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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

SANTO TOMÁS DE AQUINO – Ó Deus de misericórdia, que eu deseje ardentemente tudo o que vos agrada



S. TOMÁS DE AQUINO
28 DE JANEIRO
MEMÓRIA

«Concedei-me, ó Deus de misericórdia, deseje eu ardentemente tudo o que vos agrada»


“Concedei-me, ó Deus de misericórdia, deseje eu ardentemente tudo o que vos agrada, prudentemente o investigue, verdadeiramente o conheça e perfeitamente o pratique para honra e glória de vosso Nome.

Indicai-me, ó meu Deus, meu lugar no mundo, e fazei com que eu saiba o que quereis que eu faça e o cumpra como convém e é útil à minha alma. Senhor, meu Deus, concedei-me a graça de jamais ser vencido pelos acontecimentos, quer prósperos, quer adversos, de modo que aqueles não me ensoberbeçam e estes não me deprimam. Jamais me alegre senão com o que de Vós me aproxima e jamais me entristeça senão com o que de Vós me afasta. E a nenhum outro, senão só a Vós, ambicione agradar ou tema desagradar. Despreze eu, ó Senhor, todas as coisas caducas, e ame todas as eternas.

Deteste todo prazer do qual estais ausente, e nada deseje do que está fora de Vós. Conforte-me, ó Senhor, o trabalho empreendido por vosso amor, e aborreça eu todo repouso que vos desagrade”.


Santo Tomás de Aquino
Preghiere, pp.35-37, Florença, 1963

domingo, 29 de novembro de 2009

ADVENTO – 1º DOMINGO – Estai vigilantes : Quem cumpre a vontade de Deus permanece para sempre




DOMINGO I DO ADVENTO

«Velai, pois, porque não sabeis que dia virá o vosso Senhor... Estai preparados, porque no momento que não penseis, virá o Filho do homem»

Pergunta-se às vezes por que Deus nos esconde algo tão importante como a hora de sua vinda, que para cada um de nós, considerado singularmente, coincide com a hora da morte. A resposta tradicional é: «Para que estivéssemos alerta, sabendo cada um que isso pode acontecer em seus dias» (Santo Efrém o Sírio). Mas o principal motivo é que Deus nos conhece; sabe que terrível angústia teria sido para nós conhecer com antecipação a hora exata e assistir à sua lenta e inexorável aproximação. Isso é o que mais atemoriza em certas doenças. São mais numerosos hoje os que morrem de afecções imprevistas de coração do que os que morrem de «penosas doenças». No entanto, dão mais medo estas últimas, porque nos parece que privam dessa incerteza que nos permite esperar.

A incerteza da hora não deve levar-nos a viver despreocupados, mas como pessoas vigilantes. O ano litúrgico está em seu início, enquanto o ano civil chega a seu fim. Uma ocasião ótima para fazer espaço para uma reflexão sábia sobre o sentido de nossa existência. A própria natureza no outono nos convida a refletir sobre o tempo que passa. O que o poeta Giuseppe Ungaretti dizia dos soldados na trincheira do Carso, durante a primeira guerra mundial, vale para todos os homens: «Estão / como no outono / nas árvores / nas folhas». Isto é, a ponto de cair, de um momento a outro. «O tempo passa e o homem não percebe isso», dizia Dante.

Um antigo filósofo expressou esta experiência fundamental com uma frase que se tornou célebre: «panta rei», ou seja, tudo passa. Ocorre na vida como na televisão: os programas se sucedem rapidamente e cada um anula o precedente. A tela continua sendo a mesma, mas as imagens mudam. É igual conosco: o mundo permanece, mas nós passamos, um após o outro. De todos os nomes, os rostos, as notícias que enchem os jornais e os noticiários do dia – de mim, de você, de todos nós – o que permanecerá daqui a um ano ou década? Nada de nada. O homem não é mais que «um traço criado pela onda na areia do mar e que a onda seguinte apaga».

