terça-feira, 2 de junho de 2009

Parábola da vinha



São Marcos 12, 1-12

”A vinha é o nosso símbolo, porque o povo de Deus eleva-se acima da terra enraizado na cepa da vinha eterna (Jo 15, 5). Fruto de um solo ingrato, a vinha pode desenvolver-se e florescer, ou revestir-se de verdura, ou assemelhar-se ao jugo amável da cruz, quando cresce e os seus braços estendidos são os sarmentos de uma videira fecunda. É, pois, com razão que chamamos vinha ao povo de Cristo, quer porque Ele traça na testa o sinal da cruz (Ez 9, 4), quer porque os frutos da vinha são recolhidos na última estação do ano, quer porque, tal como acontece aos ramos da videira, pobres e ricos, humildes e poderosos, servos e senhores, todos são, na Igreja, de uma igualdade completa.

Quando é ligada, a vinha endireita-se; se é podada, não é para a diminuir, mas para fazê-la crescer. E o mesmo se passa com o povo santo: quando é preso, liberta-se; quando é humilhado, eleva-se; quando é cortado, é uma coroa que lhe é dada. Melhor ainda: tal como o rebento que é retirado de uma árvore velha e enxertado noutra raiz, assim também este povo santo vem a desenvolver-se quando é alimentado na árvore da cruz. E o Espírito Santo, como que expandindo-se nos sulcos de um terreno, derrama-se sobre o nosso ser lavando tudo o que é imundo e limpando-nos os membros, para os dirigir ao céu.

O Vinhateiro tem por costume mondar esta vinha, ligá-la e apará-la (Jo 15, 2). Ora inunda de sol os segredos do nosso corpo, ora os rega com a chuva. Gosta de mondar o terreno para que os espinheiros não perturbem os rebentos; e vela para que as folhas não façam demasiada sombra, privando-nos de luz às virtudes e impedindo os frutos de amadurecer”.


Santo Ambrósio, Bispo de Milão e Doutor da Igreja
L'Evangile commenté, p. 290 rev, cf SC 52


Nenhum comentário: