa de 1986


quarta-feira, 29 de abril de 2009

FESTA DE SANTA CATARINA DE SENA, Virgem, Mística e Doutora da Igreja – 1ª Parte



Festa 29 de abril

1ª Parte

Catarina de Sena, uma das mulheres que marcaram profundamente a história da Igreja, nasceu em 25 de março de 1347, na cidade de Sena, na Toscana, em um bairro chamado Fontebranda. Pertenceu a uma numerosa família de classe média alta e era a vigésima quarta de 25 irmãos. Após a morte de sua irmã Joana, que morreu nos primeiros anos de vida, passou a ser a caçula da família. O pai, Tiago Benincasa, é um bem-sucedido comerciante, e a mãe, Lapa, é a filha do poeta Nuccio Piagenti. Na família Benincasa não faltava o necessário e era uma família que tinha uma profunda consciência religiosa e um forte sentido político de defesa à cidade. Embora os filhos fossem numerosos, o casal recebeu em sua casa um primo órfão, Tomás della Fonte que, mais tarde, tornando-se Dominicano, teve grande influência na vida de Catarina, sendo o seu primeiro confessor e diretor espiritual.

Catarina era uma pérola de menina. Caráter dócil, sempre pronta e disponível a ponto de ser apelidada de “Eufrosina”, que quer dizer “amável”. Desde cedo revelou sinais de vocação para a vida consagrada. Os primeiros biógrafos, na chamada “Legenda Maior”, relatam-nos sua infância totalmente marcada pela forte presença de Deus.

Com apenas seis anos, quando voltava para casa, no bairro Vale Piatta, em companhia de seu irmão Estevão, aparece-lhe Jesus Cristo no alto da Igreja de São Domingos, vestido com roupas sacerdotais, rodeado por vários personagens, entre os quais é possível reconhecer São Pedro, São Paulo, e São João. Aos sete anos consagrou a sua virgindade a Deus.


Aos doze iniciam-se os conflitos familiares. A mãe, D. Lapa, preocupada com o futuro de Catarina, pensa em arrumar-lhe um bom matrimônio. Não compreende as atitudes espirituais da filha. Catarina, num gesto corajoso demonstrando a sua recusa em aceitar um matrimônio e revelando autonomia, corta os cabelos, manifestando o desejo de se entregar a Deus numa ordem religiosa. Desde então, Catarina inicia uma vida austera, passando horas e horas num pequeno quarto, transformado em cela conventual, no seio da própria família.

Os familiares olham este gesto com suspeita. Tentam arrancá-la de sua solidão confiando-lhe o trabalho mais pesado e duro a fim de que desistisse da sua intenção. Perturbam a sua oração e silêncio. E, especialmente, proíbem-lhe de fazer penitências que sejam prejudiciais à saúde. Catarina não se revolta. Aceita tudo com plena docilidade, criando uma "cela interior” em seu coração, onde ninguém a podia perturbar nos seus íntimos colóquios com Deus.

Escreverá mais tarde aos seus discípulos:

“Fazei uma cela no coração, de onde nunca podereis sair”

Será por este período, aos quinze anos, depois de uma visão em São Domingos, que Catarina decide ser Dominicana e ingressar na Ordem Terceira de São Domingos. A docilidade de Catarina vence a dureza dos pais e dos irmãos. Especialmente, por decisão do pai, a situação se acalma e Catarina poderá dedicar-se livremente à oração. Como era alma que sempre tendia à oração, ao silêncio e à penitência, preferiu não entrar em uma Congregação e continuar no seu cotidiano dos serviços domésticos, a servir a Cristo e Sua Igreja, já que tudo o que fazia, oferecia pela salvação das almas.


Em 1363, Catarina faz o pedido para entrar na Ordem Terceira Dominicana, na confraria das “Manteladas”, assim chamadas por causa de um longo manto preto que colocavam por cima do hábito branco dominicano. Embora tenha apenas dezesseis anos, após varias tentativas e resistências, é admitida na comunidade das “Manteladas”. No ambiente religioso, favorável aos seus desejos de santidade, Catarina caminha com passos de gigante pela via da perfeição, iniciando uma vida de muitos sacrifícios, pois aí pode dedicar-se inteiramente à oração e à penitência. Mesmo sem viver num Claustro, Catarina encarou a sua clausura em casa com seriedade e vivia encerrada no seu próprio quarto, onde, por intermédio da oração e do diálogo, afirmava que “estava sempre com e em Cristo”. Mas a vida de oração não a impede de visitar doentes leprosos. Costumava visitar os doentes do leprosário São Lázaro, totalmente dedicada aos trabalhos que lhes são confiados. Certa vez, para vencer a repugnância para com um leproso que cheirava mal, inclinou-se e beijou-lhe as chagas.

