sexta-feira, 31 de julho de 2009

Santo Inácio de Loyola – O amor é o critério da sua vida espiritual



Festa 31 de julho

S. Inácio - O Discernimento a partir da caridade.

“O peso da alma é o amor”. Assim escrevia S. Inácio a um antigo colega da universidade de Paris dando-nos a chave do seu itinerário interior e do próprio carisma da Companhia de Jesus. 450 anos depois da sua morte, Inácio de Loyola, continua a ser reconhecido na Igreja como o grande especialista do discernimento. O que é talvez menos conhecido é a importância dada por S. Inácio ao amor como critério do discernimento afetivamente livre. Segundo os Exercícios Espirituais o desejo de viver em reciprocidade com Jesus, “Eterno Senhor de todas as coisas”, sintetiza-se no exercício de “Contemplação” que é capaz de “alcançar o Amor”. S. Inácio une assim a “ação” com a “Contemplação” (ser alcançado pelo Amor).

“Sair do próprio amor” para abraçar o amor de Cristo foi, para S. Inácio, tal como é hoje para todos os que continuam a seguir a sua espiritualidade, o processo que leva cada homem a ver o “Mundo” para além do “mundo” do seu próprio eu, abandonando-se nas mãos do Pai, na confiança de que só o Seu amor basta.”Dá-me o Teu amor e a Tua graça que isto me basta” dizia S. Inácio. O amor é para S. Inácio o critério averiguador da verdade do discernimento, a condição de possibilidade da autêntica liberdade humana. Para S. Inácio, não é possível reduzir o amor a uma experiência sentimental, intimista ou platônica. O amor é Deus. E Deus é “ativo”, “habita”, “trabalha” em todas as coisas. S. Inácio experimentou este amor e, foi este amor que lhe permitiu encontrar “Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus”. O amor verdadeiro é operativo, concreto, eficaz. Cresce, tende para o “mais”. O importante é libertar o amor de toda a afetividade egoísta, de toda a desordem. Já não se trata de viver apenas para evitar o pecado; trata-se de “amar para poder viver na liberdade” e na “discrição da caridade” colocando “toda a confiança com verdadeira fé e intenso amor no Seu Criador e Senhor”. Sem amor nada fazia sentido, nada podia ser discernido. Não fazia sentido viver em pobreza. A pobreza escolhe-se por amor a Cristo pobre. Não fazia sentido a obediência. O amor é a alma da obediência dizia o P. Pedro Arrupe referindo-se a S. Inácio. Não fazia sentido a Castidade. A castidade sem amor é inútil. Nada sem amor fazia sentido para S. Inácio.


O P. Gonçalves da Câmara a quem S. Inácio contou algumas memórias autobiográficas deixou-nos este traço do perfil de S. Inácio: “Sempre é mais inclinado ao amor. Todo ele parece amor”. O “magistério” de S. Inácio em socorrer os famintos de Roma durante a grande fome de 1538, em proteger e defender os hebreus espoliados dos seus próprios bens, em socorrer os mendigos, em ajudar as prostitutas sem as obrigar a uma vida religiosa forçada nos conventos como era próprio de então, em dar apoio ás mulheres desprotegidas, permite-nos conhecer a grandeza da sua caridade apostólica. A amizade com o Senhor e a amizade com os mais pobres encontram-se unidas na sua experiência mística. Se a experiência do amor de Cristo levava Inácio à prática da caridade como a forma mais elevada de praticar a justiça, esse mesmo amor moveu-o a agir em todas as outras aéreas da vida com o esforço de um sacerdócio erudito, capaz de dialogar com a cultura do seu tempo, combater as heresias e ajudar a transformar a Igreja a partir de dentro do próprio amor. Para S. Inácio a “Maior Glória de Deus” e o “serviço dos homens” coincide no exercício apostólico de quem, dentro e não fora da Igreja, procura “fazer tudo como se dependesse de si, sabendo que tudo depende de Deus”.

S. Inácio amava o mundo e cada ser humano na sua inteireza como ele próprio se sentiu continuamente amado pelo Senhor. Por ser tão amado pelo Senhor fez do amor o critério da sua vida espiritual, do seu governo apostólico, de todas as suas decisões convidando “todos os que aspiram a mais” a viver na liberdade de quem, pondo “mais amor nas obras do que nas palavras” é capaz de “em tudo amar e servir”. É que o mundo, para S. Inácio não é só o cenário onde Deus se revela. O mundo é revelação de Deus. E o discernimento é a capacidade de descobrir os sinais de Deus a partir da caridade.

Pe.Carlos Carneiro, SJ
Cit.por companhia-jesus.pt

Santo Inácio de Loyola – Tomai minha liberdade



Festa 31 de julho

Santo Inácio de Loyola foi o Fundador da Companhia de Jesus (Jesuítas) em 1534. Sua conversão se dá após ser ferido em combate e tendo que se recuperar em casa. Como homem ativo que era, sente dificuldades em permanecer deitado durante sua convalescência e somente encontra algum alívio nas leituras. Acaba absorvido por leituras espirituais, como a vida de Cristo e a biografia de santos. Após sua recuperação, decide fazer uma peregrinação ao Santuário de Montserrat e depois passar um tempo de recolhimento em Manresa, onde inicia os escritos dos Exercícios espirituais, os quais são um importante e seguro guia para a iniciação das almas na vida contemplativa. Os Exercícios espirituais indicam o caminho para a alma seguir até a união com Deus.


"Tomai, Senhor e recebei
toda a minha liberdade, minha memória,
meu entendimento e toda minha vontade
Tudo que tenho e possuo
Vós me destes com amor,e a Vós,
Senhor, vos devolvo com gratidão.
Tudo é vosso;
dispõe de tudo segundo vossa vontade
Dai-me somente o vosso amor e vossa graça,
que isto me basta sem que te peça outra coisa.
Dai-me vosso Amor e Graça,
que elas me bastam."