Vejamos o que a fé tem a dizer-nos a propósito deste fato de que tudo passa. «O mundo passa, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece para sempre» (1 Jo 2, 17). Assim, existe alguém que não passa, Deus, e existe uma forma de que nós não passemos totalmente: fazer a vontade de Deus, ou seja, crer, aderir a Deus. Nesta vida somos como pessoas em uma balsa que um rio leva ao mar aberto, sem retorno. Em certo momento, a balsa passa perto da margem. O náufrago diz: «Agora ou nunca!», e salta até a terra firme. Que suspiro de alívio quando sente a rocha sob seus pés! É a sensação experimentada freqüentemente por quem chega à fé. Poderíamos recordar, como conclusão desta reflexão, as palavras que Santa Teresa de Ávila deixou como uma espécie de testamento espiritual: «Nada te perturbe, nada te espante. Tudo passa, só Deus basta».


Raniero Cantalamessa
Cantalamessa.org

domingo, 8 de novembro de 2009

Teresa de Calcutá – Rezar no silêncio



REZAR NO SILÊNCIO

«Passou a noite a orar a Deus. Quando nasceu o dia, convocou os discípulos e escolheu doze dentre eles» (Lc 6,12)

Precisamos de encontrar Deus, e não é na agitação nem no barulho que poderemos encontrá-Lo. Deus é o amigo do silêncio.

Em que tamanho silêncio não crescem as árvores, as flores e a erva! Em que tamanho silêncio não se movem as estrelas, a lua e o sol! Não é nossa missão dar Deus aos pobres dos casebres? Não um Deus morto, mas um Deus vivo e que ama. Quanto mais recebermos na oração silenciosa, mais podemos dar na nossa vida ativa.

Precisamos de silêncio para sermos capazes de tocar as almas. O essencial não é o que dizemos, mas o que Deus nos diz e o que diz através de nós. Todas as palavras que dissermos serão vãs se não vierem do mais íntimo; as palavras que não transmitem a luz de Cristo aumentam as trevas.

Os nossos progressos na santidade dependem de Deus e de nós próprios, da graça de Deus e da própria vontade que temos de ser santos. Temos de assumir o compromisso vital de atingir a santidade. «Quero ser santo» significa: quero desligar-me de tudo o que não é Deus, quero despojar o coração de todas as coisas criadas, quero viver na pobreza e no despojamento, quero renunciar à minha vontade, às minhas inclinações, caprichos e gostos, e tornar-me o dócil servo da vontade de Deus.


Beata Teresa de Calcutá
Fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
“Something Beautiful for God”


quinta-feira, 20 de agosto de 2009

SÃO BERNARDO - Viremos a ele e nele faremos a nossa morada



20 de agosto

Solenidade no Calendário Litúrgico Cisterciense

"Viremos a ele e nele faremos a nossa morada"

"«O Pai e eu, dizia o Filho, viremos a casa dele, quer dizer, a casa do homem que é santo, e iremos morar junto dele». E eu penso que era deste céu que o profeta falava quando dizia: «Tu habitas entre os santos, tu, a glória de Israel» (Sl 21,4 Vulg). E o apóstolo Paulo dizia claramente: «Pela fé, Cristo habita nos nossos corações» (Ef 3,17). Não é, pois, de surpreender que Cristo se deleite em habitar nesse céu. Enquanto que para criar o céu visível lhe bastou falar, para adquirir esse outro teve de lutar, morreu para o resgatar. É por isso que, depois de todos os seus trabalhos, tendo realizado o seu desejo, Ele diz: «Eis o lugar do meu repouso para sempre, é ali a morada que eu tinha escolhido» (Sl 131,14).

Agora, portanto, «por que te desolares, ó minha alma, e gemeres sobre mim?» (Sl 41,6). Pensas que podes também encontrar em ti um lugar para o Senhor? Que lugar em nós é digno de tal glória? Que lugar chegaria para receber a sua majestade? Poderei ao menos adorá-lo nos lugares onde se detiveram os seus passos? Quem me concederá ao menos poder seguir o rastro de uma alma santa «que Ele tenha escolhido para seu domínio»? (Sl 31,12)

Possa Ele dignar-se derramar na minha alma a unção da sua misericórdia, para que também eu seja capaz de dizer: «Corro pelo caminho das tuas vontades, porque alargaste o meu coração» (Sl 118,32). Poderei talvez, também eu, mostrar-lhe em mim, senão «uma grande sala toda preparada, em que Ele possa comer com os seus discípulos» (Mc 14,15), pelo menos «um lugar em que Ele possa repousar a cabeça» (Mt 8,20)”.

