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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

SANTO CURA D’ARS - Segredo do Cura d’Ars: comunicar o que vivia internamente



Na audiência geral com os peregrinos, Bento XVI destaca amizade do santo com Cristo

ROMA, quarta-feira, 5 de agosto de 2009 (ZENIT.org)- Bento XVI afirmou hoje que o segredo do sucesso pastoral do Cura d’Ars foi comunicar aquilo que ele vivia internamente: sua amizade com Cristo.

O Pontífice dedicou a audiência geral desta quarta-feira, à figura de São João Maria Vianney. O Patrono dos sacerdotes e inspirador do Ano Sacerdotal teve sua festividade celebrada ontem pela Igreja, que recordou os 150 anos de seu falecimento.

Bento XVI, ao traçar uma breve biografia do santo francês, assinalou que ele nasceu na pequena aldeia de Dardilly, a 8 de maio de 1786, “de uma família camponesa, pobre em bens materiais, mas rica em humanidade e fé”.

Tendo dedicado os anos da infância e da adolescência ao trabalho no campo e ao pastoreio de animais, à idade de dezessete anos ainda era analfabeto.

“Chegou à ordenação presbiteral depois de muitas vicissitudes e incompreensões, graças à ajuda de sábios sacerdotes, que não se detiveram a considerar somente seus limites humanos, mas souberam olhar mais longe, intuindo o horizonte de santidade que se perfilava naquele jovem verdadeiramente singular”, disse o Papa.

Segundo o Santo Padre, o serviço pastoral “extraordinariamente fecundo” deste “anônimo pároco de uma longínqua aldeia do sul da França” é fruto de uma existência que foi “uma catequese viva”. Esta catequese “adquiria uma eficácia particularíssima quando as pessoas o viam celebrar a missa, deter-se em adoração diante do sacrário ou passar muitas horas no confessionário”.

Bento XVI explicou que o centro da vida de São João Maria Vianney foi a Eucaristia, que ele “celebrava e adorava com devoção e respeito”. Outra característica fundamental era o assíduo ministério da Confissão.

“Reconhecia na prática do sacramento da Penitência o natural cumprimento do apostolado sacerdotal, em obediência ao mandato de Cristo: ‘Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados’”.

De acordo com o Papa, São João Maria Vianney distinguiu-se como “ótimo e incansável confessor e diretor espiritual”. Passava, “com um único movimento interior, do altar ao confessionário, onde transcorria grande parte do dia”.

“Como poderia imitá-lo um sacerdote hoje, em um mundo tão mudado?”, questionou Bento XVI.

Apesar de mudarem os tempos e as pessoas apresentarem características particulares, “há no entanto um estilo de vida e um alento fundamental que todos somos chamados a cultivar”.

“Na verdade, o que fez santo o Cura d’Ars foi a sua humilde fidelidade à missão a que Deus o chamou, foi seu constante abandono, cheio de confiança, nas mãos da Divina Providência.”

“Ele conseguiu tocar o coração das pessoas não com a força de seus talentos humanos, ou através de um louvável esforço da vontade; conquistou as almas, mesmo as mais resistentes, comunicando-lhes aquilo que vivia internamente, que era a sua amizade com Cristo”, disse o Pontífice.

São João Maria Vianney foi um homem “apaixonado por Cristo”. Bento XVI afirmou que o testemunho deste pároco recorda que “a Eucaristia não é apenas um evento com dois protagonistas, um diálogo entre Deus e mim. A comunhão eucarística encaminha para uma transformação total da própria vida. Com toda força escancara o eu inteiro do homem e cria um novo nós".

Papa Bento XVI
Audiência geral, 05/08/2009

SANTO CURA D’ARS - A oração é uma união com Deus



FESTA 04 DE AGOSTO

«Até agora, ainda não pedistes nada. Pedi e recebereis; assim sereis cumulados de alegria».

“Vede, meus filhos: o tesouro do cristão não está na terra, mas no Céu. (Mt. 6, 20). Pois bem! O nosso pensamento deve estar onde está o nosso tesouro. O homem tem a bela função de rezar e amar. Vós rezais, e amais: eis a felicidade do homem sobre a terra.

A oração, outra coisa não é senão uma união com Deus. Quando se tem o coração puro e unido a Deus, sente-se um bálsamo, uma doçura que inebria, uma luz que encandeia, atrai, seduz. Nesta íntima união, Deus e a alma são como dois pedaços de cera fundidos entre si; jamais se podem separar. É uma coisa muito bela esta união de Deus com a sua pequena criatura. É uma felicidade que não se pode compreender. Nós não éramos dignos de rezar, mas Deus, na Sua bondade, permitiu que lhe falássemos. A nossa oração é um incenso que Deus recebe com um extremo, imenso prazer.

Meus filhos, vós tendes um coração pequeno, mas a oração dilata-o e torna-o capaz de amar a Deus. A oração é um ante gozo do Céu, um fluxo do paraíso. Ela nunca nos deixa sem doçura. É um mel que desliza pela alma e tudo dulcifica. Os sofrimentos, as dores derretem-se diante duma oração bem feita, como a neve diante do sol”.

S. João Maria Vianney
Catecismo sobre a oração

S. JOÃO MARIA VIANNEY - A mensagem que o Cura d’Ars nos dirige hoje



FESTA 04 DE AGOSTO

Homem de oração

Longos momentos diante do tabernáculo, uma verdadeira intimidade com Deus, um abandono total a sua vontade, um rosto transfigurado; características que impressionavam quem o encontrava e permitiam perceber a profundidade de sua vida de oração e de sua união com Deus. Para não falar de sua grande alegria e de sua verdadeira amizade com Deus: «Eu vos amo, ó meu Deus, e meu único desejo é amar-vos até o último suspiro de minha vida». Uma amizade que implica uma reciprocidade, como dois pedaços de cera, que, uma vez fundidos, explicava João Maria Vianney, já não podem ser separados nem identificados; o mesmo acontece entre nossa alma e Deus, quando rezamos.

O coração pulsante: a Eucaristia celebrada e adorada

«Ele está ali!», exclamava o Santo Cura, apontando para o tabernáculo. Homem da Eucaristia, celebrada e adorada: «Não há nada maior que a Eucaristia», exclamava. Talvez o que mais o tenha impressionado foi constatar que seu Deus estava ali, presente para nós no tabernáculo. «Ele nos espera!» A tomada de consciência da presença real de Deus no Santíssimo Sacramento talvez tenha sido uma de suas maiores graças e uma de suas maiores alegrias. Dar Deus aos homens e os homens a Deus: o sacrifício eucarístico tornou-se, muito cedo, o cerne de seus dias e de sua pastoral.

Obcecado pela salvação dos homens

Talvez seja essa expressão a que melhor resume o que foi o Santo Cura ao longo de seus 41 anos de presença em Ars. Obcecado por sua salvação e pela salvação dos outros, especialmente daqueles que o procuravam ou tinham sido postos sob sua responsabilidade. Como pároco, Deus há de lhe «pedir contas» deles, dizia. Para que todos pudessem sentir a alegria de conhecer a Deus e de amá-lo, de saber que Ele nos ama: era assim que agia sem descanso João Maria Vianney.

Mártir do confessionário

De 1830 em diante, milhares de pessoas irão a Ars para se confessar com ele; serão mais de 100 mil no último ano de sua vida. Pregado em seu confessionário até 17 horas por dia, para reconciliar os homens com Deus e entre si, o Cura d’Ars é «um verdadeiro mártir do confessionário», frisava João Paulo II. Conquistado pelo amor de Deus, admirado diante da vocação do homem, o Cura d’Ars media a loucura que havia em que alguém quisesse se separar de Deus. Queria que todos fossem livres para poder saborear o amor de Deus.

No coração de sua paróquia, um homem de autêntica sociabilidade

«Não sabemos o que o Santo Cura não fez em termos de obras sociais», relata um de seus biógrafos. Vendo a presença do Senhor em cada um de seus irmãos, ele não se dava um minuto de paz procurando socorrê-los, aliviar seus sofrimentos ou suas feridas, criar condições para que cada um se sentisse livre e realizado. Orfanato, escolas, dedicação aos mais pobres e aos doentes, construtor incansável... nada lhe escapava. Acompanhava as famílias e se esforçava por protegê-las de tudo o que pudesse destruí-las (o álcool, a violência, o egoísmo...). Em seu vilarejo, procurava considerar o homem em todas as suas dimensões (humana, espiritual, social).

Padroeiro de todos os párocos do universo

Beatificado em 1904, será declarado por São Pio X, em 12 de abril do mesmo ano, padroeiro dos sacerdotes da França. Em 1929, quatro anos depois de sua canonização, papa Pio XI o declarará «padroeiro de todos os párocos do universo». Papa João Paulo II sublinhará essa idéia, recordando em três ocasiões que «o Cura d’Ars continua a ser para todas as cidades um modelo sem par, ao mesmo tempo de realização do ministério e de santidade do ministro». «Oh, o sacerdote é algo realmente grande, pois pode dar Deus aos homens e os homens a Deus; é testemunha da ternura do Pai por cada um e artífice da salvação!», exclamava João Maria Vianney. O Cura d’Ars é um grande irmão no sacerdócio, a quem todo sacerdote do mundo pode confiar seu ministério ou sua vida sacerdotal.