Exercícios Espirituais 234

Santo Inácio, rogai por nós!



Santo Inácio de Loyola – Os Exercícios Espirituais, uma experiência para encontrar o Deus Vivo



Festa 31 de julho

Exercícios Espirituais

Os Exercícios Espirituais são uma experiência que Santo Inácio iniciou para ajudar outras pessoas a encontrarem-se com um Deus que não está mudo e que não vive distante, lá acima na abóbada celeste. Um encontro forte, vivo, pessoal, que compromete a quem segue generosamente essa ginástica espiritual e que o leva a entender e experimentar que Jesus ressuscitado chama a colaborar com a missão que Ele mesmo teve: levar a Boa Nova. Os Exercícios são um benéfico terremoto interior.

Ainda que Inácio estivesse se restabelecendo da ferida na perna provocada por uma bala de canhão, durante a defesa de Pamplona contra os franceses, teve uma série de experiências interiores que sacudiram energicamente sua vida e foram levando-o a encontrar-se com uma verdade gozosa: quem decide ouvir ao Senhor, pode escutar sua voz, chegar a conhecer, por meio do discernimento, a vontade de Deus e tomar as decisões importantes seguindo o impulso do Espírito. Esta mesma experiência é a que Inácio partilha com seus companheiros de estudo, quando lhes dá os Exercícios Espirituais. Todos eles também perceberam, por meio destas práticas, que eram capazes de ouvir a Deus, que podiam crescer em liberdade, seguir radicalmente a Cristo, amar a Deus inseridos num mundo, a um Deus que vive, trabalha e ama no mundo. Desde então, os Exercícios Espirituais, o método que Inácio descreveu tão cuidadosamente, são a base da formação dos jovens jesuítas e nosso ministério mais típico.

O Livro dos Exercícios, composto na alvorada do Renascimento e na época da Reforma, deveria ter caído de moda há muito tempo. Ao contrário, conserva sua atualidade plenamente. Porque na vida concreta de cada dia, os Exercícios ajudam a reler pessoalmente toda a obra da salvação, para descobrir a vontade amorosa da divina Majestade sobre cada um de nós, por meio do Senhor Jesus, sob a moção sensível do Espírito e, quando reconhecemos a sua ação seguindo os ensinamentos dos Exercícios, isto nos impulsiona a encarnar por meio da eleição que o inspira, o maior serviço, que atualiza hoje em nossa vida, a Obra de Cristo. Os Exercícios Espirituais ajudam também a formar cristãos alimentados por uma experiência pessoal de Deus e capazes, ao mesmo tempo, de distanciar-se dos falsos absolutos das ideologias e sistemas, para comprometer-se com o esforço apostólico único da promoção integral - espiritual, social e cultural - do homem e da humanidade. Deles obtemos uma vida no Espírito mais vigorosa, um amor cada vez mais pessoal ao Filho, que carrega sua cruz, e um desejo mais encarnado de poder "em tudo amar e servir".

Peter Hans Kolvenbach, S.J., Prepósito Geral
Jesuitas.org

Santo Inácio de Loyola – Espiritualidade Inaciana



Festa 31 de julho

Espiritualidade Inaciana

O centro da Espiritualidade Inaciana são os Exercícios Espirituais que Santo Inácio. Inácio, em sua caminhada espiritual foi anotando num livrinho como Deus ia se revelando em vários momentos marcantes de sua vida. Essa experiência de Deus gerou uma espiritualidade singular na Igreja que é característica dos jesuítas, religiosos, sacerdotes e leigos, que descobriram na espiritualidade inaciana um caminho eficaz no seguimento de Jesus.

Assim como toda espiritualidade cristã, ela está centrada na pessoa de Jesus e na Palavra de Deus. Mas por outro lado, toda espiritualidade nasce de uma experiência pessoal de Deus e traz para vida da Igreja sempre um novo matiz. A espiritualidade inaciana tem alguns traços próprios, como por exemplo o ser "contemplativo na ação", o "buscar e encontrar Deus em todas as coisas", o fazer tudo para "a maior Glória de Deus", o "princípio e fundamento", o "discernimento inaciano", "o maior serviço", "o bem mais universal", o "sentir com a Igreja", o "exame de consciência diário", a "aplicação dos sentidos", etc. Todas essas expressões para serem entendidas precisam ser vivenciadas a partir dos Exercícios Espirituais (EE).

Os EE podem ser feitos na vida cotidiana, onde o exercitante sob a orientação de um diretor espiritual não precisa deixar seus afazeres e ir para uma casa de retiros. Como pode também qualquer pessoa fazê-la em oito, ou em trinta dias, dependendo de sua disponibilidade de tempo. Os Jesuítas durante o período da formação fazem o retiro de trinta dias pelo menos duas vezes e, a cada ano fazem um de oito dias como forma de voltar as fontes da espiritualidade que os anima, inspira e determina o seguimento de Jesus e o serviço que eles prestam à Igreja.

Jesuitas.org

Santo Inácio de Loyola – Reflexões chaves do Diário Espiritual



Festa 31 de julho

Reflexões chaves do Diário Espiritual de Santo Inácio de Loyola

“Deus me ama mais que eu a mim mesmo”.

“Seguindo-vos, Jesus, não posso perder-me”.

“Deus proverá o que lhe pareça melhor”.

“Senhor, sou uma criança! Aonde me levais?”.

“Jesus, por nada no mundo eu vos deixaria!”.

“Que quereis de mim, Senhor?”.