Com seu caráter corajoso e decidido, consegue dominar os desejos mundanos e Deus a recompensa com o dom da contemplação: visões e êxtases unidos a uma vida de penitência e dedicação ao serviço dos mais pobres e necessitados. Lentamente, o nome de Catarina corre de boca em boca pela cidade de Sena e pelos povoados vizinhos. O povo começa a procurá-la para perdir-lhe orações e conselhos. Durante as orações contemplativas, entrava em êxtase de tal forma que só esse fato possibilitou a conversão de centenas de almas durante a sua juventude.

(Continua)

FESTA DE SANTA CATARINA DE SENA, Virgem, Mística e Doutora da Igreja – 2ª Parte



Festa 29 de abril

2ª Parte

Apesar de ser admirada por muitos, surgem, por outro lado, a inveja e o ciúme de outros que vão provocar calúnias e dificuldades à mística de Sena. No Clero, os religiosos olham o fenômeno “Catarina” com um certo desprezo e incredulidade. Não é raro encontrar isso entre os próprios dominicanos que uma vez a colocaram à força para fora da Igreja durante uma oração contemplativa, deixando-a no chão, meio que morta, ainda sob efeito dos êxtases.

As “Manteladas” sentem-se também perturbadas, quase agredidas pela santidade de Catarina. Quase se arrependem de tê-la recebido entre elas. As calúnias e as incompreensões chovem sobre sua vida como uma verdadeira tempestade, mas Catarina, mergulhada no seu doce Cristo, não se abala e nem se apavora. Tudo suporta por amor ao Senhor. É na oração e no exercício da caridade que ela encontra a sua força. Sofrimentos familiares, como a morte do pai e uma grave doença da mãe, aumentam a cruz de Catarina, que tudo oferece ao Senhor pela salvação dos pecadores.

A sua pequena casa de Fontebranda transforma-se num cenáculo, onde amigos e simpatizantes se reúnem para rezar e refletir. São pessoas de famílias nobres e importantes de Sena, Florença, Pisa, Arezzo, entre outras. Catarina, jovem e analfabeta, mesmo assim é conselheira e orientadora de professores e teólogos famosos. Deus se serve dos pequenos para tocar os corações dos sábios e doutos do mundo.


Avança pela senda espiritual com o Senhor instruindo-a como um mestre a sua aluna, e descobria-lhe pouco a pouco "aquelas coisas que lhe fossem úteis à alma". O progresso espiritual atingiu o auge, em 1367, com as núpcias espirituais na fé. Jesus lhe aparece junto com a Virgem Maria e outros santos numa noite, entregando-lhe o anel do matrimônio espiritual, sendo celebrado assim o matrimônio místico com Cristo. Essa graça podia parecer o selo de uma vida consagrada ao isolamento e à contemplação. Pelo contrário, ao dar-lhe o anel invisível, Jesus pretendia uni-la a Si nas empresas do Seu reino.

A moça do povo de vinte anos via isto como sinal de separação entre ela e o Esposo celestial, mas Este pelo contrário assegurou-lhe que “pretendia uni-la mais a Si por meio da caridade com o próximo”, isto é, ao mesmo tempo no plano da mística interior e no da ação exterior ou da mística social, como foi dito.

Foi como que um impulso para espaços mais altos, que se lhe abriam diante da mente e da iniciativa. Passou da conversão de pecadores isolados à reconciliação entre pessoas ou famílias adversárias; e à pacificação entre cidades e repúblicas. Não receou passar entre facções armadas nem se deteve perante o alargar-se dos horizontes, o que no princípio a tinha aterrado até a fazer chorar. O impulso do Mestre divino manifestou nela como que uma humanidade de acréscimo. Um dia, conta ela mesma, o Senhor pôs-lhe "a cruz às costas e uma oliveira na mão", para as levar a um e outro povo, o cristão e o infiel, como se Cristo a erguesse às próprias dimensões universais da salvação.


Embora analfabeta, Catarina ditou mais de 300 cartas endereçadas a todo o tipo de pessoas, desde Papas, aos Reis e líderes, como também ao povo humilde, orientando suas atitudes, convocando para a caridade, o entendimento e a paz, e onde lutava pela unificação da Igreja e a pacificação dos Estados Papais. As cartas que ela dita aos seus secretários deixam o “silêncio” e percorrem as várias cidades da Itália e da Europa. Através de suas cartas, profundas e sábias, embora analfabeta e de frágil constituição física, conseguia mover homens para a reconciliação e a paz como um gigante.

As críticas aumentam. A inveja e o ciúme se encarregam de atacar Catarina de Sena e seus discípulos. O seu corajoso empenho social e político suscitou não poucas perplexidades entre muitas pessoas e entre seus próprios superiores. A Ordem Dominicana sente-se ameaçada pela presença indiscreta e cada vez mais projetada de Catarina. O Capítulo Geral dos Dominicanos se reunindo em Florença, chama-a para que explique sua teologia e doutrina diante dos teólogos. No dia 21 de maio de 1374, Catarina é sabatinada pelos capitulares a fim de prestar esclarecimentos de sua conduta. Suas respostas os satisfazem. Não há nada de herético. O Capítulo encarrega, então, Frei Raimundo de Cápua para acompanhar o desenvolvimento teológico e espiritual de Catarina e ser seu diretor espiritual.


