quarta-feira, 29 de abril de 2009

FESTA DE SANTA CATARINA DE SENA, Virgem, Mística e Doutora da Igreja – 1ª Parte



Festa 29 de abril

1ª Parte

Catarina de Sena, uma das mulheres que marcaram profundamente a história da Igreja, nasceu em 25 de março de 1347, na cidade de Sena, na Toscana, em um bairro chamado Fontebranda. Pertenceu a uma numerosa família de classe média alta e era a vigésima quarta de 25 irmãos. Após a morte de sua irmã Joana, que morreu nos primeiros anos de vida, passou a ser a caçula da família. O pai, Tiago Benincasa, é um bem-sucedido comerciante, e a mãe, Lapa, é a filha do poeta Nuccio Piagenti. Na família Benincasa não faltava o necessário e era uma família que tinha uma profunda consciência religiosa e um forte sentido político de defesa à cidade. Embora os filhos fossem numerosos, o casal recebeu em sua casa um primo órfão, Tomás della Fonte que, mais tarde, tornando-se Dominicano, teve grande influência na vida de Catarina, sendo o seu primeiro confessor e diretor espiritual.

Catarina era uma pérola de menina. Caráter dócil, sempre pronta e disponível a ponto de ser apelidada de “Eufrosina”, que quer dizer “amável”. Desde cedo revelou sinais de vocação para a vida consagrada. Os primeiros biógrafos, na chamada “Legenda Maior”, relatam-nos sua infância totalmente marcada pela forte presença de Deus.

Com apenas seis anos, quando voltava para casa, no bairro Vale Piatta, em companhia de seu irmão Estevão, aparece-lhe Jesus Cristo no alto da Igreja de São Domingos, vestido com roupas sacerdotais, rodeado por vários personagens, entre os quais é possível reconhecer São Pedro, São Paulo, e São João. Aos sete anos consagrou a sua virgindade a Deus.


Aos doze iniciam-se os conflitos familiares. A mãe, D. Lapa, preocupada com o futuro de Catarina, pensa em arrumar-lhe um bom matrimônio. Não compreende as atitudes espirituais da filha. Catarina, num gesto corajoso demonstrando a sua recusa em aceitar um matrimônio e revelando autonomia, corta os cabelos, manifestando o desejo de se entregar a Deus numa ordem religiosa. Desde então, Catarina inicia uma vida austera, passando horas e horas num pequeno quarto, transformado em cela conventual, no seio da própria família.

Os familiares olham este gesto com suspeita. Tentam arrancá-la de sua solidão confiando-lhe o trabalho mais pesado e duro a fim de que desistisse da sua intenção. Perturbam a sua oração e silêncio. E, especialmente, proíbem-lhe de fazer penitências que sejam prejudiciais à saúde. Catarina não se revolta. Aceita tudo com plena docilidade, criando uma "cela interior” em seu coração, onde ninguém a podia perturbar nos seus íntimos colóquios com Deus.

Escreverá mais tarde aos seus discípulos:

“Fazei uma cela no coração, de onde nunca podereis sair”

Será por este período, aos quinze anos, depois de uma visão em São Domingos, que Catarina decide ser Dominicana e ingressar na Ordem Terceira de São Domingos. A docilidade de Catarina vence a dureza dos pais e dos irmãos. Especialmente, por decisão do pai, a situação se acalma e Catarina poderá dedicar-se livremente à oração. Como era alma que sempre tendia à oração, ao silêncio e à penitência, preferiu não entrar em uma Congregação e continuar no seu cotidiano dos serviços domésticos, a servir a Cristo e Sua Igreja, já que tudo o que fazia, oferecia pela salvação das almas.


Em 1363, Catarina faz o pedido para entrar na Ordem Terceira Dominicana, na confraria das “Manteladas”, assim chamadas por causa de um longo manto preto que colocavam por cima do hábito branco dominicano. Embora tenha apenas dezesseis anos, após varias tentativas e resistências, é admitida na comunidade das “Manteladas”. No ambiente religioso, favorável aos seus desejos de santidade, Catarina caminha com passos de gigante pela via da perfeição, iniciando uma vida de muitos sacrifícios, pois aí pode dedicar-se inteiramente à oração e à penitência. Mesmo sem viver num Claustro, Catarina encarou a sua clausura em casa com seriedade e vivia encerrada no seu próprio quarto, onde, por intermédio da oração e do diálogo, afirmava que “estava sempre com e em Cristo”. Mas a vida de oração não a impede de visitar doentes leprosos. Costumava visitar os doentes do leprosário São Lázaro, totalmente dedicada aos trabalhos que lhes são confiados. Certa vez, para vencer a repugnância para com um leproso que cheirava mal, inclinou-se e beijou-lhe as chagas.

Com seu caráter corajoso e decidido, consegue dominar os desejos mundanos e Deus a recompensa com o dom da contemplação: visões e êxtases unidos a uma vida de penitência e dedicação ao serviço dos mais pobres e necessitados. Lentamente, o nome de Catarina corre de boca em boca pela cidade de Sena e pelos povoados vizinhos. O povo começa a procurá-la para perdir-lhe orações e conselhos. Durante as orações contemplativas, entrava em êxtase de tal forma que só esse fato possibilitou a conversão de centenas de almas durante a sua juventude.

(Continua)

FESTA DE SANTA CATARINA DE SENA, Virgem, Mística e Doutora da Igreja – 2ª Parte



Festa 29 de abril

2ª Parte

Apesar de ser admirada por muitos, surgem, por outro lado, a inveja e o ciúme de outros que vão provocar calúnias e dificuldades à mística de Sena. No Clero, os religiosos olham o fenômeno “Catarina” com um certo desprezo e incredulidade. Não é raro encontrar isso entre os próprios dominicanos que uma vez a colocaram à força para fora da Igreja durante uma oração contemplativa, deixando-a no chão, meio que morta, ainda sob efeito dos êxtases.

As “Manteladas” sentem-se também perturbadas, quase agredidas pela santidade de Catarina. Quase se arrependem de tê-la recebido entre elas. As calúnias e as incompreensões chovem sobre sua vida como uma verdadeira tempestade, mas Catarina, mergulhada no seu doce Cristo, não se abala e nem se apavora. Tudo suporta por amor ao Senhor. É na oração e no exercício da caridade que ela encontra a sua força. Sofrimentos familiares, como a morte do pai e uma grave doença da mãe, aumentam a cruz de Catarina, que tudo oferece ao Senhor pela salvação dos pecadores.

A sua pequena casa de Fontebranda transforma-se num cenáculo, onde amigos e simpatizantes se reúnem para rezar e refletir. São pessoas de famílias nobres e importantes de Sena, Florença, Pisa, Arezzo, entre outras. Catarina, jovem e analfabeta, mesmo assim é conselheira e orientadora de professores e teólogos famosos. Deus se serve dos pequenos para tocar os corações dos sábios e doutos do mundo.


Avança pela senda espiritual com o Senhor instruindo-a como um mestre a sua aluna, e descobria-lhe pouco a pouco "aquelas coisas que lhe fossem úteis à alma". O progresso espiritual atingiu o auge, em 1367, com as núpcias espirituais na fé. Jesus lhe aparece junto com a Virgem Maria e outros santos numa noite, entregando-lhe o anel do matrimônio espiritual, sendo celebrado assim o matrimônio místico com Cristo. Essa graça podia parecer o selo de uma vida consagrada ao isolamento e à contemplação. Pelo contrário, ao dar-lhe o anel invisível, Jesus pretendia uni-la a Si nas empresas do Seu reino.