Um chamado universal à santidade

«Eu lhe mostrarei o caminho do Céu», respondera ao pastorzinho que lhe indicava o caminho para Ars, ou seja, vou ajudá-lo a tornar-se santo. «Por onde passam os santos, passa Deus com eles!», afirmaria mais tarde. No fim de seus dias, convidava cada pessoa a se deixar santificar por Deus, a buscar com todos os meios essa união com Deus, neste mundo e por toda a eternidade.

Cit.por Ars Net. Org

Ano Sacerdotal - Sacerdote deve ser antes de tudo homem de Deus



04 DE AGOSTO

Sacerdote deve ser antes de tudo homem de Deus, diz Arcebispo

Dom Eurico Veloso assinala exemplo do Santo Cura d’Ars

JUIZ DE FORA, terça-feira, 4 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O Arcebispo emérito de Juiz de Fora, Minas Gerais, Dom Eurico dos Santos Veloso, afirma que o sacerdote deve buscar ser antes de tudo um “homem de Deus”, na expressão usada por João XXIII.

“O sacerdote, através da renovação diária do sacrifício de Cristo, deve, aos poucos, ir conformando sua mente, seus atos, seu modo de tratar as pessoas, ao modo de viver e pensar do próprio Cristo”, escreve o arcebispo emérito, em artigo enviado a Zenit ontem.

Dom Eurico Veloso indica aos presbíteros que “o Divino Mestre seja seu único amigo e consolador, quer na vigília junto ao sacrário, quer no estudo das Sagradas Escrituras, quer no cuidado dos pobres e doentes ou no ministério da pregação”.

O prelado recorda então a pessoa do Santo Cura d’Ars, “modelo de pároco, em cuja vida deve se espelhar todo verdadeiro sacerdote, ainda mais agora que o Papa Bento XVI propõe a figura do ilustre e santo sacerdote como patrono de todo o clero”.

“Não vejo outro caminho a ser trilhado pelo sacerdote, a não ser ir copiando em sua vida todos os traços de Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, que outra coisa não fez em sua vida, do que plantar nos corações o Deus vivo, seu e nosso Pai”, afirma.

O Arcebispo reconhece que hoje os sacerdotes são chamados a muitas atividades no cumprimento da missão evangelizadora da Igreja.

Entretanto –prossegue Dom Eurico–, a missão do sacerdote no mundo “é que ele seja sempre e em tudo, apesar de tudo, um homem de Deus, quer pela oração, quer pela vivência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, quer pelo anúncio da Boa-nova, missão recebida do próprio Senhor”.

D. Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo emérito de Juiz de Fora

Ano Sacerdotal - Cardeal Hummes aos pais: ousem pedir a graça da vocação sacerdotal na família



04 DE AGOSTO

Prefeito da Congregação para o Clero presidiu missa em homenagem ao Cura d’Ars

ARS, terça-feira, 4 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O Cardeal Claudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero, pediu hoje que os pais não tenham medo de uma possível vocação sacerdotal do filho, mas que cheguem a ousar pedir a Deus essa graça.

Dom Claudio presidiu esta manhã na Diocese de Belley-Ars, França, à missa em comemoração do 150º aniversário da morte de São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars, Patrono dos sacerdotes.

Além da missa desta manhã, houve ainda procissão da relíquia do coração do santo e solene celebração das Vésperas, no contexto das festividades do Ano Sacerdotal.

Em sua homilia –da qual Rádio Vaticano difundiu algumas passagens–, o prefeito da Congregação para o Clero destacou que a vida de São João Maria Vianney é rica em ensinamentos.

“O Cura d’Ars é modelo de fé, de oração constante, de uma espiritualidade profunda e sólida; exemplo de penitência, de humildade e pobreza”, afirmou.

Ao falar do Ano Sacerdotal, o Cardeal brasileiro afirmou que se trata de um tempo de graças. “A Igreja quer dizer aos sacerdotes que agradece a Deus por sua presença, que os admira e os ama”. Além disso, sustenta-os com a oração e quer ajudá-los concretamente no desempenho de sua missão sacerdotal, disse.

Dom Claudio lamentou que hoje “tantas pessoas vaguem pela vida como ovelhas sem pastor”, estando “à espera da palavra salvífica do Evangelho”.

O purpurado destacou ainda a importância do sacramento da reconciliação, que deve ser cumprido “com fé, espírito de sacrifício e amor pastoral”, colocando-se à disposição das pessoas com “grande generosidade”.

Ao concluir sua homilia, o purpurado enfatizou o papel da família no cultivo das vocações. “As famílias devem ser verdadeiras Igrejas domésticas, fontes de fé e de amor, onde se reza junto”.

Ele pediu que os pais não tenham medo se o Senhor escolher um de seus filhos para se tornar padre. “Ousem pedir a Deus a graça de uma vocação sacerdotal na família; descubram que doar à Igreja um sacerdote é uma verdadeira bênção”.

Cardeal Claudio Hummes
Prefeito da Congregação para o Clero

Ano Sacerdotal - Carta do Prefeito da Congregação para o Clero aos presbíteros



04 DE AGOSTO

Carta do Prefeito da Congregação para o Clero aos presbíteros

Cardeal Hummes escreve aos padres no mês das vocações

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 4 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Claudio Hummes, enviou aos presbíteros uma carta com ocasião do Dia do Presbítero, que se celebra hoje, festividade de São João Maria Vianney.

* * *

Jesus disse: “Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo 12,47).

Caros Presbíteros,

A atual cultura ocidental dominante, sempre mais difundida em todo o mundo, através da mídia global e da mobilidade humana, também nos países de outras culturas, apresenta novos desafios, não pouco empenhativos, para a evangelização. Trata-se de uma cultura marcada profundamente por um relativismo que recusa toda afirmação de uma verdade absoluta e transcendente e, em consequência, arruína também os fundamentos da moral e se fecha à religião. Dessa forma, perde-se a paixão pela verdade, relegada a uma “paixão inútil”. Jesus Cristo, no entanto, apresenta-se como a Verdade, o Logos universal, a Razão que ilumina e explica tudo o que existe. O relativismo, ademais, vem acompanhado de um subjetivismo individualista, que põe no centro de tudo o próprio ego. Por fim, chega-se ao niilismo, segundo o qual não há nada nem ninguém pelo qual vale a pena investir a própria inteira vida e, portanto, a vida humana carece de um verdadeiro sentido. Todavia, é preciso reconhecer que a atual cultura dominante, pós-moderna, traz consigo um grande e verdadeiro progresso científico e tecnológico, que fascina o ser humano, principalmente os jovens. O uso deste progresso, infelizmente, não tem sempre como escopo principal o bem do homem e de todos os homens. Falta-lhe um humanismo integral, capaz de dar-lhe seu verdadeiro sentido e finalidade. Poderíamos referir-nos ainda a outros aspectos dessa cultura: consumismo, libertinagem, cultura do espetáculo e do corpo. Não se pode, porém, não frisar que tudo isso produz um laicismo, que não quer a religião, faz de tudo para enfraquecê-la ou, ao menos, relegá-la à vida particular das pessoas.

Essa cultura produz uma descristianização, por demais visível, na maioria dos países cristãos, especialmente no Ocidente. O número das vocações sacerdotais caiu. Diminuiu também o número dos presbíteros, seja pela falta de vocações seja pelo influxo do ambiente cultural em que vivem. Tais circunstâncias poderiam conduzir-nos à tentação de um pessimismo desencorajante, que condena o mundo atual, e induzir-nos à retirada para a defensiva, nas trincheiras da resistência.

Jesus Cristo, ao invés, afirma: “Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo 12,47). Não podemos nem desencorajar-nos nem ter medo da sociedade atual nem simplesmente condená-la. É preciso salvá-la! Cada cultura humana, também a atual, pode ser evangelizada. Em cada cultura há “sementes do Verbo”, como aberturas para o Evangelho. Certamente, também na nossa atual cultura. Sem dúvida, também os assim chamados “pós-cristãos” poderiam ser tocados e reabrir-se, caso fossem levados a um verdadeiro encontro pessoal e comunitário com a pessoa de Jesus Cristo vivo. Em tal encontro, cada pessoa humana de boa vontade pode, por Ele, ser alcançada. Ele ama a todos e bate à porta de todos, porque quer salvar a todos, sem exceção. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, para todos. É o único mediador entre Deus e os homens.

Caríssimos Presbíteros, nós, pastores, nos tempos de hoje, somos chamados com urgência à missão, seja “ad gentes”, seja nas regiões dos países cristãos, onde tantos batizados afastaram-se da participação em nossas comunidades ou, até mesmo, perderam a fé. Não podemos ter medo nem permanecer quietos em casa. O Senhor disse a seus discípulos: “Por que tendes medo, homens fracos na fé?” (Mt 8, 26). “Não se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas no candeeiro, para que ilumine a todos os que estão na casa” (5,15). “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). “Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).

Não lançaremos a semente da Palavra de Deus apenas da janela de nossa casa paroquial, mas sairemos ao campo aberto da nossa sociedade, a começar pelos pobres, para chegar também a todas as camadas e instituições sociais. Iremos visitar as famílias, todas as pessoas, principalmente os batizados que se afastaram. Nosso povo quer sentir a proximidade da sua Igreja. Nós o faremos, indo à nossa sociedade com alegria e entusiasmo, certos da presença do Senhor conosco na missão e certos de que Ele baterá à porta dos corações aos quais O anunciarmos.