Ainda em 1374, a peste se alastrou por toda a Europa causando mortes e desespero em Sena, e matando pelo menos um terço da população européia. Catarina, neste momento voltando de Florença, dedica-se aos doentes e abandonados, tendo praticado grandes atos de caridade e enfrentado a calamitosa situação serenamente e com grande firmeza. Ela tanto lutou pelos doentes, tantos curou com as próprias mãos e orações, que converteu mais algumas centenas de pagãos. Suas atitudes não deixaram de causar perplexidade em seus contemporâneos. Estava à frente, muitos séculos, dos padrões de sua época, quando a participação da mulher na Igreja era quase nula ou inexistente.

Para a tornar mais conforme ao Seu mistério de redenção e prepará-la para um incansável apostolado, Catarina recebe o sinal mais intimo do seu amor para com Cristo e do amor de Cristo para com ela: o Senhor concede-lhe o dom dos Estigmas. Aconteceu quando estava em oração na Igreja de Santa Cristina, em Pisa, no dia 1° de Abril de 1375 e, em uma visão, Cristo lhe diz que daquele momento em diante ela trabalharia pela paz e mostraria a todos que “uma mulher fraca pode envergonhar o orgulho dos fortes”. A sua configuração com Cristo de agora em diante será total.


(Continua)

FESTA DE SANTA CATARINA DE SENA, Virgem, Mística e Doutora da Igreja – 3ª Parte



Festa 29 de abril

3ª Parte

Santa Catarina viveu na época do grande Cisma que reinou na Igreja do Ocidente. A Igreja passava naquela época por um período difícil. Os cismas dividem-na e repartem o corpo místico de Cristo com anti-papas, que atraem multidões de fiéis enganados por motivos políticos e religiosos. A Sede do Papado de Roma havia sido transferida para Avignon, França. Catarina recebe de Jesus uma missão quase impossível: lutar para que a Sede do Papado volte para Roma. Ela sente-se chamada ao apostolado. Ela, que escolhera permanecer escondida na oração e no silêncio, será de agora em diante a peregrina e nômade de Deus pelas cidades da Itália, convidando todos a renovarem sua fé em Deus e sua adesão à Igreja e ao Papa, o seu “doce Cristo na terra”, como o chamava. Nesta época, dois Papas disputavam o Trono de Pedro, dividindo a Igreja e fazendo sofrer a população católica em todo o mundo.

No ano 1376, quando toda a Itália estava envolvida em graves disputas políticas à volta do Papado, organizaram-se nas cidades de Peruggia, Florença, Pisa e em toda a Toscana, milícias e revoltas contra o poder político do Papa Gregório XI. Florença está descontente com o Papa e por isso faz uma aliança com todos seus inimigos. Catarina tenta, com todos os esforços, que a rebelião seja circunscrita, mas os florentinos, chamados “o grupo dos oito santos” promovem a guerra. O Papa lança a excomunhão contra todos. Diante desta situação, os florentinos recorrem à Catarina de Sena, que é enviada como embaixatriz para Avignon. Fazia setenta anos que o Papado estava em Avignon e não em Roma, e a Cúria sofria influências francesas. Catarina foi enviada com a missão de se encontrar com o Papa Gregório XI para o convencer a regressar a Roma, pois que tal seria fundamental para a unidade da Igreja e pacificação da Itália. Em junho, Catarina é recebida pelo Papa e permanece sua hóspede por três meses. Consegue que seja retirada a excomunhão mas, mudanças no governo de Florença, não levam a sério os resultados de Catarina.


Catarina emprega todos os seus esforços para tentar convencer o Papa a voltar a Roma para retomar a sua posição. O piedoso Pontífice, que se demorava em tomar a última decisão, houve de convencer-se que pela boca dela falava realmente o Senhor e o certificava da Sua vontade. Assim, o Papa Gregório XI deixou definitivamente Avignon a 13 de Setembro de 1376 e entrou em Roma, entre o delírio do povo em festa, a 17 de Janeiro de 1377. Catarina obtém esse grande sucesso e o acompanha e o encoraja para que não volte atrás nesta decisão. Chegando a Sena, Catarina é recebida com muitas honras, mas permanece na mais profunda humildade. Na sua luta por ajudar a Santa Igreja, ela viajou por toda a Itália e diversos países, ditou cartas a Reis, Príncipes, e governantes católicos, Cardeais e Bispos. Continua sua luta a fim de ver Florença em paz definitiva com o Papa e suas esperanças aumentam em 1378, quando Urbano VI é eleito Papa.

Acontecimento inédito para aquele tempo foi o convite que o Papa Urbano VI fez a Catarina, chamando-a no Consistório para falar aos Cardeais que haviam permanecido fiéis a Igreja. As suas palavras foram de uma força extraordinária.


