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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

SÃO JOÃO DA CRUZ – Senhor, dai-me fixar os olhos em Vós!



SÃO JOÃO DA CRUZ
14 DE DEZEMBRO

«Senhor, dai-me fixar os olhos em Vós!»

“A viva esperança em Vós, ó Deus, confere à alma tanta vivacidade e ânimo, e tanta elevação às coisas da vida eterna, que toda coisa da terra, em comparação a tudo quanto espera alcançar no céu, lhe parece murcha, seca e morta, como na verdade é, e de nenhum valor.

Fazei, ó Senhor, que em virtude dessa esperança eu me despoje completamente de todas as vestes e costumes do mundo, tirando o coração de tudo isto, sem nada esperar do mundo, vivendo vestido unicamente de esperança da vida eterna...

Dai-me erguer os olhos para olhar-vos a Vós só, sem esperar bem algum de qualquer outra parte. Como os olhos da escrava estão postos nas mãos de sua senhora, assim se fixem os meus em Vós, Senhor Deus, até que tenhais misericórdia de mim que espero em Vós.

Dai-me fixar sempre em Vós os olhos sem ver outra coisa. Fazei-me não querer outra paga para o meu amor senão Vós só, e então, vos agradarei tanto que alcançarei de Vós tanto quanto espero”.


São João da Cruz
Noite II, 21, 6-8


SÃO JOÃO DA CRUZ – Ó Senhor, põe-me como selo sobre teu coração!



SÃO JOÃO DA CRUZ
14 DE DEZEMBRO

«Ó Senhor, põe-me como selo sobre teu coração!»

“Ó Senhor, ‘ponde-me como selo sobre vosso coração, como selo sobre vosso braço, porque o amor – o ato e as obras de amor – é forte como a morte, e o zelo do amor é tenaz como o inferno’. Fazei, ó Senhor, que, de modo algum, busque eu consolação e gosto em Vós ou em qualquer coisa criada. Nem ande também a desejar mercês, pois já as recebi grandíssimas. Seja todo o meu cuidado dar-vos gosto e servir-vos de algum modo, ainda que isto me custasse muito, pelo que mereceis, e em agradecimento das misericórdias de Vós recebidas.

Deus e Senhor meu, quantas almas estão sempre a buscar em Vós consolo e gosto, graças e mercês! E quão poucas pretendem agradar-vos e oferecer-vos algo à própria custa, deixando de lado seu interesse!

Amado meu, para mim todas as coisas ásperas e trabalhosas, e para Vós todo o suave e saboroso!”


São João da Cruz
Noite II, 19,4; Ditos, 2, 52


SÃO JOÃO DA CRUZ – Ó Deus meu, fazei minha alma enamorada de Vós!



SÃO JOÃO DA CRUZ
14 DE DEZEMBRO

«Ó Deus meu, fazei minha alma bem enamorada de Vós!»

“Porquanto, para buscar-Vos, ó Deus meu, se requer um coração despojado e forte, livre de todos os males e bens que não são puramente Deus, ajudai-me a não colher as flores que encontrar pelo caminho, isto é, a não admitir os gostos, contentamentos e deleites que se me apresentarem nesta vida e que poderiam impedir-me a passagem.

Não apegarei meu coração às riquezas e vantagens que me oferecer o mundo; não aceitarei os prazeres da carne nem tampouco prestarei atenção aos gostos e consolações do espírito, para que nada disto me detenha na busca de meus amores, ó Deus meu, pelos montes das virtudes e dos trabalhos. E a fim de que tal me seja possível, fazei minha alma bem enamorada de Vós, que vos estime sobre todas as coisas, confiando em vosso amor e auxílio”.


São João da Cruz
Cântico 3, 5.8


SÃO JOÃO DA CRUZ – Tender exclusivamente para a honra e a glória de Deus!



SÃO JOÃO DA CRUZ
14 DE DEZEMBRO

«Tender exclusivamente para a honra e a glória de Deus!»

Primeiramente: tenha sempre a alma o desejo contínuo de imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se à sua vida que deve meditar para sabre imitá-la, e agir em todas as circunstâncias como ele próprio agiria.

Em segundo lugar, para bom poder fazer isto, se lhe for oferecida aos sentidos alguma coisa de agradável que não tenda exclusivamente para a honra e a glória de Deus, renuncie e prive-se dela pelo amor de Jesus Cristo, que, durante a sua vida, jamais teve outro gosto, nem outra coisa quis senão fazer a vontade do Pai, a que chamava sua comida e manjar. Por exemplo: se acha satisfação em ouvir coisas em que a glória de Deus não está interessada, rejeite esta satisfação e mortifique a vontade de ouvir. Se tem prazer em olhar objetos que não levam a Deus, afaste este prazer e desvie os olhos. Igualmente nas conversações e em qualquer outra circunstância, deve fazer o mesmo. Em uma palavra, proceda deste modo, na medida do possível, em todas as operações dos sentidos; no caso de não ser possível, basta que a vontade não queira gozar desses atos que lhe vão na alma. Desta maneira há de deixar logo mortificados e vazios de todo o gosto, e como às escuras. E com este cuidado, em breve aproveitará muito.