São Bernardo de Claraval, Abade e Doutor
Sermo 27, 8-10
Oeuvres mystiques de Saint Bernard , Paris, Seuil, 1953

SÃO BERNARDO - Senhor, que queres Tu que eu faça?



20 de agosto

Solenidade no Calendário Litúrgico Cisterciense

“Senhor, que queres Tu que eu faça?”

"São Paulo, convertido, tornou-se o instrumento da conversão do mundo. Muitos são aqueles que ele converteu a Deus pela sua pregação quando, outrora, vivia ainda na carne mas já não segundo a cerne. Hoje ainda, vivendo em Deus uma vida mais feliz, ele não deixa de trabalhar pela conversão dos homens pelo seu exemplo, a sua oração, a sua doutrina. Sua conversão é útil aos que lhe celebram a memória porque o pecador recebe uma esperança de perdão que o incita à penitência; ou quem já está convertido encontra o modelo de uma conversão perfeita. Como desesperar, seja qual for a enormidade das nossas faltas, quando ouvimos dizer que “Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor” (Act 9,1), foi subitamente transformado em vaso de eleição? Quem ousaria de dizer, sob o peso do seu pecado: “Eu não posso levantar-me para levar uma vida melhor”, quando, na própria estrada em que o seu coração estava totalmente cheio de veneno, o perseguidor encarniçado se tornou subitamente o mais fiel pregador? Só por si, esta conversão ilustra de forma magnífica a misericórdia de Deus e o poder da sua graça.

Eis então o modelo perfeito de conversão. “O meu coração está pronto, Senhor, o meu coração está pronto” (Sl 107,2). “Que queres que eu faça?” (Act 9,6). Palavras breves, mas tão plenas, vivas, eficazes e dignas de serem atendidas! Como se encontra tão pouca gente nesta disposição de obediência perfeita, que tenha renunciado à sua vontade a ponto de que mesmo o seu coração já não lhe pertence. Como se encontram tão poucos que, momento a momento, procurem não o que eles próprios querem mas o que Deus quer e lhe digam : “Que queres tu que eu faça?”

São Bernardo de Claraval, Abade e Doutor
Sermón 1º en la Conversión de San Pablo, 1
Obras completas, BAC, Madrid, 1987


SÃO BERNARDO - Vai sentar-te no último lugar!



20 de agosto

Solenidade no Calendário Litúrgico Cisterciense

Vai sentar-te no último lugar!

“Se o conhecimento de nós mesmos gera o temor de Deus, e o conhecimento de Deus o amor de Deus, a ignorância de nós mesmos produz o orgulho, e a ignorância de Deus conduz ao desespero. O orgulho se enraíza na ignorância de nós mesmos, uma vez que um pensamento falso e enganador nos leva a imaginar-nos melhores do que somos. Porque o orgulho, raiz de todo pecado, consiste em sermos, aos nossos próprios olhos, maiores do que somos aos olhos de Deus, e na verdade.

Se soubéssemos claramente em que lugar Deus coloca cada um de nós, deveríamos conformar-nos a esta verdade, sem jamais nos colocarmos acima ou abaixo de tal lugar. Mas, na vida presente, os decretos de Deus estão envoltos em sombras e sua vontade, oculta: ninguém pode saber se é digno de amor ou desagrado. Por isto, é mais acertado, segundo o conselho da própria Verdade, escolher o último lugar, de onde irá tirar-nos, com honra para nós, a fim de dar-nos um lugar melhor. Isto é mais conveniente do que escolher um lugar elevado, do qual tenhamos de descer envergonhados.