Em meio a tudo isso, deixou obras literárias ditadas e editadas de alto valor histórico, místico e religioso. A sua tão profunda comunhão com o Pai dá origem à sua grande obra: “O Diálogo”, de grande inspiração divina e que, segundo a Santa, são ensinamentos dados a ela pelo próprio Deus. Foi em Sena, no recolhimento de sua cela, que ditou o "Diálogo sobre a Divina Providência" para render a Deus o seu último canto de amor. "O Diálogo", como é comumente chamado, é um livro lido, estudado e respeitado na atualidade, e ainda hoje considerado como um dos maiores testemunhos do misticismo cristão e uma exposição clara de suas idéias teológicas e espiritualidade.

O que mais se admira na vida de Santa Catarina de Sena não é tanto o papel incomum que ela teve na história de seu tempo, mas a maneira singularmente feminina com a qual desenvolveu este papel. Ao Papa, que ela chamava com o nome de “doce Cristo na terra”, reprovava terna mas firmemente pela escassa coragem e convidava-o a abandonar Avignon para voltar a Roma com palavras delicadíssimas como estas: “Eia, virilmente, pai! Eu lhe digo que não precisa temer.” A um jovem condenado à morte, que ela acompanhou até sobre o patíbulo, disse no último instante: “Giuso! Às núpcias, meu doce irmão! Logo estará na vida eterna”.

Era de uma sensibilidade extraordinária, percebendo sentimentos íntimos e tendo uma noção real e imediata das situações que a rodeavam. Quando se sentava à mesa com seus discípulos, prestava atenção para não suscitar os ciúmes de ninguém e não raramente, como faz a mãe com a criança melindrosa, dava um bocado com a sua própria colher a quem se sentia por ela esquecido. Depois, a voz submissa da mulher mudava de tom e se traduzia freqüentemente naquele: “eu quero”, que não admitia hesitações quando se tratava do bem da Igreja ou da concórdia dos cidadãos.

(Continua)


FESTA DE SANTA CATARINA DE SENA, Virgem, Mística e Doutora da Igreja – 4ª Parte



Festa 29 de abril

4ª Parte

Catarina declara seus últimos meses de vida à sua família religiosa e aos seus discípulos, aos quais exorta a serem fiéis à Igreja e voltarem a viver uma vida de maior austeridade e oração. Ela prediz que Frei Raimundo de Cápua será o novo Geral da Ordem Dominicana, o que de fato aconteceu poucos meses depois de sua morte. O número de discípulos e discípulas de Catarina foi aumentando incessantemente e sua doutrina difundiu-se por toda parte.

Respondendo a um apelo do Papa Urbano VI, foi para Roma porque o Papa ali a quis ainda no grave momento de crise do cisma. Lá, debaixo de um ano e meio de trabalho extenuante e orações apaixonadas: "Ó Deus eterno, recebe o sacrifício da minha vida neste corpo místico da santa Igreja", ficou doente e, extenuada pelos muitos e exaustivos trabalhos, rodeada pelos seus numerosos amigos e discípulos, aos quais recomendou que se amassem uns aos outros e exortou todos a viverem com fidelidade o amor para com Deus e com a Igreja, entregou sua alma a Deus, após sofrer um derrame. Disse a eles antes de morrer: “Nunca que vos esqueçais, meus filhos dulcíssimos, deixando o corpo, na verdade, eu dei toda a minha vida para a Igreja e pela Igreja, o que me dá grande alegria”. Era o dia 29 de abril de 1380. Morria tendo feito há um mês 33 anos, como o seu Esposo Crucificado. Sua cabeça está em Sena, onde se mantém sua casa, e seu corpo está em Roma, na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva.


Quando a noticia da morte de Catarina se espalhou, o povo exclamou unido: “morreu a santa!”. Houve um corre-corre no convento dos Dominicanos. Por precaução, fecharam os portões da Igreja de São Domingos, em Minerva, onde o corpo estava exposto. O Papa Urbano VI, como sinal de gratidão para com a mulher santa que havia lutado em favor do Pontificado, quis que fosse celebrado um funeral solene. Depois do enterro, iniciou-se uma constante peregrinação ao túmulo de Catarina.

Foi canonizada pelo Papa Pio II, com a bula Misericordias Domini, de 29 de Junho de 1461. Foi assim apontada solenemente à Igreja universal como modelo de santidade e exemplo de sublime grandeza, a que uma mulher simples do povo pode chegar com a graça do Todo Poderoso. O Beato Papa Pio IX, em 1866, a proclama Co-Padroeira de Roma e Padroeira das mulheres da Ação Católica. Em 1939, na véspera da Itália entrar em guerra, o Papa Pio XII a proclama Co-Padroeira da Itália junto com São Francisco de Assis, e em 1943 Protetora dos doentes. No dia 4 de outubro de 1970, o Papa Paulo VI proclamou-a Doutora da Igreja, sendo a única leiga a obter esta distinção. O Papa João Paulo II declarou-a Co-Padroeira da Europa, juntamente com Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz. Sua Festa litúrgica é celebrada no dia 29 de abril.