Para mortificar e pacificar as quatro paixões naturais que são gozo, esperança, temor e dor, de cuja concórdia e harmonia nascem inumeráveis bens, trazendo à alma grande merecimento e muitas virtudes, o remédio universal é o seguinte:

Procure sempre inclinar-se não ao mais fácil, senão ao mais difícil. Não ao mais saboroso, senão ao mais insípido. Não ao mais agradável, senão ao mais desagradável. Não ao descanso, senão ao trabalho. Não ao consolo, mas à desolação. Não ao mais, senão ao menos. Não ao mais alto e precioso, senão ao mais baixo e desprezível. Não a querer algo, e sim a nada querer. Não a andar buscando o melhor das coisas temporais, mas o pior; enfim, desejando entrar por amor de Cristo na total desnudez, vazio e pobreza de tudo quanto há no mundo.

Abrace de coração essas práticas, procurando acostumar a vontade a elas. Porque se de coração as exercitar, em pouco tempo achará nelas grande deleite e consolo, procedendo com ordem e discrição.

O homem espiritual deve:

1.º Agir em seu desprezo e desejar que os outros o desprezem.

2.º Falar contra si e desejar que os outros também o façam.

3.º Esforçar-se por conceber baixos sentimentos de sua própria pessoa e desejar que os outros pensem do mesmo modo.


São João da Cruz
Subida do Monte Carmelo I, Cap XIII, §3-7; 9


SÃO JOÃO DA CRUZ – ELE, O ESPOSO, TE AMA!



SÃO JOÃO DA CRUZ
14 DE DEZEMBRO

«ELE, O ESPOSO, TE AMA!»

«O Esposo está com eles» Mt 9, 14-17

“Uma pessoa que ama outra e que lhe faz bem ama-a e faz-lhe bem segundo as suas qualidades, segundo as suas propriedades pessoais. É assim que age o teu Esposo, que em ti reside enquanto onipotente: ama-te e faz-te bem segundo a Sua onipotência.

Infinitamente Sábio, Ele ama-te e faz-te bem segundo a extensão da Sua sabedoria.
Infinitamente Bom, Ele ama-te e faz-te bem segundo a extensão da Sua bondade.
Infinitamente Santo, Ele ama-te e faz-te bem segundo a extensão da Sua santidade.
Infinitamente Justo, Ele ama-te e concede-te as Suas graças segundo a extensão da Sua justiça.
Infinitamente Misericordioso, Clemente e Compassivo, Ele faz-te experimentar a Sua clemência e a Sua compaixão.
Forte, Delicado, Sublime em Seu ser, Ele ama-te de maneira forte, delicada e sublime.
Infinitamente Puro, ama-te segundo a extensão da Sua pureza.
Soberanamente Verdadeiro, ama-te segundo a extensão da Sua verdade.
Infinitamente Generoso, ama-te e cumula-te de graças, segundo a extensão da Sua generosidade, sem qualquer interesse pessoal e visando apenas fazer-te bem.
Soberanamente Humilde, ama-te com humildade soberana e com soberana estima.

Eleva-te até Si, a ti Se descobre alegremente, com uma face cheia de graça, nesta via dos conhecimentos que te dá. E tu ouve-Lo dizer-te: «Sou teu e por ti; alegro-me por ser o que sou, a fim de Me dar a ti e de ser teu para sempre».

Quem poderá exprimir o que sentes, alma bem-aventurada, vendo-te amada a este ponto, vendo-te tida por Deus em semelhante estima?”


São João da Cruz
Chama Viva do Amor, 3, 6

SÃO JOÃO DA CRUZ – É no silêncio da alma que Ele se faz ouvir



SÃO JOÃO DA CRUZ
14 DE DEZEMBRO

«É no silêncio da alma que Ele se faz ouvir»

O Pai celeste disse uma única palavra: é o Seu Filho. Disse-a eternamente e num eterno silêncio. É no silêncio da alma que Ele se faz ouvir.

Falai pouco e não vos metais em assuntos sobre os quais não fostes interrogados.

Não vos queixeis de ninguém; não façais perguntas ou, se for absolutamente necessário, que seja com poucas palavras.

Procurai não contradizer ninguém e não vos permitais uma palavra que não seja pura.

Quando falardes, que seja de modo a não ofender ninguém e não digais senão coisas que possais dizer sem receio diante de toda a gente.

Tende sempre paz interior assim como uma atenção amorosa para com Deus e, quando for necessário falar, que seja com a mesma calma e a mesma paz.

Guardai para vós o que Deus vos diz e lembrai-vos desta palavra da Escritura: "O meu segredo é meu" (Is 24,16)...

Para avançar na virtude, é importante calar-se e agir, porque falando as pessoas distraem-se, ao passo que, guardando o silêncio e trabalhando, as pessoas recolhem-se.

A partir do momento em que aprendemos com alguém o que é preciso para o avanço espiritual, não é preciso pedir-lhe que diga mais nem que continue a falar, mas pôr mãos às obras, com seriedade e em silêncio, com zelo e humildade, com caridade e desprezo de si mesmo.

Antes de todas as coisas, é necessário e conveniente servir a Deus no silêncio das tendências desordenadas, bem como da língua, a fim de só ouvir palavras de amor.


São João da Cruz
Conselhos e Máximas

SÃO JOÃO DA CRUZ – São João da Cruz e a Subida do Monte Carmelo



SÃO JOÃO DA CRUZ
14 DE DEZEMBRO

« São João da Cruz e a Subida do Monte Carmelo»

São João da Cruz, o grande místico e poeta espanhol, nasceu em Fontiveros, nas proximidades de Ávila, na Espanha, no ano de 1542. Filho de pais pobres e tendo ele mesmo conhecido prematuramente a orfandade paterna, a fome e as demais inseguranças que atingiam os pobres de sua época, soube transformar todo esse “material humano” em húmus fertilíssimo do qual brotou toda a sua obra e espiritualidade, lida e cultivada em todos os recantos do mundo.