A moça do povo de vinte anos via isto como sinal de separação entre ela e o Esposo celestial, mas Este pelo contrário assegurou-lhe que “pretendia uni-la mais a Si por meio da caridade com o próximo”, isto é, ao mesmo tempo no plano da mística interior e no da ação exterior ou da mística social, como foi dito.

Foi como que um impulso para espaços mais altos, que se lhe abriam diante da mente e da iniciativa. Passou da conversão de pecadores isolados à reconciliação entre pessoas ou famílias adversárias; e à pacificação entre cidades e repúblicas. Não receou passar entre facções armadas nem se deteve perante o alargar-se dos horizontes, o que no princípio a tinha aterrado até a fazer chorar. O impulso do Mestre divino manifestou nela como que uma humanidade de acréscimo. Um dia, conta ela mesma, o Senhor pôs-lhe "a cruz às costas e uma oliveira na mão", para as levar a um e outro povo, o cristão e o infiel, como se Cristo a erguesse às próprias dimensões universais da salvação.


Embora analfabeta, Catarina ditou mais de 300 cartas endereçadas a todo o tipo de pessoas, desde Papas, aos Reis e líderes, como também ao povo humilde, orientando suas atitudes, convocando para a caridade, o entendimento e a paz, e onde lutava pela unificação da Igreja e a pacificação dos Estados Papais. As cartas que ela dita aos seus secretários deixam o “silêncio” e percorrem as várias cidades da Itália e da Europa. Através de suas cartas, profundas e sábias, embora analfabeta e de frágil constituição física, conseguia mover homens para a reconciliação e a paz como um gigante.

As críticas aumentam. A inveja e o ciúme se encarregam de atacar Catarina de Sena e seus discípulos. O seu corajoso empenho social e político suscitou não poucas perplexidades entre muitas pessoas e entre seus próprios superiores. A Ordem Dominicana sente-se ameaçada pela presença indiscreta e cada vez mais projetada de Catarina. O Capítulo Geral dos Dominicanos se reunindo em Florença, chama-a para que explique sua teologia e doutrina diante dos teólogos. No dia 21 de maio de 1374, Catarina é sabatinada pelos capitulares a fim de prestar esclarecimentos de sua conduta. Suas respostas os satisfazem. Não há nada de herético. O Capítulo encarrega, então, Frei Raimundo de Cápua para acompanhar o desenvolvimento teológico e espiritual de Catarina e ser seu diretor espiritual.


Ainda em 1374, a peste se alastrou por toda a Europa causando mortes e desespero em Sena, e matando pelo menos um terço da população européia. Catarina, neste momento voltando de Florença, dedica-se aos doentes e abandonados, tendo praticado grandes atos de caridade e enfrentado a calamitosa situação serenamente e com grande firmeza. Ela tanto lutou pelos doentes, tantos curou com as próprias mãos e orações, que converteu mais algumas centenas de pagãos. Suas atitudes não deixaram de causar perplexidade em seus contemporâneos. Estava à frente, muitos séculos, dos padrões de sua época, quando a participação da mulher na Igreja era quase nula ou inexistente.

Para a tornar mais conforme ao Seu mistério de redenção e prepará-la para um incansável apostolado, Catarina recebe o sinal mais intimo do seu amor para com Cristo e do amor de Cristo para com ela: o Senhor concede-lhe o dom dos Estigmas. Aconteceu quando estava em oração na Igreja de Santa Cristina, em Pisa, no dia 1° de Abril de 1375 e, em uma visão, Cristo lhe diz que daquele momento em diante ela trabalharia pela paz e mostraria a todos que “uma mulher fraca pode envergonhar o orgulho dos fortes”. A sua configuração com Cristo de agora em diante será total.


(Continua)

FESTA DE SANTA CATARINA DE SENA, Virgem, Mística e Doutora da Igreja – 3ª Parte



Festa 29 de abril

3ª Parte

Santa Catarina viveu na época do grande Cisma que reinou na Igreja do Ocidente. A Igreja passava naquela época por um período difícil. Os cismas dividem-na e repartem o corpo místico de Cristo com anti-papas, que atraem multidões de fiéis enganados por motivos políticos e religiosos. A Sede do Papado de Roma havia sido transferida para Avignon, França. Catarina recebe de Jesus uma missão quase impossível: lutar para que a Sede do Papado volte para Roma. Ela sente-se chamada ao apostolado. Ela, que escolhera permanecer escondida na oração e no silêncio, será de agora em diante a peregrina e nômade de Deus pelas cidades da Itália, convidando todos a renovarem sua fé em Deus e sua adesão à Igreja e ao Papa, o seu “doce Cristo na terra”, como o chamava. Nesta época, dois Papas disputavam o Trono de Pedro, dividindo a Igreja e fazendo sofrer a população católica em todo o mundo.

No ano 1376, quando toda a Itália estava envolvida em graves disputas políticas à volta do Papado, organizaram-se nas cidades de Peruggia, Florença, Pisa e em toda a Toscana, milícias e revoltas contra o poder político do Papa Gregório XI. Florença está descontente com o Papa e por isso faz uma aliança com todos seus inimigos. Catarina tenta, com todos os esforços, que a rebelião seja circunscrita, mas os florentinos, chamados “o grupo dos oito santos” promovem a guerra. O Papa lança a excomunhão contra todos. Diante desta situação, os florentinos recorrem à Catarina de Sena, que é enviada como embaixatriz para Avignon. Fazia setenta anos que o Papado estava em Avignon e não em Roma, e a Cúria sofria influências francesas. Catarina foi enviada com a missão de se encontrar com o Papa Gregório XI para o convencer a regressar a Roma, pois que tal seria fundamental para a unidade da Igreja e pacificação da Itália. Em junho, Catarina é recebida pelo Papa e permanece sua hóspede por três meses. Consegue que seja retirada a excomunhão mas, mudanças no governo de Florença, não levam a sério os resultados de Catarina.


Catarina emprega todos os seus esforços para tentar convencer o Papa a voltar a Roma para retomar a sua posição. O piedoso Pontífice, que se demorava em tomar a última decisão, houve de convencer-se que pela boca dela falava realmente o Senhor e o certificava da Sua vontade. Assim, o Papa Gregório XI deixou definitivamente Avignon a 13 de Setembro de 1376 e entrou em Roma, entre o delírio do povo em festa, a 17 de Janeiro de 1377. Catarina obtém esse grande sucesso e o acompanha e o encoraja para que não volte atrás nesta decisão. Chegando a Sena, Catarina é recebida com muitas honras, mas permanece na mais profunda humildade. Na sua luta por ajudar a Santa Igreja, ela viajou por toda a Itália e diversos países, ditou cartas a Reis, Príncipes, e governantes católicos, Cardeais e Bispos. Continua sua luta a fim de ver Florença em paz definitiva com o Papa e suas esperanças aumentam em 1378, quando Urbano VI é eleito Papa.

Acontecimento inédito para aquele tempo foi o convite que o Papa Urbano VI fez a Catarina, chamando-a no Consistório para falar aos Cardeais que haviam permanecido fiéis a Igreja. As suas palavras foram de uma força extraordinária.