“Senhor, sustenta-me com a vossa Graça!”.

“Não mereço, Senhor, tudo quanto recebo”.

“Dai-me, Senhor, o vosso Amor e Graça que eles me bastam”.

“Jesus, sê meu guia para conduzir-me em tudo”.


Santo Inácio de Loyola
Diário espiritual de S.Inácio de Loyola
Ed.Loyola


quinta-feira, 30 de julho de 2009

São Pedro Crisólogo – O nome de Cristo é Paz



30 DE JULHO

«O nome de Cristo é Paz»

“Por ocasião da vinda de nosso Senhor e Salvador, e de sua presença num corpo, os anjos que dirigiam os coros celestes davam a boa nova aos pastores, dizendo: «Eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo» (Lc 2, 10). Portanto, nós também, tomando emprestada a voz desses santos anjos, vos anunciamos uma grande alegria. Hoje a Igreja está em paz; hoje a barca da Igreja está no porto; hoje, caríssimo, o povo de Cristo é exaltado e os inimigos da verdade são humilhados; hoje Cristo se alegra e o diabo chora; hoje os anjos exultam e os demônios se confundem.

Que mais diremos? Hoje Cristo, que é o rei da paz, saindo com a sua paz, afugentou todo conflito, repeliu as dissensões, lançou fora a discórdia. E, tal como o esplendor do sol ilumina o céu, assim ele ilumina a Igreja com o fulgor da paz. Porque «nasceu-vos hoje o Salvador do mundo» (Lc 2, 11).

Como é desejável esse nome de paz, estável fundamento da fé cristã e celeste ornamento do altar do Senhor! E que poderíamos dizer que fosse digno dessa paz? O próprio nome de Cristo é paz, como diz o Apóstolo: «Cristo é a nossa paz, de ambos os povos fez um só» (Ef 2, 14). Pois bem: assim como, quando o rei está para sair, as ruas são limpas e toda a cidade é ornada com flores e enfeites variados, de modo que não haja nada menos digno de se mostrar a ele, também agora, à chegada de Cristo, rei da paz, seja retirado tudo o que é triste; e, ao brilhar a verdade, seja afugentada a mentira, cesse o conflito, resplandeça a concórdia.

Por isso, se também na terra a paz é louvada pelos santos, o esplendor do seu louvor é realizado no céu, onde os anjos a louvam, dizendo: «Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens que ele ama» (Lc 2, 14). Vede, irmãos, como os habitantes do céu e da terra trocam entre si os presentes da paz: enquanto os anjos do céu anunciam a paz na terra, os santos da terra louvam a Cristo, que é a nossa paz e está nos céus, e todos cantam juntos em místicos coros: «Hosana nas alturas!»”

Digamos, portanto, também nós com os anjos: Glória a Deus nas alturas, glória a Deus que humilhou o diabo e exaltou o seu Cristo, que repeliu a discórdia e estabeleceu a paz”.

S.Pedro Crisólogo, Bispo e Doutor
Sermo 149(Patrologia Latina 52)

São Pedro Crisólogo – A Chama da Caridade Divina



30 DE JULHO

«Muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes»

“Quando viu o mundo transtornado pelo medo, Deus pôs em ação o seu amor para o chamar a Si, a sua graça para o convidar, o seu afeto para o abraçar. Quando do dilúvio, chama Moisés a gerar um mundo novo, encoraja-o por meio de doces palavras, dá-lhe uma confiança de predileto, instrui-o com bondade sobre o presente e consola-o com a sua graça relativamente ao futuro. Participa no seu labor e encerra na arca o germe do mundo inteiro, a fim de que o amor pela sua aliança banisse o medo.

Em seguida, Deus chama Abraão do meio das nações, eleva o seu nome e faz dele pai dos crentes. Acompanha-o pelo caminho, protege-o no estrangeiro, cumula-o de riquezas, honra-o com vitórias, confirma-o com as suas promessas, arranca-o às injustiças, consola-o na sua hospitalidade e maravilha-o com um nascimento inesperado, a fim de que, atraído pela doçura do amor divino, ele aprenda a adorar a Deus amando-O e já não temendo-O.

Mais tarde, Deus consola Jacob em fuga por meio de sonhos. No regresso, provoca-o para um combate e, durante a luta, estreita-o nos braços, a fim de que ele ame o Pai dos combates e deixe de O temer. Depois, chama Moisés e fala-lhe com o amor de um pai, para o convidar a libertar o seu povo.

Em todos estes acontecimentos, a chama da caridade divina abrasou o coração dos homens e estes, de alma ferida, começaram a desejar ver a Deus com os olhos da carne. O amor não admite não ver aquilo que ama. Não é verdade que todos os santos consideraram pouca coisa tudo quanto obtinham quando não viam a Deus? Que ninguém pense, pois, que Deus fez mal em vir ter com os homens por meio de um homem. Ele tomou carne entre nós para ser visto por nós”.

S.Pedro Crisólogo, Bispo e Doutor
Sermo 147(Patrologia Latina 52)

São Pedro Crisólogo – Servos inúteis que, livres, servirão somente a Deus



30 DE JULHO

«Livre em face do universo, o homem servirá somente a Deus»

“Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: Somos servos inúteis! (Lc 17, 10). Assim também vós? Mas onde está a semelhança? Não haverá antes diferença, e grande diferença? O homem não deverá a Deus senão o que pode dever a um homem? É evidente que não! A relação das situações não é a mesma, o fundamento da obrigação é diferente, o compromisso da pessoa é inteiramente diverso. Deus fez o homem existir, Deus mandou-o nascer, Deus lhe deu a vida, Deus lhe dá o conhecimento. Deus lhe fez presente do tempo, dividindo-o em épocas, que lhe concede em vista da sua glória. Deus fez do homem uma criatura aberta à honra, colocou-o à frente dos animais, e colocou-o como senhor da terra inteira, segundo a lei que pronunciou e o tempo que estabeleceu. E como esses dons originais se haviam perdido, Deus os restabeleceu de novo, amplificando-os até a divindade, elevando-os até o céu. Desde homem, a quem ele dera a terra como morada, fez um cidadão do céu.