Apropriando-se de símbolos mais do que expressivos, o santo espanhol expressa a relação do ser humano com Deus, ou a tentativa dessa relação-aproximação, por meio de elementos da natureza, entre outros:

A NOITE ( NOITE ESCURA),
O FOGO (CHAMA VIVA DE AMOR),
A ÁQUA (CÂNTICO ESPIRITUAL),
O MONTE (SUBIDA DO MONTE CARMELO)

Homem de grande sensibilidade, abertura de coração e generosidade, João da Cruz soube apoderar-se do melhor da literatura e da mística de sua época, produzindo assim uma obra ímpar e insubstituível. Mantendo os pés bem plantados na realidade castelhana de seu tempo, sorveu dos versos populares, da literatura de cordel, dos cantores de feiras e mercados, o estilo com o qual plasmou seus versos e sonetos.

Uma de suas obras mais densas é, sem dúvida alguma, a Subida do Monte Carmelo. Nesta obra o autor vai comentando e descrevendo, parte por parte, qual o itinerário que o ser humano deve percorrer para chegar a Deus. A Subida ao Monte é a meta principal e final da perfeição, sabendo-se que para atingir-se tal finalidade, o ser humano deverá passar por situações de escuridão, trevas, privações... É o caminho árduo proposto pelo místico espanhol, que não engana com facilidades aquelas pessoas que queiram verdadeiramente fazer uma profunda experiência de Deus.

Nenhum viajante, ao partir, carrega uma mochila pesada demais, porque senão as suas forças poderiam faltar-lhe brevemente. Ainda mais quando alguém se propõe a subir uma montanha, deve mais ainda, tornar-se leve e ágil para a escalada, sabendo que o excesso de “coisas”que leva consigo, podem tornar-se empecilho para a missão.

Pensamentos, sentimentos, gostos próprios, são exemplos das “coisas” que podem dificultar nossa ascensão ao cume do monte da perfeição. Daí a necessidade do esvaziamento do “negar-se a si mesmo” – ‘quem não renunciar a si mesmo...’ – para se chegar ao TUDO QUE É DEUS.

A caridade, como nos descreve 1 Cor.13,4-7 é o parâmetro para avaliarmos se esse esvaziamento, essa humildade e caridade de fato acontecem em nossas vidas. Não querer nada para si mesmo, eis a norma, mas querer tudo para os demais.

Num mundo de competição, ganância e desvalorização da vida humana como tal, num mundo mercantilizado como o que vivemos, parece impossível se chegar a viver esse ideal pregado por São João da Cruz. No entanto, ontem como hoje, o cristão que esteja verdadeiramente revestido de fé, esperança e caridade, poderá sim trilhar esse caminho árduo e estreito e chegar ao cume da perfeição aonde, como diz João da Cruz, “AQUI JÁ NÃO EXISTE CAMINHO”, ele já não se faz necessário, porque O PRÓPRIO DEUS HABITA NESSE “MONTE”E ELE É O CAMINHO.


Frei Osmar Vieira Branco O.Carm.


domingo, 13 de dezembro de 2009

ADVENTO – 3º DOMINGO – Te entregarei o amor do meu coração



DOMINGO III DO ADVENTO

«Oferecer-Te-ei por inteiro a minha alma que Tu resgataste, entregar-Te-ei o amor do meu coração»

Tu, que por mim fizeste tão grandes e belas coisas, que me obrigaste a ficar ao Teu serviço para sempre, que Te darei eu por tão grandes benefícios? Que louvores, que ações de graças poderia oferecer-Te, ainda que me gastasse mil vezes? O que sou eu, pobre criatura, em comparação Contigo, que és a minha abundante redenção? Assim, pois, oferecer-Te-ei por inteiro a minha alma que Tu resgataste, entregar-Te-ei o amor do meu coração. Sim, transporta a minha vida em Ti, leva-me toda inteira em Ti e, encerrando-me em Ti, faz com que eu seja uma única coisa Contigo.

Ó amor, o teu ardor divino abriu-me o doce coração do meu Jesus. Ó coração fonte de doçura, coração transbordante de bondade, coração superabundante de caridade, coração de onde corre, gota a gota, a benevolência, coração cheio de misericórdia, coração tão amado, peço-te que absorvas todo o meu coração em ti. Pérola preciosíssima do meu coração, convida-me para o Teu festim que dá vida; serve-me os vinhos da consolação, a fim de que as ruínas do meu espírito se encham da Tua caridade divina, e de que a abundância do Teu amor supra a pobreza e a miséria da minha alma.

Ó coração amado acima de todas as coisas, tem piedade de mim. Suplico-Te que a doçura da Tua caridade dê coragem ao meu coração. Que, pela Tua bondade, as entranhas da Tua misericórdia se comovam a meu favor; porque os meus deméritos são numerosos, e nulos são os meus méritos. Meu Jesus, que o mérito da Tua morte preciosa, que foi o único que teve o poder de compensar a dívida universal, me redima de todo o mal que eu fiz; que ele me atraia a Ti, de maneira tão poderosa que, totalmente transformada pela força do Teu amor divino, eu encontre graça a Teus olhos. E concede-me, querido Jesus, que Te ame, só a Ti em todas as coisas, que a Ti me ligue com fervor, que espere em Ti e não coloque limites à minha esperança.