Em meio a tudo isso, deixou obras literárias ditadas e editadas de alto valor histórico, místico e religioso. A sua tão profunda comunhão com o Pai dá origem à sua grande obra: “O Diálogo”, de grande inspiração divina e que, segundo a Santa, são ensinamentos dados a ela pelo próprio Deus. Foi em Sena, no recolhimento de sua cela, que ditou o "Diálogo sobre a Divina Providência" para render a Deus o seu último canto de amor. "O Diálogo", como é comumente chamado, é um livro lido, estudado e respeitado na atualidade, e ainda hoje considerado como um dos maiores testemunhos do misticismo cristão e uma exposição clara de suas idéias teológicas e espiritualidade.

O que mais se admira na vida de Santa Catarina de Sena não é tanto o papel incomum que ela teve na história de seu tempo, mas a maneira singularmente feminina com a qual desenvolveu este papel. Ao Papa, que ela chamava com o nome de “doce Cristo na terra”, reprovava terna mas firmemente pela escassa coragem e convidava-o a abandonar Avignon para voltar a Roma com palavras delicadíssimas como estas: “Eia, virilmente, pai! Eu lhe digo que não precisa temer.” A um jovem condenado à morte, que ela acompanhou até sobre o patíbulo, disse no último instante: “Giuso! Às núpcias, meu doce irmão! Logo estará na vida eterna”.

Era de uma sensibilidade extraordinária, percebendo sentimentos íntimos e tendo uma noção real e imediata das situações que a rodeavam. Quando se sentava à mesa com seus discípulos, prestava atenção para não suscitar os ciúmes de ninguém e não raramente, como faz a mãe com a criança melindrosa, dava um bocado com a sua própria colher a quem se sentia por ela esquecido. Depois, a voz submissa da mulher mudava de tom e se traduzia freqüentemente naquele: “eu quero”, que não admitia hesitações quando se tratava do bem da Igreja ou da concórdia dos cidadãos.

(Continua)


FESTA DE SANTA CATARINA DE SENA, Virgem, Mística e Doutora da Igreja – 4ª Parte



Festa 29 de abril

4ª Parte

Catarina declara seus últimos meses de vida à sua família religiosa e aos seus discípulos, aos quais exorta a serem fiéis à Igreja e voltarem a viver uma vida de maior austeridade e oração. Ela prediz que Frei Raimundo de Cápua será o novo Geral da Ordem Dominicana, o que de fato aconteceu poucos meses depois de sua morte. O número de discípulos e discípulas de Catarina foi aumentando incessantemente e sua doutrina difundiu-se por toda parte.

Respondendo a um apelo do Papa Urbano VI, foi para Roma porque o Papa ali a quis ainda no grave momento de crise do cisma. Lá, debaixo de um ano e meio de trabalho extenuante e orações apaixonadas: "Ó Deus eterno, recebe o sacrifício da minha vida neste corpo místico da santa Igreja", ficou doente e, extenuada pelos muitos e exaustivos trabalhos, rodeada pelos seus numerosos amigos e discípulos, aos quais recomendou que se amassem uns aos outros e exortou todos a viverem com fidelidade o amor para com Deus e com a Igreja, entregou sua alma a Deus, após sofrer um derrame. Disse a eles antes de morrer: “Nunca que vos esqueçais, meus filhos dulcíssimos, deixando o corpo, na verdade, eu dei toda a minha vida para a Igreja e pela Igreja, o que me dá grande alegria”. Era o dia 29 de abril de 1380. Morria tendo feito há um mês 33 anos, como o seu Esposo Crucificado. Sua cabeça está em Sena, onde se mantém sua casa, e seu corpo está em Roma, na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva.


Quando a noticia da morte de Catarina se espalhou, o povo exclamou unido: “morreu a santa!”. Houve um corre-corre no convento dos Dominicanos. Por precaução, fecharam os portões da Igreja de São Domingos, em Minerva, onde o corpo estava exposto. O Papa Urbano VI, como sinal de gratidão para com a mulher santa que havia lutado em favor do Pontificado, quis que fosse celebrado um funeral solene. Depois do enterro, iniciou-se uma constante peregrinação ao túmulo de Catarina.

Foi canonizada pelo Papa Pio II, com a bula Misericordias Domini, de 29 de Junho de 1461. Foi assim apontada solenemente à Igreja universal como modelo de santidade e exemplo de sublime grandeza, a que uma mulher simples do povo pode chegar com a graça do Todo Poderoso. O Beato Papa Pio IX, em 1866, a proclama Co-Padroeira de Roma e Padroeira das mulheres da Ação Católica. Em 1939, na véspera da Itália entrar em guerra, o Papa Pio XII a proclama Co-Padroeira da Itália junto com São Francisco de Assis, e em 1943 Protetora dos doentes. No dia 4 de outubro de 1970, o Papa Paulo VI proclamou-a Doutora da Igreja, sendo a única leiga a obter esta distinção. O Papa João Paulo II declarou-a Co-Padroeira da Europa, juntamente com Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz. Sua Festa litúrgica é celebrada no dia 29 de abril.


A vida de Catarina de Sena nos maravilha por sua intensa atividade apostólica, pela aceitação que teve nos ambientes eclesiásticos do seu tempo. A sua palavra era ouvida e procurada. Ela tinha a capacidade de reavivar amizades e restabelecer a paz. Uma jovem mulher, sem escolaridade, que se impõe pela força do seu carisma. Analfabeta nas letras humanas mas rica da sabedoria de Deus. A presença de Catarina e suas palavras foram decisivas na resolução de situações dramáticas para a Igreja, ameaçada de divisão. A sua palavra, doce e persuasiva; o seu exemplo de integridade e de amor a Cristo; a sua atuação livre de qualquer interesse fizeram-na mensageira estimada, seguida e amada por todos.


Catarina foi uma real e forte presença de unidade para Igreja e entregou sua alma a Deus repetindo: "Se morrer, sabeis que morro de paixão pela Igreja!”.


Santa Catarina de Sena, rogai por nós!


Fontes: Lettres de Sainte Catherine de Sienne, trad. E. Cartier; Nöele M. Denis-Boulet, La Carrière Politique de Sainte Catherine de Sienne; Robert Fawtier, Sainte Catherine de Sienne, essai de critique des sources ; Sources hagiographiques, 1921 ; Carta Apostólica Amantissima Providentia, I.


sábado, 25 de abril de 2009

FESTA DO BEATO RAFAEL ARNÁIZ BARÓN, OCSO



FESTA EM 26 DE ABRIL

Rafael Arnáiz Barón nasceu em Burgos, Espanha, em 09 de abril de 1911 e aí passa os seus primeiros anos. É o primogênito de quatro filhos de uma família enriquecida por profundas convicções cristãs, que calaram fundo na personalidade de Rafael. Foi educado em colégios dirigidos pela Companhia de Jesus, tanto em Burgos como em Olviedo, cidade para a qual se mudou a sua família em 1922, por exigências profissionais de seu pai.