Assim, o homem poderá conservar, em sua nova condição agora garantida, tudo o que perdera em sua incerta liberdade. Assim, finalmente, livre em face do universo, o homem servirá somente a Deus. Esse serviço, que o homem devia ao Autor do seu primeiro estado e da sua própria existência, ele o deve agora, segundo o Apóstolo, porque Deus o adquiriu, porque Deus o resgatou: «De fato, fostes comprados, e por preço muito alto!» (1Cor 6, 20). «Não vos torneis, pois, escravos de seres humanos» (1Cor 7, 23).

«Senhor», diziam os discípulos, «até os demônios nos obedecem por causa do teu nome» (Lc 10, 17). Mas Jesus os acalma: «Não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus» (Lc 10, 20). E para que o orgulho deles não lhes retirasse o que haviam ganho com seus esforços, para que evitassem atribuírem a si o que haviam obtido de Deus, Jesus os convida, por meio de uma comparação, à humildade, mãe de toda ciência verdadeira: «Se alguém de vós tem um servo que trabalha a terra ou cuida dos animais, quando ele volta do campo, lhe dirá: Vem depressa para a mesa?» (Lc 17, 7).

Após os trabalhos realizados e o testemunho de múltiplos milagres, os apóstolos se haviam julgado, a si próprios, servos de grande utilidade. Eles esqueciam o peso da terra, do barro de que seus corpos eram feitos. Sua inutilidade, que eles não enxergavam, a traição de Judas tornará manifesta. Ainda mais: Pedro o renega, João foge, todos o abandonam. Então, contemplamos, sozinho, o único no qual subsiste, o único do qual procede a utilidade do servo”.

São Pedro Crisólogo, Bispo e Doutor
Sermo 162(Patrologia Latina 52)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Beato Tito Brandsma – O amor voltará a ganhar o mundo



Festa 27 de julho

Beato Tito Brandsma, Sacerdote Católico em um campo de concentração, ensina que o amor voltará a ganhar o mundo inteiro.

O amor voltará a ganhar o mundo inteiro

Um pastor protestante dizia de Tito Brandsma: “Nosso querido irmão em Cristo é realmente um mistério da graça!”. A graça é o que explica o que havia na alma daquele homem santo e o que lhe impulsionou a viver e amar a todos com tanta boa vontade e perdoar com tanta sinceridade: era a manifestação cada vez mais clara da graça de Cristo. Este era o segredo de sua entrega total pelos demais, a fonte de sua profunda e pura caridade. Tito sabia que tudo se devia à graça, à vida divina que atuava nele. As palavras de Cristo: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5), eram o princípio que regia toda a sua vida quotidiana.

Em suas próprias palavras, Tito deixou por escrito seu ilimitado amor e sua enorme capacidade de querer bem. E é através dessas palavras que descobrimos a profundidade de sua alma ante o ambiente de ódio - difícil de imaginar e se igualar – que sofreu durante os últimos anos de sua vida: “Embora o neo-paganismo não queira mais o amor, o amor voltará a ganhar o amor dos pagãos. A prática da vida faz o amor ser sempre de novo uma força vitoriosa, que conquistará e manterá unidos os corações dos homens”.


Padre Rafael Arce Gargollo
Cit.por encuentra.com


Beato Frei Tito Brandsma – Fica comigo, Jesus, que tudo é bom junto de Ti



Festa 27 de julho

Oração feita diante da imagem de Cristo na prisão

“Ó Jesus, quando te contemplo,
Eu redescubro, a sós contigo,
Que te amo e que teu coração
Me ama como a um dileto amigo.

Ainda que a descoberta exija
Coragem, faz-me bem a dor:
Por ela me assemelho a ti
Que ela é o caminho redentor.

Na minha dor me rejubilo:
Já não a julgo sofrimento,
Mas sim predestinada escolha
Que me une a ti neste momento.

Deixa-me, pois, nessa quietude,
Malgrado o frio que me alcança.
Presença humana não permitas,
Que a solidão já não me cansa,

Pois de mim sinto-te tão próximo
Como jamais antes senti.
Doce Jesus, fica comigo,
Que tudo é bom junto de ti”.


Esta oração foi escrita por Frei Tito, na passagem do dia 12 para 13 de fevereiro de 1942, na prisão de Scheveningen. Tradução de
Lacyr Schettino, terceira carmelita.


Beato Frei Tito Brandsma,
Carmelita e Mártir


Beato Tito Brandsma – A oração em Frei Tito



Festa 27 de julho


“A oração não é um oásis no deserto; é uma vida toda”.


Beato Tito Brandsma,
Carmelita e Mártir



Beato Frei Tito Brandsma – Buscando a união com Deus



Festa 27 de julho

“Para Deus o coração de Maria permaneceu sempre aberto. Nela devemos aprender a expulsar do nosso coração tudo o que não pertence ao Senhor, e que para Ele o nosso coração esteja sempre aberto para se encher da graça divina. Então Jesus descerá no nosso peito, crescerá e renascerá em nós e encher-nos-á de graças. Devemos viver uma vida divina não buscando outra glória e outra salvação que não a união com Deus”.


