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sábado, 20 de março de 2010

SÃO JOSÉ E SANTA TERESA DE ÁVILA



SÃO JOSÉ, ESPOSO DA VIRGEM MARIA
SOLENIDADE
19 DE MARÇO


São José e Santa Teresa de Ávila

Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claro que, tanto desta necessidade como de outras maiores, de perder a honra e perder a alma, este pai e senhor meu me livrou melhor do que eu lhe saberia pedir. Não me recordo, até agora, de lhe haver suplicado nada que não tenha deixado de fazer.

É coisa que espanta (que maravilha) as grandes mercês que me tem feito Deus por meio deste bem-aventurado santo, dos perigos que me tem livrado, tanto de corpo quanto de alma. A outros santos parece que o Senhor lhes deu graça para socorrer em uma necessidade; a este glorioso santo tenho experiência que socorre em todas e que quer o Senhor dar-nos a entender que assim como esteve submetido a ele na terra, que como tinha nome de pai - sendo custódio - podia mandar Nele, também no céu faz quanto lhe pedem. E isto o tem comprovado algumas pessoas, a quem eu dizia que se encomendassem a ele, também por experiência; e ainda há muitas que começaram a ter-lhe devoção havendo experimentando esta verdade.

Queria eu persuadir a todos para que fossem devotos deste glorioso santo, pela grande experiência que tenho dos bens que ele alcança de Deus. Não conheci pessoa que deveras lhe seja devota e faça particulares serviços, que não a vejamos mais adiantada nas virtudes porque muito aproveitam as almas que a ele se encomendam. Parece-me, já há alguns anos, que a cada ano, em seu dia, lhe peço uma coisa e sempre a vejo cumprida. Se o pedido segue meio torcido, ele o endereça para o meu bem.

Se fosse uma pessoa que tivesse autoridade no escrever, de bom grado me estenderia em dizer muito a miúdo as mercês que este glorioso santo tem feito a mim e a outras pessoas. Só peço, pelo amor de Deus, que o prove quem não me crê e verá por experiência o grande bem que é o encomendar-se a este glorioso Patriarca e ter-lhe devoção.

Pessoas de oração, em especial, sempre deveriam ser a ele afeiçoadas. Não sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos, no tempo que passou com o Menino Jesus, e não se dar graças a São José pelo bem com o qual lhes ajudou. Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome este glorioso santo por mestre e não errará no caminho.


Santa Teresa de Jesus
Vida 6,6-8

SÃO JOSÉ - A propagação de São José por Santa Teresa de Jesus



SÃO JOSÉ, ESPOSO DA VIRGEM MARIA
SOLENIDADE
19 DE MARÇO


A propagação de São José por Santa Teresa de Jesus

O que Santa Teresa escreve sobre sua pessoal e particular experiência com São José, de forma tão simples e tão vitalmente exposto, tem uma finalidade: propagá-lo aos demais. Quer que todos sejam devotos de São José e se encomendem a ele. E o conseguiu de amplo modo.

Não é possível ler as páginas em que Santa Teresa descreve suas experiências com São José e permanecer indiferente. Santa Teresa, cujas palavras sobre São José cabem em tão poucas páginas, se converteu em um apóstolo de primeira grandeza do Santo pela naturalidade, calor e amor com que as descreve.

Pelo que escreve do Santo, como exposição de sua experiência sobrenatural e desde a mesma, embora tão breve, entra no catálogo dos grandes apóstolos josefinos, também pelo que fez em sua obra de fundações. E isto não só para o Carmelo Teresiano mas também para a Igreja universal. O Padre Gracián em seu escrito Josefina cita quase todos os lugares em que a Santa fala de São José. E, depois dele, a maioria dos autores carmelitas quando se apresenta uma ocasião.

Os pregadores do século XVII, em grande número, citam as palavras do capítulo 6 da Vida, alinhando-a com Gersón e Isidoro de Isolanis. Santa Teresa entra em seguida no catálogo dos grandes apóstolos e propagadores da devoção a São José. Podemos aplicar a este aspecto concreto o que a Santa disse que o Senhor lhe prometeu sobre sua primeira casa de São José: ‘que seria uma estrela que daria de si grande esplendor’ (V 32,ll). São José de Ávila, a casa de São José, acendeu no céu da Igreja muitas estrelas de devoção e amor para com o Santo Patriarca, e segue e seguirá iluminando-as.