Santa Gertrudes de Helfta
Esercizi Spirituali, 7


ADVENTO – 3º DOMINGO – Coisa alguma pode distrair de Vós quem age só por Vós



DOMINGO III DO ADVENTO


«Coisa alguma pode distrair de Vós quem age só por Vós»


Deus meu, parece-me que coisa alguma pode distrair de Vós quem age só por Vós, sempre na Vossa santa presença, sob Vosso olhar divino que penetra o mais íntimo da alma. Mesmo no meio do mundo, pode ouvir-nos o coração silencioso que quer ser só Vosso.

Tudo está na intenção com que podemos santificar as mínimas coisas, transformar as ações mais comuns da vida em ações divinas! A alma que vive unida a Vós, Deus meu, só pratica atos sobrenaturais, e as coisas mais banais, longe de separá-la, aproximam-na cada vez mais de Vós.


Beata Elizabeth da Trindade
Cartas 38; 261


ADVENTO – 3º DOMINGO – A Esperança da Vida Nova em Cristo



DOMINGO III DO ADVENTO

«A Esperança da Vida Nova em Cristo»

Afugenta, Senhor, com a luz diurna de tua sabedoria,
as trevas noturnas de nossa mente,
para que, iluminados por Ti,
te sirvamos com espírito renovado e puro.

A chegada do sol representa para os mortais
o início de seu trabalho;
Adorne, Senhor, em nossas almas uma mansão
em que possa continuar aquele dia
que não conhece o ocaso.

Faze que saibamos contemplar em nós
mesmos a vida da ressurreição,
e que nada possa separa nossas
mentesde teus deleites.

Imprime em nós, Senhor,
por nossa constante adesão a Ti,
o selo daquele dia que não depende
do movimento solar.

Cada dia te estreitamos em nossos braços
e te recebemos em nosso corpo por meio de
teus sacramentos; faze que sejamos dignos
de experimentar em nossa pessoa,
a ressurreição que esperamos.

Pela graça do batismo trazemos escondido
em nosso corpo o tesouro que tu nos deste;
que este mesmo tesouro vá crescendo na
mesa dos teus sacramentos;
faze que nos alegremos de teus dons.

Temos em nós, Senhor, o teu memorial,
recebido de tua mesa espiritual;
dá-nos que alcancemos sua realidade
plena, na renovação futura.

Pedimos-te, Senhor, que aquela
beleza espiritual que tua vontade imortal
faz brotar na mesma mortalidade nos faça
compreender nossa própria beleza.

Tua crucifixão, ó Salvador Nosso,
foi o término de tua vida mortal;
faz que crucifiquemos nossa mente
a fim de obter a vida espiritual.

Que tua ressurreição, ó Jesus,
faça crescer em nós o homem espiritual;
que a visão de teus sinais sacramentais,
nos ajude a conhecê-la.

Tuas disposições divinas, ó Salvador Nosso,
são figura do mundo espiritual
faze que nos movamos nele,
como homens espirituais.

Não prives, Senhor, a nossa mente
de tua manifestação espiritual,
e não separe de nós
o calor de tua suavidade.

A mortalidade latente em nosso corpo
derrama em nós a corrupção;
que a aspersão de teu amor espiritual
apague em nossos corações
os efeitos da mortalidade.

Concede-nos, Senhor, que caminhemos com presteza
para a nossa pátria definitiva
e que, como Moisés, do cume do monte,
possamos desde agora contemplá-la pela fé.


Santo Efren, o Sírio
Sermo 3, De fine et admonitione 2. 4-5:
Opera, edição Lamy 3, 216-222


ADVENTO – 3º DOMINGO – Ó Senhor, conduzi-me à posse de Vossa bem-aventurança



DOMINGO III DO ADVENTO

«Ó Senhor, dai-me pensamentos espirituais e conduzi-me a posse de Vossa bem-aventurança»

“Ó Senhor, não sou luz para mim mesmo: olho posso ser; luz, não. Que vale ter olhos perfeitos e abertos, quando falta a luz? A Vós elevo meu clamor e digo: sereis a luz de minha lâmpada, ó Senhor; com vossa Luz, ó Senhor, iluminareis minhas trevas. De minha parte, sou só trevas. Vós, ao contrário, sois luz que expulsa as trevas e me ilumina. Não de mim me vem a luz: só em Vós tenho luz.

Os sábios e prudentes deste mundo julgam-se luz e são trevas! E porque são trevas e se julgam luz, não podem ser iluminados. Mas os que são trevas, e trevas confessam ser, mantêm-se pequenos e não querem engrandecer-se, são humildes e não soberbos. Conhecem-se a si mesmos, louvam-Vos, ó Senhor, e não se desviam do caminho que conduz à salvação. Louvando-Vos, invocam-Vos e são libertados de seus inimigos.

Senhor, Deus Pai Onipotente, com sinceridade de coração, dirijo-me a Vós, tanto quanto me permite a minha pequenez, dou-vos alegremente vivíssimas e copiosas graças, implorando com toda a alma Vossa extraordinária bondade de acolher benevolamente minhas súplicas: com Vosso poder, expulsai de meus atos e pensamentos o inimigo, aumentai em mim a fé, governai-me a mente, dai-me pensamentos espirituais e conduzi-me a posse de Vossa bem-aventurança”.


Santo Agostinho
Sermo 67, 8-10


ADVENTO – 3º DOMINGO – Sejamos um edifício firme, invulnerável às tempestades



DOMINGO III DO ADVENTO

«Sejamos um edifício firme, invulnerável às tempestades»

O batismo de João é um batismo com o Espírito Santo e com o fogo (Lc 3, 16). Se fores santo, serás batizado no Espírito; se pecador, mergulharás no fogo. E assim, um mesmo batismo se tornará condenação e fogo para os indignos e pecadores, enquanto os santos, que se convertem ao Senhor com toda fé, receberão a graça do Espírito Santo e a salvação.

