sábado, 25 de julho de 2009

NOSSA SENHORA DO CARMO – Papa João Paulo II e a Virgem do Carmo



Festa 16 de julho

DA CARTA DO SANTO PADRE PAPA JOÃO PAULO II, POR OCASIÃO DOS 750 ANOS DE DEVOÇÃO AO ESCAPULÁRIO: 1251 - 16 DE JULHO - 2001

“As várias gerações do Carmelo, desde as suas origens até os dias de hoje, no seu itinerário rumo à montanha santa, Jesus Cristo nosso Senhor, procuram plasmar a própria vida segundo os exemplos de Maria.

Por isso no Carmelo, e em qualquer alma movida pelo terno afeto à Virgem e Mãe santíssima, floresce a sua contemplação, d’Ela que, desde o princípio, soube estar aberta à escuta da Palavra de Deus e ser obediente à sua vontade (cf. Lc 2,19.51). Maria, educada e plasmada pelo Espírito (cf. Lc 2,44-50), foi capaz de ler na fé a própria história (cf. Lc 1,46) e dócil às sugestões divinas, avançou no caminho da fé, e conservou fielmente a união com seu Filho até à cruz, junto da qual, por desígnio de Deus, se manteve de pé (cf. Jo 19,25); sofreu profundamente com o seu Unigênito e associou-se de coração maternal ao seu sacrifício (Lumen gentium, 58).

A contemplação da Virgem, apresenta-mo-la enquanto como Mãe solícita, vê crescer o seu Filho em Nazaré, o segue pelas estradas da Palestina, o assiste nas bodas de Caná e, aos pés da cruz, torna-se a Mãe associada à sua oferenda e doada a todos os homens na entrega que o próprio Jesus faz dela ao seu discípulo predileto. Como Mãe da Igreja, a Virgem santa está unida aos discípulos que se entregavam assiduamente à oração e, como Mulher nova que antecipa em si o que um dia se realizará para todos na plena fruição da vida trinitária, é elevada ao Céu sobre os filhos peregrinos para o monte santo da glória.

Uma atitude contemplativa da mente e do coração como esta, leva a admirar a experiência de fé e de amor da Virgem, que já vive em si o que cada fiel deseja realizar no mistério de Cristo e da Igreja (cf SC 103; LG, 53). Justamente por isso os Carmelitas, nos seus dois ramos, escolheram Maria como própria padroeira e Mãe espiritual e têm sempre diante dos olhos do coração a Virgem Puríssima que guia a todos para o perfeito conhecimento e imitação de Cristo.

Floresce assim uma intimidade de relações espirituais que incrementam cada vez mais a comunhão com Cristo e com Maria. Para os membros da Família carmelita, Maria a virgem Mãe de Deus e dos homens, não é só um modelo para imitar, mas também uma doce presença de Mãe e Irmã na qual confiar. Justamente Santa Teresa de Jesus exortava: ‘Imitai Maria e ponderai qual deva ser a grandeza desta Senhora e o benefício de a ter como Padroeira’ (Castelo interior, III,1,3).


Esta intensa vida Mariana, que se exprime em oração confiante, em entusiástico louvor e em diligente imitação, leva a compreender como a forma mais genuína da devoção à Virgem santíssima, expressa pelo humilde sinal do Escapulário, seja a consagração ao seu Coração Imaculado (cf Pio XII, Carta Neminem profecto later 11 / 02 1950; LG, 67). É assim que no coração se realiza uma crescente comunhão e familiaridade com a Virgem Santa, como maneira nova de viver para Deus e de continuar aqui na terra o amor do Filho à sua mãe Maria. Pomo-nos desta forma, segundo a expressão do Beato mártir carmelita Tito Brandsma, em profunda sintonia com Maria, a Theotokos, tornando-nos como Ela transmissores da vida divina: ‘Também a nós o Senhor envia o seu anjo. Também nós devemos receber Deus nos nossos corações, levá-lo dentro dos nossos corações, nutri-lo e fazê-lo crescer em nós de tal forma que ele nasça de nós e viva conosco como Deus-conosco, o Emanuel’ (Da relação do Beato Tito Brandsma ao Congresso Mariológico de Tongerlo, agosto de 1936).

Este rico patrimônio do Carmelo tornou-se, no tempo, através da difusão da devoção do Santo escapulário, um tesouro para toda a Igreja. No sinal do Escapulário evidencia-se uma síntese eficaz de espiritualidade Mariana, que alimenta a devoção dos crentes, tornando-os sensíveis à presença amorosa da Virgem Mãe na sua vida. O Escapulário é essencialmente um hábito. Quem o recebe é agregado ou associado num grau mais ou menos íntimo à Ordem do Carmelo, dedicado ao serviço de Nossa Senhora para o bem de toda a Igreja

São, portanto, duas as verdades recordadas no sinal do Escapulário: por um lado, a proteção contínua da Virgem santíssima, não só ao longo do caminho da vida, mas também no momento da passagem para a plenitude da glória eterna; por outro, a consciência de que a devoção a Ela não se pode limitar a orações e obséquios em sua honra em algumas circunstâncias, mas deve constituir um hábito, isto é, um ponto de referência permanente do seu comportamento cristão, tecido de oração e de vida interior, mediante a prática freqüente dos Sacramentos e o exercício concreto das obras de misericórdia espiritual e corporal. Desta forma o Escapulário torna-se sinal de aliança e de comunhão recíproca entre Maria e os fiéis; de fato, ele traduz de maneira concreta a entrega que Jesus, na cruz, fez a João, e nele a todos nós, da sua Mãe, e o ato de confiar o seu apóstolo predileto e a nós a Ela, constituída nossa Mãe espiritual.

Desta espiritualidade Mariana, que plasma interiormente as pessoas e as configura com Cristo, primogênito de muitos irmãos, são um maravilhoso exemplo os testemunhos de santidade e de sabedoria de tantos Santos e Santas do Carmelo, todos crescidos à sombra e sob a tutela da Mãe.

Também eu levo no meu coração, desde há muito tempo o Escapulário do Carmo! Pelo amor que nutro pela Mãe celeste de todos nós, cuja proteção experimento continuamente, desejo que este ano mariano ajude todos os religiosos e as religiosas do Carmelo e os piedosos fiéis que a veneram filialmente, a crescer no seu amor e a irradiar no mundo a presença desta Mulher do silêncio e da oração, invocada como Mãe da misericórdia, Mãe da esperança e da graça”.

Papa João Paulo II

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