Como disse um autor francês, Lucot: "Os Papas encontraram um auxiliar poderoso para a propagação do culto de nosso Santo na célebre Reformadora do Carmelo. Gersón havia feito muito por ele; Teresa fez mil vezes mais por si mesma, pelos religiosos de sua Reforma e pelas religiosas de seu Carmelo. São José lhe é devedor, sobretudo, de sua glória sobre a terra.


Fonte: ocd.pcn.net

domingo, 7 de março de 2010

Quaresma – Senhor, para não retroceder, necessito do vosso constante auxílio




«Senhor, para não retroceder, necessito do vosso constante auxílio»


“Ó Senhor de minha alma e meu Sumo Bem! Por que não quereis que a alma, quando se decide a amar-vos, fazendo o que está em suas mãos, isto é, abandonando tudo para se entregar ao vosso amor, não tenha logo o gozo de atingi-lo em grau perfeito? Disse mal. Deveria queixar-me de nós e perguntar porque não o queremos? Com efeito, se desde o início não gozamos de tão alta dignidade, a culpa é toda nossa, pois se possuíssemos com perfeição o vosso amor, teríamos com ele todas as espécies de bens! Mas, ó Senhor, somos tão mesquinhos e tardios em nos darmos inteiramente a Vós, que jamais acabamos de nos dispor. O resultado é que, assim como não nos resolvemos a dar tudo de uma vez, também, ó Senhor, não se nos dá duma vez este tesouro.

Ó meu Deus, fazei-me a grande misericórdia de ajudar-me e dai-me a coragem de procurar com todas as forças este bem. Se perseverar, Vós que a ninguém vos negais, pouco a pouco, ir-me-eis habilitando o ânimo para sair vitoriosa. Estou persuadida de que, se com vossa graça me esforçar por chegar ao cume da perfeição, entrarei no céu não sozinha, mas levando comigo muitas almas, como bom capitão, a quem Vós, Senhor, confiastes um grande exército. Mas, para não retroceder, necessito de muitíssima coragem e do vosso constante auxílio”.


Santa Teresa de Jesus
Obras Completas, Vida, 11, 1-4

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

NATAL DE NOSSO SENHOR – A própria Criança nos faz perceber Quem é



NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO

«A própria Criança nos faz perceber Quem é»

“Na oração de quietude, o Senhor começa por nos mostrar que nos ouve e que nos concede o Seu Reino, a fim de que possamos verdadeiramente bendizê-Lo e santificar o Seu nome e de que incitemos todos os homens e mulheres a fazer o mesmo. É qualquer coisa de sobrenatural e que não podemos alcançar pelos nossos esforços, por mais que façamos.

Com efeito, aqui, a alma mergulha na paz ou, melhor dito, o Senhor envolve-a nela com a Sua presença, tal como fez com o justo Simeão. Então, todas as potências da alma se apaziguam e ela compreende, com um tipo de compreensão muito diferente daquele que nos vem por meio dos sentidos exteriores, que está muito perto do seu Deus e que, por um pouco, conseguiria chegar a ser, pela união, uma só coisa com Ele. Não que O veja com os olhos do corpo nem com os da alma; o justo Simeão também não viu, exteriormente, mais do que o augusto Pobrezinho e, pelos panos que O envolviam e pelo pequeno número dos que Lhe faziam cortejo, poderia tê-Lo tomado pelo filho de pessoas pobres, mais do que pelo Filho do Pai celeste. Mas a própria Criança o fez perceber Quem era.

Aqui, é da mesma maneira que a alma compreende; ainda assim, apreende-o de forma menos clara, porque ainda não percebe como é que compreende. Sabe apenas que se encontra no Reino ou, pelo menos, perto do Rei que deve dar-lho, e é presa de um tão grande respeito, que não ousa pedir-Lhe nada”.