Ora, aquele que batiza com o Espírito Santo e com o fogo tem a pá em sua mão; limpará a sua eira e recolherá o trigo em seu celeiro; a palha, porém, ele a queimará num fogo inextinguível. Quero descobrir por que razão nosso Senhor tem a pá em sua mão, e que vento é esse que ao soprar dispersa a palha leve, enquanto o grão de trigo, mais pesado, se junta num só lugar; com efeito, sem vento não se pode separar a palha do trigo.

Suponho que por vento podemos entender as tentações que, num grupo indistinto de fiéis, fazem ver que uns são palha e outros trigo. Quando tua alma foi vencida por alguma tentação, não é que ela te tenha transformado em palha, mas porque já eras palha, isto é, leviano e incrédulo, a tentação revelou a tua natureza latente. Quando, ao contrário, suportas a prova com coragem, não é a tentação que te faz fiel e paciente; ela apenas traz à tona a virtude de paciência e fortaleza que em ti estava escondida. “Pensas, diz o Senhor, que falando-te assim eu teria outra intenção que não fosse a de manifestar tua justiça?” E, em outro lugar: Eu te afligi e despojei, a fim de conhecer o que tinhas no coração (cf. Dt 8, 2).

Do mesmo modo, a tempestade não deixa de pé o edifício construído sobre a areia; se queres, pois, edificar, edifica sobre a rocha. Quando se levantar a tempestade, o que estiver fundado sobre a rocha não ruirá, mas o que estiver sobre a areia vacilará, provando que não estava bem fundado. Por isso, antes que a tempestade comece, antes que os ventos levantem e as correntes intumesçam, enquanto tudo ainda está em silêncio, dediquemos todo nosso empenho às fundações do edifício, edifiquemos nossa casa com as pedras firmes e variadas dos preceitos de Deus. E assim, quando a perseguição recrudescer e o terrível furacão se levantar contra os cristãos, mostremos ter nosso edifício construído sobre a rocha que é Cristo Jesus.

Se alguém, no entanto, negar a Cristo – o que não aconteça – saiba que não o negou no momento em que foi visto negando, mas que as sementes e as raízes de sua negação já eram antigas. Naquele instante, apenas veio a lume e se tornou conhecido o que havia em seu interior. Roguemos, pois, ao Senhor, para que sejamos um edifício firme, invulnerável às tempestades, fundado sobre a rocha que é nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual sejam dadas a glória e o império, pelos séculos dos séculos. Amém.


Orígenes, Presbítero
In Lucam, Homilia 26, 3-5
Sources Chrétiennes 87


ADVENTO – 3º DOMINGO – Crer no excessivo amor de Deus



DOMINGO III DO ADVENTO


«Crer no excessivo amor de Deus para conosco»


Quando é o homem capaz de crer ‘no excessivo amor de Deus para com ele’, deste se pode dizer o que foi dito de Moisés: ‘Era inabalável na fé como se tivesse visto o invisível’.

Ó Senhor, jamais me detenha eu nos gostos e sentimentos; pouco me importe o sentir-Vos ou não Vos sentir, pouco me importe que me deixe glória ou sofrimento. Creio no Vosso amor.

Quanto mais provada, mais cresce a fé, porque sabe ir além de todos os obstáculos, para repousar no seio do amor infinito que só pode fazer obras de amor. A esta alma totalmente vigilante em sua fé podeis, ó Mestre, dizer-lhe no íntimo a palavra que dirigistes um dia a Maria Madalena: ‘Vai em paz, a tua fé te salvou’.


Beata Elizabeth da Trindade
1, Retiro 6,1


ADVENTO – 3º DOMINGO – Que o seu Advento se realize todos os dias em nós



DOMINGO III DO ADVENTO

«Que o seu Advento se realize todos os dias em nós para que possamos dizer: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim»

Está escrito sobre João: “Uma voz grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitar as suas veredas”. Mas o que vem a seguir diz respeito exclusivamente ao Senhor, nosso Salvador. Porque não foi João quem “aplanou os vales”, mas o Senhor, nosso Salvador.

Considere cada um o que era antes de ter fé; e constatará que era um vale profundo, a pique, mergulhado nos abismos. Mas veio o Senhor Jesus, e enviou o Espírito Santo em seu lugar; foi então que “os vales foram aplanados”. Foram aplanados com as boas obras e os frutos do Espírito Santo. A caridade não deixa subsistir em ti vale algum e, se possuíres a paz, a paciência e a bondade, para além de deixares de ser vale, também começarás a ser montanha de Deus.

“As montanhas e as colinas serão abaixadas”. Nestas montanhas e nestas colinas abaixadas, podemos ver os poderes inimigos que se erguiam contra os homens. Com efeito, para que os vales de que falamos sejam aplanados, os poderes inimigos, as montanhas e as colina s, terão de ser abaixados.

Mas vejamos se a profecia seguinte, que diz respeito ao advento de Cristo, se realizou. Com efeito, o texto diz em seguida: “E todos os caminhos tortuosos serão endireitados”. Todos nós éramos tortuosos – pelo menos se estivermos a falar do que éramos e não daquilo que somos hoje – e a vinda de Cristo que se realizou na nossa alma endireitou tudo quanto era tortuoso.