Se passamos por uma porta cuja trave é muito baixa, podemos abaixar-nos quanto quisermos sem nada recear; mas se acaso nos erguemos, ainda que de um dedo apenas, acima da porta, bateremos com a cabeça. Assim não devemos temer um excesso de humildade, mas recear e detestar o menor movimento de presunção. Não vos compareis, nem aos que são maiores, nem aos que vos são inferiores, nem aos outros, nem a ninguém. Que podeis saber a respeito? Este homem, que vos parece o mais vil e o mais miserável de todos, cuja vida criminosa e particularmente repugnante vos horroriza, pensais poder desprezá-lo; não apenas em comparação convosco, que imaginais viver na sobriedade, na justiça e na piedade, mas também em comparação com todos os criminosos, como se fosse necessariamente o pior dentre eles. Tendes a certeza de que não estará um dia num lugar melhor que o vosso, e de que já não seja, desde agora, melhor aos olhos de Deus?

Por conseguinte, Deus não quis que tomássemos um lugar médio, nem mesmo o penúltimo; ele disse: «Vai sentar-te no último lugar!» (Lc 14, 10), a fim de estares sozinho no derradeiro lugar. Pois então não pensarás, já não digo em te julgares melhor, mas nem mesmo em te comparares com quem quer que seja. Eis o grande mal que resulta da ignorância de si mesmo: o orgulho, origem de todo pecado”.

São Bernardo de Claraval, Abade e Doutor
Sermo 37, 6-7 super Cantica in Opera Omnia
(Edit. Cisterc. t. 2, 12-13)

SÃO BERNARDO – Vinde a Mim pelo caminho da humildade



20 de agosto

Solenidade no Calendário Litúrgico Cisterciense

«Para ir para onde eu vou, vós sabeis o caminho»

«Eu sou o caminho, a verdade e a vida»

“O caminho que conduz à verdade é a humildade. A humildade é o sofrimento; a verdade é o fruto do sofrimento. Tu poderás perguntar-me: como é que sabes que Ele fala de humildade, se apenas diz: «Eu sou o caminho»? Porém é Ele mesmo que responde quando acrescenta: «aprendei de mim que sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). Ele apresenta-se portanto como exemplo de humildade e de mansidão. Se tu o imitares, não andarás nas trevas mas terás a luz da vida (Jo 8, 12). O que é a luz da vida senão a verdade? Ela ilumina todo o homem que vem a este mundo (Jo 1,9); ela mostra-lhe a verdadeira vida.

Eu vejo o caminho, é a humildade; eu desejo o fruto, é a verdade. Mas que fazer se a estrada é demasiado difícil para que eu possa chegar até onde desejo? Escutai a Sua resposta: «Eu sou o caminho, quer dizer o viático que te sustentará ao longo desta estrada». Àqueles que se enganam e não conhecem o caminho, Ele exclama: «Sou eu que sou o caminho»; àqueles que duvidam e não acreditam: «Sou eu que sou a verdade»; aos que já estão em marcha mas se fatigam: «Eu sou a vida».

Escutai ainda isto: «Eu te bendigo Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste isto – esta verdade secreta - aos sábios e aos inteligentes, quer dizer aos orgulhosos, e as revelaste aos pequeninos, quer dizer aos humildes» (Lc 10,21) . Escutai a verdade a falar àqueles que a procuram: «Vinde a mim, vós que me desejais e sereis saciados com os meus frutos» (Ecl 24,19) e ainda «Vinde a mim, vós todos os que sofreis e tombais sob o peso do vosso fardo que eu vos aliviarei» ( Mt 11, 28). Vinde, diz Ele. Mas para onde? Até mim, a Verdade. Por onde? Pelo caminho da humildade”.

São Bernardo de Claraval, Abade e Doutor
Tratado sobre los grados de humildad y soberbia
Obras completas, BAC, Madrid, 1987

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Santo Inácio de Loyola – Os Exercícios Espirituais, uma experiência para encontrar o Deus Vivo



Festa 31 de julho

Exercícios Espirituais

Os Exercícios Espirituais são uma experiência que Santo Inácio iniciou para ajudar outras pessoas a encontrarem-se com um Deus que não está mudo e que não vive distante, lá acima na abóbada celeste. Um encontro forte, vivo, pessoal, que compromete a quem segue generosamente essa ginástica espiritual e que o leva a entender e experimentar que Jesus ressuscitado chama a colaborar com a missão que Ele mesmo teve: levar a Boa Nova. Os Exercícios são um benéfico terremoto interior.