A vida de Catarina de Sena nos maravilha por sua intensa atividade apostólica, pela aceitação que teve nos ambientes eclesiásticos do seu tempo. A sua palavra era ouvida e procurada. Ela tinha a capacidade de reavivar amizades e restabelecer a paz. Uma jovem mulher, sem escolaridade, que se impõe pela força do seu carisma. Analfabeta nas letras humanas mas rica da sabedoria de Deus. A presença de Catarina e suas palavras foram decisivas na resolução de situações dramáticas para a Igreja, ameaçada de divisão. A sua palavra, doce e persuasiva; o seu exemplo de integridade e de amor a Cristo; a sua atuação livre de qualquer interesse fizeram-na mensageira estimada, seguida e amada por todos.


Catarina foi uma real e forte presença de unidade para Igreja e entregou sua alma a Deus repetindo: "Se morrer, sabeis que morro de paixão pela Igreja!”.


Santa Catarina de Sena, rogai por nós!


Fontes: Lettres de Sainte Catherine de Sienne, trad. E. Cartier; Nöele M. Denis-Boulet, La Carrière Politique de Sainte Catherine de Sienne; Robert Fawtier, Sainte Catherine de Sienne, essai de critique des sources ; Sources hagiographiques, 1921 ; Carta Apostólica Amantissima Providentia, I.


quinta-feira, 23 de abril de 2009

Beata Maria Gabriella Sagheddu, OCSO - A santidade na unidade



Beata Maria Gabriella Sagheddu, OCSO

Festa em 22 de abril

A Beata Maria Gabriella Sagheddu, Monja Trapista (1914-1939), nasceu em Dorgali, Nuoro, em 17 de março de 1914 e entrou aos vinte anos no Mosteiro Trapista de Grottaferrata, atualmente transferido para Vitorchiano (Viterbo). Ofereceu com simplicidade a sua vida pela Unidade da Igreja e pelos irmãos separados. Seu holocausto foi agradável ao Senhor, que o consumou no dia 23 de abril de 1939, domingo do Bom Pastor.

A vida da Irmã Maria Gabriella não apresenta acontecimentos extraordinários nem milagres estrepitosos. Sua vida foi uma vida simples mas sempre fortemente motivada por fortes ideais: primeiro, o desejo de viver a própria realização pessoal com a sua entrada no Mosteiro Trapista, e depois viver uma doação total de sua alma a Deus. Nessa doação, ofertou a entrega de si mesma a Deus pela unidade dos cristãos. “Sinto que o Senhor me pede”, dizia ela a sua Abadessa. A ela são atribuídas numerosas vocações que continuam a chegar ao Mosteiro. Foi beatificada em 25 de janeiro de 1983. Seus restos mortais descansam na Capela da Unidade, anexa ao Mosteiro de Vitorchiano.


Trapa de Vitorchiano

“Rezar pela unidade não está só reservado a quem vive num contexto de divisão entre os cristãos. Naquele diálogo íntimo e pessoal, que cada de um de nós deve estabelecer com o Senhor na oração, a preocupação pela unidade não pode ficar de fora. Pois só assim é que tal preocupação fará parte plenamente da realidade da nossa vida e dos compromissos que assumimos na Igreja.

Para confirmar esta exigência, eu quis propor aos fiéis da Igreja Católica um modelo, que me parece exemplar, o de uma freira trapista, Maria Gabriella da Unidade, que proclamei Beata no dia 25 de janeiro de 1983.


A Irmã Maria Gabriella, chamada pela sua vocação a estar fora do mundo, dedicou a existência à meditação e à oração, centradas no capítulo 17 do Evangelho de S. João, oferecendo-as pela unidade dos cristãos.

Está aqui o fulcro de toda a oração: oferta total e sem reservas da própria vida ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. O exemplo da Irmã Maria Gabriella ensina e faz-nos compreender como não há tempos, situações ou lugares particulares para rezar pela unidade. A oração de Cristo ao Pai é modelo para todos, sempre e em qualquer lugar”.

Papa João Paulo II, Encíclica ‘Ut unum sint’, 1995, nº 27



“A vontade de Deus, seja ela qual for, esta é a minha alegria, a minha felicidade, a minha paz”.

“Ofereci-me inteiramente e não volto atrás na palavra dada”.

“Não desejo outra coisa que amar”


Irmã Maria Gabriella Saghueddu, OCSO
Escritos


No caso de graças obtidas por intercessão da Beata Maria Gabriela, é pedido que se envie notícias aos seguintes endereços:


VICE POSTULAZIONE - MONASTERO DELLE TRAPPISTE
101030 VITORCHIANO (VT) FAX 0039-0761-370952
e-mail: trappa@vitorchiano.org


quarta-feira, 8 de abril de 2009

Quarta-feira Santa - O Sacrifício de Cristo



“Se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo é o nosso Sumo Sacerdote e o seu precioso corpo é o nosso sacrifício, que Ele ofereceu no altar da cruz para a salvação de todos os homens.