Rezemos para que o seu advento se realize todos os dias em nós, e para que possamos dizer: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20).


Orígenes, Presbítero
In Lucam, Homilia 22, 1-3
Sources Chrétiennes 87


ADVENTO – 3º DOMINGO – O amor que deseja a face do Amado



DOMINGO III DO ADVENTO

«O amor que deseja a face do Amado»

Vendo o mundo oprimido pelo temor, Deus procura continuamente chamá-lo com amor, convidá-lo com a sua graça, segurá-lo com a caridade, abraçá-lo com afeto. Por isso, purifica com o castigo do dilúvio a terra que se tinha inveterado no mal; chama Noé para gerar um mundo novo; encoraja-o com palavras afetuosas, concede-lhe sua confiante amizade, o instrui com bondade acerca do presente e anima-o com sua graça a respeito do futuro. E já não se limita a dar-lhe ordens, mas tomando parte no seu trabalho, encerra na arca toda aquela descendência que havia de perdurar por todos os tempos, para que esta aliança de amor acabasse com o temor da servidão esse conservasse na comunhão de amor o que fora salvo com a comunhão de esforços.

Por esse motivo chama Abraão dentre os pagãos, engrandece seu nome, torna-o pai dos crentes, acompanha-o em sua viagem, protege-o entre os estrangeiros, cumula-o de bens, exalta-o com vitórias, dá-lhe a garantia de suas promessas, livra-o das injúrias, torna-se seu hóspede, maravilha-o com o nascimento de um filho que ele já não podia esperar. Tudo isso a fim de que, cumulado de tantos benefícios, atraído pela grande doçura da caridade divina, aprendesse a amar a Deus e não mais temê-lo, a honrá-lo com amor e não com medo.

Por isso também consola em sonhos a Jacó quando fugia, desafia-o para um combate em seu regresso e na luta aperta-o nos braços, para que não temesse, porém, amasse o instigador do combate. Por isso ainda, chama Moisés na própria língua e fala-lhe com afeto paterno, convidando-o a ser o libertador de seu povo.

Em todos esses fatos que relembramos, de tal modo a chama da caridade divina inflamou o coração dos homens e o inebriamento do amor de Deus penetrou os seus sentidos que, cheios de afeto, começaram a desejar ver a Deus com os olhos do corpo. Deus, que o mundo não pode conter, como o olhar limitado do homem o abrangeria? Mas, o que deve ser, o que é possível, não é a regra do amor. O amor ignora as leis, não tem regra, desconhece medida. O amor não desiste perante o impossível, não desanima diante das dificuldades. O amor, se não alcança o que deseja, chega a matar o que ama; vai para onde é atraído, e não para onde deveria ir. O amor gera o desejo, cresce com ardor e pretende o impossível. E que mais? O amor não poderia deixar de ver o que ama. Por isso todos os santos consideravam pouca coisa toda recompensa , enquanto não vissem a Deus. Por isso mesmo, o amor que deseja ver a Deus, vê-se impelido, para além de todo raciocínio, pelo fervor da piedade. Por isso Moisés se atreve a dizer: “Se encontrei graça na vossa presença, mostrai-me o vosso rosto” (Ex 33,13.18). Por isso, diz também o Salmista: “Não me escondais a vossa face” (Sl 26,9). Por isso, enfim, até os próprios pagãos, no meio de seus erros, modelaram ídolos, para poderem ver com seus próprios olhos o objeto de seu culto.


São Pedro Crisólogo, Bispo de Ravena
Sermo 147: PL, 52, 594-595


ADVENTO – 3º DOMINGO – Mostra-me o Amado de minha alma



DOMINGO III DO ADVENTO

«Mostra-me o Amado de minha alma porque estou ferida de amor Ct 1,6»

Irmãos, sigamos a vocação que nos chama da vida para a fonte da vida, fonte não apenas de água viva, mas da eterna vida, fonte de luz e de claridade; dela tudo provém, sabedoria e vida, luz eterna.

Autor da vida, é fonte da vida; Criador da luz, fonte da luz. Portanto, desprezando o que se vê e ultrapassando o mundo até as alturas dos céus, busquemos, quais peixes muito inteligentes e espertos, a fonte da luz, a fonte da vida, a fonte de água viva, para bebermos a água viva que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4,14).

Oxalá te dignes admitir-me a esta fonte, Deus misericordioso, bom Senhor, onde eu, com os que têm sede de ti, beberei da onda viva da fonte viva de água corrente. Refeito por sua indizível doçura, esteja sempre unido a ela e diga: “Quão doce é a fonte de água viva, donde nunca falta a água que jorra para a vida eterna!”

Ó Senhor, tu és esta fonte, sempre, sempre desejável, sempre, sempre a ser bebida. Dá-nos, sempre, Cristo Senhor, desta água, para que também em nós haja a fonte de água viva que jora para a vida eterna. Grande coisa peço, quem o duvida? Mas tu, rei da glória, sabes dar grandes coisas e grandes coisas prometeste; nada maior do que tu e te deste a nós, te deste por nós.

Rogamos-te então que conheçamos o que amamos, porque não te pedimos dar-nos nada além de ti. Tu és o nosso tudo, nossa vida, nossa luz, nossa salvação, nosso alimento, nossa bebida, nosso Deus. Rogo-te, nosso Jesus, inspira nossos corações com aquela brisa de teu Espírito e fere nossas almas com tua caridade. Que cada uma de nossas almas possa na verdade dizer: Mostra-me o amado de minha alma (cf. Ct 1,6), porque estou ferida de amor.

