quarta-feira, 13 de maio de 2009

NOSSA SENHORA DE FÁTIMA - Necessitamos nos santificar por Maria – 2ª parte



13 de Maio
5a Semana da Páscoa

Continuação:

“Absolutamente não há, nem nunca haverá jamais, criatura onde Deus seja maior, fora d’Ele mesmo e em si mesmo, que na divina Maria, sem exceção nem dos bem-aventurados, nem dos querubins, nem dos mais altos serafins, no Paraíso mesmo. Maria é o Paraíso de Deus e seu mundo inefável, onde o Filho de Deus entrou para lá operar maravilhas, para o guardar e comprazer-se lá. Ele fez um mundo para o homem viandante, que é este em que estamos; Ele fez um mundo para o homem bem-aventurado, que é o Paraíso; mas Ele fez um outro para si, ao qual deu o nome de Maria; mundo desconhecido a quase todos os mortais, e incompreensível a todos os anjos e bem-aventurados, lá no Céu, que, na admiração de ver Deus tão elevado e tão distanciado deles todos, tão separado e tão recluso em Seu mundo, a divina Maria, bradam dia e noite: Santo, Santo, Santo.

Feliz e mil vezes feliz a alma, aqui embaixo, à qual o Espírito Santo revela o segredo de Maria, para o conhecer, e à qual Ele abre e permite penetrar esse jardim fechado, essa fonte selada para nela abeberar-se das águas vivas da graça! Esta alma não encontrará senão Deus somente, sem criatura, nesta amável criatura. Mas Deus, ao mesmo tempo infinitamente Santo e Elevado, infinitamente condescendente e proporcionado à sua fraqueza. Uma vez que Deus está em todo lugar, pode-se encontrá-lo em todo lugar, até nos infernos; mas não há lugar onde a criatura possa encontrá-lo mais perto de si e mais proporcionada à sua fraqueza que em Maria, pois foi para este efeito que Ele desceu a Ela. Por toda parte Ele é o Pão dos fortes e dos Anjos; mas em Maria, Ele é o Pão dos filhos.

Que ninguém imagine, portanto, junto com alguns falsos iluminados, que Maria, sendo criatura, seja um impedimento à união como o Criador; não é mais Maria que vive, é Jesus Cristo só, é Deus só que vive n’Ela. Sua transformação em Deus ultrapassa mais a de São Paulo e dos outros santos, de que o céu ultrapassa a terra em elevação. Maria não foi feita senão para Deus, e tal seria que Ela faça parar uma alma n’Ela mesma. Pelo contrário, Ela a lança em Deus e a une a Ele com tanto maior perfeição, quanto maior a união da alma com Ela. Maria é o eco admirável de Deus, que não responde senão: Deus, quando alguém grita: Maria, que não glorifica senão a Deus, quando, com Santa Isabel, alguém lhe chama bem-aventurada. Se os falsos iluminados, que foram miseravelmente enganados pelo demônio até na oração, houvessem sabido encontrar Maria, e por Maria, Jesus, e por Jesus, Deus, eles não teriam tido tão terríveis quedas. Quando se tem uma vez encontrado Maria, e por Maria, Jesus, e por Jesus, Deus Pai, tem-se encontrado todo bem, dizem as almas santas. Quem diz a "todo" não faz exceção de nada: toda graça e toda amizade junto a Deus; toda sinceridade contra os inimigos de Deus; toda verdade contra a mentira; toda facilidade e toda vitória contra as dificuldades da salvação; toda doçura e toda alegria nas amarguras da vida.


Isso não quer dizer que quem encontrou Maria, por meio de uma verdadeira devoção, seja isento de cruzes e de sofrimentos; pode ser sim, mais assaltado do que qualquer outro, porque Maria, sendo a Mãe dos viventes, dá a todos os seus filhos pedaços da Árvore da vida, que é a Cruz de Jesus; mas talhando-lhes umas boas cruzes, Ela lhes dá a graça de carregá-las pacientemente e mesmo alegremente; de sorte que as cruzes que Ela dá aos que lhe pertencem são mais uns doces, ou umas cruzes confeitadas, que cruzes amargas; ou, se eles sentem por um tempo a amargura do cálice que é preciso beber necessariamente para ser amigo de Deus, a consolação e a alegria, que esta boa Mãe faz suceder à tristeza, os anima infinitamente a levar cruzes ainda mais pesadas e amargas.

Conclusão

A dificuldade está, portanto, em saber encontrar verdadeiramente a divina Maria, para encontrar toda graça abundante. Deus, sendo Senhor absoluto, pode comunicar por Ele mesmo o que Ele não comunica ordinariamente senão por Maria; não se pode negar, sem temeridade, que Ele o faça mesmo algumas vezes; entretanto, segundo a ordem que a divina Sabedoria estabeleceu, Ele não se comunica ordinariamente aos homens senão por Maria na ordem da graça, como diz São Tomás. É necessário, para subir e se unir a Ele, servir-se do mesmo meio de que Ele se serviu para descer a nós, para se fazer homem e para nos comunicar suas graças; e este meio é uma verdadeira devoção à Santa Virgem Maria”.


São Luís Maria Grignon de Montfort
O Segredo de Maria

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