30 DE JULHO
«Livre em face do universo, o homem servirá somente a Deus»
“Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: Somos servos inúteis! (Lc 17, 10). Assim também vós? Mas onde está a semelhança? Não haverá antes diferença, e grande diferença? O homem não deverá a Deus senão o que pode dever a um homem? É evidente que não! A relação das situações não é a mesma, o fundamento da obrigação é diferente, o compromisso da pessoa é inteiramente diverso. Deus fez o homem existir, Deus mandou-o nascer, Deus lhe deu a vida, Deus lhe dá o conhecimento. Deus lhe fez presente do tempo, dividindo-o em épocas, que lhe concede em vista da sua glória. Deus fez do homem uma criatura aberta à honra, colocou-o à frente dos animais, e colocou-o como senhor da terra inteira, segundo a lei que pronunciou e o tempo que estabeleceu. E como esses dons originais se haviam perdido, Deus os restabeleceu de novo, amplificando-os até a divindade, elevando-os até o céu. Desde homem, a quem ele dera a terra como morada, fez um cidadão do céu.
Assim, o homem poderá conservar, em sua nova condição agora garantida, tudo o que perdera em sua incerta liberdade. Assim, finalmente, livre em face do universo, o homem servirá somente a Deus. Esse serviço, que o homem devia ao Autor do seu primeiro estado e da sua própria existência, ele o deve agora, segundo o Apóstolo, porque Deus o adquiriu, porque Deus o resgatou: «De fato, fostes comprados, e por preço muito alto!» (1Cor 6, 20). «Não vos torneis, pois, escravos de seres humanos» (1Cor 7, 23).
«Senhor», diziam os discípulos, «até os demônios nos obedecem por causa do teu nome» (Lc 10, 17). Mas Jesus os acalma: «Não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus» (Lc 10, 20). E para que o orgulho deles não lhes retirasse o que haviam ganho com seus esforços, para que evitassem atribuírem a si o que haviam obtido de Deus, Jesus os convida, por meio de uma comparação, à humildade, mãe de toda ciência verdadeira: «Se alguém de vós tem um servo que trabalha a terra ou cuida dos animais, quando ele volta do campo, lhe dirá: Vem depressa para a mesa?» (Lc 17, 7).
Após os trabalhos realizados e o testemunho de múltiplos milagres, os apóstolos se haviam julgado, a si próprios, servos de grande utilidade. Eles esqueciam o peso da terra, do barro de que seus corpos eram feitos. Sua inutilidade, que eles não enxergavam, a traição de Judas tornará manifesta. Ainda mais: Pedro o renega, João foge, todos o abandonam. Então, contemplamos, sozinho, o único no qual subsiste, o único do qual procede a utilidade do servo”.
Assim, o homem poderá conservar, em sua nova condição agora garantida, tudo o que perdera em sua incerta liberdade. Assim, finalmente, livre em face do universo, o homem servirá somente a Deus. Esse serviço, que o homem devia ao Autor do seu primeiro estado e da sua própria existência, ele o deve agora, segundo o Apóstolo, porque Deus o adquiriu, porque Deus o resgatou: «De fato, fostes comprados, e por preço muito alto!» (1Cor 6, 20). «Não vos torneis, pois, escravos de seres humanos» (1Cor 7, 23).
«Senhor», diziam os discípulos, «até os demônios nos obedecem por causa do teu nome» (Lc 10, 17). Mas Jesus os acalma: «Não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus» (Lc 10, 20). E para que o orgulho deles não lhes retirasse o que haviam ganho com seus esforços, para que evitassem atribuírem a si o que haviam obtido de Deus, Jesus os convida, por meio de uma comparação, à humildade, mãe de toda ciência verdadeira: «Se alguém de vós tem um servo que trabalha a terra ou cuida dos animais, quando ele volta do campo, lhe dirá: Vem depressa para a mesa?» (Lc 17, 7).
Após os trabalhos realizados e o testemunho de múltiplos milagres, os apóstolos se haviam julgado, a si próprios, servos de grande utilidade. Eles esqueciam o peso da terra, do barro de que seus corpos eram feitos. Sua inutilidade, que eles não enxergavam, a traição de Judas tornará manifesta. Ainda mais: Pedro o renega, João foge, todos o abandonam. Então, contemplamos, sozinho, o único no qual subsiste, o único do qual procede a utilidade do servo”.
São Pedro Crisólogo, Bispo e Doutor
Sermo 162(Patrologia Latina 52)
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