quinta-feira, 5 de novembro de 2009

CANONIZAÇÃO/CANONIZACIÓN San Rafael Arnáiz Barón – A mensagem de um jovem Trapista




CANONIZAÇÃO 11 DE OUTUBRO DE 2009

SÃO RAFAEL ARNÁIZ BARÓN

A mensagem de um jovem Trapista

Domingo, 11 de outubro tem lugar, em Roma, uma cerimônia de canonização presidida pelo Papa, na qual serão propostos como modelos aos católicos de todo o mundo 5 novos santos: Zygmunt Szczesny Felinski, Marie de la Croix; Damián de Veuster; Francisco Coll y Guitart e Rafael Arnáiz Barón, mais conhecido como “o Irmão Rafael”.

Neste escrito, vou referir-me somente a este último. Se me permitem uma recordação pessoal, direi que quando tinha só 18 anos li os escritos do “Irmão Rafael” e fiquei profundamente impressionado por seu testemunho de fé. Digamos, para começar, que o Irmão Rafael é um dos autores de escritos espirituais e místicos mais profundos do século passado. Não me parece exagerado dizer que cabe situar sua figura e sua obra na mesma linha de nossos grandes místicos do século XVI, como Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz.

Sua condição de místico está refletida em uma de suas frases: “Quisera ser santo e que não o saiba ninguém”. Santa Teresa de Jesus viveu aquele famoso “só Deus basta”. O Irmão Rafael centrará seu ideal nas palavras: “Só Deus”, expressão de sua vocação mística, testemunho de quem jogou em sua vida uma só carta: só Deus. E esta radicalidade fica expressa em sua escolha: seria monge trapista. É sabido que a Trapa é um ramo da Ordem do Cister que se caracteriza pelo rigor e a grande austeridade da vida monástica.

Rafael Arnáiz não teve precisamente uma vida fácil. Nasceu em 9 de abril de 1911, em Burgos e morreu aos 27 anos, em 26 de abril de 1938, em seu querido Mosteiro de San Isidro de Dueñas, vítima de uma dolorosa enfermidade. Educado em uma família profundamente cristã, Rafael estudou Arquitetura em Madri. Possuía um temperamento artístico notável e era muito aficcionado à fotografia. Mas em sua vida se impôs sobretudo o chamado de Cristo e não duvidou em deixar tudo.

Em 1934 ingressou no Mosteiro Trapista de San Isidro de Dueñas, na Diocese de Palencia, com vontade de consagrar-se a Deus. Mas ali lhe esperava a grande cruz de sua vida. Pouco tempo depois de haver ingressado, contraiu uma diabetes sacarina, que o fez interromper seus estudos e lhe obrigou a sair do Mosteiro por três vezes. Não pôde chegar a ser ordenado sacerdote e quis permanecer na condição de oblato, e por isso é chamado, com toda razão, “o Irmão Rafael”, porque assim assumiu permanecer. Ele queria desaparecer ante o mundo e ser só de Deus.

É conhecida a afirmação do grande teólogo Karl Rahner, segundo a qual os cristãos do futuro ou serão místicos ou não serão nada. A condição de místico está radicada sobretudo em uma experiência íntima, profunda e sumamente autêntica do Mistério de Deus e de seu amor, que é sua natureza mais íntima e que, de tão pleno, flui até todas as
criaturas. Os místicos são as grandes testemunhas da fé.

João Paulo II propôs a este jovem monge trapista como modelo de vida cristã aos jovens na Jornada Mundial da Juventude, de Santiago de Compostela (1989). Já se pensa em propor também sua vida e seu testemunho com motivo da próxima Jornada Mundial da Juventude de Madri (2011). E me parece que lhe podemos recomendar já os frutos do X Aplec de l’Esperit, organizado pela juventude cristã das Dioceses catalãs e que celebraremos pela primeira vez em nossa cidade de Terrassa, em 22 de maio de 2010.


+D.Josep Àngel Saiz Meneses - Bispo de Terrassa
Revistaecclesia
Do Blog Irmão Rafael Arnáiz, OCSO


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