segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Santa Teresa D’Ávila - Ditos



“Só o amor dá valor a todas as coisas”.

“A oração de intimidade com Deus não é outra coisa senão um morrer quase total a todas as coisas do mundo para alegrar-se só em Deus”.

“Não acrediteis ter progredido na perfeição, se não vos julgardes piores que todos e se não desejais ser tratados como os últimos”.

“Não há melhor meio para se chegar à perfeição do que a Comunhão freqüente”.

“Uma pessoa caminha mais para Deus quando deixa de desculpar-se do que ouvindo dez sermões. Não se desculpando, começa a adquirir a liberdade interior e a não se preocupar se dizem dela bem ou mal”.

“Todos os danos provem de não nos conhecermos devidamente”.

“Desde que me trato com menos cuidado e delicadeza, passo muito melhor”.

“É grandíssima vantagem para uma alma que se dá à oração tratar com os que deveras servem a Deus”.

“As inspirações de Deus estão unidas à obediência”.

“Procurai viver sempre no silêncio e na esperança”.

“O Senhor nos ama mais do que nós amamos a nós mesmos”.

Santa Teresa d'Ávila,
Monja Carmelita e Doutora da Igreja

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Utilidade do silêncio



Ante o maravilhoso espetáculo da natureza, experimenta-se facilmente a utilidade do silêncio, um bem que hoje é cada vez mais raro. As numerosas oportunidades de relação e de informação que a sociedade moderna oferece correm o risco em muitas ocasiões de tirar espaço ao recolhimento, até fazer que as pessoas sejam incapazes de estar consigo próprias, de refletir e rezar. Na realidade, só no silêncio o homem consegue escutar no íntimo da consciência a voz de Deus, que verdadeiramente lhe faz livre. E as férias podem ajudar a redescobrir e cultivar esta indispensável dimensão interior da existência humana.

Maria Santíssima é modelo perfeito de escuta de Deus, que fala ao coração humano. Dirijamo-nos a ela, falemos com Ela. Que Maria ajude-nos a perceber na beleza da criação um reflexo da glória divina, e nos alente a buscar com todas nossas energias o cume espiritual da santidade.

Santo Padre João Paulo II


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Maria, Mãe do Amor



Esta Mãe do Amor Formoso pode aliviar teu coração de todo escrúpulo e de todo amor servil. Entrega-te a Ela e o teu coração Ela abrirá e alargará para correr pelo caminho dos mandamentos do Seu Filho, com a santa liberdade dos filhos de Deus. Passarás a olhar a Deus como teu Bondoso Pai, tratando de agradar-Lhe incessantemente, e com Ele conversarás confidentemente, à semelhança de um filho com Seu Pai. Se por acaso o ofenderes, humilha-te diante Dele, pede-Lhe perdão confiantemente e humildemente, e estenderás simplesmente a mão, e te levantarás amorosamente sem perturbação nem inquietação, para continuar a caminhar para Ele, nosso Pai e nosso Amor.

São Luis Maria Grignon de Montfort
Tvd, n.215


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Conversei com Ele?



É possível que esta palavra te assuste: meditação. Recorda-te livros de capas pretas e vermelhas, ruídos de suspiros ou de rezas como cantilenas rotineiras... Mas isso não é meditação. Meditar é considerar, contemplar que Deus é Pai, e tu, seu filho, necessitado de muita ajuda; e depois dar-Lhe graças por tudo que já te concedeu e por tudo o que ainda te dará.

Procura-O no teu exame diário:
Deixei passar alguma hora sem falar com meu Pai-Deus?
Conversei com Ele, com amor de filho?

O único meio de conhecer Jesus é chegar ao trato com Ele! NEle encontrarás sempre um Pai, um Amigo, um Conselheiro e um Colaborador para todas as atividades nobres da tua vida cotidiana.

E, com o trato íntimo, nascerá o Amor.

“Fica conosco, porque escureceu...” Foi eficaz a oração de Cléofas e do seu companheiro.

Que pena se tu e eu não soubéssemos “deter” Jesus que passa!

Que dor, se não Lhe pedimos que fique!


São José Maria Escrivá
Sulco, 671


domingo, 11 de janeiro de 2009

Queima, arranca, consome



Desapega o meu coração de tudo,
a fim de ficar livre
para que nada o impeça de Te ver.
Queima a minha vontade,
abaixa o meu orgulho,
Ó Tu, tão humilde de coração.
Enfim, educa o meu para Ti
a fim de que possa ser a Tua morada amada,
para que venhas repousar nele,
e conversar comigo numa união ideal.
Que este pobre coração não seja
senão um com o Teu Divino Coração.
E para isso queima, arranca,
consome tudo o que Te desagrada.