Santa Teresa de Jesus
Caminho da Perfeição, cap.31-33, p.814


domingo, 29 de novembro de 2009

ADVENTO – 1º DOMINGO – Estai vigilantes : Quem cumpre a vontade de Deus permanece para sempre




DOMINGO I DO ADVENTO

«Velai, pois, porque não sabeis que dia virá o vosso Senhor... Estai preparados, porque no momento que não penseis, virá o Filho do homem»

Pergunta-se às vezes por que Deus nos esconde algo tão importante como a hora de sua vinda, que para cada um de nós, considerado singularmente, coincide com a hora da morte. A resposta tradicional é: «Para que estivéssemos alerta, sabendo cada um que isso pode acontecer em seus dias» (Santo Efrém o Sírio). Mas o principal motivo é que Deus nos conhece; sabe que terrível angústia teria sido para nós conhecer com antecipação a hora exata e assistir à sua lenta e inexorável aproximação. Isso é o que mais atemoriza em certas doenças. São mais numerosos hoje os que morrem de afecções imprevistas de coração do que os que morrem de «penosas doenças». No entanto, dão mais medo estas últimas, porque nos parece que privam dessa incerteza que nos permite esperar.

A incerteza da hora não deve levar-nos a viver despreocupados, mas como pessoas vigilantes. O ano litúrgico está em seu início, enquanto o ano civil chega a seu fim. Uma ocasião ótima para fazer espaço para uma reflexão sábia sobre o sentido de nossa existência. A própria natureza no outono nos convida a refletir sobre o tempo que passa. O que o poeta Giuseppe Ungaretti dizia dos soldados na trincheira do Carso, durante a primeira guerra mundial, vale para todos os homens: «Estão / como no outono / nas árvores / nas folhas». Isto é, a ponto de cair, de um momento a outro. «O tempo passa e o homem não percebe isso», dizia Dante.

Um antigo filósofo expressou esta experiência fundamental com uma frase que se tornou célebre: «panta rei», ou seja, tudo passa. Ocorre na vida como na televisão: os programas se sucedem rapidamente e cada um anula o precedente. A tela continua sendo a mesma, mas as imagens mudam. É igual conosco: o mundo permanece, mas nós passamos, um após o outro. De todos os nomes, os rostos, as notícias que enchem os jornais e os noticiários do dia – de mim, de você, de todos nós – o que permanecerá daqui a um ano ou década? Nada de nada. O homem não é mais que «um traço criado pela onda na areia do mar e que a onda seguinte apaga».

Vejamos o que a fé tem a dizer-nos a propósito deste fato de que tudo passa. «O mundo passa, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece para sempre» (1 Jo 2, 17). Assim, existe alguém que não passa, Deus, e existe uma forma de que nós não passemos totalmente: fazer a vontade de Deus, ou seja, crer, aderir a Deus. Nesta vida somos como pessoas em uma balsa que um rio leva ao mar aberto, sem retorno. Em certo momento, a balsa passa perto da margem. O náufrago diz: «Agora ou nunca!», e salta até a terra firme. Que suspiro de alívio quando sente a rocha sob seus pés! É a sensação experimentada freqüentemente por quem chega à fé. Poderíamos recordar, como conclusão desta reflexão, as palavras que Santa Teresa de Ávila deixou como uma espécie de testamento espiritual: «Nada te perturbe, nada te espante. Tudo passa, só Deus basta».


Raniero Cantalamessa
Cantalamessa.org

domingo, 22 de novembro de 2009

CRISTO REI DO UNIVERSO



CRISTO REI DO UNIVERSO

SOLENIDADE


Ó Jesus meu, quem pudera dar a entender a Majestade com que Vos mostrais! E quão Senhor de todo o mundo e dos céus e de outros mil mundos, e mundos e céus sem conta que Vós poderíeis criar! E a alma entende, segundo a majestade com que Vos representais, que isso não é nada para Vós serdes Senhor de tudo.