Beato Frei Tito Brandsma, Carmelita e Mártir
Do Discurso no Congresso Mariano de Tongezloo


sábado, 25 de julho de 2009

A Luz de Cristo



“A fim de receber no coração a Luz de Cristo, é preciso, tanto quanto possível, desligar-se de todos os objetos visíveis. Tendo antes purificado a alma pela contrição e as boas obras, e cheios de fé em Cristo Crucificado, tendo fechado os olhos de carne, o homem deve mergulhar o espírito no coração para chamar o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo; então, na medida de sua assiduidade e fervor para com o Bem Amado, ele encontra no Nome invocado consolo e doçura, o que o incita a buscar um conhecimento mais elevado.

Quando por meio de tais exercícios o espírito se enraíza no coração, a Luz de Cristo vem brilhar no interior, iluminando a alma com sua divina claridade, como diz o profeta Malaquias: ‘Mas para vós, que temeis seu Nome, o sol de justiça brilhará, que tem a cura em seus raios’ (Mal. l 3:20). Esta luz é também a vida, segundo a Palavra do Evangelho ‘De todo ser Ele era a vida, e a vida era a luz dos homens’ (João 1:4).

Quando o homem contempla dentro de si esta Luz eterna, ele esquece tudo o que é carnal, esquece-se a si mesmo e deseja se esconder nas profundezas da terra para não ser privado deste Bem único, Deus”.

São Serafim de Sarov
Extrato das “Instruções Espirituais”
Saint Séraphim – l’Ange de Sarov
Par Valentine Zander – Editions Bénédictines

Sede misericordiosos como o vosso Pai é Misericordioso



“Não te prendas às suspeitas nem às pessoas que te levam a te escandalizares com certas coisas. Porque aqueles que, de uma forma ou de outra, se escandalizam com as coisas que lhes acontecem, quer as tenham querido quer não, ignoram o caminho da paz que, pelo amor, leva ao conhecimento de Deus os que dela se enamoram.

Não tem ainda o perfeito amor aquele que é ainda afetado pelo temperamento dos outros, que, por exemplo, ama uns e detesta outros, ou que umas vezes ama e outras detesta a mesma pessoa pelas mesmas razões. O perfeito amor não despedaça a única e mesma natureza dos homens só porque eles têm temperamentos diferentes mas, tendo em consideração essa natureza, ama de igual forma todos os homens. Ama os virtuosos como amigos e os maus, embora sejam inimigos, fazendo-lhes bem, suportando-os com paciência, aceitando o que vem deles, não tomando em consideração a malícia, chegando mesmo a sofrer por eles em se oferecendo uma ocasião. Assim, fará deles amigos, se tal for possível. Pelo menos, será fiel a si mesmo; mostra sempre os seus frutos a todos os homens, de igual modo. O Nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, mostrando o amor que tem por nós, sofreu pela humanidade inteira e deu a esperança da ressurreição a todos de igual forma, embora cada um, com as suas obras, atraia sobre si a glória ou o castigo”.

S. Máximo, o Confessor, Monge e teólogo
Centúria 1 sobre o amor, na Filocalia

NOSSA SENHORA DO CARMO – Maria, modelo das almas interiores



Festa 16 de julho

“Ó Maria, sois modelo das almas interiores, das criaturas por Deus escolhidas para viverem no seu íntimo, num profundo abismo. Com que paz, com que recolhimento vos aproximáveis de alguma coisa, fazíeis qualquer coisa! Aliás, as mais comuns, eram por vós divinizadas! Em tudo e por tudo vivíeis em adoração do dom de Deus! O que não vos impedia de vos dedicardes aos outros, quando se tratava de praticar a caridade.

Como me pareceis bela quando vos contemplo durante vosso longo martírio, tão serena em vossa majestade, que revela ao mesmo tempo força e doçura! Bem haveis aprendido do Verbo como hão de sofrer os que chama o pai a serem vítimas! Os que decidiu associar à grande obra da Redenção, os que ‘conheceu e predestinou a serem conformes a Cristo’ crucificado por amor.

Permaneceis de pé, junto à cruz, forte, heróica, e diz-me o Mestre: ‘Eis tua mãe’. Assim vos deu a mim por mãe. Agora, que voltou ao Pai, colocou-me em seu lugar na cruz para que ‘sofra em meu corpo o que falta à sua Paixão em benefício de seu Corpo que é a Igreja’. E Vós, ó Virgem Santa, estás também junto à minha cruz para ensinar-me a sofrer com Ele, para transmitir-me os últimos cânticos de sua alma que somente Vós pudestes perceber”.

Beata Elizabeth da Trindade, ocd
Retiro I, 10,1; Retiro II, 15

NOSSA SENHORA DO CARMO – Papa João Paulo II e a Virgem do Carmo



Festa 16 de julho

DA CARTA DO SANTO PADRE PAPA JOÃO PAULO II, POR OCASIÃO DOS 750 ANOS DE DEVOÇÃO AO ESCAPULÁRIO: 1251 - 16 DE JULHO - 2001

“As várias gerações do Carmelo, desde as suas origens até os dias de hoje, no seu itinerário rumo à montanha santa, Jesus Cristo nosso Senhor, procuram plasmar a própria vida segundo os exemplos de Maria.

Por isso no Carmelo, e em qualquer alma movida pelo terno afeto à Virgem e Mãe santíssima, floresce a sua contemplação, d’Ela que, desde o princípio, soube estar aberta à escuta da Palavra de Deus e ser obediente à sua vontade (cf. Lc 2,19.51). Maria, educada e plasmada pelo Espírito (cf. Lc 2,44-50), foi capaz de ler na fé a própria história (cf. Lc 1,46) e dócil às sugestões divinas, avançou no caminho da fé, e conservou fielmente a união com seu Filho até à cruz, junto da qual, por desígnio de Deus, se manteve de pé (cf. Jo 19,25); sofreu profundamente com o seu Unigênito e associou-se de coração maternal ao seu sacrifício (Lumen gentium, 58).