Ao chegar à adolescência, se revela em Rafael uma notável riqueza humana, intelectual e espiritual, que se manifesta em sua pessoa aberta e positiva e em sua profunda sensibilidade, que vai se desenvolvendo por entre inquietudes e em contato com a natureza, a pintura e as demais artes. A harmoniosa integração em sua personalidade deste conjunto de elementos com a visão e o sentido cristão de vida e da realidade fazem cristalizar nele, mesmo depois de haver iniciado a faculdade de arquitetura, a vocação monástica cisterciense, pela qual opta – segundo suas próprias palavras: “seguindo os ditames de seu coração até Deus e a ânsia de ser preenchido e tomado por Ele”. Estudava Arquitetura em Madri quando se sentiu chamado por Deus e, renunciando ao brilhante futuro que lhe era oferecido, ingressou no Mosteiro Cisterciense de San Isidro de Dueñas, em Palencia, no dia 15 de janeiro de 1934, levando como única bagagem “um coração muito alegre e com muito amor a Deus”. Ali se entregou com alegria e generosidade a Deus na vida monástica, a qual amava de modo especial.



A partir da entrada de Rafael na Trapa, parece que tudo se precipitou em sua vida, tanto pessoalmente quanto espiritualmente. Só lhe restam 4 anos de vida, passados em temporadas alternadas entre a casa de seus pais e a comunidade monástica, por causa de um implacável diabetes manifestado repentinamente depois de 4 meses de seu ingresso na vida monástica. A enfermidade, que constituiu o crisol do seu caminho de fé, lhe obriga a deixar o noviciado e marcou, com sua evolução, as distintas saídas e reingressos na Trapa, que põem em evidência a firmeza de sua convicção vocacional e a generosidade de sua entrega até morrer na enfermaria do Mosteiro, aos 27 anos, em 26 de abril de 1938. Sua cruz, como chamava a grave doença com todas as suas conseqüências, elevou seu espírito às alturas, levando-o a se apaixonar sempre mais por Cristo e a segui-lo fielmente "agarrado" a esta cruz com muito amor e carinho; cruz essa que considerava tudo no caminho para Deus.



Em face da brevidade e do particular desenvolvimento de sua vida e vocação, e como se sua evolução espiritual se houvesse realizado sob pressão devida a essa mesma brevidade e às circunstâncias excepcionais, Rafael aparece como a realização plena da graça vocacional cisterciense: polarizado por Deus, como reflexa a sua expressão característica, “Solo Dios!”, “Só Deus!’. Rafael testemunha e é testemunho da transcendência e do absoluto de Deus. Não tanto de um Deus sobre Quem se sabe muitas coisas, mas de um Deus experimentado na própria vida como Amor absoluto. A única aspiração da existência de Rafael foi “viver para amar”, amar a Jesus, amar a Maria, amar à Cruz, amar seu querido Mosteiro. Esta é a nota sobressalente de sua pessoal e rica espiritualidade. Seu próprio sofrimento, aceito como Graça de Deus foi o despojo final que expressou este amor e o purificou ao preparar Rafael para a visão definitiva de Deus.

O Irmão María Rafael foi proclamado, pelo Papa João Paulo II, como modelo para todos os jovens de todo o mundo em 19 de agosto de 1989, em Santiago de Compostela e proclamou-o Beato em 27 de setembro de 1992. Em 7 de dezembro de 2008, o Papa Bento XVI aprovou o milagre que levará o Hermano Rafael Arnáiz aos altares.


Beato Rafael, intercedei por nós!


Fonte: Blog do Beato Rafael Arnáiz


Mais sobre o Beato Rafael Arnáiz, OCSO



FESTA EM 26 DE ABRIL

ESCRITOS

O Irmão Rafael, como é comumente conhecido na Espanha, é um dos autores mais conhecidos e populares de escritos espirituais e místicos do século XX, e sua fama de santidade logo se estendeu fora dos muros de seu Mosteiro, alcançando âmbito mundial. Seus numerosos escritos, de uma profundidade espiritual realmente sublime, são acolhidos e pedidos por toda parte. Hoje, seus escritos estão traduzidos, de forma total ou parcial, ao francês, inglês, alemão, japonês, português e polonês. Seus escritos, que muito se tem lido e comentado, lhe valeram o título de “um dos maiores místicos do século XX” e a fama de “mestre de vida espiritual”.

Dentro da abundante bibliografía sobre sua figura e escritos, se destacam:

- Vida y escritos (Ed. Perpetuo Socorro. Madrid).
- Obras Completas (Ed. Monte Carmelo. Burgos).
- Escritos por temas (Ed. Monte Carmelo. Burgos).

E entre os estudos sistemáticos de sua figura e espiritualidade:

- Mi Rafael (Ed. Desclée de Brouwer), um livro sobre Rafael segundo seu confessor, o Padre Teófilo Sandoval.

- El deseo de Dios y la ciencia de la Cruz: Aproximación a la experiencia religiosa del Hermano Rafael (Ed.Desclée. Bilbao, 1996), de Antonio Mª Martín Fernández-Gallardo, Monge Trapista de San Isidro de Dueñas.


CANONIZAÇÃO

O Papa Bento XVI canonizará em breve o Beato Rafael Arnáiz, jovem Monge Trapista espanhol, que havia sido proposto por João Paulo II, na Jornada Mundial da Juventude de Santiago de Compostela (1989), como modelo de vida cristã para os todos os jovens. A Cerimônia de Canonização já tem data marcada. O anúncio foi feito pela Santa Sé, no final do Consistório presidido pelo Papa. O Beato Rafael, para alegria de milhares de devotos seus, será canonizado em 11 de outubro de 2009.

ORAÇÃO

Ó Deus, que fizestes do Beato Rafael um discípulo preclaro na ciência da Cruz de Cristo, concedei-nos que, por seu exemplo e intercessão, Vos amemos acima de todas as coisas e, seguindo o caminho da Cruz com o coração dilatado, consigamos participar da alegria pascal. Por Cristo nosso Senhor. Amém.


Fonte: Blog do Beato Rafael Arnáiz


Beato Rafael Arnáiz, OCSO – Máximas espirituais



FESTA EM 26 DE ABRIL

“Que grande é Deus! Essa é a primeira exclamação de um coração deveras enamorado”.

“Ajoelhado aos pés de Tua Santíssima Cruz, Te peço paciência, humildade e mansidão. Somente aos pés de Tua Cruz se aprende a perdoar. A lição que Tu me ensinas desde a Cruz me dá forças para tudo”.

“Como se inunda minha alma de caridade verdadeira pelo homem, pelo irmão débil, doente...Se o mundo soubesse o que é amar um pouco a Deus, também amaria ao próximo!”.

“Que grande é Deus! Que bem ordena todos os acontecimentos sempre para sua glória!”.

“Deus não nos exige mais que simplicidade por fora e amor por dentro”.

“Minha alma nada deseja mais que amar. Quisera, Senhor, tornar-me louco de amor por ti”.

“Fiz o voto de amar sempre a Jesus. Virgem Maria, ajuda-me a cumprir o meu voto”.

”Para Jesus tudo, e tudo para sempre, para sempre!”.

”Não bastou a Deus entregar-nos seu Filho numa Cruz, também nos deixou Maria”.

”Honrando a Virgem, amaremos mais a Jesus; colocando-nos debaixo de seu manto, compreenderemos melhor a misericórdia divina”.

Que grande é Deus! Que doce é Maria!


Dos escritos do Irmão Rafael


quinta-feira, 23 de abril de 2009

Beata Maria Gabriella Sagheddu, OCSO - A santidade na unidade



Beata Maria Gabriella Sagheddu, OCSO

Festa em 22 de abril

A Beata Maria Gabriella Sagheddu, Monja Trapista (1914-1939), nasceu em Dorgali, Nuoro, em 17 de março de 1914 e entrou aos vinte anos no Mosteiro Trapista de Grottaferrata, atualmente transferido para Vitorchiano (Viterbo). Ofereceu com simplicidade a sua vida pela Unidade da Igreja e pelos irmãos separados. Seu holocausto foi agradável ao Senhor, que o consumou no dia 23 de abril de 1939, domingo do Bom Pastor.