Cardeal Cláudio Hummes
Arcebispo Emérito de São Paulo
Prefeito da Congregação para o Clero

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Papa João XXIII – Exemplo de sacerdócio para o Ano Sacerdotal



Papa Giovanni XXIII
Nove anos de sacerdócio
Exercícios Espirituais
Martinengo, 19 a 25 de outubro de 1913


“É a sétima vez que me recolho neste lugar santo e agradável para pensar na minha alma. O dever principal que se me impõe é sempre o mesmo: bendizer ao Senhor, que continua a amar-me, preservando-me de quedas graves e confundindo-me no meu nada. Apenas digo ao Senhor: eis-me aqui, disposto a tudo, para as alegrias e também para as dores. ‘Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro’( FL 1, 21). Pensava pedir que me aliviassem um pouco o peso das minhas ocupações, indicando as que correspondem melhor ao meu temperamento. Mas decidi não fazer nada. Os superiores sabem tudo e isso me basta; sobretudo, se não me perguntarem, evitarei mostrar-lhes as minhas preferências por uma ou outra espécie de ocupações. Continuemos em frente, como sempre me repete o meu padre espiritual, com a cabeça no saco da Providência Divina.

Talvez estes sete anos passados já só signifiquem a abundância por parte de Deus para comigo. Não poderiam, porventura, começar agora os sete anos de escassez? Merecê-los-ia, tendo em conta a minha falta de correspondência a tantas graças. Portanto, que venha de bom grado a escassez purificadora; que venham as amarguras, as humilhações e as dores. Aceitá-las-ei de boa vontade, como prenda da sinceridade dos meus sentimentos de amor a Jesus. Portanto, será para mim uma satisfação aceitar com santo prazer todas as ocasiões, grandes e pequenas, que eu tiver durante o dia de confundir-me, de mortificar o meu amor próprio, sem, de forma alguma, revoltar-me, contente (como o caracol que recolhe – e trabalha fechado em si mesmo – as gotas do orvalho caído do céu). Não me importa que me humilhem, desde que tudo seja para glória de Deus e para meu verdadeiro bem, para santificação do meu espírito. Procurarei viver neste contínuo sentimento da minha pequenez e indignidade, e quando alguma coisa me molestar, serei feliz em repetir”.


Beato Papa João XXIII
Diário da alma, 3ªp., pp.222-223

terça-feira, 23 de junho de 2009

ANO SACERDOTAL – Bento XVI confia a Nossa Senhora e Padre Pio o Ano Sacerdotal



Ao visitar neste domingo, dia 21 de junho de 2009, o Santuário em que vivia o sacerdote capuchinho, São Pio de Pietrelcina, após a celebração da Missa, ao rezar o Angelus, o Papa Bento XVI confiou à intercessão amorosa de Nossa Senhora e de São Pio de Pietrelcina “de maneira especial o Ano Sacerdotal”, que ele inaugurou na sexta-feira passada, na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.

“Que esta seja uma ocasião privilegiada para se destacar o valor da missão e da santidade dos sacerdotes ao serviço da Igreja e da humanidade do terceiro milênio”.

Papa Bento XVI
Oração do Angelus
San Giovanni Rotondo

domingo, 21 de junho de 2009

ANO SACERDOTAL – Papa Bento XVI inaugura Ano pedindo sacerdotes santos



Bento XVI inaugura Ano Sacerdotal pedindo presbíteros santos

Que o coração de cada presbítero seja inflamado de amor por Jesus

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 19 de junho de 2009 (ZENIT.org)- Bento XVI inaugurou o Ano Sacerdotal na tarde desta sexta-feira, constatando a necessidade que a Igreja tem de santos sacerdotes.

Ao mesmo tempo, ao presidir as segundas vésperas na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na Basílica Vaticana, reconheceu que o maior sofrimento para a Igreja é o pecado dos sacerdotes.

A celebração começou quando o Papa se dirigiu à Capela do Coral da Basílica de São Pedro para venerar em silêncio o coração do Santo Cura de Ars, São João Maria Vianney; neste ano se comemora precisamente o 150º aniversário do seu falecimento.

“A Igreja tem necessidade de sacerdotes santos – disse o Papa na homilia; de ministros que ajudem os fiéis a experimentarem o amor misericordioso do Senhor e sejam suas testemunhas convictas.”

Por isso, convidou os crentes a pedirem “ao Senhor que inflame o coração de cada presbítero” de amor por Jesus.

“Como esquecer que nada causa mais sofrimento à Igreja, Corpo de Cristo, que os pecados dos seus pastores, sobretudo daqueles que se convertem em ‘ladrões de ovelhas’, seja porque as desviam com suas doutrinas privadas, seja porque as atam com os laços do pecado e da morte?”, perguntou-se o Papa.

“Também para nós, queridos sacerdotes, aplica-se o chamado à conversão e a recorrer à misericórdia divina, e igualmente devemos dirigir com humildade incessante a súplica ao Coração de Jesus, para que nos preserve do terrível risco de causar dano àqueles a quem devemos salvar”, disse o Papa aos numerosos presbíteros e bispos presentes.

Por isso, afirmou: “Nossa missão é indispensável para a Igreja e para o mundo, e exige fidelidade plena a Cristo e uma incessante união com Ele, isto é, exige que busquemos constantemente a santidade, como o fez São João Maria Vianney”.

Papa Bento XVI
Inauguração do Ano Sacerdotal

sexta-feira, 19 de junho de 2009

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – ANO SACERDOTAL – Carta do Papa Bento XVI para a proclamação do Ano Sacerdotal



Solenidade
19 de junho

CARTA DO SUMO PONTÍFICE BENTO XVI PARA A PROCLAMAÇÃO DE UM ANO SACERDOTAL POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO DO DIES NATALIS DO SANTO CURA D’ARS

SÍNTESE

Amados irmãos no sacerdócio,

Na próxima solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, sexta-feira 19 de Junho de 2009 – dia dedicado tradicionalmente à oração pela santificação do clero – tenho em mente proclamar oficialmente um «Ano Sacerdotal» por ocasião do 150.º aniversário do «dies natalis» de João Maria Vianney, o Santo Patrono de todos os párocos do mundo. Tal ano, que pretende contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um seu testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo, terminará na mesma solenidade de 2010. «O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus»: costumava dizer o Santo Cura d’Ars. Esta tocante afirmação permite-nos, antes de mais nada, evocar com ternura e gratidão o dom imenso que são os sacerdotes não só para a Igreja mas também para a própria humanidade. Penso em todos os presbíteros que propõem, humilde e quotidianamente, aos fiéis cristãos e ao mundo inteiro as palavras e os gestos de Cristo, procurando aderir a Ele com os pensamentos, a vontade, os sentimentos e o estilo de toda a sua existência. Como não sublinhar as suas fadigas apostólicas, o seu serviço incansável e escondido, a sua caridade tendencialmente universal? E que dizer da fidelidade corajosa de tantos sacerdotes que, não obstante dificuldades e incompreensões, continuam fiéis à sua vocação: a de «amigos de Cristo», por Ele de modo particular chamados, escolhidos e enviados?

Eu mesmo guardo ainda no coração a recordação do primeiro pároco junto de quem exerci o meu ministério de jovem sacerdote: deixou-me o exemplo de uma dedicação sem reservas ao próprio serviço sacerdotal, a ponto de encontrar a morte durante o próprio ato de levar o viático a um doente grave. Depois repasso na memória os inumeráveis irmãos que encontrei e encontro, inclusive durante as minhas viagens pastorais às diversas nações, generosamente empenhados no exercício diário do seu ministério sacerdotal. Mas a expressão utilizada pelo Santo Cura d’Ars evoca também o Coração traspassado de Cristo com a coroa de espinhos que O envolve. E isto leva o pensamento a deter-se nas inumeráveis situações de sofrimento em que se encontram imersos muitos sacerdotes, ou porque participantes da experiência humana da dor na multiplicidade das suas manifestações, ou porque incompreendidos pelos próprios destinatários do seu ministério: como não recordar tantos sacerdotes ofendidos na sua dignidade, impedidos na sua missão e, às vezes, mesmo perseguidos até ao supremo testemunho do sangue?


Os ensinamentos e exemplos de S. João Maria Vianney podem oferecer a todos um significativo ponto de referência. O Cura d’Ars era humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo: «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana: «Oh como é grande o padre! Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia». E, ao explicar aos seus fiéis a importância dos sacramentos, dizia: «Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há-de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. Depois de Deus, o sacerdote é tudo! Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu». Estas afirmações, nascidas do coração sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas, porém, revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do sacerdócio. Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: «Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra. Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. O padre não é padre para si mesmo, é-o para vós».


Tinha chegado a Ars, uma pequena aldeia com 230 habitantes, precavido pelo Bispo de que iria encontrar uma situação religiosamente precária: «Naquela paróquia, não há muito amor de Deus; infundi-lo-eis vós». Por conseguinte, achava-se plenamente consciente de que devia ir para lá a fim de encarnar a presença de Cristo, testemunhando a sua ternura salvífica: «Meu Deus, concedei-me a conversão da minha paróquia; aceito sofrer tudo aquilo que quiserdes por todo o tempo da minha vida!»: foi com esta oração que começou a sua missão. E, à conversão da sua paróquia, dedicou-se o Santo Cura com todas as suas energias, pondo no cume de cada uma das suas idéias a formação cristã do povo a ele confiado. Amados irmãos no sacerdócio, peçamos ao Senhor Jesus a graça de podermos também nós assimilar o método pastoral de S. João Maria Vianney. A primeira coisa que devemos aprender é a sua total identificação com o próprio ministério. Em Jesus, tendem a coincidir Pessoa e Missão: toda a sua ação salvífica era e é expressão do seu «Eu filial» que, desde toda a eternidade, está diante do Pai em atitude de amorosa submissão à sua vontade. Com modesta mas verdadeira analogia, também o sacerdote deve ansiar por esta identificação. Não se trata, certamente, de esquecer que a eficácia substancial do ministério permanece independentemente da santidade do ministro; mas também não se pode deixar de ter em conta a extraordinária frutificação gerada do encontro entre a santidade objetiva do ministério e a subjetiva do ministro. O Cura d’Ars principiou imediatamente este humilde e paciente trabalho de harmonização entre a sua vida de ministro e a santidade do ministério que lhe estava confiado, decidindo «habitar», mesmo materialmente, na sua igreja paroquial: «Logo que chegou, escolheu a igreja por sua habitação. Entrava na igreja antes da aurora e não saía de lá senão à tardinha depois do Angelus. Quando precisavam dele, deviam procurá-lo lá»

O seu exemplo induz-me a evidenciar os espaços de colaboração que é imperioso estender cada vez mais aos fiéis leigos, com os quais os presbíteros formam um único povo sacerdotal e no meio dos quais, em virtude do sacerdócio ministerial, se encontram «para os levar todos à unidade, “amando-se uns aos outros com caridade fraterna, e tendo os outros por mais dignos” (Rm 12, 10)».

Neste contexto, há que recordar o caloroso e encorajador convite feito pelo Concílio Vaticano II aos presbíteros para que «reconheçam e promovam sinceramente a dignidade e participação própria dos leigos na missão da Igreja. Estejam dispostos a ouvir os leigos, tendo fraternalmente em conta os seus desejos, reconhecendo a experiência e competência deles nos diversos campos da atividade humana, para que, juntamente com eles, saibam reconhecer os sinais dos tempos».


Amados sacerdotes, a celebração dos cento e cinquenta anos da morte de S. João Maria Vianney (1859) segue-se imediatamente às celebrações há pouco encerradas dos cento e cinquenta anos das aparições de Lourdes (1858). Já em 1959, o Beato Papa João XXIII anotara: «Pouco antes que o Cura d’Ars concluísse a sua longa carreira cheia de méritos, a Virgem Imaculada aparecera, noutra região da França, a uma menina humilde e pura para lhe transmitir uma mensagem de oração e penitência, cuja imensa ressonância espiritual há um século que é bem conhecida. Na realidade, a vida do santo sacerdote, cuja comemoração celebramos, fora de antemão uma viva ilustração das grandes verdades sobrenaturais ensinadas à vidente de Massabielle. Ele próprio nutria pela Imaculada Conceição da Santíssima Virgem uma vivíssima devoção, ele que, em 1836, tinha consagrado a sua paróquia a Maria concebida sem pecado e havia de acolher com tanta fé e alegria a definição dogmática de 1854».O Santo Cura d’Ars sempre recordava aos seus fiéis que «Jesus Cristo, depois de nos ter dado tudo aquilo que nos podia dar, quis ainda fazer-nos herdeiros de quanto Ele tem de mais precioso, ou seja, da sua Santa Mãe».

À Virgem Santíssima entrego este Ano Sacerdotal, pedindo-Lhe para suscitar no ânimo de cada presbítero um generoso relançamento daqueles ideais de total doação a Cristo e à Igreja que inspiraram o pensamento e a ação do Santo Cura d’Ars. Com a sua fervorosa vida de oração e o seu amor apaixonado a Jesus crucificado, João Maria Vianney alimentou a sua quotidiana doação sem reservas a Deus e à Igreja. Possa o seu exemplo suscitar nos sacerdotes aquele testemunho de unidade com o Bispo, entre eles próprios e com os leigos que é tão necessário hoje, como o foi sempre. Não obstante o mal que existe no mundo, ressoa sempre atual a palavra de Cristo aos seus apóstolos, no Cenáculo: «No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo» (Jo 16, 33). A fé no divino Mestre dá-nos a força para olhar confiadamente o futuro. Amados sacerdotes, Cristo conta convosco. A exemplo do Santo Cura d’Ars, deixai-vos conquistar por Ele e sereis também vós, no mundo atual, mensageiros de esperança, de reconciliação, de paz.

Com a minha bênção.
Vaticano, 16 de Junho de 2009
BENEDICTUS PP. XVI

segunda-feira, 15 de junho de 2009

CORPUS CHRISTI – Eucaristia, amor que transforma o mundo



Solenidade
11 de junho

Eucaristia, amor que transforma o mundo, explica Papa

Meditação na festa de Corpus Christi

CIDADE DO VATICANO, domingo, 14 de junho de 2009 (ZENIT.org)- A Eucaristia, explica Bento XVI, é o mistério do amor que tudo transforma, e que, portanto, transforma uma realidade tão simples, como o pão, para converter-se em presença de Deus na história.

Esta foi a reflexão cheia de esperança que o pontífice propôs aos milhares de fiéis que congregaram-se neste domingo ao meio-dia, sob um forte sol, na praça de São Pedro, para participar da oração mariana do Angelus, na solenidade do Corpus Christi.

O Corpus Christi, disse, falando da janela de seu apartamento, “é uma manifestação de Deus, um testemunho de que Deus é amor”.

“De maneira única e peculiar, esta festa nos fala do amor divino, do que é e do que faz. Diz-nos, por exemplo, que regenera ao entregar-se a si mesmo, que se recebe ao dar.”

Segundo o Papa, o amor “tudo transforma e, portanto, compreende-se que no centro desta festa do Corpus Christi encontra-se o mistério da transubstanciação, sinal de Jesus-Caridade, que transforma o mundo”.

“Ao contemplá-lo e adorá-lo, dizemos: sim, o amor existe, e dado que existe, as coisas podem mudar para melhor e nós podemos ter esperança. A esperança que procede do amor de Cristo nos dá força para viver e enfrentar as dificuldades.”

Por isso, disse o Papa, “cantamos, enquanto levamos em procissão o Santíssimo Sacramento; cantamos e louvamos a Deus que se revelou a nós escondendo-se no sinal do pão partido.

Deste Pão todos temos necessidade, pois é longo e cansativo o caminho para a liberdade, a justiça e a paz”.

Em Roma, Bento XVI celebrou o Corpus Christi na quinta-feira passada, festa litúrgica original, presidindo à missa ao ar livre na Basílica de São João de Latrão e a procissão pela rua que leva até a Basílica de Santa Maria Maior.

Santo Padre Papa Bento XVI
Oração mariana do Angelus, na solenidade do Corpus Christi

CORPUS CHRISTI – Bento XVI pede que os padres sejam exemplo de verdadeira devoção à Eucaristia



Solenidade
11 de junho

Bento XVI pede que padres sejam exemplo de verdadeira devoção à Eucaristia
Verdadeira devoção requer “veneração” e “respeito” pela liturgia; oração não deve ser “superficial e apressada”

ROMA, quinta-feira, 11 de junho de 2009 (ZENIT.org)- Às vésperas do início do Ano Sacerdotal (19 de junho), Bento XVI pediu que os sacerdotes sejam para os fiéis exemplo de uma “verdadeira devoção à Eucaristia”, cultivando pelo Corpo e Sangue do Senhor o amor “livre e puro que nos faz dignos ministros de Cristo”.

No início da noite de hoje (19h do horário de Roma), o Papa presidiu à Missa de Corpus Christi na Basílica de São João de Latrão. Após a celebração, o pontífice liderou a procissão até a Basílica de Santa Maria Maior e concedeu a bênção eucarística.

Em sua homilia, já com indicações do que espera para o Ano Sacerdotal, o Papa fez um apelo especial aos sacerdotes.

“Só a partir da união com Jesus pode-se ter aquela fecundidade espiritual que é fonte de esperança em seu ministério pastoral”, disse.

Bento XVI citou palavras de São Leão Magno, para fazer compreender que a participação no Corpo e Sangue de Cristo deve ter como objetivo fundamental “nos transformar naquilo que recebemos".

“Ser Eucaristia! Seja este o nosso desejo e esforço constante, para que a oferta do Corpo e Sangue do Senhor que fazemos sobre o altar esteja acompanhada do sacrifício das nossas vidas”, assinalou.

O Papa pediu que, “todos os dias”, os padres cultivem pelo Corpo e Sangue do Senhor “aquele amor livre e puro que nos faz dignos ministros de Cristo e testemunhas da sua alegria”.

Segundo o Pontífice, o que os fiéis esperam de um padre é “o exemplo de que é uma verdadeira devoção à Eucaristia; o amor que se vê ao passar longos momentos de silêncio e de adoração diante de Jesus”.


Bento XVI apontou o risco de se ter a fé como um dado já adquirido, principalmente em tempos em que se observa o risco de uma secularização intrínseca na Igreja.