A contemplação da Virgem, apresenta-mo-la enquanto como Mãe solícita, vê crescer o seu Filho em Nazaré, o segue pelas estradas da Palestina, o assiste nas bodas de Caná e, aos pés da cruz, torna-se a Mãe associada à sua oferenda e doada a todos os homens na entrega que o próprio Jesus faz dela ao seu discípulo predileto. Como Mãe da Igreja, a Virgem santa está unida aos discípulos que se entregavam assiduamente à oração e, como Mulher nova que antecipa em si o que um dia se realizará para todos na plena fruição da vida trinitária, é elevada ao Céu sobre os filhos peregrinos para o monte santo da glória.

Uma atitude contemplativa da mente e do coração como esta, leva a admirar a experiência de fé e de amor da Virgem, que já vive em si o que cada fiel deseja realizar no mistério de Cristo e da Igreja (cf SC 103; LG, 53). Justamente por isso os Carmelitas, nos seus dois ramos, escolheram Maria como própria padroeira e Mãe espiritual e têm sempre diante dos olhos do coração a Virgem Puríssima que guia a todos para o perfeito conhecimento e imitação de Cristo.

Floresce assim uma intimidade de relações espirituais que incrementam cada vez mais a comunhão com Cristo e com Maria. Para os membros da Família carmelita, Maria a virgem Mãe de Deus e dos homens, não é só um modelo para imitar, mas também uma doce presença de Mãe e Irmã na qual confiar. Justamente Santa Teresa de Jesus exortava: ‘Imitai Maria e ponderai qual deva ser a grandeza desta Senhora e o benefício de a ter como Padroeira’ (Castelo interior, III,1,3).


Esta intensa vida Mariana, que se exprime em oração confiante, em entusiástico louvor e em diligente imitação, leva a compreender como a forma mais genuína da devoção à Virgem santíssima, expressa pelo humilde sinal do Escapulário, seja a consagração ao seu Coração Imaculado (cf Pio XII, Carta Neminem profecto later 11 / 02 1950; LG, 67). É assim que no coração se realiza uma crescente comunhão e familiaridade com a Virgem Santa, como maneira nova de viver para Deus e de continuar aqui na terra o amor do Filho à sua mãe Maria. Pomo-nos desta forma, segundo a expressão do Beato mártir carmelita Tito Brandsma, em profunda sintonia com Maria, a Theotokos, tornando-nos como Ela transmissores da vida divina: ‘Também a nós o Senhor envia o seu anjo. Também nós devemos receber Deus nos nossos corações, levá-lo dentro dos nossos corações, nutri-lo e fazê-lo crescer em nós de tal forma que ele nasça de nós e viva conosco como Deus-conosco, o Emanuel’ (Da relação do Beato Tito Brandsma ao Congresso Mariológico de Tongerlo, agosto de 1936).

Este rico patrimônio do Carmelo tornou-se, no tempo, através da difusão da devoção do Santo escapulário, um tesouro para toda a Igreja. No sinal do Escapulário evidencia-se uma síntese eficaz de espiritualidade Mariana, que alimenta a devoção dos crentes, tornando-os sensíveis à presença amorosa da Virgem Mãe na sua vida. O Escapulário é essencialmente um hábito. Quem o recebe é agregado ou associado num grau mais ou menos íntimo à Ordem do Carmelo, dedicado ao serviço de Nossa Senhora para o bem de toda a Igreja

São, portanto, duas as verdades recordadas no sinal do Escapulário: por um lado, a proteção contínua da Virgem santíssima, não só ao longo do caminho da vida, mas também no momento da passagem para a plenitude da glória eterna; por outro, a consciência de que a devoção a Ela não se pode limitar a orações e obséquios em sua honra em algumas circunstâncias, mas deve constituir um hábito, isto é, um ponto de referência permanente do seu comportamento cristão, tecido de oração e de vida interior, mediante a prática freqüente dos Sacramentos e o exercício concreto das obras de misericórdia espiritual e corporal. Desta forma o Escapulário torna-se sinal de aliança e de comunhão recíproca entre Maria e os fiéis; de fato, ele traduz de maneira concreta a entrega que Jesus, na cruz, fez a João, e nele a todos nós, da sua Mãe, e o ato de confiar o seu apóstolo predileto e a nós a Ela, constituída nossa Mãe espiritual.

Desta espiritualidade Mariana, que plasma interiormente as pessoas e as configura com Cristo, primogênito de muitos irmãos, são um maravilhoso exemplo os testemunhos de santidade e de sabedoria de tantos Santos e Santas do Carmelo, todos crescidos à sombra e sob a tutela da Mãe.

Também eu levo no meu coração, desde há muito tempo o Escapulário do Carmo! Pelo amor que nutro pela Mãe celeste de todos nós, cuja proteção experimento continuamente, desejo que este ano mariano ajude todos os religiosos e as religiosas do Carmelo e os piedosos fiéis que a veneram filialmente, a crescer no seu amor e a irradiar no mundo a presença desta Mulher do silêncio e da oração, invocada como Mãe da misericórdia, Mãe da esperança e da graça”.