A vida da Irmã Maria Gabriella não apresenta acontecimentos extraordinários nem milagres estrepitosos. Sua vida foi uma vida simples mas sempre fortemente motivada por fortes ideais: primeiro, o desejo de viver a própria realização pessoal com a sua entrada no Mosteiro Trapista, e depois viver uma doação total de sua alma a Deus. Nessa doação, ofertou a entrega de si mesma a Deus pela unidade dos cristãos. “Sinto que o Senhor me pede”, dizia ela a sua Abadessa. A ela são atribuídas numerosas vocações que continuam a chegar ao Mosteiro. Foi beatificada em 25 de janeiro de 1983. Seus restos mortais descansam na Capela da Unidade, anexa ao Mosteiro de Vitorchiano.


Trapa de Vitorchiano

“Rezar pela unidade não está só reservado a quem vive num contexto de divisão entre os cristãos. Naquele diálogo íntimo e pessoal, que cada de um de nós deve estabelecer com o Senhor na oração, a preocupação pela unidade não pode ficar de fora. Pois só assim é que tal preocupação fará parte plenamente da realidade da nossa vida e dos compromissos que assumimos na Igreja.

Para confirmar esta exigência, eu quis propor aos fiéis da Igreja Católica um modelo, que me parece exemplar, o de uma freira trapista, Maria Gabriella da Unidade, que proclamei Beata no dia 25 de janeiro de 1983.


A Irmã Maria Gabriella, chamada pela sua vocação a estar fora do mundo, dedicou a existência à meditação e à oração, centradas no capítulo 17 do Evangelho de S. João, oferecendo-as pela unidade dos cristãos.

Está aqui o fulcro de toda a oração: oferta total e sem reservas da própria vida ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. O exemplo da Irmã Maria Gabriella ensina e faz-nos compreender como não há tempos, situações ou lugares particulares para rezar pela unidade. A oração de Cristo ao Pai é modelo para todos, sempre e em qualquer lugar”.

Papa João Paulo II, Encíclica ‘Ut unum sint’, 1995, nº 27



“A vontade de Deus, seja ela qual for, esta é a minha alegria, a minha felicidade, a minha paz”.

“Ofereci-me inteiramente e não volto atrás na palavra dada”.

“Não desejo outra coisa que amar”


Irmã Maria Gabriella Saghueddu, OCSO
Escritos


No caso de graças obtidas por intercessão da Beata Maria Gabriela, é pedido que se envie notícias aos seguintes endereços:


VICE POSTULAZIONE - MONASTERO DELLE TRAPPISTE
101030 VITORCHIANO (VT) FAX 0039-0761-370952
e-mail: trappa@vitorchiano.org


quarta-feira, 22 de abril de 2009

Santo Anselmo de Canterbury: Saudade de Deus


21 de abril

Festa de Santo Anselmo, Monge, Abade e Bispo de Canterbury. Santo Anselmo foi um grande místico, filósofo e teólogo do século XI; um homem grande, porque grande era a saudade que tinha do Infinito, grande era a saudade que tinha de Deus.

Saudade de Deus

“Encontraste, ó minh’alma, o que procuravas? Procuravas a Deus e viste que Ele está muito acima de tudo e nada melhor do que Ele se pode pensar; que Ele é a própria vida, a luz, a sabedoria, a bondade, a eterna felicidade e a feliz eternidade; e que Ele é tudo isto sempre e em toda parte.

Senhor meu Deus, meu Criador e Redentor, dize à minh’alma sedenta em que és diferente daquilo que ela viu, para que veja mais claramente o que deseja. Ela se esforça por ver sempre mais; contudo nada vê além do que já viu, senão trevas. Ou melhor, não vê trevas, porque elas não existem em ti; porém vê que não pode enxergar mais por causa das trevas que possui.

Verdadeiramente, Senhor, esta é a luz inacessível em que habitas; verdadeiramente nada há que penetre nesta luz para ali te ver, como és. De fato, eu não vejo essa luz, porque é excessiva para mim; e, no entanto, tudo quanto vejo, é através dela: semelhante à nossa vista humana que, pela sua fraqueza, só pode ver por meio da luz do sol e contudo não pode olhar diretamente para o sol.

Minha inteligência é incapaz de ver essa luz, demasiado brilhante para ser compreendida; os olhos de minh’alma não suportam fixar-se nela por muito tempo. Ficam ofuscados pelo seu esplendor, vencidos pela sua imensidade, confundidos pela sua grandeza.


Ó luz suprema e inacessível! Ó verdade plena e bem-aventurada! Como estás longe de mim que de ti estou tão perto! Quão afastada estás de meu olhar, de mim que estou tão presente ao teu olhar!

Estás presente em toda parte, e eu não te vejo. Em ti me movo, em ti existo, e de ti não posso me aproximar. Estás dentro de mim e a meu redor, e eu não te percebo.

Peço-te, meu Deus, faze que eu te conheça e te ame, para encontrar em ti minha alegria. E se não o posso alcançar plenamente nesta vida, que ao menos vá me aproximando, dia após dia, dessa plenitude. Cresça agora em mim o conhecimento de ti, para que chegue um dia ao conhecimento perfeito; cresça agora em mim o amor por ti até que chegue um dia à plenitude do amor; seja agora a minha alegria grande em esperança, para que, um dia, seja plena mediante a posse da realidade.

Senhor, por meio de teu Filho ordenas, ou melhor, aconselhas a pedir, e prometes acolher o pedido para que nossa alegria seja completa. Por isso, peço-te, Senhor, o que aconselhas por meio do nosso admirável Conselheiro; possa eu receber o que em tua fidelidade prometes, a fim de que minha alegria seja completa. Deus fiel, eu te peço: faze que o receba, para que minha alegria seja completa.

Por enquanto, nisto medite meu espírito e fale minha língua. Isto ame meu coração e proclame minha boca. Desta felicidade prometida tenha fome e sede a minha carne. Todo o meu ser a deseje, até que um dia entre na alegria do meu Senhor, que é Deus uno e trino, bendito pelos séculos. Amém”.

Santo Anselmo de Canterbury, Bispo


domingo, 19 de abril de 2009

SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA – FESTA DA DIVINA MISERICÓRDIA



A Festa da Divina Misericórdia é uma Festa oficial da Igreja, celebrada no Primeiro Domingo após a Páscoa da Ressurreição, ou seja, no Segundo Domingo da Páscoa. Foi estabelecida oficialmente como Festa universal pelo Papa João Paulo II e a Igreja recomenda que este dia seja celebrado como “Domingo da Divina Misericórdia”, conforme solicitado pelo Papa João Paulo II, quando a estabeleceu.

A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou, em 23 de maio de 2000, um decreto no qual estabelece, por indicação do Papa João Paulo II, a Festa da Divina Misericórdia, que terá lugar no segundo Domingo da Páscoa. A denominação oficial deste dia litúrgico será «Segundo Domingo da Páscoa ou da Divina Misericórdia».


