quinta-feira, 25 de junho de 2009

Papa João XXIII – Exemplo de sacerdócio para o Ano Sacerdotal



Papa Giovanni XXIII
Nove anos de sacerdócio
Exercícios Espirituais
Martinengo, 19 a 25 de outubro de 1913


“É a sétima vez que me recolho neste lugar santo e agradável para pensar na minha alma. O dever principal que se me impõe é sempre o mesmo: bendizer ao Senhor, que continua a amar-me, preservando-me de quedas graves e confundindo-me no meu nada. Apenas digo ao Senhor: eis-me aqui, disposto a tudo, para as alegrias e também para as dores. ‘Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro’( FL 1, 21). Pensava pedir que me aliviassem um pouco o peso das minhas ocupações, indicando as que correspondem melhor ao meu temperamento. Mas decidi não fazer nada. Os superiores sabem tudo e isso me basta; sobretudo, se não me perguntarem, evitarei mostrar-lhes as minhas preferências por uma ou outra espécie de ocupações. Continuemos em frente, como sempre me repete o meu padre espiritual, com a cabeça no saco da Providência Divina.

Talvez estes sete anos passados já só signifiquem a abundância por parte de Deus para comigo. Não poderiam, porventura, começar agora os sete anos de escassez? Merecê-los-ia, tendo em conta a minha falta de correspondência a tantas graças. Portanto, que venha de bom grado a escassez purificadora; que venham as amarguras, as humilhações e as dores. Aceitá-las-ei de boa vontade, como prenda da sinceridade dos meus sentimentos de amor a Jesus. Portanto, será para mim uma satisfação aceitar com santo prazer todas as ocasiões, grandes e pequenas, que eu tiver durante o dia de confundir-me, de mortificar o meu amor próprio, sem, de forma alguma, revoltar-me, contente (como o caracol que recolhe – e trabalha fechado em si mesmo – as gotas do orvalho caído do céu). Não me importa que me humilhem, desde que tudo seja para glória de Deus e para meu verdadeiro bem, para santificação do meu espírito. Procurarei viver neste contínuo sentimento da minha pequenez e indignidade, e quando alguma coisa me molestar, serei feliz em repetir”.


Beato Papa João XXIII
Diário da alma, 3ªp., pp.222-223

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