Esta secularização interna pode-se “traduzir em um culto eucarístico formal e vazio, em celebrações destituídas daquela participação do coração que se exprime na veneração e no respeito pela liturgia”.

“É sempre forte a tentação de reduzir a oração a momentos superficiais e apressados, deixando-se submergir pelas atividades e preocupações terrenas”, disse o Papa.

‘O pão nosso de cada dia nos dai hoje’ –expressão do Pai Nosso–, segundo Bento XVI, remete-se também “ao pão da vida eterna que é dado na Santa Missa, a fim de que desde agora o mundo futuro comece em nós”.

“Com a Eucaristia, portanto, o céu vem sobre a terra, o advir de Deus ergue-se no presente, e o tempo é abraçado pela eternidade divina”, disse.

O Papa não escondeu sua alegria ao poder acompanhar Cristo Sacramentado pela Via Merulana, que leva da Basílica de São João de Latrão à Basílica de Santa Maria Maior.

O Papa acompanhava a Eucaristia ajoelhado em um genuflexório, em cima de uma caminhonete branca coberta com um toldo, quando caía a noite sobre a Cidade Eterna.

Os fiéis, com velas nas mãos, faziam do seu silêncio uma profissão de fé.

Santo Padre Papa Bento XVI
Homilia da Missa de Corpus Christi na Basílica de São João de Latrão

terça-feira, 9 de junho de 2009

ANO SACERDOTAL - Responsabilidade do sacerdote requer formação exigente



Audiência do Papa com o Seminário Francês de Roma

Papa afirma que responsabilidade do sacerdote requer formação exigente

CIDADE DO VATICANO, domingo, 7 de junho de 2009 (ZENIT.org)- A extraordinária responsabilidade do sacerdote, a quem são confiadas almas pelas quais Cristo deu sua vida, requer uma formação exigente, reconhece Bento XVI. Esta formação, esclarece, deve promover “a maturidade humana, as qualidades espirituais, o zelo apostólico e o rigor intelectual”.

O Pontífice traçou as características fundamentais que devem fazer parte da formação do futuro sacerdote, ao receber, neste sábado, a comunidade do Seminário Francês de Roma, onde vivem seminaristas e sacerdotes que estudam nas universidades pontifícias da Cidade Eterna.

A audiência foi realizada no momento em que os sacerdotes da Congregação do Espírito Santo, que fundaram e dirigiram este seminário desde 1853, passam a responsabilidade à Conferência Episcopal da França, ao não poder continuar garantindo esta função por falta de religiosos.

Nestes 156 anos de vida, o seminário formou 4.800 estudantes de todas as dioceses francesas e de vários países do mundo. Cerca de 60 dos atuais Bispos da França e do mundo – alguns Cardeais – estudaram neste seminários, assim como o Patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I. Como explica a Zenit o Pe. Jean-Baptiste Edart, Prefeito de estudos do seminário, este centro acolhe seminaristas e sacerdotes de várias nacionalidades, alguns ortodoxos ou católicos que não são de rito latino.

“A tarefa de formar sacerdotes é uma missão delicada”, explicou o Papa no discurso que dirigiu à comunidade do seminário, que neste domingo participou de uma missa presidida pelo Cardeal André Vingt-Trois, Arcebispo de Paris e presidente da Conferência Episcopal da França na Basílica de São Pedro, por ocasião da solenidade da Santíssima Trindade, para agradecer o serviço prestado pela Congregação do Espírito Santo.

“A formação proposta no seminário é exigente, pois uma porção do Povo de Deus será confiada à solicitude pastoral dos futuros sacerdotes, esse povo que Cristo salvou e pelo qual deu sua vida”, acrescentou.


Segundo o Bispo de Roma, “é conveniente que os seminaristas recordem que a Igreja é exigente com eles, pois terão de cuidar daqueles a quem Cristo atraiu para si por um preço tão alto”.

O Papa enumerou assim “as aptidões que se pedem aos futuros sacerdotes”: “maturidade humana, qualidades espirituais, zelo apostólico, rigor intelectual. Para alcançar estas virtudes – disse –, os candidatos ao sacerdócio não só devem poder vê-las em seus formadores, mas devem poder ser os primeiros beneficiários destas qualidades vividas e dispensadas por aqueles que têm a tarefa de fazê-los crescer.”

“É uma lei da nossa humanidade e da nossa fé o fato de que, com grande frequência, não somos capazes de dar o que não recebemos de Deus através das mediações eclesiais e humanas que ele instituiu.”

“Quem tem a tarefa do discernimento e da formação deve recordar que a esperança que tem pelos demais é, em primeiro lugar, um dever para ele mesmo.”

Às vésperas do ano sacerdotal, o Papa traçou este perfil do presbítero citando uma descrição do cardeal Emmanuel Suhard (1874-1949), arcebispo de Paris durante a 2ª Guerra Mundial: “Eterno paradoxo o do sacerdote: ele tem em si dois contrários. Concilia, com o preço de sua vida, a fidelidade a Deus e a fidelidade ao homem. Parece pobre e sem forças... Não tem nem os meios políticos, nem os recursos financeiros, nem a força das armas, recursos dos quais os outros se servem para conquistar a terra. Sua força consiste em estar desarmado e poder tudo n’Aquele que o fortalece”.

“Que estas palavras que evocam tão bem a figura do Santo Cura de Ars”, São João Maria Vianney, padroeiro dos párocos, em honra de quem o Papa convocou o ano do sacerdócio, pois se celebrarão os 150 anos do seu falecimento, “permitam que numerosos jovens cristãos da França, que desejam uma vida útil e fecunda para servir ao amor de Deus, escutem este chamado vocacional”, concluiu Bento XVI.

Santo Padre Papa Bento XVI
Audiência no Pontifício Seminário Gallicum de Roma

ANO SACERDOTAL - Formar padres é uma missão delicada



Bento XVI afirmou à comunidade do Seminário francês de Roma que formar padres é uma missão delicada

Maturidade humana, qualidades espirituais, zelo apostólico e rigor intelectual são para Bento XVI as aptidões que se requerem aos futuros padres. O Papa recebeu em audiência especial neste sábado, 06 de junho, na Sala Clementina do palácio Apostólico do Vaticano, padres e frades da Congregação do Espírito Santo e prelados e membros do Pontifício Seminário Gallicum de Roma (Seminário Pontifício Francês). O encontro aconteceu por conta da mudança, após 156 anos, da liderança do Seminário. Por falta de meios suficientes para prosseguir o serviço, o Seminário, fundado e regido pela Congregação do Espírito Santo, passará à responsabilidade da Conferência Episcopal Francesa.

O Papa começou por recordar a meritória atividade formativa desenvolvida, desde a origem desta instituição, pela Congregação do Espírito Santo (Espiritanos), acompanhando cerca de cinco mil seminaristas ou padres jovens, ao longo de um século e meio.

Bento XVI sublinhou que mantém toda a sua força e validade o carisma da Congregação fundada pelo venerável Pe. Liberman, nomeadamente nas missões africanas, e fez votos de que o Senhor abençoe a Congregação e as suas missões. Detendo-se depois na exigente missão de formar novos padres, observou Bento XVI:

"A tarefa de formar padres é uma missão delicada. O eterno paradoxo do sacerdote é que ele é portador em si mesmo de opostos: ele concilia, ao preço da vida, a fidelidade a Deus e ao homem. A formação proposta no seminário é exigente porque é uma porção do povo de Deus que será confiada à solicitude pastoral dos futuros padres, este povo que Cristo salvou e pelo qual deu a sua vida".

Bento XVI recordou também que a particularidade do Seminário Francês reside no fato de se encontrar "na cidade de Pedro", fazendo votos para que "no decurso da sua estadia em Roma os seminaristas possam familiarizar-se de modo privilegiado com a história da Igreja, descobrir as dimensões da sua catolicidade e a sua unidade viva à volta do sucessor de Pedro, de modo que o amor da Igreja se fixe para sempre no seu coração de pastor".

Santo Padre Papa Bento XVI
Audiência no Pontifício Seminário Gallicum de Roma
Radio Vaticano

ANO SACERDOTAL – Ano para mostrar amor da Igreja aos sacerdotes (II)



Entrevista com o Cardeal Claudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero

Cardeal: Ano para mostrar amor da Igreja aos sacerdotes (II)


Continuação da entrevista


CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 5 de junho de 2009 (ZENIT.org)- No próximo dia 19 de junho, o Papa Bento XVI inaugurará na Basílica de São Pedro o Ano Sacerdotal, com o tema: “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote”. Durante este ano, Bento XVI proclamará São João Maria Vianney como “padroeiro de todos os sacerdotes do mundo”. Também será publicado o “Diretório para os confessores e diretores espirituais”, assim como uma recopilação de textos do Papa sobre temas essenciais da vida e da missão sacerdotal na época atual. Zenit conversou com o Cardeal brasileiro Claudio Hummes, O.F.M., Prefeito da Congregação do Clero e Bispo emérito de São Paulo, que apresenta este Ano como “propositivo” e como uma oportunidade para que os sacerdotes recordem que “a Igreja os ama, que se preocupa com eles”. A primeira parte desta entrevista foi publicada em 04 de junho.

– Como o senhor acha que deve ser a formação de um seminarista nos âmbitos pessoal, espiritual, intelectual e litúrgico? Que aspectos acha que não podem faltar?