Aqui se vê claramente, Jesus meu, o pouco poder de todos os demônios em comparação do Vosso, e como, quem Vos tiver contente, pode calcar aos pés o inferno todo. Vejo que quereis dar a entender à alma quão grande é o poder que tem esta sacratíssima Humanidade junto com a Divindade. Aqui se representa bem o que será, no dia do juízo, ver a Majestade deste Rei e vê-Lo com rigor para os maus. Aqui é a verdadeira humildade que deixa esta visão na alma ao ver sua miséria, pois não a pode ignorar. Aqui a confusão e verdadeiro arrependimento dos pecados, pois a alma, ainda que veja que Ele lhe mostra amor, não sabe aonde se meter, e assim se desfaz toda.

Digo que tem tão grandíssima força esta visão, quando o Senhor quer mostrar à alma grande parte da sua Grandeza e Majestade, que tenho por impossível podê-la sofrer qualquer pessoa, se o Senhor, de modo muito sobrenatural, não a quisesse ajudar, pondo-a em arroubamento e êxtase, onde perde de vista, com o gozo, a visão daquela Divina Presença.

Será verdade que se esquece depois? Fica porém tão impressa aquela Majestade e Formosura, que não há maneira de se poder esquecer, a não ser quando o Senhor quer que a alma padeça uma grande aridez e solidão, que direi adiante, que então até de Deus parece que se esquece. A alma fica outra, sempre embebida; parece-lhe que começa de novo um amor vivo de Deus em muito alto grau, a meu ver; porque, embora a visão passada, em que disse que Deus se representa sem imagem, seja mais perfeita, contudo, para durar na memória, conforme a nossa fraqueza, e para trazer bem ocupado o pensamento, é grande coisa o ficar representada e posta na imaginação tão Divina Presença. E quase sempre vêm juntas estas duas maneiras de visão. E até mesmo é assim que vêm. Porque, com os olhos da alma, vê-se a excelência e formosura e glória da Santíssima Humanidade e, por esta outra maneira que fica dita, se nos dá a entender como é Deus é Poderoso e que tudo pode e tudo manda e tudo governa e a tudo enche o Seu amor.


Santa Teresa de Jesus
Livro da Vida 28, 8-9

domingo, 25 de outubro de 2009

SANTA TERESA DE JESUS - Quem Vos ama de verdade vai por um caminho seguro



FESTA 15 DE OUTUBRO

Memória


Quem Vos ama de verdade vai por um caminho seguro

“Oh, Senhor meu, como mostrais que sois poderoso! Não é preciso buscar razões para o que quereis, porque, acima de toda razão natural, fazeis todas as coisas tão possíveis que levais a entender sem nenhuma dúvida que basta amar-Vos de verdade e abandonar com sinceridade tudo por Vós para que, Senhor meu, torneis tudo fácil. Cabe dizer neste ponto que fingis trabalho em Vossa lei; porque não vejo, Senhor, nem sei como é estreito o caminho que leva a Vós. Vejo que é caminho real, e não vereda; caminho pelo qual vai com segurança quem de verdade entra nele. Muito longe estão os recifes e despenhadeiros onde cair, porque as ocasiões também o estão. Senda, e senda ruim, e caminho difícil, considero ser o que de um lado tem um vale muito profundo onde cair e do outro um despenhadeiro. A um mero descuido, os que vão por aí caem e se despedaçam.

Quem Vos ama de verdade, Bem meu, vai seguro por um caminho amplo e real, longe do despenhadeiro, entrada na qual, ao primeiro tropeço, Vós, Senhor, dais a mão; não se perde, por uma queda e nem mesmo por muitas, quem tiver amor a Vós, e não às coisas do mundo. Quem assim é percorre o vale da humildade. Não posso entender o que temem as pessoas diante do caminho da perfeição. O Senhor, por quem é, nos mostra quão falsa é a segurança dos que seguem os costumes do mundo sem se darem conta dos manifestos perigos aí existentes, e que a verdadeira segurança está em fazer esforços para avançar no caminho de Deus. Ponhamos os olhos Nele e não tenhamos medo que esse Sol de Justiça conheça ocaso, pois Ele não nos deixará andar nas trevas para a perdição se não O tivermos deixado antes.