O Sangue derramado por nossa redenção não era de novilhos e bodes como na antiga Lei, mas do inocentíssimo cordeiro Cristo Jesus, nosso Salvador. O templo onde nosso Sumo Sacerdote ofereceu o sacrifício não era feito por mãos humanas, mas edificado unicamente pelo poder de Deus. Porque Ele derramou seu sangue diante do mundo, que é na verdade o templo construído só pela mão de Deus.

Este templo tem duas partes: uma é a terra que agora habitamos; a outra ainda é desconhecida por nós mortais. Jesus Cristo ofereceu seu primeiro sacrifício aqui na terra quando padeceu a morte crudelíssima. Em seguida, revestido da nova veste da imortalidade, com seu próprio sangue entrou no Santo dos Santos, isto é, no céu, onde apresentou diante do trono do Pai celeste aquele sangue de valor infinito, que derramara uma vez para sempre por todos os homens cativos do pecado.

Este sacrifício é tão agradável e aceito por Deus que, logo ao vê-lo, não pode deixar de compadecer-se de nós e derramar a sua misericórdia sobre todos os que estão verdadeiramente arrependidos.


É, além disso, um sacrifício eterno. Não é oferecido apenas uma vez cada ano como acontecia entre os judeus, mas cada dia para o nosso consolo, e ainda mais, a cada hora e a cada momento, para nosso conforto e nossa alegria. Por isso o Apóstolo acrescenta: Obtendo uma eterna redenção (Hb 9,12).

Deste santo e eterno sacrifício, participam todos os que experimentaram a verdadeira contrição e arrependimento dos pecados cometidos, e tomaram a inabalável resolução de não mais voltar aos vícios antigos e de perseverar com firmeza no caminho das virtudes a que se consagraram.

É o que ensina São João com estas palavras: Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto ao Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro (1Jo 2,1-2)”.


São João Fisher, Bispo e mártir
Dos Comentários sobre os Salmos

quinta-feira, 2 de abril de 2009

João Paulo II: quatro anos no Céu!



“Peregrino do amor, assim podemos definir o que foi o Papa João Paulo II. O Papa que mais viajou pelo mundo, visitando todos os povos foi um instrumento permanente do Amor de Deus, exemplo de dedicação e amor ao Evangelho. Hoje, dia 4 de abril de 2009, completam-se 4 anos do falecimento de João Paulo II”. Grupo de oração jovem João Paulo II


“Quando penso no mundo,
que se desvanece e morre
pela falta de Cristo;
quando penso no caos profundo
em que se despenca
a inquieta e cega humanidade
pela falta de Cristo;
quando me encontro
com a força da juventude
apática e destroçada
na própria primavera da vida
pela falta de Cristo,
não posso sufocar as queixas
de meu coração.
Quisera multiplicar-me, dividir-me,
para escrever, pregar,
ensinar Cristo.
E do espírito mesmo do meu espírito
brota contundente e único grito:

Minha vida por Cristo!”

Papa João Paulo II




Os «milagres» de João Paulo II

Imediatamente depois da morte de João Paulo II começaram a se conhecer supostas curas e «milagres» nos quais o falecido Papa haveria intercedido em vida. Para aprofundar estes episódios Andrea Tornielli, vaticanista do jornal «Il Giornale», realizou uma investigação recolhida no livro «Os milagres do Papa Wojtyla» («I miracoli di Papa Wojtyla», Piemme), publicado a princípios do verão. Nesta entrevista concedida a Zenit, aborda o conteúdo de suas páginas:

Quais e quantos são os milagres atribuídos à intercessão de João Paulo II que se relatam no livro?

Andrea Tornielli: Descrevo amplamente oito, mas cito mais. Trata-se dos testemunhos que surgiram imediatamente depois do falecimento de João Paulo II. Em alguns casos, trata-se de relatos dos quais eu tinha conhecimento desde há tempo, mas dos que me havia pedido que não escrevesse em vida do pontífice.

Quem são as testemunhas dos «milagres»?

Andrea Tornielli: Na maior parte dos casos os interessados diretamente ou seus familiares. Em um caso, no de um judeu norte-americano curado, a testemunha é o arcebispo Stanislaw Dziwisz, que durante quatro décadas foi secretário de Karol Wojtyla.


Por que escrever um livro assim sobre João Paulo II? Não está antecipando o processo de beatificação?