– Cardeal Hummes: A Igreja fala de quatro dimensões que devem ser cultivadas com os candidatos.

Em primeiro lugar, a dimensão humana, a afetiva – toda questão de sua pessoa –, sua natureza, sua dignidade e uma maturidade afetiva normal. Isso é importante, porque é a base.

Depois está a dimensão espiritual. Hoje nos encontramos diante de uma cultura que já não é nem cristã nem religiosa. Portanto, é ainda mais necessário desenvolver bem a espiritualidade nos candidatos.

Existe também a dimensão intelectual. É necessário estudar filosofia e teologia para que os sacerdotes sejam capazes de falar e de anunciar Jesus Cristo e sua mensagem hoje, de modo que se evidencie toda a riqueza do diálogo entre a fé e a razão humana. Deus é o Logos de tudo e Jesus Cristo é sua explicação.

Depois, obviamente, está a dimensão de apostolado, ou seja, deve-se preparar estes candidatos para ser pastores no mundo de hoje. Neste âmbito pastoral, hoje é muito importante a identidade missionária. Os sacerdotes devem ter não só uma preparação, mas também um estímulo forte para não limitar-se só a receber e oferecer o serviço àqueles que vem para vê-los, mas também para sair em busca das pessoas que não vão à Igreja, sobretudo daqueles batizados que se afastaram porque não foram suficientemente evangelizados, e que têm o direito de sê-lo, porque prometemos levar Jesus Cristo, educar na fé. Isso muitas vezes não se fez ou se fez muito pouco. O sacerdote deve ir em missão e preparar sua comunidade para que vá anunciar Jesus Cristo às pessoas, ao menos àqueles que estão no território de sua paróquia, mas também mais além desta. Hoje, esta dimensão missionária é muito importante. O discípulo se converte em missionário com sua adesão entusiasta, alegre a Cristo, capaz de revestir d’Ele incondicionalmente toda sua vida. Devemos ser como os discípulos: fervorosos, missionários, alegres. Nisto consiste a chave, o segredo.


– Que atividades especiais vão realizar neste ano, tanto para os jovens como para os próprios sacerdotes?

– Cardeal Hummes: Haverá iniciativas no âmbito da Igreja universal, mas o ano do sacerdote deve ser celebrado também a nível local. Ou seja, nas igrejas locais, nas dioceses e nas paróquias, porque os sacerdotes são os ministros do povo e devem incluir as comunidades. As dioceses devem impulsionar iniciativas tanto de aprofundamento como de celebração, para levar aos sacerdotes a mensagem de que a Igreja os ama, respeita, admira e se sente orgulhosa deles.

O Papa abrirá o Ano Sacerdotal em 19 de junho, na Festa do Sagrado Coração de Jesus, porque é a Jornada Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes. Haverá vésperas solenes celebradas na basílica vaticana, estará presente a relíquia do Cura d’Ars. Seu coração estará na Basílica como sinal da importância que o Papa quer dar aos sacerdotes. Esperamos que muitos sacerdotes estejam presentes.

O encerramento acontecerá um ano depois. Ainda está por definir-se a data exata do grande encontro do Papa com os sacerdotes, ao qual estão convidadas todas as dioceses. Haverá outras muitas iniciativas. Estamos pensando também em realizar um congresso teológico internacional nos dias precedentes ao encerramento. Também haverá exercícios espirituais. Esperamos também poder envolver as universidades católicas, para que possam aprofundar no sentido do sacerdócio, na teologia do sacerdócio e em todos os temas que são importantes para os sacerdotes.

– O senhor poderia falar-nos agora dos desafios que um sacerdote enfrenta nesta sociedade tão anti-religiosa? Como crê que pode permanecer fiel a sua vocação?

– Cardeal Hummes: Em primeiro lugar, a Igreja, através de seus seminários e formadores, deve fazer uma seleção muito rigorosa dos candidatos. Depois, é necessário ter uma boa formação, fundamentalmente na dimensão humana, intelectual, espiritual, pastoral e missionária. É fundamental recordar que o sacerdote é discípulo de Jesus Cristo e estar seguro de que tenha tido este encontro pessoal e comunitário intenso com Jesus Cristo, tenha lhe dado sua adesão. Cada missa pode ser um momento muito forte para este encontro. Mas também a leitura da Palavra de Deus.

Como dizia João Paulo II, há muitas oportunidades para testemunhar o encontro com Jesus Cristo. É fundamental ser um missionário capaz de renovar este zelo sacerdotal, de sentir-se alegre e convencido de sua missão e de conscientizar-se de que isso tem um sentido fundamental para a Igreja e para o mundo.

Sempre digo que os sacerdotes não são importantes só pelo aspecto religioso dentro da Igreja. Desempenham também um grandioso trabalho na sociedade, porque promovem os grandes valores humanos, estão muito perto dos pobres com a solidariedade, a atenção pelos direitos humanos. Creio que devemos ajudá-los para que vivam esta vocação com alegria, com muita lucidez e também com coração, para que sejam felizes, dado que se pode ser feliz no sacrifício e no cansaço.

Ser feliz não está em contradição com o sofrimento. Jesus não era infeliz na cruz. Sofria tremendamente, mas estava feliz, porque sabia que o fazia por amor e que isto tinha um sentido fundamental para a salvação do mundo. Era um gesto de fidelidade a seu Pai.

– Que outros santos o senhor acha acha que podem ser modelos para o sacerdote de hoje?

– Cardeal Hummes: Obviamente, o grande ideal é sempre Jesus Cristo, o Bom Pastor. No caso dos apóstolos, sobretudo São Paulo. Celebramos o Ano Paulino. Vê-se que ele era uma figura realmente impressionante e que pode ser sempre uma grande inspiração para os sacerdotes, sobretudo em uma sociedade que já não é cristã. Cruzou as fronteiras de Israel para ser apóstolo dos gentios, dos pagãos. Em um mundo que está se afastando tanto de qualquer manifestação religiosa, seu exemplo é fundamental. São Paulo tinha esta consciência muito forte: Jesus veio para salvar, não para condenar. É a mesma consciência que devemos ter nós diante do mundo de hoje.

Cardeal Dom Cláudio Hummes
Prefeito da Congregação para o Clero
Em entrevista a Zenit

sexta-feira, 5 de junho de 2009

ANO SACERDOTAL – Ano para mostrar amor da Igreja aos sacerdotes (I)



Entrevista de Zenit com o Cardeal Dom Claudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero

Cardeal: Ano para mostrar amor da Igreja aos sacerdotes (I)

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 4 de junho de 2009 (ZENIT.org) - No próximo dia 19 de junho, o Papa Bento XVI inaugurará na Basílica de São Pedro o Ano Sacerdotal, com o tema: “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote”. Durante este ano, Bento XVI proclamará São João Maria Vianney como “padroeiro de todos os sacerdotes do mundo”. Igualmente, será publicado o “Diretório para os confessores e diretores espirituais”, assim como uma recopilação de textos do Papa sobre temas essenciais da vida e da missão sacerdotal na época atual.

Zenit conversou com o Cardeal brasileiro Claudio Hummes, O.F.M., Prefeito para a Congregação do Clero e Bispo emérito de São Paulo, que apresenta este ano como “propositivo” e como uma oportunidade para que os sacerdotes recordem que “a Igreja os ama, que se preocupa com eles”.

– Qual é o principal objetivo do ano sacerdotal?

– Cardeal Hummes: Em primeiro lugar, a circunstância. Será um ano jubilar pelos 150 anos da morte de São João Maria Vianney, mais conhecido como o Santo Cura de Ars. Esta é a oportunidade, mas o motivo fundamental é que o Papa quer dar aos sacerdotes uma importância especial e dizer quanto os ama, quanto os quer ajudar a viver com alegria e com fervor sua vocação e missão.

Esta iniciativa do Papa acontece em um momento de grande expansão de uma nova cultura: hoje domina a cultura pós-moderna, relativista, urbana, pluralista, secularizada, laicista, na qual os sacerdotes devem viver sua vocação e sua missão.

O desafio é entender como ser sacerdote neste novo tempo, não para condenar o mundo, mas para salvar o mundo, como Jesus, que não veio para condená-lo mas para salvá- lo. O sacerdote deve fazer isso de coração, com muita abertura, sem “demonizar” a sociedade. Deve estar integrado nela com a alegria missionária de querer levar as pessoas desta sociedade a Jesus Cristo.

É necessário dar uma oportunidade para que todos rezem com os sacerdotes e pelos sacerdotes, convocar os sacerdotes a rezar, fazê-lo da melhor maneira possível na sociedade atual e também, eventualmente, tomar iniciativas para que os sacerdotes tenham melhores condições para viver sua vocação e a missão.

É um ano positivo e propositivo. Não se trata, em primeiro lugar, de corrigir os sacerdotes. Há problemas que sempre devem ser corrigidos e a Igreja não pode fechar os olhos, mas sabemos que a grande maioria dos sacerdotes tem uma grande dignidade e adere ao seu ministério e à sua vocação. Dão sua vida por esta vocação que aceitaram livremente.

Lamentavelmente, existem os problemas dos quais nos inteiramos nos últimos anos relativos à pedofilia e outros delitos sexuais graves, mas, como máximo, talvez podem chegar a 4% do clero. A Igreja quer dizer aos 96% restantes que estamos orgulhosos deles, que são homens de Deus e que queremos ajudá-los e reconhecer tudo o que fazem como testemunho de vida.