Papa João Paulo II

NOSSA SENHORA DO CARMO – Oração à Beatíssima Virgem do Monte Carmelo



Festa 16 de julho

“Oh piedosíssima Virgem! Vós, que nove séculos antes de existir fostes vista em profecia pelo servo de Deus, nosso pai Santo Elias e venerada por seus filhos no Carmelo. Vós, que em carne mortal vos dignastes visitar-lhes e dispensar-lhes celestiais consolos. Vós, que cuidais sempre da virtuosa família que teve por superior a vosso estimado filho S.Simão Stock, por pais e reformadores a seráfica virgem, mística e Doutora Santa Teresa de Jesus e ao esclarecido e extático S.João da Cruz, assim como por uma de suas digníssimas filhas a exemplar esposa de Jesus Cristo Santa Maria Madalena de Pazzi, vossa devotíssima serva. Vós, que engrandeceis a Ordem do Carmo com a estimável prenda do Santo Escapulário. E, enfim, Vós, que de tantas maneiras haveis demonstrado vosso carinhoso amor aos carmelitas e seus agregados, recebei benévola meu coração ardente de fervoroso entusiasmo pela mais pura das criaturas e a mais terna das Mães. Não permitais, Senhora, que os rugidos do leão assustem meu espírito no caminho da perfeição. Fortalecei minha fraqueza com vosso poder, iluminai as trevas de meu entendimento com vossa sabedoria, aumentai em mim a fé, a esperança e a caridade. Adornai minha alma com tais graças e virtudes para que seja sempre alma amada de vosso Divino Filho e de Vós. Assisti-me na vida e consolai-me quando morrer com vossa amabilíssima presença, apresentando-me à augustíssima Trindade como filho e servo devoto vosso, a fim de vos louvar eternamente e bendizer-vos no Paraíso. Amém!”.

Devocionário Católico

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Santa Teresa de Los Andes – Fascinada por Deus



Festa 13 de julho

“Que felicidade! Como sou feliz em sacrificar tudo por Deus! Tudo não é nada em comparação com o que Nosso Senhor sacrificou por nós desde o berço até a cruz; desde a cruz até aniquilar-se inteiramente sob a forma de pão. Ele, um Deus, sob as espécies de pão e até a consumação dos séculos. Que grandeza de amor infinito! Amor não conhecido, amor não correspondido pela maioria dos homens.

Como quisera comunicar-te meus sentimentos! Como quisera fazer-te ver o horizonte infinito, belíssimo, incriado, que vivo contemplando! Amo a Deus mil vezes mais que antes, porque antes não o conhecia. Ele se revela e se mostra cada vez mais à alma que o busca sinceramente e que deseja conhecê-lo para amá-lo. Tudo o que é da terra me parece cada vez menor, mais miserável diante desta Divindade que, como Sol infinito, vai iluminando com seus raios minha alma miserável. Oh! Se por um instante pudesses penetrar-me até o íntimo, me verias presa por essa Beleza, por essa Bondade incompreensível... Como quisera prender os corações das criaturas e sujeitá-las ao amor divino! Tu não conheces o céu que, pela misericórdia de Deus, possuo em meu coração. Sim, em minha alma tenho um céu, porque Deus está em minha alma, e Deus é o céu.

Ama e faze o bem para possuir o bem imutável, o Bem infinito, o único que pode preencher e satisfazer tua vontade. Que posso eu? Nada. Absolutamente nada. Une-te a mim no agir, a fim de não ter outro motivo em nossos atos senão Deus. Mas nos separamos se não ages por Ele. Pois que abismo maior pode haver entre as obras feitas por Deus e as que se fazem por uma criatura!

Quando alguém ama, só pode falar do objeto amado. Ainda mais quando o objeto amado reúne em si todas as perfeições possíveis. Não sei como fazer outra coisa senão contemplá-lo e amá-lo. Que queres, se Jesus Cristo, este Louco de amor, me tornou louca? É um martírio o que padeço ao ver que corações nobres e bem nascidos, corações capazes de amar o bem, não amem o bem imutável; que corações agradecidos para com as criaturas não sejam para com Aquele que os sustenta, que lhes dá a vida e os ampara, que lhes dá e lhes deu tudo, até dar-se a Ele mesmo.

Pensa tranqüilamente quem é Deus e quem és tu, e tudo o que lhe deves. Vai a uma igreja, onde Jesus solitário te fale ao coração em místico silêncio. Une-te a mim. Acompanhemos o Deus abandonado e peçamos-lhe nos dê seu santo amor”.

Santa Teresa de Los Andes, ocd
Carta n°107
Obras completas, Editorial Monte Carmelo

Santa Teresa de Los Andes – Apóstola da Eucaristia



Festa 13 de julho

“Tens de ser muito agradecida a Ele e deves dar-te a Ele: comungar todos os dias. Quando terei esta grande alegria de saber que, antes de iniciar teus estudos, vais receber nosso Senhor que a está esperando desde uma eternidade, já que Ele sabia as sagradas hóstias que consumirias? Oxalá minhas palavras não caiam em terreno árido, e que em tua próxima carta me digas que te unes a mim diariamente na comunhão. Para mim é inconcebível que, tendo ansiado por ser feliz, não busques Jesus. Depois de comungar temos tudo, porque temos Deus, que é nosso céu no desterro. Dir-me-ás que não sentes nada dessa felicidade. Mas então, eu te pergunto como te preparaste. Tomaste conhecimento da grandeza de Deus e do amor infinito que te manifesta ao reduzir-se a hóstia? Quando comungares reflete sobre o que vais fazer: todo um Ser eterno, que não necessita de ti para nada, visto que é Todo-Poderoso, um Ser imenso que está em todo lugar, um Ser infinito e majestoso diante do qual os anjos tremem, e com toda a sua pureza, este Ser vem cheio de infinito amor por ti, pobre criatura, cheia de pecados e misérias. Entre tantas pessoas que existem no mundo, és tu honrada com a visita desse grande Rei. Mais ainda: para que te aproximes a recebê-lo, Ele deixa seu esplendor e, sob a forma de pão, do mais simples dos alimentos, se une a sua pobre criatura, para tornar-se uma mesma coisa com ela. E Ele está ardendo em infinito amor, e ela permanece fria e indiferente, sem agradecer tão notável favor.

