sábado, 6 de fevereiro de 2010

A santidade é simples - Parte I



A santidade é simples-Parte I

«Todos os caminhos do Senhor são misericórdia e verdade, graça e fidelidade» Sl 24, 10

Sede perfeitos, sede santos, nos diz a todos sem exceção o Senhor. Sabia bem Deus a quem dava este preceito, pois somos suas criaturas, obra de suas mãos: ‘Tuas mãos me fizeram e me plasmaram’ (Jó 10, 8). Embora as condições humanas sejam tão diversas, Deus não faz nenhuma exceção e nos diz a todos igualmente: Sede santos. Se em meio a tão diversas situações como nos encontramos, Deus, Sabedoria por essência, nos manda a todos ser santos sem fazer distinção, não há de ser a santidade tão difícil como à primeira vista parece.

Se os santos são poucos é porque a maior parte dos cristãos não tem um conhecimento exato da santidade. ‘As vias do Senhor são todas misericórdia e verdade’ (Sl 24, 10). Somente por falta de uma segura convicção de que são estes unicamente os caminhos de Deus, é que muitas almas não chegam à santidade.

As misericórdias do Senhor são sem número e Ele as derramou sem medida nos caminhos por onde Ele mesmo nos manda caminhar para ir até Ele.

Deus é Verdade. Seu Reino está fundado na verdade, só pode reinar nas almas que andam em verdade. Andar em verdade quer dizer estimar a santidade pelo que ela é e não pelo que imaginamos que seja. Assim não pareceria a muitos tão difícil alcançá-la.

Estejamos certos de que nesses formosos caminhos de santidade, traçados pelas paternais mãos de Deus, cheios todos de luz, de misericórdia e de verdade, não há as dificuldades que parece haver. Somos nós que os fazemos difíceis por não conhecê-los bem. Se se conhecesse com todos os seus atrativos, então os santos seriam coisa comum. Especialmente entre religiosos que vivem em um estado mais propício à santidade e também entre os leigos que não vivem segundo as máximas do mundo, senão que colocam acima de tudo os seus interesses eternos, buscando a Deus e sua justiça.

Por que não é assim? Por que são tão poucas as pessoas cheias do Espírito de Deus, junto às quais se respira santidade? O que falta a tantas almas boas para que exalem esse perfume celestial e atraiam a todos os que se aproximam, levando-os a Deus? O que lhes falta se são tão boas que não se sabe o que mais desejar nelas? O que lhes falta é que o Senhor as tenha feito gostar das ternuras de seu amor, que as tenha admitido às intimidades ocultas, inexplicáveis, que transformam e divinizam a pobre criatura que, ao ver-se tão amada por Deus, não lhe sobra mais que a admiração e o silêncio, desejo ardente de que todos provem estas divinas delícias, uma vez que depois já não lhe apetecem outras coisas e logo perde o gosto por tudo o mais.

Almas boas, almas santas!...Todas as que sentem ânsias de Deus, da perfeição, de ir adiante nos caminhos do Senhor. Almas santas sois pois por tais os tem o Coração de Jesus. Mas Ele sofre por não poder estreitá-los contra seu peito, fazê-los experimentar seus abraços divinos. E não pode. Se encontra detido por vossa pusilanimidade.

Deste Fogo Divino está encarregada a Virgem Maria de distribuí-lo e comunicá-lo às almas. Quanto não deverá sofrer esta Mãe de amor e misericórdia ao ver quão pouco é o que impede a tantas almas o ser incendiadas e por esse Fogo abrasadas e transformadas em Jesus, seu Divino Filho?

Senhor, permita que, em união com Maria, me compadeça de tua dor na sede de amor que te consome! Quanto sofres pelas almas! E só pelas más, mas também pelas boas, pelas que são teu povo escolhido.


J. Pastor
“La Santidad es amor”
Libro I, pp. 21-24
Eds.Anaya, Salamanca, 1973

(Continua)

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