Não se teme andar entre leões – parecendo que cada um quer levar um pouco – leões que são as honras, deleites e contentamentos semelhantes do mundo, enquanto, no caminho da perfeição, o mal infunde temor até de insetos. Mil vezes me espanto e dez mil vezes gostaria de chorar copiosamente e clamar a todos, tornando pública minha grande cegueira e maldade, para ajudar as pessoas de alguma maneira a abrirem os olhos. Que Aquele que pode, pela Sua Bondade, abra-lhes os olhos, e não permita que os meus voltem a ficar cegos. Amém.”.


Santa Teresa de Jesus
Livro da vida, Cap.XXXV

SANTA TERESA DE JESUS – Da Homilia do Papa Paulo VI na proclamação de Santa Teresa como Doutora da Igreja



SANTA TERESA DE JESUS, SANTA ESPANHOLA COM TÊMPERA DE REFORMADORA

FESTA 15 DE OUTUBRO

Memória

“Em sua personalidade (de Santa Teresa) se apreciam os traços de sua pátria: a fortaleza de espírito, a profundidade de sentimentos, a sinceridade de alma, o amor à Igreja. Sua figura se centra em uma época gloriosa de santos e de mestres que marcam seu século com o florescimento da espiritualidade. Escuta-os com a humildade da discípula, que por sua vez sabe julgá-los com a perspicácia de uma grande mestra de vida espiritual, e como tal a consideram eles.

Por outro lado, dentro e fora das fronteiras de sua pátria, se agitam violentos os ares da Reforma, enfrentando entre si aos filhos da Igreja. Ela, por seu amor à verdade e pelo trato íntimo com o Mestre, teve de enfrentar dissabores e incompreensões de toda parte, e não sabia como dar paz a seu espírito ante à ruptura da unidade: "Fatiguei-me muito – escreve - e, como se eu pudesse algo ou fosse algo, chorava com o Senhor e Lhe suplicava redimisse tanto mal".

Este seu sentir com a Igreja, provado na dor que consumia suas forças, a levou a reagir com toda a força de seu espírito castelhano num afã de edificar o reino de Deus; ela decidiu penetrar no mundo que a rodeava com uma visão reformadora para dar-lhe um sentido, uma harmonia, uma alma cristã.

Depois de cinco séculos, Santa Teresa de Ávila continua marcando as pegadas de sua missão espiritual, da nobreza de seu coração sedento de catolicidade, de seu amor despojado de todo apego terreno para entregar-se totalmente à Igreja. Bem pôde dizer, antes de seu último suspiro, como um resumo de sua vida: «Enfim, sou filha da Igreja»”.


Papa Paulo VI
Homilia na proclamação de Santa Teresa como Doutora da Igreja Universal, em 27 de setembro de 1970


SANTA TERESA DE JESUS – A oração em Santa Teresa de Ávila



FESTA 15 DE OUTUBRO

Memória

A ORAÇÃO EM SANTA TERESA DE ÁVILA

Penso que como membros da Igreja, a todos nos interessa a experiência de oração e vida dos grandes místicos(as) que a própria Igreja consagrou e apresentou ao mundo como modelos para a humanidade de todos os tempos. É nessa perspectiva que traço algumas linhas, a titulo de introdução, do que viveu e nos legou Santa Tereza de Ávila.

A oração é o tema central da mensagem de Santa Teresa; é a sua primeira lição. Foi também a oração o eixo principal de sua experiência: a aventura de seu drama pessoal e a base maior e mais profunda de sua interioridade. Serviu à santa para compreender-se a si mesma e ao mistério da vida cristã. Serviu-lhe igualmente de suporte para poder transmitir ao mundo a sua mensagem. Lembrando que esta mulher viveu no século XIV, quando as mulheres não tinham a menor possibilidade de expressão na família, na sociedade ou na Igreja, Teresa rompeu essas barreiras e fez-se ouvir.