Perdoa-me meu sermão; mas te quero tanto e desejo que sejas muito boa; e, para isso, deves comungar. Quando, um dia, nos encontrarmos no céu, que pela misericórdia de Deus obteremos, agradecerás por te ter pedido tanto a comunhão diária, porque compreenderás que nela reside o germe da vida eterna”.

Santa Teresa de Los Andes, ocd
Carta n°117
Obras completas, Editorial Monte Carmelo

sexta-feira, 3 de julho de 2009

São João da Cruz - Amar a Deus com todo o coração



«Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, e com todas as tuas forças» Mc 12,28-34

“A força da alma reside nas suas potências, impulsos e faculdades. Se a vontade os volta para Deus e os mantém longe de tudo o que não é Deus, a alma reserva para Ele toda a sua força; ama com todas as suas forças, como o próprio Deus lhe manda. Buscar a si mesmo em Deus é buscar as doçuras e consolações de Deus, e isto é contrário ao puro amor de Deus. É um grande mal ter em vista os bens de Deus e não a Deus mesmo, a oração e o desprendimento.

Há muitos que procuram em Deus as suas próprias consolações e gostos, e desejam que Sua Majestade os encha dos seus favores e dons, mas o número dos que se esforçam por agradar-lhe e oferecer-lhe algo de si mesmos, rejeitando qualquer interesse próprio, é muito pequeno. São poucos os homens espirituais, mesmo entre os que temos por muito avançados na virtude, que conseguem uma perfeita determinação de fazer o bem. Não chegam nunca a renunciar por completo a si mesmos em algum aspecto do espírito do mundo ou da natureza, nem a desprezar aquilo que se pensará ou dirá deles, quando se trata de cumprir, por amor a Jesus Cristo, as obras da perfeição e do desprendimento.

Aqueles que amam só a Deus não caminham nas trevas, por muito pobres e privados de luz que possam ver-se aos próprios olhos. A alma que, no meio das securas e abandonos, conserva sempre a sua atenção e solicitude em servir a Deus poderá sofrer, poderá temer não conseguir, mas, na realidade, oferecerá a Deus um sacrifício de agradável odor (Gn 8, 21)”.

São João da Cruz, Doutor da Igreja
«Avisos e Máximas»
Obras completas, Editorial Monte Carmelo


quarta-feira, 1 de julho de 2009

Chiara Lubich – A Fonte da vida está em ti



«A fonte da vida está em ti.» (Sl 36,10)

“Não foi suficiente para o amor do Pai pronunciar a Palavra com a qual tudo foi criado. Ele quis que a sua própria Palavra assumisse a nossa carne. Deus, o único verdadeiro Deus, fez-se homem em Jesus e trouxe à terra a fonte da vida. A fonte de todo o bem, de todo o ser e de toda a felicidade veio ficar entre nós, para que a tivéssemos, por assim dizer, ao alcance de nossas mãos. «Eu vim para que tenham a vida, e a tenham em abundância», disse Jesus. Ele preencheu de si cada momento e espaço da nossa existência. E quis permanecer conosco para sempre, de modo a ser reconhecido e amado sob as mais diferentes vestes. Às vezes chegamos a pensar: "Como seria bom viver no tempo de Jesus!" Pois bem, o seu amor inventou um modo de permanecer em todos os pontos da Terra. Conforme a sua promessa, Ele se faz presente na Eucaristia. E ali podemos saciar a nossa sede para nutrir e renovar a nossa vida.

«A fonte da vida está em ti.»

Outra fonte de onde extrair a água viva da presença de Deus é o irmão, a irmã. Se nós amamos cada próximo que passa ao nosso lado, especialmente o mais necessitado, não podemos considerá-lo um nosso beneficiado, mas um nosso benfeitor, porque ele nos doa Deus. De fato, amando Jesus nele - «Pois eu estava com fome, estava com sede, eu era estrangeiro, estava na prisão» - recebemos em troca o seu amor, a sua vida, porque Ele mesmo, presente nos nossos irmãos e irmãs, é a nascente para nós.



Uma fonte rica de água é também a presença de Deus dentro de nós. Ele sempre nos fala, e cabe a nós escutar a sua voz que fala na nossa consciência. Quanto mais nos esforçamos em amar a Deus e o próximo, tanto mais a sua voz se torna forte e supera todas as outras. Mas existe um momento privilegiado no qual, como em nenhum outro, podemos gerar a sua presença dentro de nós: é quando rezamos e procuramos aprofundar o nosso relacionamento direto com Ele, que habita no fundo do nosso coração.

É comparado ainda a um profundo lençol d'água que jamais seca, que está sempre à nossa disposição e que pode saciar a nossa sede a cada instante. Bastará fechar por um momento as janelas da alma e recolher-nos para encontrar esse manancial, mesmo estando no mais árido deserto. Até alcançar aquela união com Ele na qual sentimos que não estamos mais sós, e somos dois: Ele em mim e eu n'Ele. Todavia, somos um - por sua graça - como a água e a nascente, a flor e a sua semente.

A Palavra do Salmo nos lembra que somente Deus é a fonte da vida e, por isso, da comunhão plena, da paz e da alegria. Quanto mais nos saciarmos desta fonte, quanto mais vivermos desta água viva que é a sua Palavra, tanto mais nos aproximaremos uns dos outros e viveremos como irmãos e irmãs. Então se realizará, como continua o Salmo: «Quando nos iluminais, vivemos na luz», aquela mesma luz que a humanidade espera.”

Chiara Lubich
Fundadora dos Focolares
Palavra de vida, Jan de 2002