Ainda que Inácio estivesse se restabelecendo da ferida na perna provocada por uma bala de canhão, durante a defesa de Pamplona contra os franceses, teve uma série de experiências interiores que sacudiram energicamente sua vida e foram levando-o a encontrar-se com uma verdade gozosa: quem decide ouvir ao Senhor, pode escutar sua voz, chegar a conhecer, por meio do discernimento, a vontade de Deus e tomar as decisões importantes seguindo o impulso do Espírito. Esta mesma experiência é a que Inácio partilha com seus companheiros de estudo, quando lhes dá os Exercícios Espirituais. Todos eles também perceberam, por meio destas práticas, que eram capazes de ouvir a Deus, que podiam crescer em liberdade, seguir radicalmente a Cristo, amar a Deus inseridos num mundo, a um Deus que vive, trabalha e ama no mundo. Desde então, os Exercícios Espirituais, o método que Inácio descreveu tão cuidadosamente, são a base da formação dos jovens jesuítas e nosso ministério mais típico.

O Livro dos Exercícios, composto na alvorada do Renascimento e na época da Reforma, deveria ter caído de moda há muito tempo. Ao contrário, conserva sua atualidade plenamente. Porque na vida concreta de cada dia, os Exercícios ajudam a reler pessoalmente toda a obra da salvação, para descobrir a vontade amorosa da divina Majestade sobre cada um de nós, por meio do Senhor Jesus, sob a moção sensível do Espírito e, quando reconhecemos a sua ação seguindo os ensinamentos dos Exercícios, isto nos impulsiona a encarnar por meio da eleição que o inspira, o maior serviço, que atualiza hoje em nossa vida, a Obra de Cristo. Os Exercícios Espirituais ajudam também a formar cristãos alimentados por uma experiência pessoal de Deus e capazes, ao mesmo tempo, de distanciar-se dos falsos absolutos das ideologias e sistemas, para comprometer-se com o esforço apostólico único da promoção integral - espiritual, social e cultural - do homem e da humanidade. Deles obtemos uma vida no Espírito mais vigorosa, um amor cada vez mais pessoal ao Filho, que carrega sua cruz, e um desejo mais encarnado de poder "em tudo amar e servir".

Peter Hans Kolvenbach, S.J., Prepósito Geral
Jesuitas.org

Santo Inácio de Loyola – Espiritualidade Inaciana



Festa 31 de julho

Espiritualidade Inaciana

O centro da Espiritualidade Inaciana são os Exercícios Espirituais que Santo Inácio. Inácio, em sua caminhada espiritual foi anotando num livrinho como Deus ia se revelando em vários momentos marcantes de sua vida. Essa experiência de Deus gerou uma espiritualidade singular na Igreja que é característica dos jesuítas, religiosos, sacerdotes e leigos, que descobriram na espiritualidade inaciana um caminho eficaz no seguimento de Jesus.

Assim como toda espiritualidade cristã, ela está centrada na pessoa de Jesus e na Palavra de Deus. Mas por outro lado, toda espiritualidade nasce de uma experiência pessoal de Deus e traz para vida da Igreja sempre um novo matiz. A espiritualidade inaciana tem alguns traços próprios, como por exemplo o ser "contemplativo na ação", o "buscar e encontrar Deus em todas as coisas", o fazer tudo para "a maior Glória de Deus", o "princípio e fundamento", o "discernimento inaciano", "o maior serviço", "o bem mais universal", o "sentir com a Igreja", o "exame de consciência diário", a "aplicação dos sentidos", etc. Todas essas expressões para serem entendidas precisam ser vivenciadas a partir dos Exercícios Espirituais (EE).

Os EE podem ser feitos na vida cotidiana, onde o exercitante sob a orientação de um diretor espiritual não precisa deixar seus afazeres e ir para uma casa de retiros. Como pode também qualquer pessoa fazê-la em oito, ou em trinta dias, dependendo de sua disponibilidade de tempo. Os Jesuítas durante o período da formação fazem o retiro de trinta dias pelo menos duas vezes e, a cada ano fazem um de oito dias como forma de voltar as fontes da espiritualidade que os anima, inspira e determina o seguimento de Jesus e o serviço que eles prestam à Igreja.