O problema da oração hoje é fundamental em todas as grandes religiões e para nós cabe ainda mais a pergunta: o que é a oração cristã? Como vivenciar hoje a dimensão orante-cristã ? Como fazê-la atuar com a vida concreta das pessoas de hoje? A atualidade da lição que Teresa nos traz não significa apenas textos que ela nos deixou escritos, mas sobretudo, o espírito que ela nos legou, sua coragem, desenvoltura, alegria de viver e confiança em Deus: “Só Deus basta”. É difícil que leiamos qualquer de suas páginas e não encontremos ressonância em nossas vidas. Podemos encontrar eco para quase todos os nossos problemas, nas obras da santa castelhana, a andarilha que a Inquisição julgou “perigosa” por falar de coisas que não competiam às mulheres tratar.

Acima da problemática da oração (o que o nosso povo reza hoje? qual de suas orações?), Sta. Teresa leva-nos a questionarmos o pequeno mundo que criamos para nós mesmos e no qual nos enclausuramos. Como superarmos essas muralhas que edificamos e elevarmos palavras que cheguem a Deus? Afinal, na definição teresiana, oração exige relacionamento entre seres que têm afinidade – falar a um Deus que é amigo e que sei que me ouve! Como poderemos chegar ao coração de Cristo com nossa pobre oração e como essa oração pode levar-nos a um compromisso de transformação da realidade em que vivemos?

Em Santa Teresa, a oração compreende três momentos: a experiência (o que experimentamos da presença de Deus), a reflexão (a ruminação da Palavra) e o magistério (a transmissão do que usufruirmos da Palavra).

Não pensamos que esta mulher viveu nas nuvens; pelo contrário, muito em contato com a sua realidade (seu chão), daí extraia os elementos para a sua oração e para “confecção” da doutrina que legou á Igreja – místicos das mais diferentes religiões buscam nessa mulher cristã a luz que não encontram facilmente em seus escritos e
místicos.

Que este princípio de apresentação desta estupenda mulher e santa nos anime a conhecê-la, a ler seus textos, a mergulhar nos Evangelhos, a fonte principal de inspiração de Santa Teresa. Mas, principalmente, neste tempo pascal, que o nosso ser cristão seja expressão da experiência que fizemos do Ressuscitado!


Frei Osmar Vieira Branco
Comunidade Carmelitana
Comissariado do Paraná

domingo, 7 de junho de 2009

SANTÍSSIMA TRINDADE - Reconhecendo a glória da Trindade



Solenidade da Santíssima Trindade
07 de junho

“Reconhecendo a glória da Trindade eterna, adorando a sua omnipotente unidade"

”A verdade sobre a Santíssima Trindade tinha-me sido exposta por teólogos, mas nunca a compreendi como a compreendo agora, depois daquilo que Deus me mostrou. Foram-me representadas três Pessoas distintas, que podem ser consideradas e com quem se pode conviver em separado. Percebi depois que só o Filho encarnou, o que mostra claramente a realidade desta distinção. Estas Pessoas conhecem-se, amam-se e comunicam entre si. Mas, se as três Pessoas são distintas, como dizemos que têm, todas três, uma mesma essência? Com efeito, é nisso que acreditamos; trata-se de uma verdade absoluta, pela qual estaria disposta a sofrer mil vezes a morte. Estas três Pessoas têm um único querer, um só poder, uma única soberania, de tal maneira que nenhuma delas pode coisa alguma sem as outras, e que há um só Criador de tudo quanto foi criado. Poderia o Filho criar uma formiga que fosse sem o Pai? Não, porque Eles têm um mesmo poder. E o mesmo acontece com o Espírito Santo.

Assim, há um só Deus Todo-Poderoso, e as três Pessoas constituem uma só Majestade. Poderá alguém amar o Pai sem amar o Filho e o Espírito Santo? Não, mas aquele que se torna agradável a uma destas três Pessoas torna-se agradável às três, e aquele que ofende uma delas ofende as outras duas. Poderá o Pai existir sem o Filho e sem o Espírito Santo? Não, porque têm uma mesma essência, e onde se encontra uma Pessoa encontram-se as outras duas, porque não podem separar-se.

