sábado, 6 de fevereiro de 2010

A santidade é simples - Parte II



A santidade é simples-Parte II


O QUE PEDE O SENHOR

O que pede Jesus às almas? Amor! ‘Se alguém me ama, meu Pai o amará e viremos a ele e nele faremos nossa morada’ (Jo 14, 23).

Se me amas... Eis aqui a única condição que nos pede o Senhor para sermos amados e visitados por Ele, para vir a nossa alma e estabelecer nela a sua morada. Isso é a verdadeira santidade: união com Deus. E esta união só se realiza amando. Amor é a única coisa que o Senhor nos pede para poder realizá-la.

A maior parte das pessoas boas e também dos religiosos, se fixam mais no acidental da santidade que no essencial, que é esta união da alma com Deus. Bem entendida esta verdade, se simplifica sumamente e se faz mais fácil o trabalho da própria santificação. Quanto trabalha e que pouco se adianta quem que não dá a esta verdade a importância que merece e se dedica a obras exteriores, trabalhos, fadigas e penas. Esses meios nem sempre são necessários para se chegar ao fim que se busca: a santidade.

Na teoria, todos sabem e dizem que é assim. Mas na prática, são muito poucos os que conhecem e entendem que a santidade é coisa tão íntima e secreta que alguém pode ser santo e muito santo sem que nada apareça de extraordinário em seu exterior.

A maioria das pessoas, embora piedosas, quando ouvem falar que alguém é ‘um santo’, se sentem movidas pelo desejo de vê-lo, e o observam para comprovar se, como os demais, come, dorme e fala. Que mentirosos são os homens em seus louvores! ‘Como um sopro são os homens; uma mentira os filhos dos homens’ (Sl 61, 10). Coisa boa é ver e desejar, conhecer e viver com pessoas santas. Mas a maior parte que tem este desejo, o tem por carecer de um conhecimento exato do que é a santidade. É uma curiosidade inútil pois de nada lhes servirá; e bem o demonstram as suas obras depois de satisfeito seu desejo.

Se estivéssemos convencidos de que a santidade é algo espiritual, interior, íntimo, como é a união de nossa alma com Deus, não haveria tanto afã como há por estas exterioridades e por querer medir, segundo estas, a maior ou menor santidade.

Quão bom e necessário é pedir a miúdo ao Senhor que nos mostre seus caminhos e nos ensine os meios que a ele conduzem: ‘Mostra-me, Senhor, os teus caminhos; adestra-me em tuas sendas’ (Sl 24, 4). Quantos poderiam voar pela via do amor e ser logo admitidos às intimidades do Senhor, se se despojassem dessas idéias errôneas. Quão bom e quão agradável seria a Deus que todos disséssemos frequentemente, do mais fundo do coração: Senhor, me bastam vossos divinos ensinamentos, os exemplos que por Vós mesmo e por vossos santos me haveis dado para conhecer o caminho que hei de seguir para santificar-me. Bastam-me os infinitos prodígios que fizestes para atrair-me ao vosso amor. Permanecestes escondido sob a cortina da fé nas humilhações de vossa Paixão e Morte no Sacramento do altar, nas ocultas operações de vossa graça na santificação das almas.

Já fizestes bastante, já nos destes provas suficientes de vosso amor que nos obriguem a amá-Lo.

Já creio, Jesus meu, creio em vosso amor por mim e vos amo com todo o meu coração. Eu vos amo e quero amar-vos, servir-vos e adorar-vos em ‘espírito e verdade’, tomando por guia vosso Santo Evangelho e por companheiros de meu caminho a Fé e o Amor.

A Fé e o Amor descobrirão então grandes prodígios, sem necessidade de ir buscá-los longe. Assistindo a Missa, em menos de meia hora, se realizarão ante nossos olhos os mais estupendos prodígios que possa fazer um Deus. À voz de uma pobre criatura, descerá o Verbo Eterno do mais alto dos céus para morrer misticamente outra vez, como sobre o Calvário, Vítima de nossos pecados, para fazer-se nosso alimento e permanecer em sua prisão de amor, e ser nosso companheiro, nosso guia, nossa luz no difícil caminho da vida.


J. Pastor
“La Santidad es amor”
Libro I, pp. 21-24
Eds.Anaya, Salamanca, 1973

(Continua)

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