NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
SOLENIDADE COM OITAVA
25 DE DEZEMBRO
«O significado transcendente que o Natal esconde e manifesta»
“O Natal é uma Festa que permanece. Dizemos isto referindo-nos ao influxo que esta celebração litúrgica deve exercer em nossos espíritos, deixando neles uma grata e especial recordação não apenas nas vicissitudes passageiras do tempo, como também nos acontecimentos inseridos no curso de nossa vida, que por circunstâncias especiais deixaram gravada alguma recordação no nosso espírito. O Natal, como uma fonte ainda viva de pensamento e de estímulo pedagógico, moral e religioso, permanece e deve permanecer como o dia que não escurece, mas que difunde sua luz inclusive no tempo posterior à sua data cronológica.
No Natal há que se pensar algumas vezes. Assim o fizeram os pastores que foram as primeiras testemunhas do nascimento de Jesus, ao serem convocados pelo anjo para comprovar o acontecimento. Foram a Belém, encontraram Jesus, com Maria e José e, na volta, "contaram o que lhes havia sido dito acerca do Menino. E quantos os ouviam —observa o Evangelho de São Lucas—, se maravilhavam pelo que lhes diziam os pastores" (Lc 2, 17-18). Assim, podemos dizer, o Evangelho começa a ser noticia, a difundir-se discreta e secretamente, e a contribuir na formação dessa consciência popular messiânica que acolherá, logo, a pregação de João Batista, o Precursor, e depois a do mesmo Cristo.
Mas outra circunstância muito clara nos exorta a pensar novamente no fato do Nascimento, evocado pela festa litúrgica, para descobrir o sentido, o significado transcendente que esconde e manifesta. O Natal tem um conteúdo próprio secreto, que se descobre só a quem o busca. Pensemos na Virgem Maria, no êxtase de sua alma limpíssima, já bem consciente do mistério de sua divina maternidade (cf. Lc 1, 28, ss.) e absorta totalmente na meditação do quanto se sucedia nela e ao seu redor.
Diz o Evangelho de São Lucas também, como conclusão da narração referente à noite do acontecimento natalício: "Maria guardava tudo isto e meditava em seu coração" (2. 19). Esta atitude de recolhimento, de reflexão e de meditação da Virgem nos é narrada também em outra passagem evangélica que é como uma conclusão do relato evangélico sobre os primeiros anos, até os 12, do Menino Jesus: "Sua Mãe —conclui São Lucas—, conservava todas estas coisas em seu coração" (2, 51).
Desta maneira nos é oferecido o primeiro exemplo de vida contemplativa na história evangélica; e o exemplo é encantador e magistral.
Sim, a presença de Cristo no mundo é uma Luz que o ilumina mas não sem o diafragma do mistério; um mistério que reclama de cada um de nós atenção e estudo. A Revelação não é somente um fato sensível e exterior; é uma Revelação encoberta pelo invólucro da parábola (cf. Mt 13, 13). Vê quem quer ver, vê quem olha, vê quem quer penetrar no sentido e nos fins da Revelação. Revelação que em seu conteúdo divino não tem confins e justifica por isso o esforço contemplativo dos fiéis, a quem o Mestre divino dirá: "Ditosos vossos olhos porque vêem e vossos ouvidos porque ouvem" (Mt 13, 16).
Por isso, se queremos que o Natal tenha uma influência positiva e eficaz, não o podemos classificar entre os momentos passageiros de nossa vida espiritual, senão como o que deve permanecer!
O Natal deve permanecer, sobretudo, como um acontecimento determinante de nossa consciência religiosa: o Verbo de Deus se fez homem!, e isto é um acontecimento que deve sustentar nosso modo de pensar e de viver. Ser cristãos não é, pois, coisa secundária, discutível e volúvel; não é uma ideologia subjetiva e adaptável a correntes facultativas da mentalidade histórica ou ambiental. É a Verdade que felizmente transfigura e vivifica, "A Verdade os fará livres" (Jo 8, 32). Sim, o presépio nos põe de joelhos ante o mistério da Encarnação, mistério de humildade infinita, mas mistério de glória infinita para Cristo e de salvação para nós (cf. Fl 2, 1-11).
O Natal deve permanecer, além disso, como escola: o exemplo do presépio não esgota seus ensinamentos em uma lição passageira de ingênua maravilha e de poesia pastoral; o presépio é um espelho da vida concebida segundo o Evangelho, na qual não se apagaram as energias para fazer obras nem os valores da atividade humana, senão que de forma muito melhor são doados energias e valores comprometidos por um esforço total de amor humilde.
Portanto, procuremos recordar o Natal como um ponto de partida, uma linha que quer ser trajetória no caminho de uma autêntica vida cristã”.
Papa Paulo VI
Audiência Geral, 28/12/1977
“O Natal é uma Festa que permanece. Dizemos isto referindo-nos ao influxo que esta celebração litúrgica deve exercer em nossos espíritos, deixando neles uma grata e especial recordação não apenas nas vicissitudes passageiras do tempo, como também nos acontecimentos inseridos no curso de nossa vida, que por circunstâncias especiais deixaram gravada alguma recordação no nosso espírito. O Natal, como uma fonte ainda viva de pensamento e de estímulo pedagógico, moral e religioso, permanece e deve permanecer como o dia que não escurece, mas que difunde sua luz inclusive no tempo posterior à sua data cronológica.
No Natal há que se pensar algumas vezes. Assim o fizeram os pastores que foram as primeiras testemunhas do nascimento de Jesus, ao serem convocados pelo anjo para comprovar o acontecimento. Foram a Belém, encontraram Jesus, com Maria e José e, na volta, "contaram o que lhes havia sido dito acerca do Menino. E quantos os ouviam —observa o Evangelho de São Lucas—, se maravilhavam pelo que lhes diziam os pastores" (Lc 2, 17-18). Assim, podemos dizer, o Evangelho começa a ser noticia, a difundir-se discreta e secretamente, e a contribuir na formação dessa consciência popular messiânica que acolherá, logo, a pregação de João Batista, o Precursor, e depois a do mesmo Cristo.
Mas outra circunstância muito clara nos exorta a pensar novamente no fato do Nascimento, evocado pela festa litúrgica, para descobrir o sentido, o significado transcendente que esconde e manifesta. O Natal tem um conteúdo próprio secreto, que se descobre só a quem o busca. Pensemos na Virgem Maria, no êxtase de sua alma limpíssima, já bem consciente do mistério de sua divina maternidade (cf. Lc 1, 28, ss.) e absorta totalmente na meditação do quanto se sucedia nela e ao seu redor.
Diz o Evangelho de São Lucas também, como conclusão da narração referente à noite do acontecimento natalício: "Maria guardava tudo isto e meditava em seu coração" (2. 19). Esta atitude de recolhimento, de reflexão e de meditação da Virgem nos é narrada também em outra passagem evangélica que é como uma conclusão do relato evangélico sobre os primeiros anos, até os 12, do Menino Jesus: "Sua Mãe —conclui São Lucas—, conservava todas estas coisas em seu coração" (2, 51).
Desta maneira nos é oferecido o primeiro exemplo de vida contemplativa na história evangélica; e o exemplo é encantador e magistral.
Sim, a presença de Cristo no mundo é uma Luz que o ilumina mas não sem o diafragma do mistério; um mistério que reclama de cada um de nós atenção e estudo. A Revelação não é somente um fato sensível e exterior; é uma Revelação encoberta pelo invólucro da parábola (cf. Mt 13, 13). Vê quem quer ver, vê quem olha, vê quem quer penetrar no sentido e nos fins da Revelação. Revelação que em seu conteúdo divino não tem confins e justifica por isso o esforço contemplativo dos fiéis, a quem o Mestre divino dirá: "Ditosos vossos olhos porque vêem e vossos ouvidos porque ouvem" (Mt 13, 16).
Por isso, se queremos que o Natal tenha uma influência positiva e eficaz, não o podemos classificar entre os momentos passageiros de nossa vida espiritual, senão como o que deve permanecer!
O Natal deve permanecer, sobretudo, como um acontecimento determinante de nossa consciência religiosa: o Verbo de Deus se fez homem!, e isto é um acontecimento que deve sustentar nosso modo de pensar e de viver. Ser cristãos não é, pois, coisa secundária, discutível e volúvel; não é uma ideologia subjetiva e adaptável a correntes facultativas da mentalidade histórica ou ambiental. É a Verdade que felizmente transfigura e vivifica, "A Verdade os fará livres" (Jo 8, 32). Sim, o presépio nos põe de joelhos ante o mistério da Encarnação, mistério de humildade infinita, mas mistério de glória infinita para Cristo e de salvação para nós (cf. Fl 2, 1-11).
O Natal deve permanecer, além disso, como escola: o exemplo do presépio não esgota seus ensinamentos em uma lição passageira de ingênua maravilha e de poesia pastoral; o presépio é um espelho da vida concebida segundo o Evangelho, na qual não se apagaram as energias para fazer obras nem os valores da atividade humana, senão que de forma muito melhor são doados energias e valores comprometidos por um esforço total de amor humilde.
Portanto, procuremos recordar o Natal como um ponto de partida, uma linha que quer ser trajetória no caminho de uma autêntica vida cristã”.
Papa Paulo VI
Audiência Geral, 28/12/1977
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