É também um momento oportuno para intensificar e aprofundar a questão de como ser sacerdotes neste mundo que muda e que Deus colocou diante de nós para ser salvo.


– Por que o Papa apresentou São João Maria Vianney como modelo para os sacerdotes?

– Cardeal Hummes: Porque há muito tempo é o padroeiro dos párocos. Faz parte do mundo do presbítero. Queremos também estimular várias nações e conferências episcopais ou igrejas locais para que escolham algum sacerdote exemplar de sua área, apresentá-lo ao mundo e aos jovens. Homens e sacerdotes que sejam verdadeiramente modelos, que possam inspirar e possam renovar a convicção do grande valor e da importância do ministério sacerdotal.

– Para o senhor, como sacerdote, qual é o aspecto mais belo de sua vocação?

– Cardeal Hummes: Esta pergunta me faz recordar um fato de São Francisco de Assis, que disse uma vez: “Se me encontrasse pelo caminho com um sacerdote e um anjo, saudaria primeiro o sacerdote e depois o anjo. Por quê? Porque o sacerdote é quem nos dá Cristo na Eucaristia”. Isto é o mais fundamental e maravilhoso: o sacerdote tem o dom e a graça de Deus para ser ministro deste grande mistério da Eucaristia.

O sacerdócio foi instituído por Jesus Cristo na Última Ceia. Quando disse “Fazei isto em memória de mim”, deu aos apóstolos este mandamento e também o poder de fazer isto, de fazer o mesmo que Jesus fez na última ceia. E estes apóstolos transmitiram, por sua vez, este ministério e este poder divino aos homens que são Bispos e sacerdotes.

Isto é o mais importante e o centro. A Eucaristia é o centro da Igreja. O Papa João Paulo II disse que a Igreja vive da Eucaristia. O sacerdote é o ministro deste grande sacramento, que é o memorial da morte de Jesus.

E depois temos também o sacramento da Reconciliação. Jesus disse: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados” (Jo 20, 23). Veio para reconciliar o mundo com Deus e os seres humanos entre eles. Deu o Espírito Santo aos apóstolos, soprando sobre eles.

Ele deu aos apóstolos, em nome de Deus e seu, aquilo que havia adquirido com seu sangue e com sua vida na Cruz, transformando a violência em um ato de amor para o perdão dos pecados. E disse aos apóstolos que serão os ministros deste perdão. Isto é fundamental para todos. Cada um quer ser perdoado de seus pecados, estar em paz com Deus e com os demais. O mistério da reconciliação é muito importante na vida do sacerdote.

Há outras muitas ações, como a evangelização, o anúncio da pessoa de Jesus Cristo morto e ressuscitado, de seu reino. O mundo tem direito de saber e conhecer Jesus Cristo e tudo o que significa seu Reino. Este é um ministério específico também do sacerdote, que compartilha com os Bispos e com os leigos, que fazem o anúncio da Palavra e devem levar as pessoas a um encontro intenso e pessoal com Jesus Cristo.


Cardeal Dom Cláudio Hummes
Arcebispo Emérito de São Paulo
Prefeito da Congregação para o Clero


quinta-feira, 28 de maio de 2009

ANO SACERDOTAL: Carta do Cardeal Hummes para o Ano Sacerdotal



ANO ESPECIAL DE ORAÇÃO DOS SACERDOTES, COM OS SACERDOTES E PELOS SACERDOTES

Começa no dia 19 de junho de 2009

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 26 de maio de 2009 (ZENIT.org)- Publicamos a carta que o Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Claudio Hummes, escreveu com motivo do Ano Sacerdotal, convocado por Bento XVI a partir de 19 de junho de 2009, por ocasião do 150º aniversário da morte de São João Maria Vianney, o Santo Cura D'Ars.

* * *

O ANO SACERDOTAL

Caros Sacerdotes,

Povo ama seus Sacerdotes e os quer santos e felizes

O Ano Sacerdotal, anunciado por nosso amado Papa Bento XVI, para celebrar o 150º aniversário da morte de S. João Maria Vianney, o Santo Cura D’Ars, está às portas. O Santo Padre o abrirá a 19 de junho p.f., Festa do Sagrado Coração de Jesus e Dia Mundial de oração pela santificação dos sacerdotes. O anúncio deste ano especial teve uma repercussão mundial positiva, especialmente entre os próprios sacerdotes. Todos queremos empenhar-nos com determinação, profundidade e fervor, a fim de que seja um ano amplamente celebrado em todo o mundo, nas dioceses, nas paróquias, em cada comunidade local, com envolvimento caloroso do nosso povo católico, que sem dúvida ama seus padres e os quer ver felizes, santos e alegres no trabalho apostólico quotidiano.

A Igreja está orgulhosa de seus Sacerdotes

Deverá ser um ano positivo e propositivo, em que a Igreja quer dizer antes de tudo aos sacerdotes, mas também a todos os cristãos, à sociedade mundial, através dos meios de comunicação global, que ela se orgulha de seus sacerdotes, os ama, os venera, os admira e reconhece com gratidão seu trabalho pastoral e seu testemunho de vida. Realmente, os sacerdotes são importantes não só pelo que fazem, mas também pelo que são. Ao mesmo tempo, é verdade que alguns deles apareceram envolvidos em problemas graves e situações delituosas. Obviamente, é preciso continuar a investigá-los, julgá-los devidamente e puni-los. Estes casos, contudo, dizem respeito somente a uma porcentagem muito pequena do clero. Na sua imensa maioria, os sacerdotes são pessoas muito dignas, dedicadas ao ministério, homens de oração e de caridade pastoral, que investem toda sua vida na realização de sua vocação e missão, muitas vezes com grandes sacrifícios pessoais, mas sempre com amor autêntico a Jesus Cristo, à Igreja e ao povo, solidários com os pobres e os sofridos. Por isso, a Igreja está orgulhosa de seus sacerdotes em todo o mundo.


Dias de recolhimento e exercícios espirituais

Este ano seja também ocasião para um período de intenso aprofundamento da identidade sacerdotal, da teologia do sacerdócio católico e do sentido extraordinário da vocação e da missão dos sacerdotes na Igreja e na sociedade. Isso exigirá congressos de estudo, jornadas de reflexão, exercícios espirituais específicos, conferências e semanas teológicas em nossa faculdades eclesiásticas, pesquisas científicas e respectivas publicações.

Ano de renovação da espiritualidade de cada Sacerdote

O Santo Padre, em seu discurso de anúncio, durante a Assembléia Plenária da Congregação para o Clero, a 16 de março p.p., disse que com este ano especial pretende-se «favorecer esta tensão dos sacerdotes para a perfeição espiritual da qual sobretudo depende a eficácia do seu ministério». Por esta razão, deve ser, de modo muito especial, um ano de oração dos sacerdotes, com eles e por eles, um ano de renovação da espiritualidade do presbitério e de cada presbítero.

Adoração Eucarística e Maternidade espiritual pela santificação dos Sacerdotes

A adoração eucarística pela santificação dos sacerdotes e a maternidade espiritual de monjas, de religiosas consagradas e de leigas referente a sacerdotes, como já proposto, tempos atrás, pela Congregação para o Clero, poderiam ser desenvolvidas com frutos reais de santificação.

Sacerdotes: alguns na pobreza e privação

Seja um ano em que se examinem de novo as condições concretas e a sustentação material em que vivem nossos sacerdotes, às vezes submetidos a situações de dura pobreza.


Aos Sacerdotes, a comunhão e a amizade

Seja, ao mesmo tempo, um ano de celebrações religiosas e públicas, que levem o povo, as comunidades católicas locais, a rezar, a meditar, a festejar e a prestar uma justa homenagem a seus sacerdotes. A festa na comunidade eclesial constitui uma expressão muito cordial, que exprime e nutre a alegria cristã, uma alegria que brota da certeza de que Deus nos ama e festeja conosco. Será uma oportunidade para desenvolver a comunhão e a amizade dos sacerdotes com a comunidade que lhes foi confiada.

Criatividade das Igrejas locais

Muitos outros aspectos e iniciativas poderiam ser nomeados para enriquecer o Ano Sacerdotal. Aqui deverá entrar a justa criatividade das Igrejas locais. Por esta razão, convém que cada Conferência Episcopal, cada diocese, cada paróquia e comunidade local estabeleçam, quanto antes, um verdadeiro e próprio programa para este ano especial. Obviamente, será muito importante começar o ano com um evento significativo. No próprio dia da abertura do Ano Sacerdotal em Roma com o Santo Padre, 19 de junho, as Igrejas locais são convidadas a participar, de algum modo, quiçá com um ato litúrgico específico e festivo. Os que puderem vir a Roma para a abertura, venham para manifestar assim a própria participação nesta feliz iniciativa do Papa. Deus, sem dúvida, abençoará este empenho com grande amor. E a Santíssima Virgem Maria, Rainha do Clero, intercederá por todos vós, caros sacerdotes!


Cardeal Dom Cláudio Hummes
Arcebispo Emérito de São Paulo
Prefeito da Congregação para o Clero


sábado, 16 de maio de 2009

Ano Sacerdotal: Indulgências especiais



Um decreto da Penitenciária Apostólica divulgou as condições

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 12 de maio de 2009 (ZENIT.org) - Os sacerdotes e fiéis que realizarem determinados exercícios de piedade durante o Ano Sacerdotal receberão a indulgência plenária.

Assim informa um decreto divulgado hoje pela Sala de Imprensa da Santa Sé, assinado pelo cardeal James Francis Stafford e pelo bispo Gianfranco Girotti, O.F.M., penitenciário maior e regente da Penitenciária Apostólica, respectivamente.

A Igreja celebrará o Ano Sacerdotal do dia 19 de junho de 2009 até o mesmo dia do ano seguinte, por ocasião do 150º aniversário da morte de São João Maria Vianney, o Cura de Ars.

O Ano Sacerdotal começará no dia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, com a celebração, presidida pelo Papa, das Vésperas diante das relíquias de São João Maria Vianney, levadas a Roma pelo Bispo de Belley-Ars.

Bento XVI concluirá o “sagrado período” um ano depois, na Praça de São Pedro, com sacerdotes do mundo inteiro, que “renovarão a fidelidade a Cristo e o vínculo de fraternidade”, segundo o texto.


O decreto explica detalhadamente as modalidades para a obtenção das indulgências:

1-Em primeiro lugar, poderão obter a indulgência plenária os sacerdotes que, “arrependidos de coração”, rezem qualquer dia as Laudes ou Vésperas diante do Santíssimo Sacramento exposto para a adoração pública ou no sacrário e, seguindo o exemplo de São João Maria Vianney, ofereçam-se para celebrar os sacramentos, sobretudo a Confissão, “com espírito generoso e disposto”.

2-O texto indica que os sacerdotes poderão beneficiar-se da indulgência plenária aplicável a outros sacerdotes defuntos como sufrágio, se, em conformidade com as disposições vigentes, se confessarem, comungarem e rezarem pelas intenções do Papa.

3-Também receberão indulgência parcial, sempre aplicável aos irmãos no sacerdócio defuntos, “cada vez que rezarem orações devidamente aprovadas para levar uma vida santa e cumprir os ofícios que lhes foram confiados”.

4-Por outro lado, todos os cristãos poderão beneficiar-se de indulgência plenária sempre que, “arrependidos de coração”, assistirem à Santa Missa e oferecerem pelos sacerdotes da Igreja orações a Jesus Cristo e qualquer boa obra.

Tudo isso complementado com o sacramento da confissão e a oração pelas intenções do Papa “nos dias em que se abra e se conclua o Ano Sacerdotal, no dia do 150º aniversário da morte de São João Maria Vianney, nas primeiras quintas-feiras de cada mês ou em qualquer outro dia estabelecido pelos Ordinários dos lugares para a utilidade dos fiéis”.

Os idosos, doentes e todos aqueles que, por motivos legítimos, não possam sair de casa, também poderão obter a indulgência plenária se, com ânimo afastado do pecado e o propósito de cumprir as três condições necessárias assim que lhes for possível, “nos dias indicados rezarem pela santificação dos sacerdotes e oferecerem a Deus, por meio de Maria, Rainha dos Apóstolos, suas doenças e sofrimentos”.

O decreto indica que se concederá a indulgência parcial a todos os fiéis cada vez que rezarem 5 Pai Nossos, Ave Marias e Glórias, e outra oração devidamente aprovada “em honra do Sagrado Coração de Jesus, para que os sacerdotes se conservem em pureza e santidade de vida”.

O texto indica que o Santo Cura de Ars “aqui na terra foi um maravilhoso modelo de verdadeiro pastor do rebanho de Cristo”.

Também destaca que as indulgências podem ajudar os sacerdotes, junto com a oração e as boas obras, a obter “a graça de resplandecer com a fé, a esperança, a caridade e as demais virtudes” e “mostrar com sua conduta de vida, também com seu aspecto exterior, que estão plenamente dedicados ao bem espiritual das pessoas”.


Fonte: Zenit


sábado, 9 de maio de 2009

Ano Sacerdotal – Caminhando de encontro ao Ano Sacerdotal



Na Carta aos Sacerdotes na quinta-feira santa de 1986, o Papa João Paulo II escreveu:

“O sacramento da reconciliação e o da Eucaristia estão estreitamente unidos. Sem uma conversão constantemente renovada, junto à acolhida da graça sacramental do perdão, a participação na Eucaristia não logrará sua plena eficácia redentora. Como Cristo, que começou seu ministério com a exortação «arrependei-vos e crede no Evangelho» (Mc 1, 15), o Cura d’Ars começava geralmente a sua atividade diária com o sacramento do perdão. Mas se alegrava conduzindo à Eucaristia os seus penitentes já reconciliados. A Eucaristia ocupava certamente o centro de sua vida espiritual e de seu labor pastoral. Costumava dizer: «Todas as boas obras juntas não podem comparar-se com o Sacrifício da Missa pois são obras dos homens, enquanto que a Santa Missa é Obra de Deus». Nela se faz presente o sacrifício do Calvário para redenção do mundo. Evidentemente, o sacerdote deve unir ao oferecimento da Missa a doação cotidiana de si mesmo. «Portanto, é bom que o sacerdote se ofereça a Deus em sacrifício todas as manhãs». «A comunhão e o santo sacrifício da Missa são os dois atos mais eficazes para conseguir a transformação dos corações».

Deste modo, a Missa era para João Maria Vianney a grande alegria e alento em sua vida de sacerdote. Apesar da afluência de penitentes, se preparava com toda diligência e em silêncio durante mais de um quarto de hora. Celebrava com recolhimento, deixando entrever sua atitude de adoração nos momentos da consagração e da comunhão. Com grande realismo, enfatizava: «A causa do relaxamento do sacerdote está em não dedicar suficiente atenção à Missa».


O Cura d’Ars detinha-se particularmente ante a presença real de Cristo na Eucaristia. Ante o tabernáculo passava frequentemente longas horas de adoração, antes de amanhecer ou durante a noite. Em suas homilias costumava apontar o Sacrário dizendo com emoção: «Ele está ali». Por isso, ele, que tão pobremente vivia em sua casa paroquial, não duvidava em gastar quanto fosse necessário para embelezar a Igreja. Logo se pode ver o bom resultado: os fiéis tomaram por costume o ir rezar ante o Santíssimo Sacramento, descobrindo, através da atitude de seu pároco, o grande mistério da fé.

Por Cristo, trata de conformar-se fielmente às exigências radicais que Jesus propõe no Evangelho aos discípulos que envia em missão: oração, pobreza, humildade, renúncia de si mesmo e penitência voluntária. E, como Cristo, sente por seus fiéis um amor que lhe leva a uma entrega pastoral sem limites e ao sacrifício de si mesmo. Raramente um pastor foi até este consciente de suas responsabilidades, devorado pelo desejo de arrancar seus fiéis do pecado ou da tibieza. «Oh Deus meu, concedei-me a conversão de minha paróquia! Aceito sofrer tudo o que quiserdes por toda a minha vida».

Ante tal testemunho, vem à nossa mente o que o Concílio Vaticano II nos diz hoje acerca dos sacerdotes: «Seu ofício sagrado o exercem, sobretudo, no culto ou assembléia eucarística» (Lumen gentium, 28). E, mais recentemente, o Sínodo extraordinário (dezembro de 1985) recordava: «A liturgia deve fomentar o sentido do sagrado e fazê-lo resplandecer. Deve estar imbuída de reverência e da glorificação de Deus. A Eucaristia é a fonte e o cume de toda a vida cristã».


Queridos irmãos sacerdotes, o exemplo do Cura d’Ars nos convida a um sério exame de consciência. Que lugar ocupa a santa Missa em nossa vida cotidiana? A Missa continua sendo como no dia de nossa Ordenação, a qual foi nosso primeiro ato como sacerdotes, o princípio de nosso labor apostólico e de nossa santificação pessoal? Como é nossa oração ante o Santíssimo Sacramento e como a infundimos nos fiéis? Qual é nosso empenho em fazer de nossas igrejas a Casa de Deus para que a presença divina atraia aos homens de hoje, que com tanta freqüência sentem que o mundo está vazio de Deus?

O Cura d’Ars é um modelo de zelo sacerdotal para todos os pastores. O segredo de sua generosidade se encontra sem dúvida alguma em seu amor a Deus, vivido sem limites, em resposta constante ao amor manifestado em Cristo crucificado. Nisto se fundamenta seu desejo de fazer todas as coisas para salvar as almas resgatadas por Cristo a tão grande preço e encaminhá-las até o amor de Deus. Recordemos uma daquelas suas frases lapidares cujo segredo ele bem conhecia: «O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus». Em seus sermões e catequeses se referia sempre a este amor: «Oh, Deus meu, prefiro morrer amando-vos que viver um só instante sem amar-vos. Eu vos amo, meu divino Salvador, porque fostes crucificado por mim, porque me tendes crucificado para Vós»”.

Amados irmãos sacerdotes, alimentados pelo Concílio Vaticano II, que felizmente situou a consagração do sacerdote no marco de sua missão pastoral, busquemos o dinamismo de nosso zelo pastoral com São João Maria Vianney, no Coração de Jesus, em seu amor pelas almas. Se não acudirmos à mesma fonte, nosso ministério correrá o risco de dar muito poucos frutos.”


Santo Padre Papa João Paulo II
Carta aos Sacerdotes na quinta-feira santa de 1986