Beata Elizabeth da Trindade, ocd


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Consolo antes do martírio



São Thomas More, pouco antes de seu martírio, consola a sua filha dizendo-lhe:

“Nada pode me acontecer que Deus não queira. E tudo o que Ele quer, por muito mau que nos pareça, é na realidade o melhor”


Santo Tomás Moro, poco antes de su martirio, consuela a su hija diciéndole:

“Nada puede pasarme que Dios no quiera.Y todo lo que EL quiere, por muy malo que nos parezca, es en realidad lo mejor.”


Carta da prisão; cf. Liturgia das Horas, III, Ofício das Leituras, 22 de junho.

Carta de prisión; cf. Liturgia de las Horas, III, Oficio de lectura 22 junio.


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Talvez não saibamos amar



“Talvez não saibamos o que é amar, e não me surpreenderei muito, porque amar não está no maior gosto, senão na maior determinação de desejar em tudo a Deus e procurar enquanto pudermos não ofender-lhe”.


"Quizás no sabemos qué es amar, y no me espantaré mucho; porque no está en el mayor gusto, sino en la mayor determinación de desear en todo a Dios y procurar en cuanto pudiéremos, no ofenderle".

Santa Teresa de Jesús, ocd
Monja Carmelita e Doutora da Igreja


terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Como valorizar a humildade?



Lucas 14, 1.7-14

E sucedeu um sábado que Jesus foi à casa de um dos chefes dos fariseus (...) Observando como os convidados elegiam os primeiros postos, disse-lhes uma parábola: “Quando fores convidado por alguém a uma boda, não te ponhas no primeiro posto, não seja que tenha sido convidado por ele outro mais distinguido que tu, e vindo o que vos convidou a ti e a ele, diga: ‘Deixa o lugar para ele’”. (...) Disse também ao que lhe havia convidado: “Quando deres um banquete, chama os pobres, os feridos, os coxos, os cegos; e serás ditoso, porque não te podem corresponder, e serás recompensado na ressurreição dos justos”.

O começo do Evangelho de hoje nos ajuda a corrigir uma discriminação muito difundida entre os cristãos. Acabou-se por fazer dos fariseus o protótipo de todos os vícios: hipocrisia, falsidade, os inimigos de Jesus. Com estes significados negativos, o termo fariseu e o adjetivo farisaico entraram no vocabulário de nossa língua e de muitas outras. Tal idéia dos fariseus não é correta. Entre eles havia certamente muitos elementos que responderam a esta imagem, e é com eles com quem Cristo se choca duramente. Mas não todos eram assim. Nicodemos, que foi ter com Jesus de noite e que mais tarde o defendeu no Sinédrio, era um fariseu (Cf. João 3,1: 7, 50ss). Fariseu era também Paulo antes da conversão, e era certamente pessoa sincera e diligente, ainda que mal iluminada. Fariseu era Gamaliel, que defendeu os apóstolos ante o Sinédrio (Cf. Atos 5, 34ss).

As relações de Jesus com eles não foram, portanto, só conflitantes. Alguns, como neste caso, também o convidam a comer em sua casa. Estes convites por parte de fariseus são tanto mais dignos de destacar enquanto que eles sabem muito bem que não será o fato de convidá-lo a sua própria casa o que impede a Jesus de dizer o que pensa. Também em nosso caso Jesus aproveita a ocasião para corrigir alguns desvios e levar adiante sua obra de evangelização. Durante a refeição, aquele sábado, Jesus ofereceu dois ensinamentos importantes: um dirigido aos convidados, outro ao anfitrião.

Ao senhor da casa, Jesus diz: «Quando deres uma ceia, não chames teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos...». Assim fez ele mesmo, Jesus, quando convidou ao grande banquete do Reino pobres, afligidos, mansos, famintos, perseguidos (as categorias de pessoas enumeradas nas Bem-aventuranças).

Mas é sobre o que Jesus diz aos convidados onde queria deter-me esta vez. «Quando fores convidado por alguém a uma boda, não te ponhas no primeiro lugar...». Jesus não pretende dar conselhos de boa educação. Tampouco trata de alentar o sutil cálculo de quem se põe no último lugar, com a secreta esperança de que o anfitrião lhe faça um gesto de subir mais para cima. A parábola aqui pode levar a um engano, se não se pensa de que banquete e de que senhor está falando Jesus.

