sábado, 28 de fevereiro de 2009

A Adoração em espírito e verdade – 2ª parte



“Pater tales quaerit qui adorent eum in Spiritu et veritate”

« O Pai procura adoradores em espírito e verdade”

Jo 4, 23

“Quando, por enfermidade, por doença ou por impossibilidade, não puderes fazer a Adoração, deixai que vosso coração se entristeça um instante e depois, uni-vos em espírito àqueles que adoram nesse momento; começai vós também a adorar. No leito de sofrimento, em viagem, entregues ao trabalho do momento, guardai nessa hora um recolhimento maior e o fruto será o mesmo que se tivésseis estado aos pés do Divino Mestre. Tal hora vos será contada, talvez até dobrada.

Apresentai-vos a Nosso Senhor tal qual sois. Seja vossa meditação natural e, antes de recorrer ao livro, esgotai o fundo de piedade e de Amor que está em vós. Amai o livro inesgotável da humildade e do Amor. Acompanhe-vos – é justo – o manual de devoção para repor-vos no bom caminho quando o espírito se distrair ou os sentidos se afrouxarem. Lembrai-vos, no entanto, que o BOM Mestre prefere a pobreza de nosso coração ao pensar alheio, por mais sublime que seja.

Acreditai que nesse momento Nosso Senhor quer o nosso coração, e não o do próximo, e deseja que tanto o pensamento como a oração desse mesmo coração sejam a expressão natural do amor que Lhe temos. Não querer chegar-se a Nosso Senhor com a miséria que nos é própria, ou a pobreza humilhada, é muitas vezes fruto de um amor-próprio sutil, da impaciência ou do temor. E, todavia, Nosso Senhor prefere isto a tudo o mais, a isto ama e abençoa.




Na aridez, glorificai a Graça de Deus, sem a qual nada podeis. É o momento de abrir a alma ao Céu, como a flor seu cálice ao sol nascente, a fim de gozar do orvalho benéfico. Na impotência radical do espírito, nas trevas, com o coração vergad sob o peso de seu nada, com o corpo sofrendo, fazei a adoração do pobre. Saí da vossa pobreza e ide permanecer em Nosso Senhor, ou então oferecei-Lhe vossa pobrez para que a enriqueça. É obra-prima digna de Sua Glória.

Nas tentações e na tristeza, quando tudo em vós se revolta e vos leva a abandonar a oração, sob o pretexto de que ofendeis a Deus, que O menosprezais em vez de servi-Lo, afastai essa tentação especiosa. É a Adoração do combate, da fidelidade a Jesus contra vós mesmos. Não, não sois de modo algum desagradável a Jesus. Vosso Mestre está a vos olhar e alegra-Se, Ele que permitiu ao inimigo perturbar-vos. De nós espera a homenagem da perseverança até o derradeiro minuto do tempo que Lhe devemos consagrar. Que a confiança, a simplicidade e o amor vos levem à Adoração”.

São Pedro Julião Eymard
“A Divina Eucaristia”


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