Andrea Tornielli: De maneira alguma. Meu trabalho se trata de indicações de graças ocorridas enquanto o Papa Wojtyla estava ainda com vida e portanto não podem ser utilizadas no processo, que como é sabido toma em consideração supostos milagres ocorridos pela intercessão do servo de Deus após sua morte. O que tentei fazer, reunindo estes testemunhos, é fazer ver quantas vezes em torno ao Papa e graças à sua oração de intercessão as pessoas recebiam graças. Intencionalmente escrevi um capítulo ao final do livro narrando episódios similares sucedidos em outros Papas em odor de santidade.


João Paulo II era consciente dos acontecimentos extraordinários dos que foi portador?

Andrea Tornielli: Era, porque às vezes percebia algo que ocorria; outras vezes porque comunicavam a ele em seguida, agradecendo-o. Mas ordenava sempre a todos que não falassem, que permanecessem em silêncio. E sobretudo sublinhava que os milagres e as graças as fazia o Senhor, não o Papa. Este rogava só para que as petições das pessoas que sofriam fossem escutadas.

Independentemente dos sucedidos extraordinários, o pontificado de João Paulo II influiu de maneira determinante em eventos históricos, e não só na queda do muro de Berlim. Não acredita?

Andrea Tornielli: Foi um papado que atravessou o último quarto do século XX e introduziu a Igreja no terceiro milênio. Estou de acordo em que a influência que teve nos acontecimentos históricos não há que vinculá-la só à queda do muro de Berlim (ainda que nesse caso o Papa originário da Polônia teve sua contribuição determinante): pensemos, por exemplo, no gesto profético da visita à mesquita de Damasco em maio de 2001, poucos meses antes do 11 de setembro. Era como se indicasse com antemão o caminho a seguir.

Fonte: Zenit


“Somente o que é construido sobre Deus, sobre o amor, é durável. Não tenham medo de ser santos!”


Papa João Paulo II


quarta-feira, 4 de março de 2009

Quaresma – Cinco vias de penitência



AS CINCO VIAS DA PENITÊNCIA SEGUNDO SÃO JOÃO CRISÓSTOMO

"Queres que cite as vias da penitência? São muitas, é certo, variadas e diferentes, mas todas levam ao céu:

PRIMEIRA VIA DA PENITÊNCIA: a reprovação dos pecados

Sê tu o primeiro a dizer teus pecados para seres justificado. O Profeta tam¬bém dizia: ‘Confesso contra mim mesmo minha injustiça ao Senhor, e tu perdoaste a impie¬dade de meu coração’. Reprova também tu aquilo em que pecaste; basta isto ao Senhor para desculpar¬-te. Quem reprova aquilo em que pecou, custará mais a recair. Excita o acusador interno, tua cons¬ciência, não venhas a ter acusador lá diante do tri¬bunal do Senhor. Esta primeira é ótima via de penitência.

SEGUNDA VIA DA PENITÊNCIA: o perdão das faltas do próximo

Não guardemos lembrança das injúrias recebidas dos inimigos, dominemos a cólera, perdoemos as faltas dos companheiros. Esta segunda via não é nada inferior à primeira. Com esta via, aquilo que se cometeu contra o Senhor será perdoado. Eis outra expiação dos pecados. ‘Se perdoardes a vossos devedores, também vos perdoará vosso Pai celeste’.

TERCEIRA VIA DA PENITÊNCIA: a oração

Nesta via, a oração deve ser muito ardente e bem feita; uma oração que brote do mais fundo do coração.

QUARTA VIA DA PENITÊNCIA: a esmola

A esmola possui muita e poderosa força no caminho para a conversão e transformação do coração. Leva à prática da caridade e ao desprendimento dos bens e de si mesmo.

QUINTA VIA DA PENITÊNCIA: a humildade

Ser modesto no agir e humilde, isto, não menos que tudo o mais, destrói os pecados. Testemunha é o publicano que não podia citar nada feito com retidão, mas em lugar disto ofereceu a humildade e depôs pesada carga de pecados.




Estão indicadas assim, as cinco vias da penitência. Não sejas preguiçoso, meu irmão, mas caminha todos os dias por elas. São fáceis e portanto, não podes nem mesmo objetar a pobreza, pois ainda que pela indigência leves vida dura, renunciar à ira e mostrar humildade está em teu poder, bem como rezar assiduamente e condenar os pecados. Em parte alguma a pobreza é impedimento. O que digo aqui, naquela via de penitência que consiste em dar dinheiro (falo de esmola) ou em observar os mandamentos, será obstáculo, a pobreza? A viúva que deu dois tostões já respondeu. Tendo, pois, aprendido o meio de curar nossas cha¬gas, usemos deste remédio. E com isso, recuperada a saúde, fruiremos com confiança da mesa sagrada e correremos gloriosos ao encontro de Cristo, Rei da glória, e alcançaremos os eternos bens, por graça, misericórdia e benignidade de nosso Senhor Jesus Cristo."

