domingo, 22 de novembro de 2009

CRISTO REI - A MAJESTADE DIVINA



CRISTO REI DO UNIVERSO

SOLENIDADE

Cristo Rei

Não nos é fácil entender a realeza de Cristo com os olhos deste mundo. Estamos, como Pilatos, diante de um homem que é trazido a julgamento porque se fez Rei. “Então és tu, rei?” Sequer entendemos o que pode significar ser rei, senão como o senhor absoluto, o dominador e não um julgado à morte.

E, no entanto, a resposta de Jesus é afirmativa. E conclusiva: “para isso nasci e para isto vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. E quem é da verdade escuta minha voz.” (Cf. Jo.18, 33-37).

Em outra passagem do Evangelho, diz que os poderosos deste mundo querem mandar e serem servidos. “Mas entre vós não deverá ser assim. Ao contrário aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve… Deste modo o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Cf. Mt.20, 25-28)

Como, então entender esta realeza que se marca pelo serviço e que tem na fronte uma coroa de espinhos e, por trono, o patíbulo da cruz?

Marcada pelo pecado do orgulho, a humanidade quis prescindir da verdade e dominar pela soberba. Rejeitou a Deus e tenta sujeitar a si todas as coisas, escravizando-as. Transtornou a ordem do universo que, contra ela se revoltou –“A terra produzirá para ti espinhos e cardos e comerás a erva dos campos. Com o suor do teu rosto comerás o pão”(Cf. Gen 3, 18)

Só a Verdade nos libertará (Cf. Jo.8, 32), quando reconhecendo a Majestade Divina, voltarmos à ordem da criação. Para restaurar a beleza deste universo, Cristo, ao entrar no mundo, como nos ensina a Carta aos Hebreus, disse: “Eis-me aqui, eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade”(Cf. Heb.10, 7).

Reconhecendo a soberania de Deus, as criaturas se abrem entre si no amor e no serviço de reconstrução da dignidade perdida.

Por isso, Cristo se ofereceu na ara, no altar da Cruz, no vértice da História, ungido com o óleo da alegria e da exaltação, apagando com seu sangue o pecado e estabelecendo um novo reino, uma nova terra, um reino de santidade e de vida, de justiça, de amor e de paz, para o qual nós caminhamos cada dia, com o auxílio da graça, no esforço de cumprirmos a vontade de Deus no serviço e amor aos irmãos.

Todo este trabalho, unido ao sacrifício de Cristo, não tem comparação, como nos ensina S. Paulo, com a glória que vai se revelar em nós, pela qual anseia toda a natureza na esperança de também ela ser libertada da escravidão da corrupção para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus (Cf. Rom. 8,18).

O patíbulo dos condenados se transformou no trono de glória. Santo Agostinho, no seu ardor de convertido, exclama que hoje a cruz encima os mais altos edifícios e se sobrepõe na coroa dos reis que a ela se submetem. E a Igreja, num dos mais belos hinos sobre a bandeira da Cruz, canta, solene e vitoriosa, que o Senhor reinou pela cruz.

“Este sinal da cruz”, reza o capítulo 12, do Segundo Livro da Imitação de Cristo, “estará no céu, quando o Senhor vier julgar. Então todos os servos da cruz, que conformaram sua vida com o Crucificado, acorrerão ao encontro de Cristo, com grande confiança”.

Neste dia, quando Cristo se assentar para o julgamento final, Ele entregará ao Pai o Universo restaurado na graça e os redimidos irão com Ele para a glória: “A realeza do mundo passou agora para Nosso Senhor e seu Cristo e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Cf. Apoc. 11, 15.)

O Reino de Cristo, não é um Reino passageiro e temporal. É um Reino eterno e universal que faz a humanidade caminhar ao encontro da sua perfeição e dignidade e com ela toda a criação. Vi, então um novo céu e uma nova terra, porque “Agora realizou-se a salvação e a realeza de nosso Deus e a autoridade de seu Cristo.(Cf. Apoc.12,10).


D. Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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