Jesuitas.org

terça-feira, 7 de abril de 2009

Terça-feira Santa - A Semana Santa



“Na tragédia da Paixão, consuma-se a nossa própria vida e toda a história humana. A Semana Santa não pode reduzir-se a uma simples recordação, porque é a consideração do mistério de Jesus Cristo, que se prolonga em nossas almas; o cristão está obrigado a ser alter Christus, ipse Christus, outro Cristo, o próprio Cristo. Pelo Batismo, todos fomos constituídos sacerdotes da nossa própria existência, para oferecer vítimas espirituais, que sejam agradáveis a Deus por Jesus Cristo, para realizar cada uma de nossas ações em espírito de obediência à vontade de Deus, e assim perpetuarmos a missão do Deus Homem.

Por contraste, essa realidade nos leva a deter-nos nas nossas desditas, nos nossos erros pessoais. É uma consideração que não nos deve desanimar nem colocar-nos na atitude cética de quem renunciou às grandes esperanças, porque o Senhor reclama-nos tal como somos, para que participemos da sua vida, para que lutemos por ser santos.

A santidade: quantas vezes pronunciamos esta palavra como se fosse um som vazio! Para muitos, chega a ser um ideal inacessível, um lugar comum da ascética, mas não um fim concreto, uma realidade viva. Não pensavam assim os primeiros cristãos, que usavam os nomes dos santos para se chamarem entre si, com toda a naturalidade e com grande freqüência: Todos os santos vos saúdam, saudai a todos os santos em Cristo Jesus.

Situados agora perante o momento do Calvário, em que Jesus já morreu e ainda se não manifestou a glória do seu triunfo, temos uma excelente ocasião para examinarmos os nossos desejos de vida cristã, de santidade; para reagirmos com um ato de fé perante as nossas fraquezas e, confiantes no poder de Deus, fazermos o propósito de depositar amor nas coisas do nosso dia-a-dia. A experiência do pecado tem que nos conduzir à dor, a uma decisão mais amadurecida e mais profunda de ser fiéis, de nos identificarmos deveras com Cristo, de perseverar custe o que custar nessa missão sacerdotal que Ele confiou a todos os seus discípulos sem exceção, e que nos impele a ser sal e luz do mundo.


O pensamento da morte de Cristo traduz-se num convite para que nos situemos com absoluta sinceridade perante os nossos afazeres diários e tomemos a sério a fé que professamos. A Semana Santa não pode, pois, ser um parêntesis sagrado no contexto de um viver motivado exclusivamente por interesses humanos; deve ser uma ocasião de adentrar nas profundezas do Amor de Deus, para assim podermos mostrá-lo aos homens, com a palavra e com as obras.

A vida, a própria alma, é o que o Senhor nos pede. Se somos fátuos, se nos preocupamos apenas com a nossa comodidade pessoal, se encaramos a existência dos outros e inclusive do mundo por referência exclusiva a nós mesmos, não temos o direito de nos chamarmos cristãos e de nos considerarmos discípulos de Cristo. A entrega tem que se realizar com obras e com verdade, não apenas com a boca. O amor a Deus convida-nos a levar a cruz a pulso, a sentir também sobre nós o peso da humanidade inteira, e a cumprir, dentro das circunstâncias próprias do estado e do trabalho de cada um, os desígnios ao mesmo tempo claros e amorosos da vontade do Pai. Na passagem que comentamos, Jesus prossegue: E aquele que não carrega a sua cruz e me segue, também não pode ser meu discípulo (Lc 14, 27).

Temos que aceitar a vontade de Deus sem medo, precisamos formular sem vacilações o propósito de edificar toda a nossa vida de acordo com o que nossa fé nos ensina e exige. Não há dúvida de que encontraremos luta, sofrimento e dor, mas, se possuímos uma fé verdadeira, nunca nos consideraremos infelizes: mesmo com penas e até com calúnias, seremos felizes, com uma felicidade que nos impelirá a amar os outros e a fazê-los participar da nossa alegria sobrenatural”.