Desejo, Senhor, que se grave em mim esta ferida. Feliz a alma que assim foi ferida pela caridade; esta busca a fonte, esta bebe e, no entanto, sempre tem sede bebendo e sempre haure desejando aquela que sempre bebe sedenta. Assim sempre busca amando aquela que se cura ferindo. Que Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o bom médico eficaz, se digne ferir com a chaga da salvação o íntimo de nossa alma. A ele,com o Pai e com o Espírito Santo, pertence a unidade pelos séculos dos séculos.

Amém.

São Columbano, Abade
Instr.13, De Christo fonte vitae, 2-3:
Opera, Dublin1957,118-120


ADVENTO – 3º DOMINGO – Alegremo-nos: o nosso Deus é um Deus próximo



DOMINGO III DO ADVENTO

«Tende coragem: Jesus já vem. Alegremo-nos: o nosso Deus é um Deus próximo»

“Alegrai-vos sempre no Senhor! O Senhor está próximo!” Alegremo-nos porque o Senhor vem e sua vinda traz a salvação! Celebrando sua vinda no Natal, experimentaremos o quanto Deus é fiel às suas promessas e encher-nos-emos de alegria e ânimo para reconhecer suas vindas a cada dia, preparando-nos para o encontro com Ele no Final dos tempos, quando toda dor, todo pranto, toda morte serão vencidos!

Cuidado com o desânimo; cuidado com a tibieza, cuidado com a frieza de coração! Cuidado também com o espírito do mundo, com o paganismo em nossos pensamentos e ações! Cuidado para não descuidarmos das coisas de Deus, para não desacreditarmos de suas palavras e não fechar para Ele o nosso coração! Ele vem, e vem porque nos ama, e vem para salvar! Assim sendo, acolhamos as consoladoras palavras de Sofonias: “Canta de alegria, Sião; rejubila, Israel! Alegra-te exulta de todo coração! O Senhor está no meio de ti, nunca mais temerás o mal! Não temas, Sião; não te deixes levar pelo desânimo! O Senhor exultará de alegria por ti, movido por amor, como nos dias de festa”!

Que tristeza a vida se tivéssemos de vivê-la sozinhos, se não houvesse um Destino Bendito! Que tédio miserável a nossa existência, se não houvesse um Deus-Salvador que visse nosso caminhar, que recolhesse nossas lágrimas, que fosse nosso companheiro na solidão e na dor, no medo e na angústia de cada dia! A vida não pode ser somente viver e morrer; nosso caminho sobre a terra não pode ser uma passageira ilusão, uma distração alucinada para não nos lembrar que aqui estamos de passagem e que um dia morreremos.

Mas, não! Caminhamos para o Senhor que vem! E Ele vem mesmo, porque é fidelíssimo! Pois, alegremo-nos: o nosso Deus é um Deus próximo; Deus de perto e não de longe! Saibamos reconhecê-lo. Saibamos acolhê-lo! “Não vos inquieteis com coisa alguma! A paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento, guardará os vossos corações e pensamento em Cristo Jesus!”


Dom Henrique Soares da Costa
Bispo Titular de Acúfica e Auxiliar de Aracaju


NOSSA SENHORA DE GUADALUPE – Oração do Papa João Paulo II



PADROEIRA DA AMÉRICA LATINA

FESTA
12 DE DEZEMBRO

SEMANA II DO ADVENTO

ORAÇÃO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II À NOSSA SENHORA DE GUADALUPE

Ó Virgem Imaculada,
Mãe do verdadeiro Deus e Mãe da Igreja!
Vós, que, deste lugar, manifestais a vossa
clemência e a vossa compaixão por todos
os que imploram o vosso amparo:
ouvi a oração que com filial confiança
Vos dirigimos e apresentai-a ao vosso
Filho Jesus, único Redentor nosso.

Mãe de misericórdia, Mestra do sacrifício
escondido e silencioso, a Vós, que vindes ao
encontro de nós todos, pecadores, consagramos,
neste dia, todo o nosso ser e todo o nosso amor.
Consagramo-Vos também a nossa vida,
os nossos trabalhos, as nossas alegrias,
as nossas doenças e os nossos sofrimentos.

Dai a paz, a justiça e a prosperidade aos
nossos povos, já que tudo o que nós temos
e o que somos o deixamos ao vosso cuidado,
Mãe e Senhora nossa.

Queremos ser totalmente vossos
e convosco desejamos percorrer
o caminho de uma fidelidade plena a
Jesus Cristo na sua Igreja: não nos deixeis
desprender da vossa mão amorosa.

Virgem de Guadalupe, Mãe das Américas,
pedimo-Vos por todos os Bispos,
a fim de que eles conduzam os fiéis
por veredas de intensa vida cristã,
de amor e de humilde serviço
a Deus e às almas.

Contemplai esta seara imensa
e intercedei por que o Senhor infunda fome de santidade
em todo o Povo de Deus e conceda abundantes vocações
de sacerdotes e religiosos fortes na fé e zelosos
dispensadores dos mistérios de Deus.

Concedei aos nossos lares a graça
de amarem e respeitarem a vida nascente,
com o mesmo amor com que Vós em vosso
seio concebestes a vida do Filho de Deus.

Virgem Santa Maria, Mãe do Amor Formoso,
protegei as nossas famílias, para que elas
estejam sempre muito unidas, e abençoai
a educação dos nossos filhos.