O Papa já o havia anunciado durante a canonização da Irmã Faustina Kowalska, no dia 30 de abril: «Por todo o mundo, o segundo Domingo da Páscoa receberá o nome de Domingo da Divina Misericórdia, um convite perene para os cristãos do mundo enfrentarem, com confiança na divina benevolência, as dificuldades e provas que a humanidade irá enfrentar nos anos que virão» (Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Decreto de 23 de Maio de 2000).

Entretanto, o Papa João Paulo II não havia escrito estas palavras, que foram proferidas de improviso, de modo que não apareceram na transcrição oficial dos seus discursos nessa canonização.

O Papa dedicou uma de suas Encíclicas à Divina Misericórdia e a chamou «Dives in misericordia».


A Festa da Divina Misericórdia tem suas origens com Santa Maria Faustina Kowalska, que em 1931 recebeu de Jesus revelações, uma entre as quais sobre a instituição dessa Festa na Igreja. Jesus pediu a instituição da Festa da Divina Misericórdia e a ela refere 14 vezes em seus colóquios com Santa Faustina, expressando o imenso desejo do Seu Coração Misericordioso de distribuir, neste dia, as suas graças:

"Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da minha Misericórdia; a alma que se confessar e comungar alcançará o perdão total das culpas e penas; nesse dia estão abertas todas as Comportas Divinas, pelas quais fluem as graças” (Diário, 570).

"Dize à humanidade que sofre que se aproxime do meu Coração Misericordioso, e Eu a cumularei de paz” (Diário 1074).


O decreto vaticano esclarece que a liturgia do segundo Domingo de Páscoa e as leituras da Liturgia das Horas seguirão sendo as que já integravam o missal e o rito romano.

Indulgência plenária na Festa da Misericórdia

A Festa da Divina Misericórdia é um momento de abundantes graças aos católicos. Cada fiel que se confessar durante o tempo da Quaresma e comungar no dia da Festa da Misericórdia (segundo Domingo de Páscoa) terá o perdão das culpas e penas. A Igreja concede, portanto, indulgência plenária a quem cumprir as condições prescritas e necessárias para obtê-la. Essa indulgência plenária concedida por ocasião da Festa da Divina Misericórdia possui vigor perpétuo, ou seja, renova-se automaticamente a cada ano (portanto, em cada celebração da Festa), sem que a Igreja precise prescrevê-la anualmente.

Senhor, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!


SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA – Santa Faustina e a Festa da Divina Misericórdia



A Irmã Faustina Kowalska, (Helen Kowalska), conhecida como a mensageira da Divina Misericórdia, era polonesa, natural da vila de Glogowiec, perto de Lodz, Cracóvia, Polônia. Ela vinha de uma família muito pobre que havia trabalhado exaustivamente em sua pequena fazenda durante os terríveis anos da I Guerra Mundial. Era a terceira de uma prole de dez filhos. Irmã Faustina teve apenas três anos de educação muito simples e aos vinte anos entrou para a Congregação de Nossa Senhora da Misericórdia, cujas irmãs se dedicavam à assistência de moças desvalidas ou em perigo de seguir o mau caminho. Suas tarefas eram sempre as mais humildes do Convento. E é por essa humilde freira que Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo traz ao mundo a maravilhosa mensagem da Misericórdia de seu Coração, aparecendo-lhe em 22 de fevereiro de 1931.



Irmã Faustina nos conta como foi em seu diário:

"À noite, quando eu estava em minha cela, percebi a presença do Senhor Jesus vestido com uma túnica branca. Uma mão estava levantada a fim de abençoar, a outra pousava na altura do peito. Da abertura da túnica no peito saíam dois grandes raios, um vermelho e outro pálido. Em silêncio, eu olhei intensamente para o Senhor; minha alma estava tomada pelo espanto, mas também por grande alegria. Depois de um tempo, Jesus me disse: «Pinta uma imagem de acordo com o que vês, com a inscrição embaixo, 'Jesus, eu confio em Vós’. Desejo que esta imagem seja venerada primeiro na tua capela e depois no mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar esta imagem não perecerá. Prometo também a vitória sobre os inimigos já nesta terra mas especialmente na hora da morte. Eu mesmo a defenderei com a minha própria glória. Ofereço aos homens um recipiente com o qual deverão vir buscar graças na fonte da misericórdia. O recipiente é esta própria imagem com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós!»".


Ainda em outras ocasiões, Jesus voltou a falar sobre a imagem:

"O meu olhar naquela imagem é igual ao meu olhar na Cruz".

"Não na beleza da cor, nem na habilidade do artista, mas na minha graça está o valor desta imagem".

A pedido de seu diretor espiritual, Irmã Faustina perguntou ao Senhor qual era o significado dos dois raios que tanto se destacavam na imagem. Jesus respondeu:

"Os dois raios representam o sangue e a água. O raio pálido representa a Água que justifica as almas, o vermelho representa o Sangue, que é a vida das almas. Ambos os raios saíram das entranhas da minha Misericórdia quando, na Cruz, o meu Coração agonizante na morte foi aberto com a lança. Estes raios defendem as almas da ira do meu Pai. Feliz aquele que viver sob a proteção deles, porque não será atingido pelo braço da justiça de Deus ".


Em 1934, por indicação de seu diretor espiritual, iniciou um diário que intitulou «A divina misericórdia em minha alma». Nele descreve as revelações místicas que recebeu de Jesus, entre as quais as que Ele lhe mostrou seu Coração, Fonte de Misericórdia, e lhe manifestou o seu expresso desejo de que se estabelecesse uma Festa para honrar a Misericórdia de seu Coração.

O Senhor lhe pede, por pelo menos 14 vezes, que se institua oficialmente uma “Festa da Misericórdia” (Diário de Santa Faustina):

“Esta Festa surge das entranhas de minha piedade. Desejo que seja celebrada com grande solenidade no primeiro domingo depois da Páscoa da Ressurreição. Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas e especialmente para os pobres pecadores. As entranhas mais profundas de minha Misericórdia se abrem nesse dia. Derramarei todo um mar de graças sobre aquelas almas que se aproximam da fonte da minha Misericórdia.

A alma que acuda à confissão e que receba a Sagrada Comunhão obterá a remissão total de suas culpas e das penas. Nesse dia estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais se derramam as graças. Que nenhuma alma receie se aproximar de mim ainda que seus pecados sejam escuros e escarlate. Toda Comunhão recebida com o coração limpo tende a restabelecer, naquele que a recebe, a inocência do Batismo, posto que o Mistério Eucarístico é «Fonte de toda graça»”. (Diário, 699)


Nosso Senhor também pede que a Imagem da Divina Misericórdia seja solenemente venerada neste dia: “Desejo que esta Imagem seja solenemente benta no primeiro domingo depois da Páscoa e que receba veneração pública, para que toda alma possa saber disso” (Diário, 341).

Jesus disse ainda à Ir. Faustina:

"Minha filha, declara que a Festa da minha Misericórdia brotou das minhas entranhas para consolação do mundo inteiro". ( Diário, 1517)

"Desejo unir-me às almas humanas; a minha delícia é unir-me a elas. Sabe, minha filha, que quando venho pela Sagrada Comunhão ao coração do homem, tenho as mãos cheias de toda a espécie de graças e desejo entregá-las às almas, mas elas nem me prestam atenção; deixam-me sozinho e ocupam-se com outras coisas. Ah, quão triste fico por não reconhecerem o meu Amor!"( Diário, 1385).


