segunda-feira, 9 de março de 2009

Quaresma: penitência é ato de amor



“Todas as maiores religiões do mundo conhecem o efeito purificante do jejum e da penitência Desde os tempos de outrora o homem tem entendido sua necessidade desta purificação.

Quaresma é um tempo de fazer limpeza interior. É um tempo de preparação para abrir nossos corações ao Amor, Jesus. Não é fácil segui-Lo. A vereda em que Ele caminha é muito estreita e íngreme e nós preferimos ir de carro numa rodovia... Não temos vontade de ir ao céu à pé, seguindo um Homem descalço... Assim, nós precisamos da Quaresma para treinar nossos músculos espirituais para subir montanhas, pois Ele nos chama a auges desconhecidos e significantes.

Precisamos da Quaresma para lubrificarmos as fechaduras enferrujadas de nossas almas, para que as chaves do amor, da compaixão e do serviço possam abrir facilmente, de novo, as portas de nossos corações. Precisamos da Quaresma para lavar toda a sujeira e renovar esta imagem de Deus que somos nós.

A penitência é um ato de amor. Sem amor não há penitência. Penitência quer dizer ser esbanjador de amor, no sentido do pai, na parábola do filho pródigo... Eu vejo meu irmão sofrendo, logo, faço tudo para aliviá-lo, como samaritano. Levo-o à estalagem do meu coração, ou ao hospital, e faço todo o necessário para cuidar das suas feridas e do seu sofrimento. Então, concluído isso, começo a pensar nos ladrões que reduziram aquele homem ao estado em que o encontrei. E em meu coração ouço a voz do Senhor: ‘Ame os inimigos’. Digo a mim mesmo: ‘Eu nem sei o nome daquelas pessoas. Nem sei de onde vieram nem pra onde vão. O que posso fazer por eles, pela penitência?’.


Ouvimos no noticiário a respeito de um povo refugiado e sofrido. Nós que pertencemos a Cristo podemos espiar os pecados dos que são responsáveis por esta catástrofe. Meu irmão é faminto...Posso comer até me saciar? Meu irmão dorme na lama...Posso dormir numa casa confortável? O Mestre não tinha aonde reclinar a cabeça...Meu irmão sofre dores...Posso recuar aquela dor que me faz parte da vida, que vem das dificuldades de viver em comunidade ou em matrimônio ou na vizinhança, ou no trabalho? Todos nós nos irritamos uns com os outros, às vezes...Posso reagir com raiva ao que me irrita ou, de repente, posso me lembrar daquela mulher que está dando à luz um filho na sujeira de uma favela e posso agüentar, com amor, o que está me irritando.

Há algo misterioso neste mundo que não podemos sondar. Mas quando eu amo o suficiente para oferecer meu corpo pelo outro, mesmo que de modo pequeno, tal como dormir no chão, ou comer só um pouco por um tempo, ou aceitar os desgostos e as mortificações que vem ao meu caminho, então alguma coisa realmente acontece...

Entre as mais misteriosas palavras que o Senhor deixou para nós, cristãos, estão estas: ‘Maiores milagres que Eu realizei, vocês vão realizar’. Esse é o milagre maior: que eu, completamente desconhecido naquela favela, ficando escondido num canto do Canadá, por meio de aceitar mortificações permitidas a mim, por meu diretor espiritual e as que vêm a mim pelas circunstanciais da vida, posso ajudar aquela mulher na favela. Como a tenho ajudado, não sei. Somente o amor sabe...E o Amor é Deus.

Se eu estou pronto para entrar no reino da fé porque amo o Senhor que me deu a fé, então ajudo aquele povo sofrido, onde Cristo sofre neles. Isto é o poder estranho da penitência e mortificação: ‘Carregai os fardos uns dos outros’.

Por outro lado, posso espiar por eles, que têm causado os sofrimentos dos outros. Posso espiar também por meus próprios pecados.

Deus é Misericordioso. Ele não está permitindo a espiação por motivo de temor, mas sim por amor, muito amor”.

Serva de Deus Catherine de Hueck Doherty
Fundadora de Madonna House


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