Esperança nossa,
olhai-nos com compaixão
ensinai-nos a ir continuamente para Jesus
e, se cairmos, ajudai-nos a levantarmo-nos
e a voltarmos para Ele, mediante a confissão
das nossas culpas e dos nossos pecados no
sacramento da Penitência que traz sossego à alma.

Suplicamo-Vos que nos concedais
um amor muito grande a todos os santos
Sacramentos que são como que as marcas
que o vosso Filho nos deixou na terra.

Assim, nossa Mãe Santíssima,
com a paz de Deus na consciência,
com os nossos corações livres do mal e de ódios,
poderemos levar a todos a alegria verdadeira
e a verdadeira paz, as quais vêm do Vosso Filho,
Nosso Senhor Jesus Cristo que, com Deus Pai e
com o Espírito Santo, vive e reina
pelos séculos dos séculos.

Amen.


PAPA JOÃO PAULO II
Viagem Apostólica ao México
México, Janeiro de 1979

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

IMACULADA CONCEIÇÃO - Que por Vós seja-nos concedido ir ao Filho, ó Mãe da Salvação!




IMACULADA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA

SOLENIDADE
08 DE DEZEMBRO


Que por Vós seja-nos concedido ir ao Filho, ó Mãe da Salvação!

“Que por Vós, Maria, seja-nos concedido ir ao Filho, ó Bendita, que encontrastes graça, que gerastes a vida e sois a Mãe da Salvação! Por vossa mediação, acolha-nos quem por vós se deu a nós, pecadores.

Vossa integridade compense diante dele a culpa da nossa corrupção e vossa humildade, tão agradável a Deus, alcance perdão para nossa vaidade.

Vossa grande caridade cubra a multidão dos nossos pecados e vossa gloriosa fecundidade nos alcance fecundidade de méritos.

Senhora, Medianeira e Advogada nossa, reconciliai-nos com vosso Filho! Recomendai-nos a Ele e a Ele apresentai-nos.

Pela graça que encontrastes, pelo privilégio que merecestes, pela Misericórdia que gerastes, fazei, ó Bendita, que quem, graças a Vós, dignou-se tornar-se participante da nossa enfermidade e miséria, graças ainda à vossa intercessão, faça-nos participantes da sua glória e bem-aventurança”.


São Bernardo de Claraval
In Adventu Domini, 2, 5: Opera omnia, Edit cisterc.


IMACULADA CONCEIÇÃO - Virgem Mãe, filha do teu Filho, cheia do Amor Encarnado de Deus




IMACULADA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA

SOLENIDADE
08 DE DEZEMBRO

Virgem Mãe, filha do teu Filho, cheia do Amor Encarnado de Deus

Queridos irmãos e irmãs!

Celebramos hoje uma das Festas mais bonitas e populares da Bem-Aventurada Virgem: a Imaculada Conceição. Maria não só não cometeu pecado algum, mas foi preservada até da herança comum do gênero humano que é o pecado original. E isto devido à missão para a qual Deus a destinou desde o início: ser a Mãe do Redentor. Tudo isto está contido na verdade da fé da "Imaculada Conceição".O fundamento bíblico deste dogma encontra-se nas palavras que o Anjo dirigiu à jovem de Nazaré: "Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo" (Lc 1, 28).

"Cheia de graça" no original grego kecharitoméne é o nome mais bonito de Maria, nome que lhe foi conferido pelo próprio Deus, para indicar que ela é desde sempre e para sempre a amada, a eleita, a predestinada para acolher o dom mais precioso, Jesus, "o amor encarnado de Deus" (Enc. Deus caritas est, 12).

Podemos perguntar: por que, entre todas as mulheres, Deus escolheu precisamente Maria de Nazaré? A resposta está escondida no mistério insondável da vontade divina. Contudo há uma razão que o Evangelho ressalta: a sua humildade. Ressalta isto muito bem Dante Alighieri no último Canto do Paraíso: "Virgem Mãe, filha do teu Filho, / humilde e alta mais do que criatura, / fim firme do conselho eterno" (Par. XXXIII, 1-3). A própria Virgem no "Magnificat", o seu cântico de louvor, diz isto: "A minha alma glorifica o Senhor... porque pôs os olhos na humildade da sua serva" (Lc 1, 46.48). Sim, Deus foi atraído pela humildade de Maria, porque achou graça diante dos olhos de Deus (cf. Lc 1, 30). Tornou-se assim a Mãe de Deus, imagem e modelo da Igreja, eleita entre os povos para receber a bênção do Senhor e difundi-la a toda a família humana. Esta "bênção" mais não é do que Jesus Cristo. É Ele a Fonte da graça, da qual Maria foi repleta desde o primeiro momento da sua existência. Acolheu Jesus com fé e com amor o deu ao mundo. Esta é também a nossa vocação e a missão da Igreja: acolher Cristo na nossa vida e doá-lo ao mundo, "para que o mundo seja salvo por Ele" (Jo 3,17).

Queridos irmãos e irmãs, a hodierna festa da Imaculada ilumina como um farol o tempo do Advento, que é tempo de vigilante e confiante expectativa do Salvador. Enquanto nos encaminhamos ao encontro do Deus que vem, olhamos para Maria que "brilha como sinal de esperança segura e de consolação aos olhos do Povo de Deus peregrino" (Lumen gentium, 68). Com esta consciência convido-vos a unir-vos a mim quando, hoje à tarde, renovarei na Praça de Espanha o tradicional ato de homenagem a esta doce Mãe por graça e da graça. Dirijamo-nos agora a ela com a oração que recorda o anúncio do Anjo.


Papa Bento XVI
Angelus, 08 de Dezembro de 2006