”Como me é doloroso que as almas se unam tão pouco a mim na Santa Comunhão! Eu espero as almas mas elas são indiferentes comigo. Amo-as tanto e com tanta ternura! Quero enchê-las de graças e elas não as querem aceitar. Tratam-me como coisa morta, no entanto o meu Coração está cheio de amor e de misericórdia." (Diário, 1683).

”Escreve para benefício das almas que a minha delícia é vir aos seus corações na Sagrada Comunhão." (Diário, 1683).

"Repara, abandonei o Trono do Céu para me unir a ti. Se o que estás a ver é apenas uma pequena parcela e a tua alma já desfalece de amor, então em que assombro ficará o teu coração, quando me contemplares em toda a Glória? Porém, quero dizer-te que essa vida eterna deve iniciar-se já aqui na terra pela Sagrada Comunhão. Cada Comunhão torna-te mais capaz de conviver com Deus por toda a eternidade." (Diário, 1810).

Senhor, tem misericórdia de nós e do mundo inteiro!


SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA – FESTA DA DIVINA MISERICÓRDIA - Oração para ser misericordioso



ORAÇÃO PARA SER MISERICORDIOSO

“Oh, Senhor, desejo transformar-me toda em tua Misericórdia e ser um vivo reflexo de ti. Que este supremo atributo de Deus, sua insondável Misericórdia, passe através de meu coração ao próximo.
Ajuda-me, oh Senhor, para que meus olhos sejam misericordiosos, a fim de que eu jamais desconfie de ninguém ou julgue segundo as aparências, e que busque o belo na alma de meu próximo e corra a ajudá-lo.
Ajuda-me, oh Senhor, para que meus ouvidos sejam misericordiosos, a fim de que leve em conta as necessidades de meu próximo e não seja indiferente a suas penas e gemidos.
Ajuda-me, oh Senhor, para que minha língua seja misericordiosa, a fim de que jamais fale negativamente de meu próximo e que tenha sempre uma palavra de consolo e perdão para todos.
Ajuda-me, oh Senhor, para que minhas mãos sejam misericordiosas e cheias de boas obras, a fim de que saiba fazer só o bem a meu próximo e tome para mim os trabalhos mais difíceis e mais penosos.
Ajuda-me, oh Senhor, para que meus pés sejam misericordiosos, a fim de que sempre me apresse a socorrer meu próximo, dominando minha própria fadiga e meu cansaço.
Ajuda-me, oh Senhor, para que meu coração seja misericordioso, a fim de que eu sinta todos os sofrimentos de meu próximo.
Que tua Misericórdia, oh Senhor meu, repouse sempre dentro de mim”.

Santa Faustina Kowalska
Diário, 163


sábado, 18 de abril de 2009

OITAVA DA PÁSCOA – Jesus apresentou-se na margem


«Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem»

“Deus misericordioso, Deus muito compassivo e amigo dos homens (Sab 1, 6), quando Tu falas, nada é impossível, mesmo o que parece impossível ao nosso espírito: és Tu que dás um fruto saboroso em troca dos duros espinhos da nossa vida.

Senhor Cristo, Sopro da nossa vida (Lam 4, 20) e Esplendor da nossa beleza, Luz e Doador da luz, Tu não encontras prazer no mal, não queres a perdição de ninguém, não desejas nunca a morte (Ez 18,32). Não és abalado pela perturbação, nem estás sujeito à cólera; não és intermitente no teu amor, nem modificas a tua compaixão; jamais alteras a tua bondade. Não voltas as costas, não desvias a face, mas és totalmente Luz e Vontade de Salvação. Quando queres perdoar, perdoas; quando queres curar, és poderoso; quando queres vivificar, és capaz; quando concedes a tua graça, és generoso; quando queres devolver a saúde, és prodigioso. Quando queres renovar és criador; quando queres ressuscitar, és Deus. Quando, antes mesmo de nós o pedirmos, queres estender a tua mão, não faltas com nada. Se me queres fortalecer, a mim que sou inseguro, és rochedo; se queres dar-me de beber, a mim que estou sequioso, és fonte; se queres revelar o que está escondido, és Luz.

Tu, que para minha salvação, combateste com coragem, tomaste sobre o teu corpo inocente todo o sofrimento das punições que merecíamos, a fim de, ao tornares-te exemplo, manifestares em ato a compaixão que tens por nós”.

São Gregório de Narek, Monge
O Livro de orações, n° 66

OITAVA DA PÁSCOA – Emaus, olhos impedidos de O reconhecer



«Os seus olhos, porém, estavam impedidos de O reconhecer»

”Acabais de ouvir, irmãos caríssimos: dois discípulos de Jesus caminhavam na estrada e, não acreditando que era Ele, d'Ele falavam, porém. O Senhor apareceu-lhes, sem contudo se lhes mostrar sob uma forma por que o pudessem reconhecer. O Senhor realizou portanto no exterior, aos olhos do corpo, o que neles se cumpria no interior, aos olhos do coração. No seu próprio interior, os discípulos amavam e duvidavam em simultâneo; no exterior, o Senhor estava presente sem no entanto manifestar Quem era. Àqueles que d' Ele falavam, oferecia a sua presença; mas aos que duvidavam d'Ele, escondia o aspecto habitual, que lhes teria permitido reconhecê-lo. Trocou algumas palavras com eles, reprovou-lhes a lentidão em compreender, explicou-lhes os mistérios da Sagrada Escritura que lhe diziam respeito. E, no entanto, no coração deles continuava a ser um estranho, por falta de fé; fez então menção de seguir para diante. A Verdade, que é simples, nada fez com duplicidade, mas manifestou-se simplesmente aos discípulos no seu corpo tal como estava no espírito deles.


Com esta prova, o Senhor queria ver se os que ainda não o amavam como Deus eram ao menos capazes de o amar como viajante. A Verdade caminhava com eles; não podiam pois continuar estranhos ao amor; ofereceram-lhe hospitalidade, propondo-lhe que pernoitasse com eles, como se costuma fazer aos viajantes. Por que dizemos então que eles lhe propuseram, quando está escrito: «Insistiram com Ele»? Este exemplo mostra-nos bem que não devemos apenas oferecer hospitalidade aos viajantes, mas fazê-lo com insistência.

Os discípulos puseram a mesa, ofereceram da sua ceia; e, não tendo reconhecido a Deus quando da sua explicação da Sagrada Escritura, eis que o reconhecem agora, na fração do pão. Não foi pois ao escutar os mandamentos de Deus que ficaram iluminados e seus olhos enxergaram, mas ao pô-los em prática”.

São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja
Homilia 23 sobre o Evangelho

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Papa Bento XVI faz 82 anos “procurando levar os homens a Deus”



Vaticano

O Papa faz 82 anos “procurando levar os homens a Deus”

VATICANO, 16 Abr. 09 / 10:56 am (ACI) - O Papa Bento XVI completa esta quinta-feira 82 anos, “procurando levar os homens a Deus”, conforme explicou o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sede, o Pe. Federico Lombardi, SJ.

O Pontífice celebra seus 82 anos no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, a poucos quilômetros de Roma, onde transcorre um breve período de descanso depois dos ritos de Semana Santa.

O Pe. Lombardi expressou sua felicitação ao Papa manifestando o desejo de que “possa continuar exercendo durante muitos anos seu ministério, que é um ministério profundo de ajuda aos homens e mulheres para encontrar a Deus”.