O banquete é o mais universal do Reino e o senhor é Deus. Na vida, quer dizer Jesus, elege o último lugar, tenta fazer felizes os demais mais que a ti mesmo; sê modesto ao valorizar seus méritos, deixa que sejam os demais os que os reconheçam, não tu («ninguém é bom juiz em sua própria casa»), e já desde esta vida Deus te exaltará. Exaltar-te-á em sua graça, far-te-á subir na lista de seus amigos e dos verdadeiros discípulos de seu Filho, que é o único que verdadeiramente conta.

Exaltar-te-á também na estima dos demais. É um fato surpreendente, mas certo. Não é só Deus que «se inclina para o humilde, mas ao soberbo conhece desde longe» (Sal 137, 6); o homem faz o mesmo, independentemente do fato de que seja mais ou menos crente. A modéstia, quando é sincera e não afetada, conquista, faz a pessoa amada, sua companhia desejada, sua opinião apreciada. A verdadeira glória foge de quem a persegue e persegue a quem a foge.

Vivemos em uma sociedade que tem necessidade extrema de voltar a escutar esta mensagem evangélica sobre a humildade. Correr a ocupar os primeiros postos, talvez passando, sem escrúpulos, sobre as cabeças dos demais, a competitividade exasperada, são características por todos suplicadas e por todos, lamentavelmente, seguidas. O Evangelho tem um impacto sobre o social, até quando fala de humildade e modéstia.


Padre Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia
Do original italiano publicado por «Famiglia Cristiana».
Tradução realizada por Zenit


domingo, 4 de janeiro de 2009

Concede-me, Senhor




Que eu chegue a Ti, Senhor,
por um caminho seguro e reto;
caminho que não se desvie
nem na prosperidade nem na adversidade,
de tal forma que eu te dê graças
nas horas prósperas e nas adversas,
conserve a paciência,
não me deixando exaltar pelas primeiras
nem abater pelas outras.

Que nada me alegre ou entristeça,
exceto o que me conduza a Ti
ou que de Ti me separe.

Que eu não deseje agradar
nem receie desagradar senão a Ti.
Tudo o que passa torne-se
desprezível a meus olhos
por tua causa, Senhor,
e tudo o que Te diz respeito me seja caro,
mas Tu, meu Deus, mais do que o resto.

Qualquer alegria sem Ti me seja
totalmente fastidiosa,
e nada eu deseje fora de Ti.
Qualquer trabalho, Senhor,
feito por Ti me seja agradável
e insuportável todo aquele
de que estiveres ausente.

Concede-me a graça
de erguer continuamente,
fielmente, o coração a Ti
e que, quando eu caia,
me arrependa.
Torna-me, Senhor meu Deus,
obediente, pobre e casto;
paciente, sem reclamação;
humilde, sem fingimento;
alegre, sem dissipação;
triste, sem abatimento;
reservado, sem rigidez;
activo, sem leviandade;
animado pelo temor, sem desânimo;
sincero, sem duplicidade;
fazendo o bem sem presunção;
corrigindo o próximo sem altivez;
edificando-o com palavras e exemplos,
sem nenhuma falsidade.

Dá-me, Senhor Deus,
um coração vigilante,
que nenhum pensamento curioso
arraste para longe de Ti;
um coração nobre
que nenhuma afeição indigna debilite;
um coração recto
que nenhuma intenção equívoca desvie;
um coração firme,
que nenhuma adversidade abale;
um coração livre,
que nenhuma paixão subjugue.

Concede-me, Senhor meu Deus,
uma inteligência que Te conheça,
uma vontade que Te busque,
uma sabedoria que Te encontre,
uma vida que te agrade,
uma perseverança que Te espere com
confiança e uma confiança que
plenamente Te possua, enfim.
Amém.

S. Tomás de Aquino

sábado, 3 de janeiro de 2009

Um só Espírito




“A mensagem de esperança que o contemplativo lhe oferece é que, entenda você ou não, Deus o ama, está presente em você, habita em você, o chama, salva-o e lhe oferece um entendimento e uma luz que você jamais encontrou em livros nem ouviu em palestras ou sermões. O contemplativo nada tem a lhe dizer que não seja reafirmar e dizer que, se ousar penetrar no seu próprio silêncio interior e arriscar dividir a solidão encontrada com outros solitários que buscam a Deus por seu intermédio, realmente recuperará a luz e a capacidade de entender o que está além das palavras e além das explicações, porque está próxima demais para ser explicada: é a união íntima, na profundeza de seu próprio coração, do espírito de Deus e do seu próprio eu particular, de forma que você e Ele são, em verdade, um só Espírito.”

Thomas Merton, Carta a Dom Francis Decroix, de 21 de agosto de 1967, publicada em The Hidden Ground of Love.