Como é então que vemos três Pessoas distintas? Como é que o Filho encarnou, sem que o Pai e o Espírito Santo tenham encarnado? Eu não o compreendo; os teólogos sabem explicá-lo. O que eu sei é que as três Pessoas concorreram para esta obra maravilhosa. De resto, não me detenho durante muito tempo em questões deste gênero; o meu espírito passa imediatamente à verdade de que Deus é Todo-Poderoso e de que, tendo-o querido, pôde fazê-lo, e poderia, da mesma maneira, fazer tudo o que quisesse. Quanto menos compreendo estas coisas, mais acredito nelas, e mais devoção delas retiro. Bendito seja Deus para sempre! Amém”.

Santa Teresa de Jesus, ocd
Contas de consciência, nº 33
Obras Completas(Editorial Monte Carmelo)

sábado, 23 de maio de 2009

Santa Teresa de Jesus: Enfermos de amor por Ti, meu Senhor



“Ó Deus verdadeiro e Senhor meu! Para a alma afligida pela solidão em que vive na tua ausência, é grande consolo saber que estás em toda a parte. Mas que sentido há nisto, Senhor, quando a força do amor e a impetuosidade desta pena aumentam, e o coração se atormenta, a tal ponto, que nem podemos já compreender nem conhecer tal verdade? A alma percebe apenas que está apartada de Ti, e nenhum remédio admite. Porque o coração que muito ama não consente outros conselhos nem consolos, senão os vindos d'Aquele que o feriu; d'Ele, somente, espera a cura para a pena.

Quando Tu queres, Senhor, depressa saras a ferida que fizeste. Ó meu Bem-Amado, com quanta compaixão, com quanta doçura, bondade e ternura, com quantas mostras de amor Tu saras estas chagas feitas com as setas do teu amor! Ó meu Deus, Tu és o repouso para todas as penas.

Não será loucura vã procurar meios humanos para curar os que vivem enfermos do divino fogo? Quem poderá saber aonde tal ferida chegará, donde vem, e como mitigar tão penoso tormento? Quanta razão tem a esposa do Cântico dos Cânticos, ao dizer: «O meu amado é para mim e eu para Ele!» (Ct 2,16). Porque o amor que sinto não pode ter origem em algo tão baixo como é este meu amor. E, no entanto, Esposo meu, sendo ele assim tão baixo, como entender que seja afinal capaz de superar todas as coisas criadas, para chegar ao seu Criador?”

Santa Teresa d'Ávila,
Monja Carmelita e Doutora da Igreja
Obras Completas(Editorial Monte Carmelo)


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Santa Teresa D’Ávila - Ditos



“Só o amor dá valor a todas as coisas”.

“A oração de intimidade com Deus não é outra coisa senão um morrer quase total a todas as coisas do mundo para alegrar-se só em Deus”.

“Não acrediteis ter progredido na perfeição, se não vos julgardes piores que todos e se não desejais ser tratados como os últimos”.

“Não há melhor meio para se chegar à perfeição do que a Comunhão freqüente”.

“Uma pessoa caminha mais para Deus quando deixa de desculpar-se do que ouvindo dez sermões. Não se desculpando, começa a adquirir a liberdade interior e a não se preocupar se dizem dela bem ou mal”.

“Todos os danos provem de não nos conhecermos devidamente”.

“Desde que me trato com menos cuidado e delicadeza, passo muito melhor”.

“É grandíssima vantagem para uma alma que se dá à oração tratar com os que deveras servem a Deus”.

“As inspirações de Deus estão unidas à obediência”.

“Procurai viver sempre no silêncio e na esperança”.

“O Senhor nos ama mais do que nós amamos a nós mesmos”.

Santa Teresa d'Ávila,
Monja Carmelita e Doutora da Igreja

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Talvez não saibamos amar



“Talvez não saibamos o que é amar, e não me surpreenderei muito, porque amar não está no maior gosto, senão na maior determinação de desejar em tudo a Deus e procurar enquanto pudermos não ofender-lhe”.


"Quizás no sabemos qué es amar, y no me espantaré mucho; porque no está en el mayor gusto, sino en la mayor determinación de desear en todo a Dios y procurar en cuanto pudiéremos, no ofenderle".

Santa Teresa de Jesús, ocd
Monja Carmelita e Doutora da Igreja