“O centro de sua preocupação é levar aos homens a Deus e Deus aos homens através de um grande amor pessoal por Cristo”, disse o Pe. Lombardi; e assinalou que “apesar da atitude crítica necessária ao redor de tantos aspectos negativos da cultura ou da mentalidade de hoje, no fundo, a mensagem que quer dar é uma mensagem de amor, uma mensagem para o bem do ser humano e que é a reconciliação com Deus e com todos os habitantes da terra”.


Joseph Aloysius Ratzinger, nome de batismo de Bento XVI, nasceu em Marktl am Inn (Bavária, Alemanha) em 16 de abril de 1927. Desde 1946 a 1951, ano em que foi ordenado sacerdote (29 de junho) e iniciava sua atividade de professor, estudou filosofia e teologia na universidade de Munique e na escola superior de Filosofia e Teologia de Freising. Em 1953, se doutora em Teologia com a dissertação "Povo e casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho". Quatro anos depois obtinha a cadeira com seu trabalho sobre "A Teologia da História de São Boaventura".


Depois de conseguir o cargo de Dogmática e Teologia Fundamental na escola superior de Filosofia e Teologia de Freising, prosseguiu o ensino em Bonn, de 1959 a 1969, Münster de 1963 a 1966 e Tubinga, de 1966 a 1969. Neste último ano passou a ser catedrático de Dogmática e História do Dogma na Universidade de Regensburgo e vice-presidente da mesma universidade. Em 1962 contribuiu uma notável contribuição no Concílio Vaticano II como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colônia.


O Papa Paulo VI o nomeou Arcebispo de Munique em 24 de março de 1977 e o criou Cardeal em 27 de junho de 1977. Em 1981, o Papa João Paulo II o nomeou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Foi também Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Pontifícia Comissão Teológica Internacional e Decano do Colégio Cardinalício.

Em 19 de abril de 2005, no segundo dia do conclave, foi eleito Papa.


Em uma entrevista concedida a Rádio Vaticano a propósito do aniversário, o Padre Lombardi destacou que em apenas um ano “o Papa esteve na América, nos Estados Unidos, nas Nações Unidas. Esteve na Austrália para a Jornada Mundial da Juventude. Na França e, finalmente, em África, faz poucas semanas”.

“Percorreu quatro continentes em um ano e todas estas viagens foram notáveis pela acolhida, pela eficácia com que sua mensagem foi recebida também por parte de públicos completamente distintos do ponto de vista cultural e de sua situação. Por isso diria que o Papa viveu a dimensão universal de seu ministério de forma extremamente eficaz, no curso deste ano”, assinalou.


Momentos difíceis

Sobre os momentos delicados e difíceis neste último ano de Pontificado, o Padre Lombardi considerou discussões com motivo da remissão da excomunhão aos quatro bispos ordenados por Marcel Lefebvre e o caso Williamson.

“Como o viveu o Papa? Vêmo-lo com a Carta que ele mesmo escreveu aos Bispos de todo o mundo, que é um documento extraordinário, um documento muito pessoal, intenso, em que vemos como ele confronta uma situação de tensão dentro da Igreja e também em relação com a cultura circunstante. Confronta-a substancialmente colocando novamente em claro as prioridades de seu pontificado, reconduzir aos homens a Deus e Deus aos homens, e destacando os critérios evangélicos com os quais tomou esta iniciativa da remissão da excomunhão, como um gesto de misericórdia, inspirando-se nas palavras do Evangelho: reconcilie-se com seu irmão. Diria que nos deu um testemunho muito intenso como homem de fé, como pastor que guia a Igreja com critérios de pura fé e grande caridade e responsabilidade espiritual em relação com o povo de Deus e da humanidade de hoje”, indicou.


Deus o abençoe, Papa Bento!


Fonte: Acidigital

PAPA BENTO XVI – Aniversário com presente


Aniversário de Bento XVI: exposição na sua casa natal

Bento XVI completa 82 anos, e em vários lugares do mundo, organizam-se comemorações e eventos. Um deles, de modo especial, está a realizar-se justamente na casa onde nasceu, em Marktl am Inn, na Baviera: uma exposição que revela os aspectos “domésticos” de Joseph Ratzinger.

A mostra é intitulada «Onde estou verdadeiramente em casa: a pátria e o Papa Bento XVI», e é dedicada especificamente ao significado do conceito de “pátria” para o Papa.

A casa natal de Joseph Ratzinger foi comprada por uma Fundação, logo após a sua eleição, em Abril de 2005, e transformada em museu. Nesta mostra, os visitantes podem ver documentos escritos por ele e pelo seu irmão Georg, além de conhecer episódios da sua infância, revelados pelos habitantes da comunidade.


Fonte: Agência Ecclesia


OITAVA DA PÁSCOA – Dies Domini – O Dia que o Senhor fez!



“Este é o dia que o Senhor fez. Exultemos e alegremo-nos nele.” Salmo 118, 24

Dies Domini

“Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque eterna é a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
eterna é a sua misericórdia.
A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei de viver
para anunciar as obras do Senhor”.

Salmo 118, 1-2; 16-17


«Este é o dia que o Senhor fez» (Sl 118,24). Lembrai-vos do estado do mundo no princípio: «As trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. Deus disse: 'Faça-se a luz'. E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou dia à luz e às trevas noite» (Gn 1,2s). Este é o dia que o Senhor fez. É o dia de que fala o apóstolo Paulo: «Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor» (Ef 5,8).

Não era Tomé um homem, um dos discípulos, um homem da multidão, por assim dizer? Os seus irmãos disseram-lhe: «Vimos o Senhor». E ele: «Se eu não tocar, se não meter o meu dedo no seu lado, não acreditarei». Os evangelistas trazem-te a novidade, e tu não acreditas? O mundo acreditou e um discípulo não acreditou? Ainda não tinha chegado esse dia que o Senhor fez; as trevas estavam ainda sobre o abismo, nas profundezas do coração humano, que estava nas trevas. Que venha, pois, Este que é o sinal do dia, que Ele venha e que diga com paciência, com doçura, sem cólera, Ele que cura: «Vem! Vem, toca aqui e acredita. Tu declaraste: 'Se não tocar, se não meter o meu dedo, não acreditarei'. Vem, toca, põe o teu dedo e não sejas incrédulo, mas crente. Eu conheço as tuas feridas, guardei para ti a minha cicatriz».


Aproximando a sua mão, o discípulo pode plenamente completar a sua fé. Qual é, com efeito, a plenitude da fé? Não acreditar que Cristo é somente Homem, não acreditar também que Cristo é somente Deus, mas sim acreditar que Ele é Homem e Deus. Assim, o discípulo ao qual o seu Salvador deu a tocar os membros do seu corpo e as suas cicatrizes exclamou: «Meu Senhor e meu Deus». Ele tocou o Homem, reconheceu Deus. Tocou a Carne, voltou-se para a Palavra, porque «a Palavra fez-se carne e habitou entre nós» (Jo 1,14). A Palavra suportou que a sua carne fosse suspensa na cruz; a Palavra suportou que a sua carne fosse colocada no túmulo. A Palavra ressuscitou na sua carne, mostrou-a aos olhos dos seus discípulos, prestou-se a ser tocada pelas suas mãos. Eles tocaram, e eles exclamaram: «Meu Senhor e meu Deus!». Este é o Dia que o Senhor fez!”.

Dos sermões de Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja