Festa 13 de julho
“Que felicidade! Como sou feliz em sacrificar tudo por Deus! Tudo não é nada em comparação com o que Nosso Senhor sacrificou por nós desde o berço até a cruz; desde a cruz até aniquilar-se inteiramente sob a forma de pão. Ele, um Deus, sob as espécies de pão e até a consumação dos séculos. Que grandeza de amor infinito! Amor não conhecido, amor não correspondido pela maioria dos homens.
Como quisera comunicar-te meus sentimentos! Como quisera fazer-te ver o horizonte infinito, belíssimo, incriado, que vivo contemplando! Amo a Deus mil vezes mais que antes, porque antes não o conhecia. Ele se revela e se mostra cada vez mais à alma que o busca sinceramente e que deseja conhecê-lo para amá-lo. Tudo o que é da terra me parece cada vez menor, mais miserável diante desta Divindade que, como Sol infinito, vai iluminando com seus raios minha alma miserável. Oh! Se por um instante pudesses penetrar-me até o íntimo, me verias presa por essa Beleza, por essa Bondade incompreensível... Como quisera prender os corações das criaturas e sujeitá-las ao amor divino! Tu não conheces o céu que, pela misericórdia de Deus, possuo em meu coração. Sim, em minha alma tenho um céu, porque Deus está em minha alma, e Deus é o céu.
Ama e faze o bem para possuir o bem imutável, o Bem infinito, o único que pode preencher e satisfazer tua vontade. Que posso eu? Nada. Absolutamente nada. Une-te a mim no agir, a fim de não ter outro motivo em nossos atos senão Deus. Mas nos separamos se não ages por Ele. Pois que abismo maior pode haver entre as obras feitas por Deus e as que se fazem por uma criatura!
Quando alguém ama, só pode falar do objeto amado. Ainda mais quando o objeto amado reúne em si todas as perfeições possíveis. Não sei como fazer outra coisa senão contemplá-lo e amá-lo. Que queres, se Jesus Cristo, este Louco de amor, me tornou louca? É um martírio o que padeço ao ver que corações nobres e bem nascidos, corações capazes de amar o bem, não amem o bem imutável; que corações agradecidos para com as criaturas não sejam para com Aquele que os sustenta, que lhes dá a vida e os ampara, que lhes dá e lhes deu tudo, até dar-se a Ele mesmo.
Pensa tranqüilamente quem é Deus e quem és tu, e tudo o que lhe deves. Vai a uma igreja, onde Jesus solitário te fale ao coração em místico silêncio. Une-te a mim. Acompanhemos o Deus abandonado e peçamos-lhe nos dê seu santo amor”.
Santa Teresa de Los Andes, ocd
Carta n°107
Obras completas, Editorial Monte Carmelo
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