São João Crisóstomo


terça-feira, 3 de março de 2009

Oração, jejum e misericórdia são inseparáveis



Oração, jejum e misericórdia são inseparáveis

Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, Bispo e Padre da Igreja

A oração chama, o jejum intercede, a misericórdia recebe


“Três são, irmãos, os meios que fazem que a fé se mantenha firme, a devoção seja constante e a virtude permanente. Estes três meios são: a oração, o jejum e a misericórdia. Porque a oração chama, o jejum intercede e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia e jejum constituem uma só e única coisa e se vitalizam reciprocamente.

O jejum, com efeito, é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum. Que ninguém trate de dividi-los pois não podem separar-se. Quem possui um só dos três, se ao mesmo tempo não possui os outros, não possui nenhum. Portanto, quem reza que jejue; quem jejue que se compadeça. Que escute a quem lhe suplica; que escute àquele que ao suplicar deseja que lhe ouçam, pois Deus escuta a quem não fecha os ouvidos a quem lhe suplica.

Que o que jejue entenda bem o que é o jejum; que preste atenção ao faminto, quem quer que Deus preste atenção a sua fome; que se compadeça quem espera misericórdia; que tenha piedade quem a busca; que responda quem deseja que Deus lhe responda. É indigno suplicante quem pede para si o que nega ao outro.

Dita a ti mesmo a norma da misericórdia de acordo com a maneira, a quantidade e a rapidez com que quer que tenham misericórdia contigo. Compadece-te tão de imediato quanto queiras que os outros se compadeçam de ti.

Em conseqüência, a oração, a misericórdia e o jejum devem ser como um único intercessor em favor nosso ante Deus, uma única chamada, uma única e tripla petição.



Recobremos com jejuns o que perdemos por desprezo. Imolemos nossas almas com jejuns porque não há nada melhor que possamos oferecer a Deus, de acordo com o que o Profeta disse: ‘ Meu sacrifício é um espírito quebrantado: um coração quebrantado e humilhado Tu não o desprezas’. Homem, oferece a Deus tua alma e oferece a oblação do jejum para que seja uma hóstia pura, um sacrifício santo, uma vítima viva, proveitosa para ti e aceita por Deus. Quem não dê isso a Deus não terá desculpa porque não há ninguém que não se possua a si mesmo para dar-se.

Mas, para que essas oferendas sejam aceitas, tem que vir depois da misericórdia. O jejum não germina se a misericórdia não o fecunda: o que é a chuva para a terra, assim o é a misericórdia para o jejum. Por mais que aperfeiçoe seu coração, purifique sua carne, desarraigue os vícios e semeie as virtudes, como não produza caudais de misericórdia, o que jejua não colherá fruto algum.

Tu que jejuas, pensa que teu campo cai em jejuns se a tua misericórdia jejua. O que semeias em misericórdia, transborda em teu celeiro. Para que não percas a força de guardar, recolhe a força de repartir. Ao dar ao pobre, fazes esmola a ti mesmo porque o que deixas de dar ao outro não o terás tampouco para ti”.

Do Ofício das Leituras
Quaresma


sábado, 28 de fevereiro de 2009

A Adoração em espírito e verdade – 1ª parte



“Pater tales quaerit qui adorent eum in Spiritu et veritate”

« O Pai procura adoradores em espírito e verdade”

Jo 4, 23


“A Adoração Eucarística tem por objetivo a Pessoa Divina de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente no Santíssimo Sacramento, que aí está vivo, desejando ouvir-nos falar-Lhe e falar-nos também.

Todos podem falar a Nosso Senhor. Não está Ele aí para todos? E não nos diz Ele: ‘Vinde todos a Mim?’ E esse colóquio entre a alma e Nosso Senhor é a verdadeira meditação eucarística, é a Adoração.

Todos recebem a Graça inerente. Mas, para alcançar êxito e evitar a rotina, ou a aridez do espírito e do coração, é mister inspirarem-se os adoradores seja na Graça que os atrai, seja nos diversos Mistérios da Vida de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem ou nas virtudes dos Santos. Assim, poderão honrar e glorificar o Deus da Eucaristia pelas virtudes de sua Vida mortal, bem como pelas virtudes de todos os Santos, de quem Ele foi a Graça e o fim, e é hoje a coroa de glória.


Este magnífico Tabernáculo mostra o Coração Eucarístico de
Jesus e Suas Cinco Santas Chagas. Está localizado na Igreja
Católica St. Stephen, em Northyorkshire, Inglaterra.


Considerai a hora de adoração que vos cabe como uma hora celestial; ide a ela como iríeis ao Céu ou ao Banquete Divino, e então será desejada e acolhida com alegria. E que vosso coração suspire suavemente por ela, dizendo: ‘Daqui a quatro horas, a duas horas, a uma hora, apresentar-me-ei à audiência de Graça e de Amor de Nosso Senhor; Ele convida-me, espera-me, deseja-me’.

Se a hora pesar à natureza, regozijai-vos tanto mais, pois por ser mais sofredor, vosso amor será maior. É a hora privilegiada que contará por duas”.

São Pedro Julião Eymard
“A Divina Eucaristia”