São José Maria Escrivá
É Cristo que passa 96, 97

sábado, 4 de abril de 2009

O amor é o caminho para Deus



“Reinar no céu não é outra coisa que aderir a Deus e a todos os santos mediante o amor, com uma só vontade. Por isso, ama a Deus mais que a ti mesmo e começarás a obter tudo quanto queres possuir perfeitamente no céu. Coloca-te de acordo com Deus e com os homens – desde que esses não se separem de Deus – e já começarás a reinar com Deus e com todos os bem-aventurados.

Na medida em que agora estiveres em harmonia com a vontade divina e dos irmãos, Deus e todos os santos estarão de acordo com as tuas vontades. Queres reinar no céu? Ama a Deus e aos homens como deves e merecerás ser aquilo que desejas para ti mesmo.


Não poderás possuir perfeitamente esse amor se não esvaziares teu coração de qualquer outro amor egoísta e descentralizador de Deus. Eis por que aqueles que enchem o próprio coração do amor a Deus e ao próximo têm como única vontade aquela de Deus – ou aquela de um outro homem, desde que esta não seja contrária à vontade de Deus.

Já que esses são fiéis na oração, na recordação do céu e na fixação do próprio pensamento em tais realidades, é para eles um prazer desejar o Senhor, falar daquele a quem amam, escutar falar dele, pensar nele. Alegram-se com quem está alegre, choram com quem se encontra aflito, têm compaixão dos infelizes, repartem os bens com os pobres. Enfim, amam os outros como a si próprios. Sim, verdadeiramente, toda lei e os profetas estão contidos nos dois mandamentos do amor (Mt 22,40)”.


Das Cartas de Santo Anselmo de Canterbury,
Monge, Bispo e Doutor da Igreja


terça-feira, 31 de março de 2009

É preciso ouvir a Voz de Deus



Chiara Lubich, a Fundadora dos Focolares, afirma que não é difícil tentar discernir qual é a vontade de Deus...

É preciso ouvir a Voz de Deus

“É preciso ouvirmos bem dentro de nós uma voz delicada, que muitas vezes sufocamos, e que se torna quase imperceptível. Mas, se a ouvirmos bem: é a voz de Deus. Ela diz-nos que aquele é o momento de ir estudar, ou de ajudar quem tem necessidade, ou de trabalhar, ou de vencer uma tentação, ou de cumprir um dever de cristão ou de cidadão. Convida-nos a dar atenção a alguém que nos fala em nome de Deus, ou a enfrentar com coragem situações difíceis. Temos que a ouvir. Não façamos calar essa Voz, ela é o tesouro mais precioso que possuímos. Sigamo-la!”


“A pena não sabe o que deverá escrever.
O pincel não sabe o que deverá pintar.
Do mesmo modo, quando
Deus se serve de uma criatura
para fazer surgir na Igreja uma sua obra,
ela não sabe aquilo que deve fazer.
É um instrumento.
E os instrumentos de Deus
em geral têm uma característica:
a pequenez, a fragilidade...
'a fim de que nenhuma criatura
se possa vangloriar diante de Deus’.
Enquanto o instrumento se move
nas mãos de Deus, Ele o forma com
mil expedientes dolorosos e alegres.
Assim torna-o sempre mais idôneo
para o trabalho que deve fazer.
Até que, pode dizer com autoridade:
eu nada sou, Deus é tudo”.


Dos escritos de Chiara Lubich


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Consolo antes do martírio



São Thomas More, pouco antes de seu martírio, consola a sua filha dizendo-lhe:

“Nada pode me acontecer que Deus não queira. E tudo o que Ele quer, por muito mau que nos pareça, é na realidade o melhor”


Santo Tomás Moro, poco antes de su martirio, consuela a su hija diciéndole:

“Nada puede pasarme que Dios no quiera.Y todo lo que EL quiere, por muy malo que nos parezca, es en realidad lo mejor.”


Carta da prisão; cf. Liturgia das Horas, III, Ofício das Leituras, 22 de junho.

Carta de prisión; cf. Liturgia de las Horas, III, Oficio de lectura 22 junio.


segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

As nossas orações



“Todas as nossas orações não devem ter outra
finalidade a não ser alcançar de Deus a graça de
seguir em tudo a sua Santa Vontade”.


Santa Maria Madalena de Pazzi, O.Carm.